Como leis contra o aborto estão deixando no limbo as gestações com complicações nos EUA:caught up on bet cast

Desde que a Suprema Corte derrubou a decisão do caso Roe v. Wadecaught up on bet castjunho, vários Estados americanos decidiram pressionar pela proibição do aborto ou restringir severamente o procedimento.

Com a entradacaught up on bet castvigor dessas leis, surgiram desdobramentos.

Médicos e pacientes dizem que as regras confusas e a linguagem vaga tiveram um efeito assustador nos Estados antiaborto, deixando um rastrocaught up on bet casttragédias presentes e futuras.

'Não podemos te ajudar, boa sorte'

Abortos por razões médicas são raros e representaram menoscaught up on bet cast4%caught up on bet casttodos os procedimentos do tipo nos EUAcaught up on bet cast2004,caught up on bet castacordo com o Instituto Guttmacher.

Mas, para certas complicações da gravidez, eles são um tratamento aceito e comum para salvar vidas.

A modelo Chrissy Teigen, por exemplo, dissecaught up on bet cast7caught up on bet castoutubro que passou por um aborto que salvou a vida dela quando estava com 20 semanascaught up on bet castuma gravidez inviável.

Mas hoje,caught up on bet castEstados com limites rígidos ao aborto, essa opçãocaught up on bet castprocedimento está se tornando cada vez mais difícil.

No ano passado, Amanda Horton, uma médica do Texas especializadacaught up on bet castgestaçõescaught up on bet castalto risco, teve problemas para cuidarcaught up on bet castpacientes com complicações na gravidez.

Em algumas ocasiões, Horton precisa informar às famílias que os bebês foram diagnosticados com alguma anomalia que é fatal.

Esses distúrbios são raros e provavelmente levarão à morte do feto no útero ou logo após o nascimento.

Mas sob uma proibição estrita do aborto no Texas, as mãos da médica estão atadas.

"O que podemos dizer é: 'Se você está interessadacaught up on bet castinterromper a gravidez, isso é sempre uma opção. Mas não se você está no Texas'. E é aí que o aconselhamento começa e termina", relata.

"São pessoas que amam os filhos ainda não nascidos e que, sem culpa, estão sendo desafiadascaught up on bet castmaneiras que nunca esperaram", diz.

E porque o Estadocaught up on bet castque vivem proíbe todos os tiposcaught up on bet castaborto, "agora a resposta é: 'Não podemos ajudá-la, boa sorte'", acrescenta a especialista.

Definiçãocaught up on bet castemergência

O Texas tem uma das proibiçõescaught up on bet castaborto mais restritivas dos EUA. Mas, mesmo com todas os vetos aprovados este ano, o Estado ainda permite uma exceção quando a gravidez colocacaught up on bet castrisco a vida da mãe.

De fato, todos os Estados que proíbem o aborto incluem exceções semelhantes quando a vida da mulher está ameaçada.

Cercacaught up on bet castuma dúziacaught up on bet castleis estaduais incluem uma permissão a abortoscaught up on bet cast"emergência médica", e três possuem uma exceção específica para anomalias fetais.

Na Virginia Ocidental, que acabacaught up on bet castaprovar a proibição do aborto, o procedimento só não é vetadocaught up on bet castcasocaught up on bet cast"emergência médica ou um feto clinicamente inviável".

A propostacaught up on bet castGraham para uma lei nacional sobre o tema também viria com isenções amplamente redigidas para mulheres "cujas vidas estãocaught up on bet castperigo".

No entanto, os críticos dizem que, na prática, essas leis fornecem pouca orientação sobre termos amplos como "ameaça à vida" ou o que constitui uma emergência médica que realmente permitiria um aborto.

Isso deixa amplo espaço para o debate sobre quando um médico deve agir e,caught up on bet castalguns casos, até inibe a escolhacaught up on bet castopções que seriam consideradas como padrãocaught up on bet castatendimento.

Em julho, uma mulher do Texas, identificada apenas como Amanda, disse ao jornal The New York Times que passou 48 horascaught up on bet castagonia, sentadacaught up on bet castuma banheira enquanto a água ficava "vermelha escura" e esperava que seu corpo expelisse o feto naturalmente, num aborto espontâneo.

Anteriormente, ela teve outro aborto espontâneo. À época, os médicos a submeteram a um procedimentocaught up on bet castdilatação e curetagem, no qual o tecido é removido do útero.

