Protestos são oportunidade para 'Obama brasileiro', diz analista:super golf drive
- Author, Pablo Uchoa
- Role, Da BBC Brasilsuper golf driveWashington
super golf drive Os protestossuper golf driverua que se multiplicaram pelo Brasil nas últimas duas semanas são um alerta aos políticos para a necessidadesuper golf drivenão apenas vencer eleições, mas ouvir com mais atenção as demandas populares –super golf driveoutras palavras, não apenas "ganhar nas urnas", mas também "ganhar nas ruas", como colocou um especialistasuper golf drivepolítica internacional americano.
Ele disse ainda que os protestos abrem espaço para o surgimentosuper golf drivepolíticos que, na linha do presidente americano Barack Obama, priorizem "investimentossuper golf drivesaúde e educaçãosuper golf drivevez destinar recursos volumosos para a Copa do Mundo".
No diasuper golf driveque os dirigentessuper golf driveuma dúziasuper golf drivecidades brasileiras retrocederam e revogaram aumentos das tarifassuper golf drivetransporte público, o diretor da Escolasuper golf drivePolítica Aplicada da Universidade George Washington, Mark Kennedy, avaliou que os protestos são uma oportunidade para os brasileiros "amadurecerem como cidadãos" e "levarem a democracia brasileira um passo adiante".
"A complexidade dos diversos níveissuper golf drivegoverno no Brasil, quesuper golf drivecerta forma conseguem insular os políticos da influência direta das pessoas, explica um pouco da frustração. As pessoas sentem que não têm influência nem contato com os políticos para além do momento eleitoral", disse o especialista à BBC Brasil.
"O que houve esses dias os deixará mais conscientessuper golf driveque não apenas precisam vencer nas urnas, mas também nas ruas. Precisam responder melhor às necessidades básicas que foram evidenciadas por esses protestos."
A suspensão dos aumentos das passagens foi comemoradasuper golf drivepasseatas e nas redes sociais, onde muitos, inclusive uma líder do Movimento Passe Livre, expressaram a opiniãosuper golf driveque a "batalha" das passagens foi vencida, mas a "luta" continua.
A questão agora parece ser definir qual é luta, esuper golf driveque direção ela continua.
Corrupção e desigualdade
Nos últimos dias, os brasileiros saíram às ruas portando cartazes que pregavam bandeiras tão variadas quanto serviços públicossuper golf drivequalidade (principalmente saúde e educação), o rechaço aos gastos exorbitantes com a Copa do Mundo e o fim da corrupção.
A corrupção,super golf driveparticular, tem dominado a agenda desde os anúncios das revisões das tarifassuper golf drivetransporte. Dentro deste tema, a revolta é maior contra a lentidão na aplicação das sentenças do julgamento do mensalão e possível aprovação do projetosuper golf drivelei PEC 37, que concentraria as investigações judiciais na polícia e não no Ministério Público.
Mas o leque das demandas ainda é tão amplo que pode, alerta Mark Kennedy, condenar os protestos ao mesmo fim do chamado movimento Ocupe, que expressou uma mensagem clara, porém difusa, para a classe política mundial no tema da igualdade econômica.
É justamente este tema – a desigualdade – que a socióloga da Universidade do Texassuper golf driveAustin, a brasileira Leticia Marteleto, vê despontar como eixo dos protestos.
O que começou como um movimento para a redução das tarifassuper golf drivetransportesuper golf driveSão Paulo, argumenta, foi somente a "ponta do iceberg"super golf driveuma reivindicação por maior mobilidade urbana, o direito às populações da periferiasuper golf driveganhar mais acesso à cidade –super golf driveúltima instância, crê a socióloga, a ter acesso ao Brasil que, no exterior, passa a imagemsuper golf driveum país quase desenvolvido.
Para Marteleto, ao mesmo tempo que os protestos expressam a irritação e o cansaço com o status quo, também deixam transparecer um desejo dos brasileirossuper golf driveaprofundar as suas conquistas democráticas.
"A gente tem pensado a desigualdade do Brasilsuper golf drivevários aspectos: econômico, racial,super golf drivegêneros. Por que não pensar também essa outra formasuper golf drivedesigualdade?", questiona. "Oitenta e cinco por cento da população brasileira moramsuper golf driveárea urbana e quem mora na periferia não tem acesso à cidade", lembra.
"Uma grande herança desse movimento seria não abandonar aquele primeiro cerne do movimento. Seria pensar as cidadessuper golf driveuma maneira mais inclusiva, e como resolver essas desigualdades que nos restamsuper golf driveuma maneira mais direta, com políticas concretas."
Candidato 'Obama'
São possíveis agendas para um movimento que continua funcionando relativamente livresuper golf drivelideranças e afastadosuper golf drivefiguras políticas. O que na opinião dos entrevistados tem sido até agora umasuper golf drivesuas forças. Mas que poderia se convertersuper golf driveumasuper golf drivesuas fraquezas.
"Existe uma oportunidade, creio, para pessoas com perfil mais democrático adotarem uma atitudesuper golf drivepivô, uma espéciesuper golf drive(Barack) Obama que priorize, por exemplo, os investimentossuper golf drivesaúde e educaçãosuper golf drivevez destinar recursos volumosos para a Copa do Mundo", diz Mark Kennedy.
"Há também oportunidade para o aparecimentosuper golf driveum candidato limpo, anticorrupção", acrescenta.
Questionado pela BBC Brasil sobre este candidato 'azarão' não poderia acabar se revelando um novo Fernando Collorsuper golf driveMello, Mark Kennedy respondeu que este "não é um temor instintivo" para quem olha os protestossuper golf drivefora.
"Há na história brasileira exemplos autoritários ou utópicos demais, e nenhum dos dois leva a bons resultados", afirmou. "Cabe aos brasileiros amadurecer como cidadão e discernir se estão sendo levados pelo bom ou o mau caminho."
Letícia Marteleto também acredita que a democracia brasileira está suficientemente consolidada para que a força política dos protestos seja traduzidasuper golf drivetransformações positivas.
"É difícil explicar isto para quem está fora, principalmente porque o Brasil está sendo visto como 'bombando' no exterior", afirma.
"Algumas pessoas acham que isso é terrível para a imagem do Brasil; eu acho que não, acho que é um símbolosuper golf drivedemocracia e a gente tem é que empurrar para as coisas melhorarem, e reivindicar mesmo."