Guerra na Ucrânia: comandantes russos discutiram usoarmas nucleares, dizem EUA:

Crédito, Governo russo

Legenda da foto, A Rússia realizou exercícios nuclearesrotina na semana passadameio à intensificação da retórica sobre quando as armas poderiam ser usadas

A declaração coincide com avaliações anteriores da inteligência ocidentalque Moscou não está movendo suas armas nucleares.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, acusou o Ocidente"deliberadamente dar uma dimensão maior ao tema", embora o momento das discussões do alto escalão militar russo,meadosoutubro, seja significativo.

No fimsetembro, Putin havia intensificadoretórica nuclear e antiocidental, e chegou a falar sobre usar todos os meios à disposição para proteger a Rússia e as terras ucranianas ocupadas que ele havia anexado.

"Não é um blefe", ele acrescentou, acusando o Ocidentefazer chantagem nuclear e se gabando das armas russas que eram mais modernas do que qualquer uma no arsenal da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Em resposta à notícia veiculada na imprensa americanaque a Rússia havia discutido o usoarmas nucleares, o porta-vozsegurança nacional da Casa Branca, John Kirby, declarou: "Ficamos cada vez mais preocupados com a possibilidade, à medida que passam os meses".

Conforme a sorte da Rússia no campobatalha diminuiu, suas ameaças nucleares parecem ter aumentado.

Moscou acusou a Ucrâniapreparar uma "bomba suja", que contém material radioativo, embora a Ucrânia e o Ocidente digam que a Rússia está apenas tentando criar um pretexto para culpar Kiev se tal dispositivo for usado.

O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, fez questãoentrarcontato com seus colegas nos EUA, Turquia e França para falar sobre o suposto complô ucraniano.

No entanto, quando o Ministério da Defesa da Rússia apresentou fotos para ilustrar suas descobertas, o governo da Eslovênia rapidamente identificou que as imagens haviam sido retiradassua AgênciaGerenciamentoResíduos Radioativos e mostravam detectoresfumaça que datam2010.

Nas últimas semanas, a doutrina nuclear da Rússia tem sido alvouma análise minuciosarelação às circunstânciasque poderiam usar armas nucleares,particular uma arma "tática" que poderia ser lançada no campobatalha na Ucrânia.

Uma arma nuclear tática é para usocombate, diferentemente das armas "estratégicas" maiores que são projetadas para causar destruiçãomassa.

Quando a Rússia realizou exercícios nuclearesrotina na semana passada, o cenário usado foi que o país estava retaliando ao ataque nuclearum inimigo com uma arma estratégicamaior escala. Putin foi categórico que a doutrina nuclear da Rússia só permitia o uso defensivoarmas nucleares.

Mas na terça-feira, o vice-chefe do conselhosegurança da Rússia, Dmitry Medvedev, destacou outro elemento da doutrina da Rússia — o uso nuclear no casouma ameaça existencial ao Estado. Ele ressaltou que os objetivos da guerra na Ucrânia eram recuperar todos os territórios que anteriormente pertenciam a eles, e isso por si só era uma ameaça existencial.

Medvedev pode não necessariamente ter influência sobre o presidente, mas seus comentários refletem a crençaPutinque anexar formalmente grandes áreas do sul e do leste da Ucrânia fez delas território russo, mesmo que não sejam reconhecidas como parte da Rússia pela comunidade internacional.

Em comunicado divulgado na quarta-feira, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia reiterou que Moscou tinha o direitousar armas nuclearesresposta a "uma agressão com o usoarmas convencionais quando a própria existência do Estado estáperigo".

O secretárioDefesa do Reino Unido, Ben Wallace, afirmou que haveria "graves consequências" se a Rússia usasse uma arma nuclear tática no campobatalha na Ucrânia. E disse aos parlamentares que não especularia sobre quais armas poderiam ser.

Perguntado na semana passada pela BBC se negava categoricamente que a Rússia usaria armas nucleares na Ucrânia, o chefe do ServiçoInteligência Estrangeiro do país (SVR), Sergei Naryshkin, disse estar muito preocupado com a retórica ocidental e acusou a liderança da Ucrâniatentar adquirir armas nucleares.