Já nesse segundo episódio, o Texas havia implementado uma lei que permite processar qualquer pessoa que ajude alguém a realizar um aborto após seis semanascaught up on bet castgravidez.

Amanda então não passou pelo procedimentocaught up on bet castdilatação e curetagem.

"Foi tão diferente da minha primeira experiência, onde eles foram gentis e tranquilizadores. Agora me senti sozinha e aterrorizada", relata.

Esses casos expuseram a lacuna que existe entre as políticas escritas sobre os limites do aborto e a realidade, o que preocupa os médicos.

"É muito perigoso quando legisladores que não têm formação na área criam leis sobre como podemos praticar a medicina e nos proíbemcaught up on bet castfornecer os cuidados necessários", critica Daniel Grossman, obstetra da Universidade da Califórnia,caught up on bet castSan Francisco.

'Julgamento médico razoável'

Muitas das proibições são inspiradascaught up on bet castum projetocaught up on bet castlei proposto pelo National Right to Life (NRL), a mais antiga organização antiaborto do país.

A legislação modelo do grupo só permite abortos quando a vida da mãe estácaught up on bet castperigo.

"A linguagemcaught up on bet castnossa proposta diz 'julgamento médico razoável' pelo responsável, que é o caso usualcaught up on bet casttodas as situações médicas, não apenascaught up on bet castabortos", disse a NRL à BBC Newscaught up on bet castum comunicado.

"Não temos conhecimentocaught up on bet castnenhuma legislação pró-vida, incluindo nossa lei modelo, que impeça o tratamento médico adequadocaught up on bet castnenhum desses casos", continua o texto.

Mas para as pessoas que enfrentam uma gestação complicada, essas leis podem realmente atrapalhar os cuidadoscaught up on bet castsaúde.

Na Louisiana, a históriacaught up on bet castNancy Davis ganhou as manchetes nacionais depoiscaught up on bet castela divulgar que os médicos não interromperiamcaught up on bet castgravidez inviável.

Em uma entrevista coletiva, Davis reveleu a repórteres que seu bebê tinha acrania, um distúrbio que faz com que um feto se desenvolva sem o crânio, condição que é incompatível com a vida.

"Basicamente, eles disseram que eu tinha que continuar a gravidez e enterrar meu bebê", disse.

Ela acrescentou que os médicos "pareciam confusos com a lei e com medo do que aconteceria se realizassem um 'aborto criminoso'".

"Quero que vocês imaginem como foi continuar a gravidez por mais seis semanas após esse diagnóstico", complementou.

"Isso não é justo para mim, e não deveria acontecer com nenhuma outra mulher."

Na Carolina do Sul, Neal Collins, um senador Estadual do Partido Republicano, ganhou destaque por confessar que se arrependeucaught up on bet castvotar a favor da proibição do aborto a partir das seis semanas, depois que um obstetra local contou a ele a históriacaught up on bet castuma garotacaught up on bet cast19 anos que passou por uma experiência angustiante,caught up on bet castque foi negado o atendimento médico.

"A semana toda eu não dormi", contou Collinscaught up on bet castum discurso ao comitê judiciário estadual.

Ele disse que fez o acompanhamento do caso e, duas semanas depois, o pronto-socorro conseguiu "extrair" o feto, mas somente depois que ele estava morto.

Medicamento por isenção

Dias depoiscaught up on bet castse arrepender, Collins votou por uma proibição quase total do aborto, que inclui uma listacaught up on bet castuma dúziacaught up on bet castsituações que se qualificam como exceções.

No mês passado, depois que Davis abortou, o Departamentocaught up on bet castSaúde da Louisiana divulgou uma listacaught up on bet castcondições que tornariam uma gravidez "medicamente supérflua" e que se qualificariam como uma exceção à proibição do procedimento no Estado.

Mas Grossman diz que é impossível listar as condições que atendem à exceçãocaught up on bet cast"emergência médica".

"Não funciona assim. Na medicina há muitas incertezas e áreas cinzentas", diz.

"Caso exista uma probabilidadecaught up on bet cast20%caught up on bet castmorrer no próximo mês se a gravidez continuar, esse é um risco tremendamente alto. O atendimento médico necessário seria oferecer a essa paciente a interrupção da gravidez".

- Este texto foi publicadocaught up on bet casthttp://vesser.net/internacional-63242766

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