Advogados são orientados a se diferenciarprotestos e usar 'roupa típica':
- Author, Paula Adamo Idoeta
- Role, Da BBC BrasilSão Paulo
Desde os protestosjunho e julho no Rio, o advogado criminalista João Pedro Pádua,31 anos, tem incluído emrotina profissional o acompanhamento do itinerário das manifestações para saber a quais pontos da cidade - e a quais delegacias - enviar colegas advogados.
Ele é parteum grupo que, organizado a partir do Facebook e com apoio da Ordem dos Advogados do Brasil no RioJaneiro (OAB-RJ), tem prestado amparo jurídico a manifestantes e atuado, segundo eles próprios, como observadores e mediadores entre polícia e membros do público.
O trabalho começou com as grandes manifestaçõesmeadosjunho. "Diante da repressão (policial)protestos anteriores, advogados se mobilizaram espontaneamente para observar a legalidade e dar um apoio simbólico ao direitose manifestar", diz Pádua à BBC Brasil.
A partir20junho, os advogados começaram a se dirigir a delegacias, acompanhar registrosocorrências e a mediar a saídapessoas retidas pelos protestosprédios ou balsas.
Roupaadvogado
Os advogados são instruídos a não agir como manifestantes e a se diferenciar da multidão, até na roupa (terno para homens, e roupa social para mulheres) e a identificar-se. Inicialmente, isso era feito com um broche da OAB. Agora, a seccional do Rio criou uma carteirinha própria para seus advogados que estão atuando nas ruas.
Segundo a OAB-RJ, cerca400 manifestantes foramalguma forma auxiliados juridicamente pela entidade no Rio.
"A maioria dos casos são, do pontovista jurídico,pequeno potencial ofensivo. O manifestante é detido, é feita a ocorrência, e ele é soltoseguida", comenta Pádua, que faz parteuma das comissões da OAB-RJ.
"O que é muito novo, para mim, é a atuação (da polícia) na rua promovendo uma espécieestadosítio informal, tirando pessoas da rua e prendendo algumas aleatoriamente."
A BBC Brasil questionou a Secretaria EstadualSegurança do Rio a respeito do comentário do advogado, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.
Essa postura, segundo Pádua, mudou na última semana. "Na 'marcha das vadias', por exemplo, o capitão da PM veio se apresentar para nós. Eles (policiais) mantiveram a calma mesmo nos momentosque foram provocados por alguns manifestantes."
A atuação da OAB-RJ chegou a ser alvocrítica da PM pelo Twitter e, segundo o presidente da entidade, Felipe Santa Cruz, membros do público também o acusaram"defender bandidos".
Pádua, porvez, diz que estava acostumado a críticas do tipo emvidaadvogadodefesa. Mas acrescenta que, apósatuação nas manifestações, as reações têm sido mais positivas.
"Vi comentários no Facebookpessoas dizendo que tinham pé atrás com advogados e mudaramopinião (após a atual ondaprotestos). Isso para mim é emocionante, que passem a nos ver não como defensoresbandidos, mas sim defensoresdireitos."