Ex-dependentes preparam presentes para receber o papa no Rio:blaze pelo celular

Papa Francisco
Legenda da foto, Pontífice conhecerá complexo para tratamentoblaze pelo celulardependentesblaze pelo celulardrogas
  • Author, Luís Guilherme Barrucho
  • Role, Enviado especial da BBC Brasil ao Rioblaze pelo celularJaneiro

blaze pelo celular Após visita ao Santuárioblaze pelo celularAparecida, onde rezou missa para milharesblaze pelo celularfiéis, o papa Francisco retorna ao Rioblaze pelo celularJaneiro na tarde desta quarta-feira para uma inauguração simbólicablaze pelo celularum centroblaze pelo celularapoio a dependentes químicos.

O plano original dos organizadores do evento era que a visita do pontífice coincidisse com o início das atividades do complexo. Porém, devido a atrasos nas obras, as operações só devem começar no mês que vem, quando os primeiros pacientes poderão ser internados. Mesmo assim, a visita do papa foi mantida.

Com capacidade inicial para 40 leitos, o Poloblaze pelo celularAtenção à Saúde Mental (PAI) funcionaráblaze pelo celularum prédioblaze pelo celularquatro andares dentro do Hospital São Francisco na Providênciablaze pelo celularDeus, na Tijuca, na Zona Norte da cidade. Outras 40 vagas serão abertas até o final do ano.

Segundo o frei Paulo Batista, diretor do hospital, o centro receberá inicialmente pacientes particulares ou conveniados a operadoresblaze pelo celularsaúde. Ele afirmou, entretanto, que também haverá vagas para dependentes químicos atendidos por outras obras assistenciais da associação mantenedora do hospital.

"Tivemos problemas com o andamento das obras, mas mantivemos a inauguração, mesmo que simbólica, porque o papa Francisco quer conhecer um trabalhoblaze pelo celularpastoral".

Batista disse ainda que as negociações com o Sistema Únicoblaze pelo celularSaúde (SUS) para o atendimento gratuito já foram iniciadas, mas ainda estão sendo discutidas.

Os recursos para construção do complexo, que foi orçadoblaze pelo celularR$ 2,5 milhões, foram bancados pela Conferência Episcopal Italiana.

O Polo terá uma estrutura para aqueles que precisemblaze pelo celularprocedimentos médicos emergenciais, especializados ou que estejam passando por uma crise aguda. A internação poderá durar até 30 dias, podendo ser prorrogada por igual período.

Ao final do tratamento ambulatorial, o paciente poderá continuar recebendo atendimentoblaze pelo celularuma das iniciativas mantidas por comunidades terapêuticas ligadas à instituição.

Uma vez inaugurado, o complexo reduzirá o déficitblaze pelo celularleitos para tratamentoblaze pelo celulardependentes químicos no Rioblaze pelo celularJaneiro, atualmente estimadosblaze pelo celular600 mil.

"A rede do SUS conta hoje com apenas 20 leitosblaze pelo celularinternação para casos mais graves", diz o psiquiatra Ítalo Marsili, diretor-executivo do projeto.

Presentes

Durante a visita, o papa receberá uma imagemblaze pelo celularSão Franciscoblaze pelo celularAssisblaze pelo celular60 centímetros feita pelo artista plástico Milton Pestillo,blaze pelo celular57 anos, ex-dependente químico.

Outros dois ex-usuáriosblaze pelo celulardrogas também participaram ativamente da organização.

O marceneiro Antônioblaze pelo celularOliveira Vera,blaze pelo celular43 anos, ficou responsável por construir a cadeira do papa. Já o artista plástico Ricardo Aparecido Luciano,blaze pelo celular32 anos, fez uma pomba da paz para ornamentar o palco.

Todos foram tratados no Lar São Franciscoblaze pelo celularAssis na Providênciablaze pelo celularDeus,blaze pelo celularJaci, no interiorblaze pelo celularSão Paulo. A entidade foi criada pelo frei Francisco Belottiblaze pelo celular1986 e hoje é mantenedorablaze pelo celular60 obras assistenciais - entre elas o hospital - espalhadas por São Paulo, Goiás e Rioblaze pelo celularJaneiro, além do Haiti.

A BBC Brasil conversou com os ex-dependentes químicos. Confira abaixo como eles se livraram do vício e qual são suas expectativas para o encontro com o papa.

Milton Pestillo

Milton Pestillo
Legenda da foto, Ex-dependenteblaze pelo celulardrogas produziu escultura para visita do papa Francisco

A relaçãoblaze pelo celularMilton Pestillo,blaze pelo celular57 anos, com o álcool começou quando ainda era jovem. De goleblaze pelo celulargole, ele conta que passou a beber várias vezes ao dia, prejudicando seu trabalho.

