Brasil corre para abrir novas fronteiras na África:bets esportiva
As iniciativas oficiais nesse sentido vão desde programasbets esportivacooperação militar e técnica até projetos para ampliar o financiamento a investimentos no continente e açõesbets esportivaaproximação política.
Elas acompanham um movimentobets esportivaalgumas grandes empresas brasileiras, que há algum tempo estão prospectando novos negóciosbets esportivapaíses que até pouco eram sinônimobets esportivaconflitos e extrema pobreza, atraídas principalmente por oportunidades nos setoresbets esportivainfraestrutura e exploraçãobets esportivarecursos naturais.
Segundo Cordeiro, é nesses planosbets esportivaexpansão que se inseriria a decisão anunciada recentemente pela presidente Dilma Rousseffbets esportivacancelar ou renegociarbets esportivaUS$ 900 milhões (R$ 1,9 bilhão)bets esportivadívidasbets esportivapaíses africanos com o Brasil.
Financiamentos
Um totalbets esportiva12 países serão beneficiados pela decisão: Congo, Tanzânia, Zâmbia, Senegal, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Gabão, Guiné, Mauritânia, Sudão, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau - sendo apenas os dois últimos parte da comunidade lusófona.
Até agora, os bancos estatais brasileiros não podiam financiar investimentos e fluxosbets esportivacomércio para esses países pelo fatobets esportivaeles terem dívidas não quitadas com o Brasil.
A medida permitirá que o BNDES e o Banco do Brasil financiem exportações brasileiras, bem como investimentos e obrasbets esportivainfraestrutura tocadas por empresas do país (hoje quase todos os empréstimos do BNDES para projetos na África vão para Moçambique e Angola).
"A demanda por investimentos e cooperação que temos recebido dos países africanos é imensa", disse Cordeiro. "A Tanzânia quer empresas brasileiras construindo hidrelétricas, por exemplo, e o Gabão pede investimentos na áreabets esportivapetróleo. Também já temos companhias do país interessadasbets esportivaapostar nesses mercados - o que falta é justamente meios para financiar tais empreendimentos."
Segundo o embaixador, para resolver esse problema, também teria sido proposto ao BNDES que o banco crie uma diretoria responsável exclusivamente por empréstimos para a África e América Latina.
"Precisamos pensarbets esportivainstrumentos financeiros adequados para esses projetos na África e entender quais poderiam ser suas garantias", diz o diplomata.
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Cooperação
Cordeiro lembra que no campo da cooperação técnica, a Empresa Brasileirabets esportivaPesquisa Agropecuária (Embrapa) já tem projetosbets esportivadiversos países africanos - entre eles Senegal, Mali e Gana. E na área militar, pode ser mencionado a cooperação brasileira na formação da marinha da Namíbia.
Nos últimos três meses, Dilma fez três viagens à África. Além da passagem pela Etiópia, onde participou da comemoração do Jubileubets esportivaOuro da União Africana no mês passado,bets esportivafevereiro a presidente foi à Guiné Bissau para a 3ª Cúpula América do Sul-África e à Nigéria para encontrar o presidente Goodluck Jonathan.
Em março, ela participou, na África do Sul, da 5ª Cúpula dos Brics -e na ocasião também se encontrou com líderesbets esportivaoutros países africanos.
Além disso, segundo o Itamaraty, nos últimos anos foram feitos esforços para ampliar a infraestrutura das embaixadas na África - que mais que dobraram na última década, fazendo o Brasil ocupar, juntamente com a Rússia, a quarta posição no ranking das nações com mais representações no continente (atrás dos Estados Unidos, China e França).
Para o governo brasileiro, o interesse na aproximação com os países da "nova fronteira" africana é tanto econômico como político.
De um lado, os 54 países do continente poderiam supostamente representar uma fontebets esportivaapoio importante para o Brasilbets esportivavotações para postos-chave do sistemabets esportivagovernança internacional (como no recente caso da eleição do diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, a OMC).
De outro, a África concentra hoje 6 dos 10 países que mais crescem no mundo,bets esportivaacordo com o FMI, o que abriria uma sériebets esportivaoportunidades comerciais ebets esportivainvestimentos - quebets esportivafato já estão atraindo interesse das grandes empresas brasileiras.
Interesses comerciais
As trocas comerciais entre Brasil e África passarambets esportivaus$ 5 bilhõesbets esportiva2002 para us$ 26,5 bilhõesbets esportiva2012.
Ebets esportivaacordo com a consultoria Ernst & Young, embora o Brasil represente apenas 0,6% dos investimentos estrangeiros nos 54 países africanos, desde 2007 os aportes brasileiros cresceram 10,7% ao ano.
