De onde vem o dinheiro da Copa?:betfair sevilla

Estádio Fonte Nova (Foto Getty Image)
Legenda da foto, Estádio Fonte Novabetfair sevillaSalvador tem capacidade para 50 mil pessoas

As autoridades envolvidas na organização da Copa se defendem alegando que muitos desses bilhões na realidade serão gastosbetfair sevillaobrasbetfair sevillainfraestrutura e mobilidade urbana que precisavam ser realizadas com ou sem o torneio.

A presidente Dilma Rousseff também garantiu,betfair sevilladiscursobetfair sevillarede nacional, que nem um centavo do orçamento foi usadobetfair sevillaestádios. Mas isso não quer dizer que não tenham sido usados recursos públicosbetfair sevillatais obras.

O BNDES financiou boa parte dos estádios com linhasbetfair sevillacrédito a juros subsidiados – e,betfair sevillamuitos casos, os empréstimos foram tomados por governos estaduais, que terãobetfair sevillapagar o banco também com dinheiro público.

Além disso, os estádios contam com isenções fiscais dentro do programa Recopa.

Em meio a uma guerrabetfair sevillaacusações e números, a BBC entrevistou autoridades e especialistas para tentar desatar os nós dessas polêmicas, explicando, afinal, quem paga pelas obras da Copa,betfair sevillaque condições - e com quais recursos:

1) Quanto custará a Copa no Brasil?

A previsão atual do comitê organizador é que sejam investidosbetfair sevillaobras relacionadas a Copa um totalbetfair sevillaR$ 28,1 bilhões.

Aí estão incluídos 327 projetos que vão desde obrasbetfair sevillainfraestrutura básica, como aeroportos e corredores exclusivos para ônibus, até gastos diretamente ligados ao torneiobetfair sevillafutebol.

Apesar dos torcedores quererem a Copa no Brasil, muitos questionam o valor gasto pelo governo
Legenda da foto, Apesar dos torcedores quererem a Copa no Brasil, muitos questionam o valor gasto pelo governo

Do total, R$ 7,5 bilhões serão gastosbetfair sevillaestádios; R$ 8,9 bilhõesbetfair sevillaobrasbetfair sevillamobilidade urbana; R$ 8,4 bilhõesbetfair sevillaaeroportos e R$ 1,9 bilhãobetfair sevillasegurança. O restante será investidobetfair sevilladesenvolvimento turístico, portos e telecomunicações.

Tais obras fazem parte do que o governo chamoubetfair sevilla"Matrizbetfair sevillaResponsabilidade" da Copa e podem ser conferidas no Portal Transparência, mantido pela Controladoria Geral da União (CGU), embora alguns dados estejam desatualizados.

2) Foi a Copa mais cara da história?

A comparação entre países é complicada por uma sériebetfair sevillarazões, como explicou para a BBC Brasil Holger Preuss, Professorbetfair sevillaEconomia do Esporte na Universidade Johannes Gutenberg-University, na Alemanha, que estudou o impacto econômico das duas últimas Copas.

Para começar, nem sempre os governos realizadores dos eventos disponibilizam seus gastos. "E mesmo que o façam, a prestaçãobetfair sevillacontas não é padronizada, o que dificulta a comparação", diz Preuss.

Recentemente, a Rússia anunciou que seus gastos para o eventobetfair sevilla2018 devem ficarbetfair sevillamaisbetfair sevillaR$ 35 bilhões, por exemplo – e no caso russo, a listabetfair sevillaprojetos também inclui obrasbetfair sevillainfraestrutura básica e mobilidade urbana.

Segundo a assessoriabetfair sevillaimprensa do deputado Romário, os dados citados pelo jogador no vídeo mencionado acima constavambetfair sevillaum editorialbetfair sevillajornal.

"É preciso ver quais obras foram incluídas nos gastosbetfair sevillaoutros países. No caso do Brasil, o valor ficou alto porque incluímos essas obrasbetfair sevillainfraestrutura e mobilidade urbana que iriam ser feitas com ou sem Copa e ficarão como um legado para a população", diz Luís Fernandes, secretário-executivo do ministério dos Esportes e integrante do CGCopa.