"Eu bebia muito. Bebia, inclusive, para parar a tremedeira (um dos efeitos do consumo excessivoblaze pelo celularálcool). O meu vício me trouxe perdas materiais importantes, porque, bêbado, não conseguia vender minhas obras. Perdi a minha autoestima e a vontadeblaze pelo celulartrabalhar", afirmou ele à BBC Brasil.

Quandoblaze pelo celularfilha nasceu, há 23 anos, disse a si mesmo que se libertaria do vício. Procurou o Larblaze pelo celularSão Francisco, onde participoublaze pelo celularum tratamento que duroublaze pelo celulardois a três meses. Após esse período, passou a participarblaze pelo celulargruposblaze pelo celularex-alcoolatras.

O começo foi difícil. "Foi preciso muita forçablaze pelo celularvontade. Dava aquela agonia, aquele desespero. Mas consegui reverter o vício bebendo muito suco e caldoblaze pelo celularcanablaze pelo celularaçúcar, que, como é muito doce, acaba enganando o organismo".

Mas após cinco anos livre do álcool, teve uma recaída, prontamente superada.

Hoje aposentado, Pestillo ainda se mantém longe do álcool.

"Para um ex-viciado, é importante permanecer afastado da bebida."

Ex-coroinha e católico fervoroso, ele conta que estudou três anosblaze pelo celularum seminário para seguir carreira no sacerdócio, mas desistiu da vida religiosa para se casar. Ele disse que não vê a horablaze pelo celularencontrar o papa.

"Para mim, é uma emoção muito grande poder ter feito este presente ao Santo Padre."

Ricardo Aparecido Luciano

Ricardo Aparecido Luciano (foto: divulgação)
Legenda da foto, Ex-usuáriosblaze pelo celulardrogas são tratados no Lar São Francisco

Naturalblaze pelo celularAraraquara, Ricardo Aparecido Luciano,blaze pelo celular32 anos, viciou-se no crack há uma década, quando abdicou da maconha que fumava quase que diariamente para partir para drogas mais pesadas.

"Quando ainda era adolescente, fumei maconha com amigos pela primeira vez. Não demorou muito para que eu me tornasse um usuário assíduo. Decidi, então, experimentar uma droga mais pesada e me viciei no crack", conta.

Cientes dos efeitos negativos da droga, Luciano procurou ajuda e conheceu o Lar São Francisco, onde iniciou o tratamento para livrar-se do vício. Mas o período ‘limpo’ teve vida curta.

"Acabei voltando para Araraquara, onde conheci uma mulher, com quem vim a me casar. Juntos, nós nos afundamos nas drogas. Fumávamos todos os dias. Acabamos nos separando depois", disse.

"Deixei o trabalho e fui obrigado a morar na rua. Tinhablaze pelo celularrevirar o lixo à procurablaze pelo celularcomida".

Do relacionamento, nasceu uma menina que, segundo Luciano, só não foi encaminhada à adoção pelo Conselho Tutelar porqueblaze pelo celularmãe conseguiu a guarda da criança, hoje com seis anos.

"Foi então que há dois anos decidi voltar a me tratar e, graças a Deus, estou livre do vício. Fiz isso por mim e pela minha filha, que quero ver crescer", afirmou.

A ex-mulherblaze pelo celularLuciano morreu há poucos meses, vítima das drogas. Ele casou-se novamente e se diz emocionadoblaze pelo celularter feito um adorno para o papa.

"Sou católico praticante. Vou à missa todos os domingos. Para mim, essa visita do Papa é um presenteblaze pelo celularDeus."

Antônioblaze pelo celularOliveira Vera

Antônio Vera
Legenda da foto, Cadeira que será usada pelo papablaze pelo celularcerimônia foi confeccionada por ex-dependente

Há 20 anos, Antônioblaze pelo celularOliveira Vera começou a beber compulsivamente. Do álcool, foi para maconha e afundou-se logoblaze pelo celularseguida no crack,blaze pelo celularonde não enxergava saída até chegar ao Lar São Francisco.

"Só consegui sair daquela vida porque procurei Deus", afirmou.

Ele está livre do vício há sete anos. Durante a recuperação, Vera, que já havia trabalhado como montadorblaze pelo celularmóveis, aprendeu o ofícioblaze pelo celularmarceneiro. Hoje, a profissão é seu ganha-pão.

"Fazer a cadeira onde o papa se sentará é, certamente, um presenteblaze pelo celularDeus", afirma.