"O empresariado brasileiro está começando a descobrir a África: as construtoras foram pioneiras nesse mercado e agora estão ajudando a 'puxar' outras empresas", disse à BBC Brasil Soraya Rosar, diretorabets esportivaNegociações Internacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
"Mas ainda há relativamente poucos investimentosbets esportivamanufatura. Nisso estamos ficando para trásbets esportivachineses e indianos."
A Petrobras tem ativos na Nigéria, Tanzânia e Namíbia.
A Vale entrou na Áfricabets esportiva2004 e hoje está presente no Gabão, Libéria, Guiné, República Democrática do Congo, Zâmbia, Malauí e África do Sul (alémbets esportivaAngola e Moçambique) - tendo planos para investir US$ 7 bilhões (R$15 bilhões) no continente nos próximos anos.
Fora da comunidade lusófona, a construtora baiana OAS já tem sucursaisbets esportivaGuiné, Gana e Guiné Equatorial. A Odebrecht está presente nesses mesmos países e na Libéria e na Líbia. Já a Camargo Corrêa está presentebets esportivaAngola e Moçambique e mantém projetos na África do Sul.
"Temos ainda algumas experiênciasbets esportivaempresasbets esportivamenor porte: desde uma empresa do Pará que está participandobets esportivaobrasbets esportivaBenin, até um agricultor do Ceará quebets esportivaparte do ano planta melão no Senegal para manterbets esportivalinhabets esportivaexportação para a Europa", diz Cordeiro.
Onda africana
Evidentemente, não é só o Brasil que estábets esportivaolho nesses mercadosbets esportivafronteira africanos. Com a América Latina desacelerando, a África - segunda região do mundo que mais cresce, depois da Ásia - passou atrair a atençãobets esportivainvestidores e consultoriasbets esportivanegócios internacionais.
"Na realidade,bets esportivamuitos países africanos os brasileiros estão mesmo chegando tarde se comparados com a China, a Índia e alguns países europeus", disse Anthony Thunstrom, especialistabets esportivaÁfrica da consultoria KPMG.
Países como a Etiópia e a Nigéria há dez anos tem crescido maisbets esportiva7% ao ano e atraem empresas estrangeiras com taxasbets esportivaretorno ao investimento que variambets esportiva20% a 30% (embora continuem entre os mais pobres do mundo).
Muitas companhias estãobets esportivaolhobets esportivaoportunidades nos setores agrícolas africanos e na exploraçãobets esportivapetróleo e minérios. Outras, são atraídas pelas inúmeras obras e projetos levados adiante para suprir o imenso deficitbets esportivainfraestrutura do continente.
E também há as empresas interessadas no crescente mercado consumidor africano - como o Wal-Mart e a produtorabets esportivabebidas Diageo, que recentemente entraram na Etiópia.
Riscos
É claro que os riscos e custosbets esportivase fazer negóciosbets esportivamuitos desses países ainda são importantes.
Problemas como corrupção, instabilidade política, precariedade logística e pobreza extrema não desapareceram do continente africanobets esportivauma hora para outra - ao contrário do que relatórios entusiasmadosbets esportivaalgumas consultoriasbets esportivanegócios - ou os discursosbets esportivaalgumas autoridades brasileiras - podem fazer parecer.
Por causabets esportivamudanças políticas na Guiné, por exemplo, a própria Vale foi obrigada a renegociar seus contratos para a exploração do complexobets esportivaSimandou, considerada a maior reserva inexploradabets esportivaminériobets esportivaferro do planeta. O projeto ficou paralisado por meses.
Também há quem ainda não esteja totalmente convencidobets esportivaque o crescimento africano será sustentável.
Para Elsie Kanza, chefe da seção africana do World Economic Forum, por exemplo, se os africanos não investirembets esportivaeducação, se empenharembets esportivareduzir rapidamente seu problemabets esportivafaltabets esportivainfraestrutura e implementarem uma mudança estrutural embets esportivaeconomia, desenvolvendo manufaturas e setores mais complexos, o continente pode acabar desacelerando.
O professor José Flávio Sombra Saraiva, Professorbets esportivaRelações internacionais da Universidadebets esportivaBrasília (UNB) especialistabets esportivarelações com a África, concorda: "As perspectivas para a região são boas, mas para garantir a sustentabilidade desse crescimento são necessárias muitas reformas e esforços para que toda a população se beneficie dessa nova ondabets esportivainvestimentos," disse ele à BBC Brasil.
No casobets esportivaum arrefecimento da expansão africana, não há como negar que muitas empresas e investidores teriambets esportivarever seus planos - inclusive brasileiros.
"O risco sempre existe, mas podemos mitigá-lo e trabalhar com ele", arrisca Cordeiro.