"De fato, é preciso muito cuidado para evitar uma comparação entre maçãs e bananas", concorda o especialistabetfair sevillaGestão, Marketing e Direito no Esporte Pedro Trengrouse, da FGV. "Muitas dessas obras só foram catalisadas pela Copa. Não há dúvidabetfair sevillaque precisávamosbetfair sevillamais aeroportos, por exemplo. Só o aeroportobetfair sevillaAtlanta, nos EUA, tem mais fingers (passarelas móveis usadas para o embarquebetfair sevillapassageiros) do que todos os aeroportos do Brasil juntos".

Protesto (Foto Reuters)
Legenda da foto, Para alguns manifestantes, obras da Copa desperdiçam recursos públicos

É claro que isso não quer dizer que os custosbetfair sevillaalgumas obras específicas não possam ser contestados – nem que não haja exagerosbetfair sevillagastos, irregularidades ou superfaturamentobetfair sevillaalgumas, ou muitas, delas.

Muitos especialistas contestam, por exemplo, a construçãobetfair sevillaestádios imensosbetfair sevillalugares que parecem não ter público ou clubes suficientes para manter a ocupaçãobetfair sevillatais estruturas após o evento. Entre eles estariam o estádio construídobetfair sevillaBrasília, que tem capacidade para 71 mil pessoas e custou R$ 1,2 bilhão. E obetfair sevillaManaus, que abrigará 44 mil torcedores e custou R$ 583 milhões (segundo o Portal Transparência).

As empresas e Estados envolvidos nos projetos alegam que a adequação das obras ao padrão Fifa ajuda a encarecê-las. Mas organizações da sociedade civil exigem mais explicações e transparência sobre essas escolhas.

Segundo o conselheiro Fabiano Silveira, do Conselho Nacional do Ministério Público, uma das questões que o MP está investigando com atenção são os custosbetfair sevillaestruturas temporárias – as barracas que ficambetfair sevillavolta dos estádios para abrigar centrosbetfair sevillacredenciamento, receber pessoal da Fifa e etc. Em alguns Estados, os custosbetfair sevillatais estruturas chegariam a dezenasbetfair sevillamilharesbetfair sevillareais, o que parece um exagero na avaliação do conselheiro.

"Também não há como negar que questões como corrupção e ineficiência podem encarecer alguns projetos", diz Preuss, para quem o problema não é gastar muito, mas como garantir, que,betfair sevillacada caso, os recursos estejam sendo usados da maneira mais eficiente possível.

3) Quem paga pelas obras da Copa?

Cercabetfair sevillaum terço do valor das obras (R$ 8,7 bilhões) está sendo financiado por bancos federais – Caixa Econômica Federal, BNDES e BNB (Banco do Nordeste do Brasil).

Boa parte desses empréstimos é tomada pelos próprios governos estaduais, sozinhos oubetfair sevillaparcerias com o setor privado (PPPs), embora alguns empréstimos também sejam contraídos por entes privados (como os R$ 400 liberados pelo BNDES para o Corinthians construir o Itaquerão).

A Copa do Mundo tem sido alvobetfair sevillamanifestaçõesbetfair sevillaprotesto.
Legenda da foto, A Copa do Mundo tem sido alvobetfair sevillamanifestaçõesbetfair sevillaprotesto.

Além disso, as obras da Matrizbetfair sevillaResponsabilidade da Copa também consumirão R$ 6,5 bilhões do orçamento federal e R$ 7,3 bilhõesbetfair sevillagovernos locais (estaduais e municipais). Dos R$ 28,1 bilhões, apenas R$ 5,6 bilhões serão recursos privados (que se concentram principalmente nos aeroportos).

4) E pelos estádios?

Os bancos federais financiaram cercabetfair sevillametade dos R$ 7,5 bilhões gastosbetfair sevillaarenas para a Copa. Apenas R$ 820 milhões foram financiados com recursos privados (segundo valores da CGU, que diferem um poucobetfair sevillaum levantamento do Tribunalbetfair sevillaContas da União). O restante dos recursos foi aportado por governos locais, principalmente estaduais. Na Alemanha, Preuss conta que os recursos públicos financiaram apenas um terço dos 1,5 bilhãobetfair sevillaeuros gastosbetfair sevillaestádios.

