Pablo Milanés: por que 'voz' da Revolução Cubana passou a criticar regimepixbet loginFidel Castro:pixbet login

Pablo milanés e Fidel Castro

Crédito, Estudios Revolución

Legenda da foto, Pablo milanés e Fidel Castro

Um revolucionário 'liberal demais'

Milanés, que desde criança já se destacavapixbet loginprogramaspixbet logintelevisão e grupos vocais, viu triunfar a Revolução Cubana no início da adolescência.

Pablo Milanéspixbet loginjunhopixbet login2022,pixbet loginseu último recitalpixbet loginHavana

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Filhopixbet loginum militar epixbet loginuma costureira, como muitos jovens da época, voltou-se para os ideaispixbet loginhumanismo e justiça social propostos pelo novo regime após a derrubada da ditadurapixbet loginFulgêncio Batista (1952-1959).

"A origem está no que Cuba significou no ano 59 para o mundo. Tinha 15 anos e quando mergulhei na realidade social da América Latina me tornei um revolucionário", explicoupixbet loginentrevista ao jornal espanhol El Paíspixbet login2015.

Na décadapixbet login1960, marcada pelo acirramento da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética (URSS), Cuba adotou o modelo soviético e, com ele, suas inflexíveis políticas culturais.

"Pablito fazia parte daqueles que defendiam a originalidade da Revolução Cubana; uma originalidade que foi questionada após a aliança com a União Soviética, que marcou o fim do pensamento crítico", explica o cientista político cubano Carlos Alzugaray à BBC News Mundo, o serviçopixbet loginnotíciaspixbet loginespanhol da BBC.

"Apesarpixbet loginapoiarem a revolução, essas pessoas viam as coisaspixbet loginmaneira diferente, eram mais libertárias, voltadas para os direitos dos indivíduos", acrescenta.

Campopixbet logintrabalho forçado

Assim,pixbet loginum diapixbet login1966, agentes do regime apareceram na casapixbet loginPablo Milanés.

"Eles me enganaram e me disseram que eu havia sido recrutado para o serviço militar. E, na verdade, fui enviado para um campopixbet loginconcentração ", lembrou o cantorpixbet loginum documentáriopixbet login2020 sobrepixbet logintrajetória musical.

Ele foi um das dezenaspixbet loginmilharespixbet loginjovens encaminhados para as Unidades Militarespixbet loginAuxílio à Produção (UMAP), os campospixbet logintrabalhos forçados nos quais eram presos homossexuais, religiosos, artistas e intelectuais rebeldes; enfim, aqueles que eram considerados "desprezíveis", nas palavras do próprio Milanés.

O cantor relembrou a UMAP —pixbet loginonde fugiu para logo ser preso novamente — como uma fase "brutal"pixbet loginque foi vítimapixbet loginmaus-tratos e foi obrigado a trabalhar incansavelmente da madrugada à noite.

Décadas depois, ele repetidamente repreendeu o governo cubano por nunca ter se desculpado por isso.

Fase mais revolucionária

De qualquer forma, apóspixbet loginlibertação, Pablo Milanés consolidou-se não apenas como cantor e fundador da Nueva Trova, mas também como uma das principais vozes do movimentopixbet loginesquerda latino-americano que patrocinou e defendeu o regimepixbet loginFidel Castro.

"Bolívar lançou uma estrela que brilhou com Martí / Fidel a dignificou / Caminhar por estas terras", dizpixbet loginfamosa "Canción por la unidad latinoamericana"pixbet login1976, que percorreu o continente.

As ditaduras militarespixbet logindireitapixbet loginpaíses como Chile, Argentina e Uruguai marcaram os anos 1970 na América Latina, razão pela qual as ideiaspixbet loginesquerda, tendo Cuba como referência, cativaram grande parte da juventude da região.

Muitos deles ouviam Milanés, Silvio Rodríguez e outros cantores da Nueva Trova que dedicaram partepixbet loginsua música e seus esforços à promoção do socialismo, estabelecendo-se como referências da chamada "cançãopixbet loginprotesto".

