Brasil corre para abrir novas fronteiras na África:aviator bônus grátis
- Author, Ruth Costas
- Role, Da BBC Brasilaviator bônus grátisLondres
aviator bônus grátis O governo e algumas grandes empresas brasileiras estão apostando alto na aberturaaviator bônus grátisnovas fronteiras no mercado africano.
Nos últimos anos, o Brasil ampliouaviator bônus grátispresença econômica tanto na África lusófona - principalmente Angola e Moçambique - quanto na África do Sul (considerada um dos "mercados maduros" da região, junto com países do norte africano).
Agora, segundo explicou à BBC Brasil o embaixador Paulo Cordeiro, subsecretário-geral do Ministérioaviator bônus grátisRelações Exteriores para África e Oriente Médio, um dos grandes desafios da diplomacia brasileira é criar condições para que um número cada vez maioraviator bônus grátisempresas explore novas fronteirasaviator bônus grátisinvestimentoaviator bônus grátismercados africanos emergentes, como Etiópia, Nigéria, Sudão, Quênia, Guiné, Tanzânia, Senegal e Gana.
"Isso constitui boa parteaviator bônus grátismeu trabalho. Estamos empenhadosaviator bônus grátiscriar condições para essa expansão eaviator bônus grátisconvencer a sociedade brasileiraaviator bônus grátisque o continente africano tem muitas oportunidades interessantes - e não só nos países lusófonos", disse Cordeiro.
As iniciativas oficiais nesse sentido vão desde programasaviator bônus grátiscooperação militar e técnica até projetos para ampliar o financiamento a investimentos no continente e açõesaviator bônus grátisaproximação política.
Elas acompanham um movimentoaviator bônus grátisalgumas grandes empresas brasileiras, que há algum tempo estão prospectando novos negóciosaviator bônus grátispaíses que até pouco eram sinônimoaviator bônus grátisconflitos e extrema pobreza, atraídas principalmente por oportunidades nos setoresaviator bônus grátisinfraestrutura e exploraçãoaviator bônus grátisrecursos naturais.
Segundo Cordeiro, é nesses planosaviator bônus grátisexpansão que se inseriria a decisão anunciada recentemente pela presidente Dilma Rousseffaviator bônus grátiscancelar ou renegociaraviator bônus grátisUS$ 900 milhões (R$ 1,9 bilhão)aviator bônus grátisdívidasaviator bônus grátispaíses africanos com o Brasil.
Financiamentos
Um totalaviator bônus grátis12 países serão beneficiados pela decisão: Congo, Tanzânia, Zâmbia, Senegal, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Gabão, Guiné, Mauritânia, Sudão, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau - sendo apenas os dois últimos parte da comunidade lusófona.
Até agora, os bancos estatais brasileiros não podiam financiar investimentos e fluxosaviator bônus grátiscomércio para esses países pelo fatoaviator bônus grátiseles terem dívidas não quitadas com o Brasil.
A medida permitirá que o BNDES e o Banco do Brasil financiem exportações brasileiras, bem como investimentos e obrasaviator bônus grátisinfraestrutura tocadas por empresas do país (hoje quase todos os empréstimos do BNDES para projetos na África vão para Moçambique e Angola).
"A demanda por investimentos e cooperação que temos recebido dos países africanos é imensa", disse Cordeiro. "A Tanzânia quer empresas brasileiras construindo hidrelétricas, por exemplo, e o Gabão pede investimentos na áreaaviator bônus grátispetróleo. Também já temos companhias do país interessadasaviator bônus grátisapostar nesses mercados - o que falta é justamente meios para financiar tais empreendimentos."
Segundo o embaixador, para resolver esse problema, também teria sido proposto ao BNDES que o banco crie uma diretoria responsável exclusivamente por empréstimos para a África e América Latina.
"Precisamos pensaraviator bônus grátisinstrumentos financeiros adequados para esses projetos na África e entender quais poderiam ser suas garantias", diz o diplomata.
Cooperação
Cordeiro lembra que no campo da cooperação técnica, a Empresa Brasileiraaviator bônus grátisPesquisa Agropecuária (Embrapa) já tem projetosaviator bônus grátisdiversos países africanos - entre eles Senegal, Mali e Gana. E na área militar, pode ser mencionado a cooperação brasileira na formação da marinha da Namíbia.
Nos últimos três meses, Dilma fez três viagens à África. Além da passagem pela Etiópia, onde participou da comemoração do Jubileuaviator bônus grátisOuro da União Africana no mês passado,aviator bônus grátisfevereiro a presidente foi à Guiné Bissau para a 3ª Cúpula América do Sul-África e à Nigéria para encontrar o presidente Goodluck Jonathan.
Em março, ela participou, na África do Sul, da 5ª Cúpula dos Brics -e na ocasião também se encontrou com líderesaviator bônus grátisoutros países africanos.
Além disso, segundo o Itamaraty, nos últimos anos foram feitos esforços para ampliar a infraestrutura das embaixadas na África - que mais que dobraram na última década, fazendo o Brasil ocupar, juntamente com a Rússia, a quarta posição no ranking das nações com mais representações no continente (atrás dos Estados Unidos, China e França).
Para o governo brasileiro, o interesse na aproximação com os países da "nova fronteira" africana é tanto econômico como político.
De um lado, os 54 países do continente poderiam supostamente representar uma fonteaviator bônus grátisapoio importante para o Brasilaviator bônus grátisvotações para postos-chave do sistemaaviator bônus grátisgovernança internacional (como no recente caso da eleição do diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, a OMC).
De outro, a África concentra hoje 6 dos 10 países que mais crescem no mundo,aviator bônus grátisacordo com o FMI, o que abriria uma sérieaviator bônus grátisoportunidades comerciais eaviator bônus grátisinvestimentos - queaviator bônus grátisfato já estão atraindo interesse das grandes empresas brasileiras.
