Jornada começa com chuva, filas e missa para 500 mil:
- Author, Luís Guilherme Barrucho
- Role, Enviado especial da BBC Brasil ao RioJaneiro
O primeiro dia da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) ─ sem a presença do papa Francisco ─ teve longas filas, metrô parado e uma missa que levou cerca500 mil fieis à praiaCopacabana, segundo estimativas preliminares da Polícia Militar do RioJaneiro. Tudo debaixochuva.
O evento, que é o maior encontro do mundo direcionado a jovens católicos, teve início nesta terça-feira e vai até o próximo domingo, dia 28julho.
O dia começou exigindo paciência dos peregrinos que quiseram retirar o chamado 'kit peregrino', que consisteuma mochila, um livro abordando temas como aborto e homossexualidade, um cartão-alimentação e um vale-transporte, entre outros itens.
A espera mínima para receber o kit na fila do Sambódromo, no centro da cidade, eracinco horas.
Milharesfieis chegavam a todo momento ao local, onde as escolassamba do Rio desfilam durante o Carnaval. Lá, enquanto o líder do grupo ao qual pertenciam permaneciapé na fila, o restante aguardava sentado na pista central. A maioria dos participantes aproveitou o tempo livre para brincar e tirar fotos com jovensoutros países.
O casal paranaense Agnes Santin,25 anos, e Fernando Silvestro,28 anos, comemorou a retirada dos kits depoismaissete horasespera. NaturaisDois Vizinhos, no sudoeste do Paraná, eles chegaram ao Rioônibus.
"Só tivemos tempopassar na paróquia que nos acolheu, tomar café da manhã e vir para cá. Até agora, às 15h, ainda não almoçamos porque estávamos sem o cartão-alimentação."
O cartão-alimentação e o vale-transporte estavam incluídosdeterminados pacotes da JMJ. Caso optasse pelo valorinscrição mais alto, que incluía além dos benefícios a hospedagemuma casafamília, o peregrino deveria desembolsar R$ 600.
Mas nem todos tiveram a sorte do casal paranaense. Ao fim da tarde, um grupo29 sergipanos, que tinha chegado ao local cinco horas antes, ainda aguardava na fila.
"Isso tudo está muito desorganizado. Estamos cansados. Tivemossairmadrugadanossa cidade para pegar um vooSergipe para cá", criticou Adriana Linhares,30 anos.
Alheio às reclamações, um grupo do pequeno principadoLiechtenstein, entre a Áustria e a Suíça, tirava fotos e brincava com fieisoutras nacionalidades.
"Estamos hospedadosum hotelCopacabana. Viemos para ver o papa e trocarmos experiências culturais. Estamos muito felizes. É a nossa primeira vez no Brasil", afirmou Gabriel Tiefenthaler,15 anos, à BBC Brasil.
Quedaenergia
À medidaque anoitecia, os fieis que ainda permaneciam no Sambódromo, mas já haviam retirado seus kits, começaram a rumardireção à orlaCopacabana, para a missaboas-vindas aos peregrinos, presidida pelo arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta.
No entanto, uma quedaenergiamaisduas horas afetou o metrô, surpreendendo a todos e inviabilizando a locomoçãomilharesperegrinos com destino à zona zul do Rio.
Sem o metrô, coube aos participantes optar pelos ônibus que passavam lotados rumo a Copacabana.
Mas nem o transporte nem a chuva fina, que insistiacair desde o início do dia no Rio, foram capazesafastar os fieis das imediações do palco montadoCopacabana, próximo ao Leme.
Para facilitar a locomoção dos devotos, a Prefeitura da cidade montou um esquema especialtrânsito, com o fechamentoruas desde o início da tarde.
BandeirasCopacabana
Enquanto aguardavam pela missa, que começou por volta das 19h30 e durou quase duas horas, os jovens assistiram a apresentações musicais e aproveitaram para bater papo com peregrinosoutros países.
Bandeirasdiferentes nações do mundo serviam para identificar os devotos, colorindo a orlaCopacabana.
Para muitos participantes, a vinda para a JMJ coincidiu com a primeira visita ao Brasil. Era o caso dos amigos iraquianos Rasha Badria,24 anos, Muhanad Joseph,28 anos e Rowaid Nabeel,27 anos. Eles dizem ter se surpreendido com a hospitalidade brasileira e esperam levarvolta ao Iraque a experiência vivida no Rio.
"Mais do que ver o papa, queremos aproveitar essa ocasião para fortalecer nossa féCristo. Voltaremos ao Iraque repletosnovas experiências para melhorar nosso país, que vem sofrendo muito depois da guerra", afirmou Nabeel.
As amigas peruanas Anita Corredor,25 anos, e Lucerito Alvarado,22 anos, disseram ter ficado emocionadas com a multidãojovensdiferentes países "unidos sob o mesmo idioma: a fé".
"Este é um momento único,que podemos renovar a nossa crença no catolicismo", afirmou Anita.
Nesta terça-feira, o papa Francisco não teve compromissos oficiais. Ele passou o dia recolhido na Residência Assunção, no Sumaré, onde está hospedado, e rezou uma missa privada.
Na quarta-feira, o pontífice deve ir Aparecida do Norte,São Paulo, pela manhã.
Ele retorna ao Rio na tarde do mesmo dia e inaugura uma alaum hospital na zona norte voltada para o tratamentodependentes químicos.