Segundo o secretário federalbetfair sevillaControle Interno da Controladoria-Geral da União, Valdir Agapito, dos 12 estádios, 4 são públicos e foram, ou estão sendo construídos ou reformados pelos governos estaduais (Brasília, Manaus, Riobetfair sevillaJaneiro e Cuiabá – apesarbetfair sevillao Maracanã, no Rio, estar prestes a ser entregue para exploração pelo setor privado), 5 estão a encargobetfair sevillaesquemasbetfair sevillaParcerias Publico Privadas, ou PPPs, (Salvador, Natal, Fortaleza, Recife e Belo Horizonte) e 3 são privados (Curitiba, Porto Alegre e São Paulo).

4) Como os governos pretendem recuperar esse dinheiro?

No caso das PPPs, os estádios serão entregues para exploração pelo setor privado, e o retorno que obtiverem com jogos e uso dessas estruturasbetfair sevillashows e grandes eventos seria usado para ajudar a pagar os empréstimos aos bancos federais.

No caso do Rio, um consórcio formado pela empreiteira Odebrecht, a empresa IMX, do empresário Eike Batista, e a companhiabetfair sevillaorigem americana AEG venceubetfair sevillamaio a licitação que determinaria o responsável pela administração do estádio do Maracanã pelas próximas três décadas. As condições da concessão e a licitação, porém, abriram uma sériebetfair sevillapolêmicas.

Os três estádios públicos serão administrados pelos próprios Estados. Ainda há dúvidas sobre a rentabilidadebetfair sevillaalgumas arenasbetfair sevillacapitais menos populosas no longo prazo. O medo é que elas se tornem "elefantes brancos". A rentabilidade das concessões ao setor privado para os Estados também é contestada por alguns movimentos da sociedade civil.

5) Como a Fifa lucra com o evento?

Muitos acreditam que a Fifa não transfere ao país sede os benefícios financeiros gerados pelo torneio.
Legenda da foto, Muitos acreditam que a Fifa não transfere ao país sede os benefícios financeiros gerados pelo torneio.

A Fifa lucra com os contratosbetfair sevillatransmissão dos jogos,betfair sevillamarketing e com os patrocinadores. Ela tem seis patrocinadores fixos (Adidas, Coca-Cola, Emirates, Hyundai, Sony e Visa) e contratos exclusivos para a Copa (no caso do Brasil, já são 14).

Além disso, a entidade não precisa pagar impostos no Brasil - privilégio também garantidobetfair sevillaoutros Mundiais.

"A Fifa faz uma festa privada e se você quiser que essa festa seja nabetfair sevillacasa, precisa aceitar as condições da entidade", diz Preuss. "A verdade é que ela não está comprometida com o desenvolvimento econômico dos países que sediam as Copas. A princípio é uma entidade sem fins lucrativos, mas cujo compromisso é com a promoção do esporte – e particularmente do futebol - no mundo."

Segundo Silveira, do Conselho Nacional do Ministério Público, a Fifa também mantém convênios com hotéis dos quais cobraria uma porcentagem sobre a hospedagem –betfair sevillaum esquema cujos efeitos sobre os preços estariam sendo analisados pelo MP.

6) Quanto foi comprometidobetfair sevillaisenção fiscal?

Aprovadobetfair sevilla2010, o Regime Especialbetfair sevillaTributação para Construção e Reformabetfair sevillaEstádios da Copa, programa conhecido como Recopa, garante a desoneraçãobetfair sevillaimpostos como IPI, PIS/ Pasep e Cofins, alémbetfair sevillatarifasbetfair sevillaimportação, na aquisiçãobetfair sevillaequipamentos e contrataçãobetfair sevillaserviços para a construçãobetfair sevillaestádios do mundial.

Agapito, da Controladoria Geral da União, diz não ter tido acesso ao dadobetfair sevillaquanto foi desonerado. Segundo Luís Fernandes, do CGCopa, o levantamento ainda está sendo feito. De acordo com uma auditoria do TCU (Tribunalbetfair sevillaContas da União), porém, as isençõesbetfair sevillaimpostos federais concedidas às construtoras responsáveis pelos estádios da Copa somariam R$ 329 milhões.

No caso das isenções para a Fifa, estima-se que o total desonerado ficariabetfair sevillatornobetfair sevillaR$1 bilhão.