Interesses comerciais
As trocas comerciais entre Brasil e África passaramaviator bônus grátisus$ 5 bilhõesaviator bônus grátis2002 para us$ 26,5 bilhõesaviator bônus grátis2012.
Eaviator bônus grátisacordo com a consultoria Ernst & Young, embora o Brasil represente apenas 0,6% dos investimentos estrangeiros nos 54 países africanos, desde 2007 os aportes brasileiros cresceram 10,7% ao ano.
"O empresariado brasileiro está começando a descobrir a África: as construtoras foram pioneiras nesse mercado e agora estão ajudando a 'puxar' outras empresas", disse à BBC Brasil Soraya Rosar, diretoraaviator bônus grátisNegociações Internacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
"Mas ainda há relativamente poucos investimentosaviator bônus grátismanufatura. Nisso estamos ficando para trásaviator bônus grátischineses e indianos."
A Petrobras tem ativos na Nigéria, Tanzânia e Namíbia.
A Vale entrou na Áfricaaviator bônus grátis2004 e hoje está presente no Gabão, Libéria, Guiné, República Democrática do Congo, Zâmbia, Malauí e África do Sul (alémaviator bônus grátisAngola e Moçambique) - tendo planos para investir US$ 7 bilhões (R$15 bilhões) no continente nos próximos anos.
Fora da comunidade lusófona, a construtora baiana OAS já tem sucursaisaviator bônus grátisGuiné, Gana e Guiné Equatorial. A Odebrecht está presente nesses mesmos países e na Libéria e na Líbia. Já a Camargo Corrêa está presenteaviator bônus grátisAngola e Moçambique e mantém projetos na África do Sul.
"Temos ainda algumas experiênciasaviator bônus grátisempresasaviator bônus grátismenor porte: desde uma empresa do Pará que está participandoaviator bônus grátisobrasaviator bônus grátisBenin, até um agricultor do Ceará queaviator bônus grátisparte do ano planta melão no Senegal para manteraviator bônus grátislinhaaviator bônus grátisexportação para a Europa", diz Cordeiro.
Onda africana
Evidentemente, não é só o Brasil que estáaviator bônus grátisolho nesses mercadosaviator bônus grátisfronteira africanos. Com a América Latina desacelerando, a África - segunda região do mundo que mais cresce, depois da Ásia - passou atrair a atençãoaviator bônus grátisinvestidores e consultoriasaviator bônus grátisnegócios internacionais.
"Na realidade,aviator bônus grátismuitos países africanos os brasileiros estão mesmo chegando tarde se comparados com a China, a Índia e alguns países europeus", disse Anthony Thunstrom, especialistaaviator bônus grátisÁfrica da consultoria KPMG.
Países como a Etiópia e a Nigéria há dez anos tem crescido maisaviator bônus grátis7% ao ano e atraem empresas estrangeiras com taxasaviator bônus grátisretorno ao investimento que variamaviator bônus grátis20% a 30% (embora continuem entre os mais pobres do mundo).
Muitas companhias estãoaviator bônus grátisolhoaviator bônus grátisoportunidades nos setores agrícolas africanos e na exploraçãoaviator bônus grátispetróleo e minérios. Outras, são atraídas pelas inúmeras obras e projetos levados adiante para suprir o imenso deficitaviator bônus grátisinfraestrutura do continente.
E também há as empresas interessadas no crescente mercado consumidor africano - como o Wal-Mart e a produtoraaviator bônus grátisbebidas Diageo, que recentemente entraram na Etiópia.
Riscos
É claro que os riscos e custosaviator bônus grátisse fazer negóciosaviator bônus grátismuitos desses países ainda são importantes.
Problemas como corrupção, instabilidade política, precariedade logística e pobreza extrema não desapareceram do continente africanoaviator bônus grátisuma hora para outra - ao contrário do que relatórios entusiasmadosaviator bônus grátisalgumas consultoriasaviator bônus grátisnegócios - ou os discursosaviator bônus grátisalgumas autoridades brasileiras - podem fazer parecer.
Por causaaviator bônus grátismudanças políticas na Guiné, por exemplo, a própria Vale foi obrigada a renegociar seus contratos para a exploração do complexoaviator bônus grátisSimandou, considerada a maior reserva inexploradaaviator bônus grátisminérioaviator bônus grátisferro do planeta. O projeto ficou paralisado por meses.
Também há quem ainda não esteja totalmente convencidoaviator bônus grátisque o crescimento africano será sustentável.
Para Elsie Kanza, chefe da seção africana do World Economic Forum, por exemplo, se os africanos não investiremaviator bônus grátiseducação, se empenharemaviator bônus grátisreduzir rapidamente seu problemaaviator bônus grátisfaltaaviator bônus grátisinfraestrutura e implementarem uma mudança estrutural emaviator bônus grátiseconomia, desenvolvendo manufaturas e setores mais complexos, o continente pode acabar desacelerando.
O professor José Flávio Sombra Saraiva, Professoraviator bônus grátisRelações internacionais da Universidadeaviator bônus grátisBrasília (UNB) especialistaaviator bônus grátisrelações com a África, concorda: "As perspectivas para a região são boas, mas para garantir a sustentabilidade desse crescimento são necessárias muitas reformas e esforços para que toda a população se beneficie dessa nova ondaaviator bônus grátisinvestimentos," disse ele à BBC Brasil.
No casoaviator bônus grátisum arrefecimento da expansão africana, não há como negar que muitas empresas e investidores teriamaviator bônus grátisrever seus planos - inclusive brasileiros.
"O risco sempre existe, mas podemos mitigá-lo e trabalhar com ele", arrisca Cordeiro.