Ex-dependentes preparam presentes para receber o papa no Rio:zepoints zebet
"Tivemos problemas com o andamento das obras, mas mantivemos a inauguração, mesmo que simbólica, porque o papa Francisco quer conhecer um trabalhozepoints zebetpastoral".
Batista disse ainda que as negociações com o Sistema Únicozepoints zebetSaúde (SUS) para o atendimento gratuito já foram iniciadas, mas ainda estão sendo discutidas.
Os recursos para construção do complexo, que foi orçadozepoints zebetR$ 2,5 milhões, foram bancados pela Conferência Episcopal Italiana.
O Polo terá uma estrutura para aqueles que precisemzepoints zebetprocedimentos médicos emergenciais, especializados ou que estejam passando por uma crise aguda. A internação poderá durar até 30 dias, podendo ser prorrogada por igual período.
Ao final do tratamento ambulatorial, o paciente poderá continuar recebendo atendimentozepoints zebetuma das iniciativas mantidas por comunidades terapêuticas ligadas à instituição.
Uma vez inaugurado, o complexo reduzirá o déficitzepoints zebetleitos para tratamentozepoints zebetdependentes químicos no Riozepoints zebetJaneiro, atualmente estimadoszepoints zebet600 mil.
"A rede do SUS conta hoje com apenas 20 leitoszepoints zebetinternação para casos mais graves", diz o psiquiatra Ítalo Marsili, diretor-executivo do projeto.
Presentes
Durante a visita, o papa receberá uma imagemzepoints zebetSão Franciscozepoints zebetAssiszepoints zebet60 centímetros feita pelo artista plástico Milton Pestillo,zepoints zebet57 anos, ex-dependente químico.
Outros dois ex-usuárioszepoints zebetdrogas também participaram ativamente da organização.
O marceneiro Antôniozepoints zebetOliveira Vera,zepoints zebet43 anos, ficou responsável por construir a cadeira do papa. Já o artista plástico Ricardo Aparecido Luciano,zepoints zebet32 anos, fez uma pomba da paz para ornamentar o palco.
Todos foram tratados no Lar São Franciscozepoints zebetAssis na Providênciazepoints zebetDeus,zepoints zebetJaci, no interiorzepoints zebetSão Paulo. A entidade foi criada pelo frei Francisco Belottizepoints zebet1986 e hoje é mantenedorazepoints zebet60 obras assistenciais - entre elas o hospital - espalhadas por São Paulo, Goiás e Riozepoints zebetJaneiro, além do Haiti.
A BBC Brasil conversou com os ex-dependentes químicos. Confira abaixo como eles se livraram do vício e qual são suas expectativas para o encontro com o papa.
Milton Pestillo
A relaçãozepoints zebetMilton Pestillo,zepoints zebet57 anos, com o álcool começou quando ainda era jovem. De golezepoints zebetgole, ele conta que passou a beber várias vezes ao dia, prejudicando seu trabalho.
"Eu bebia muito. Bebia, inclusive, para parar a tremedeira (um dos efeitos do consumo excessivozepoints zebetálcool). O meu vício me trouxe perdas materiais importantes, porque, bêbado, não conseguia vender minhas obras. Perdi a minha autoestima e a vontadezepoints zebettrabalhar", afirmou ele à BBC Brasil.
Quandozepoints zebetfilha nasceu, há 23 anos, disse a si mesmo que se libertaria do vício. Procurou o Larzepoints zebetSão Francisco, onde participouzepoints zebetum tratamento que durouzepoints zebetdois a três meses. Após esse período, passou a participarzepoints zebetgruposzepoints zebetex-alcoolatras.
O começo foi difícil. "Foi preciso muita forçazepoints zebetvontade. Dava aquela agonia, aquele desespero. Mas consegui reverter o vício bebendo muito suco e caldozepoints zebetcanazepoints zebetaçúcar, que, como é muito doce, acaba enganando o organismo".
Mas após cinco anos livre do álcool, teve uma recaída, prontamente superada.
Hoje aposentado, Pestillo ainda se mantém longe do álcool.
"Para um ex-viciado, é importante permanecer afastado da bebida."
Ex-coroinha e católico fervoroso, ele conta que estudou três anoszepoints zebetum seminário para seguir carreira no sacerdócio, mas desistiu da vida religiosa para se casar. Ele disse que não vê a horazepoints zebetencontrar o papa.
"Para mim, é uma emoção muito grande poder ter feito este presente ao Santo Padre."
Ricardo Aparecido Luciano
Naturalzepoints zebetAraraquara, Ricardo Aparecido Luciano,zepoints zebet32 anos, viciou-se no crack há uma década, quando abdicou da maconha que fumava quase que diariamente para partir para drogas mais pesadas.
"Quando ainda era adolescente, fumei maconha com amigos pela primeira vez. Não demorou muito para que eu me tornasse um usuário assíduo. Decidi, então, experimentar uma droga mais pesada e me viciei no crack", conta.
Cientes dos efeitos negativos da droga, Luciano procurou ajuda e conheceu o Lar São Francisco, onde iniciou o tratamento para livrar-se do vício. Mas o período ‘limpo’ teve vida curta.
"Acabei voltando para Araraquara, onde conheci uma mulher, com quem vim a me casar. Juntos, nós nos afundamos nas drogas. Fumávamos todos os dias. Acabamos nos separando depois", disse.
"Deixei o trabalho e fui obrigado a morar na rua. Tinhazepoints zebetrevirar o lixo à procurazepoints zebetcomida".
Do relacionamento, nasceu uma menina que, segundo Luciano, só não foi encaminhada à adoção pelo Conselho Tutelar porquezepoints zebetmãe conseguiu a guarda da criança, hoje com seis anos.
"Foi então que há dois anos decidi voltar a me tratar e, graças a Deus, estou livre do vício. Fiz isso por mim e pela minha filha, que quero ver crescer", afirmou.
A ex-mulherzepoints zebetLuciano morreu há poucos meses, vítima das drogas. Ele casou-se novamente e se diz emocionadozepoints zebetter feito um adorno para o papa.
"Sou católico praticante. Vou à missa todos os domingos. Para mim, essa visita do Papa é um presentezepoints zebetDeus."
Antôniozepoints zebetOliveira Vera
Há 20 anos, Antôniozepoints zebetOliveira Vera começou a beber compulsivamente. Do álcool, foi para maconha e afundou-se logozepoints zebetseguida no crack,zepoints zebetonde não enxergava saída até chegar ao Lar São Francisco.
"Só consegui sair daquela vida porque procurei Deus", afirmou.
Ele está livre do vício há sete anos. Durante a recuperação, Vera, que já havia trabalhado como montadorzepoints zebetmóveis, aprendeu o ofíciozepoints zebetmarceneiro. Hoje, a profissão é seu ganha-pão.
"Fazer a cadeira onde o papa se sentará é, certamente, um presentezepoints zebetDeus", afirma.