Milanés

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Legenda da foto, Milanés (segundo da esquerda) com Joan Manuel Serrat, Luis Eduardo Aute, Kiko Veneno e Silvio Rodríguezpixbet loginMadridpixbet login1983

Apesarpixbet logina maioriapixbet loginsuas canções falarpixbet loginamor e apenas uma minoria aludir à política, a década seguinte dos anos 1980 foipixbet logincrescimento e consolidação para Pablo, não apenas como artista, mas como ícone cultural da causa cubana.

"Será melhor afundar no mar/ Do que antespixbet logintrair a glória que se viveu", cantoupixbet login"Cuando te encontré" (1989), uma cançãopixbet loginculto aos revolucionários da época na ilha.

Desencanto

A décadapixbet login1990 foi um período turbulento para Cuba, que após a derrocada da União Soviética,pixbet loginprincipal benfeitora, mergulhoupixbet loginuma profunda crise econômica — e, para muitos, existencial — conhecida como Período Especial.

Embora no início da década ele tivesse sido deputado da Assembleia Nacional do Poder Popular (Parlamento)pixbet loginCuba, Milanés logo começou a expressar abertamente suas divergências com o regime.

"Sou um porta-estandarte da revolução, não do governo. Se a revolução emperra, se torna ortodoxa, reacionária, contrária às ideias que a originaram, é preciso lutar", dizia então o artista,pixbet loginumapixbet loginsuas primeiras declarações críticas.

Milanéspixbet loginCubapixbet login1998

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Legenda da foto, Milanéspixbet loginCubapixbet login1998

Mais tarde, ele explicou essa mudançapixbet loginposição que pegou muitospixbet loginsurpresa: "Em 1992, estava convencidopixbet loginque o sistema cubano havia falhado definitivamente e o denunciei".

"Fiquei desapontado como revolucionário porque eles insistirampixbet logincontinuar com uma questão que não funcionou e que não funciona até agora", alegou.

Virada final

Após o Período Especial, Milanés continuou a criticar o governo cubano, mas nunca deixoupixbet loginse considerar um esquerdista e aindapixbet login2006 enviou uma mensagempixbet loginlealdade a um convalescente Fidel Castro (que acabou se recuperando e só morreria por dez anos depois).

"Prometo representar você e o povo cubano como este momento merece: com unidade e coragem diantepixbet loginqualquer ameaça ou provocação. Um abraço, seu Pablo Milanés", escreveu ao líder, segundo o jornal oficial cubano Granma.

Pablo Milanés na Plaza del Zócalo na Cidade do México no ano 2000

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Legenda da foto, Pablo Milanés na Plaza del Zócalo na Cidade do México no ano 2000

Na década seguinte, o artista expressoupixbet loginadmiração por liderançaspixbet loginesquerda mais moderadas da região, como o ex-presidente uruguaio José Mujica.

Ao mesmo tempo, o vencedorpixbet logindois Grammys latinospixbet loginmelhor álbumpixbet logincantor e compositor (2006) e excelência musical (2015) endurecia o tompixbet loginsuas críticas às autoridades cubanas.

"O stalinismo ainda estápixbet loginvigor e a repressão impede os protestospixbet loginrua; a greve é impossível porque não há sindicatos independentes e a imprensa cubana é silenciosa ou cúmplice", disse elepixbet loginuma entrevista na TVpixbet login2015.

O governo cubano, porém, não o retaliou — por meio das proibiçõespixbet loginentrada e saída que frequentemente aplica a outras vozes críticas — e Milanés, que viveupixbet loginMadri seus últimos anos, visitava com frequência Havana, ondepixbet loginjunho passado realizou aquele que foi seu último show na ilha.

O presidentepixbet loginCuba, Miguel Díaz-Canel, até dedicou um obituário emocionado a ele.

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Para o cientista político Carlos Alzugaray, Pablo Milanés "é uma figura muito importante para os cubanos e o governo percebeu que, embora algumas das coisas que ele disse o incomode, não tem escolha a não ser abraçá-lo".

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