100 anos da Marcha sobre Roma: como Mussolini chegou ao poder e instalou o 1º governo fascista:x 1 bet
Seu sucesso acabaria trazendo graves consequências, não só para o país, mas para o restante da Europa e do mundo nos anos que se seguiram.
Às vésperasx 1 betcompletar 100 anos destes acontecimentos, a BBC News Mundo, serviçox 1 betespanhol da BBC, conversou com historiadores, analistas e cientistas políticos para aprofundar o que aconteceu.
O mito da revolução
A chamada Marcha sobre Roma foi uma operação liderada por Mussolini para tomar o poder com uma insurreição.
A mobilização ocorreu entre 27 e 28x 1 betoutubrox 1 bet1922, quando dezenasx 1 betmilicianos fascistas, conhecidos como "camisas negras" devido aos seus uniformes, começaram a tomar cidades e vilarejos no norte e no centro da Itália, depondo suas autoridades legítimas e invadindo repartições militares e policiais.
Depoisx 1 betcontrolar cidades como Pisa, Florença e Cremona,x 1 betalguns casosx 1 betforma violenta, os "camisas negras" - alguns, armados com baionetas roubadas das forçasx 1 betmanutenção da ordem, mas a maioria com escopetas, pistolas ou paus - rumaram para Roma.
Na capital, o então primeiro-ministro Luigi Facta ordenou ao Exército e à polícia que impedissem a entrada das hordasx 1 betMussolini "por qualquer meio". E, no dia 28x 1 betoutubro, apresentou ao rei um decreto declarando estadox 1 betsítio, o que lhe permitiria deter os insurgentes.
Mas o monarca não assinou o documento. E,x 1 betresposta à negativa, Facta renunciou.
Um dia depois, Vítor Manuel 3° entregou o governo ao líder dos rebeldes, que primeiramente recusou devido às condições impostas pelo reix 1 betcompartilhar o poder com setores mais moderados. O rei então desistiu das condições e Mussolini, que estavax 1 betMilão, viajou para Roma para aceitar a "oferta".
Mesmo conseguindo seu objetivo, os fascistas acabaram invadindo a Cidade Eterna e, no dia 31, desfilaram pelo Palácio do Quirinal, que era então a residência real.
"Um dos mitos centrais do fascismo foi o seu assalto ao poderx 1 betoutubrox 1 bet1922. Na verdade, o poder foi entregue a elesx 1 betbandeja", segundo explica o historiador Álvaro Lozano, autor do livro Mussolini y el Fascismo Italiano ("Mussolini e o fascismo italiano",x 1 bettradução livre).
Golpex 1 betsorte
Lozano afirma que a marcha esteve longex 1 betser a epopeia apresentada por seus seguidores.
"Depoisx 1 betdiasx 1 betchuvas torrenciais sobre Roma, seus membros não eram nada parecidos com as legiõesx 1 betCésar, como sonhava Mussolini", ele conta.
"Do pontox 1 betvista militar, a marcha foi uma operação mal planejada", explica o historiador. "Os 12 mil homens da 16ª Divisãox 1 betInfantaria do Exército poderiam ter acabado com os fascistas sem maiores dificuldades. A marcha foi produzida entre o caos e a desorganização. (...) Foi uma jogadax 1 betpôquer na qual Mussolini se saiu bem."
Um fator que favoreceu os insurgentes foi a faltax 1 betcoordenação das autoridades. Exceto por algumas exceções, as forçasx 1 betsegurança não agiram contra os rebeldes.
Aproveitando os erros do adversário
Em 1919, Mussolini fundou o grupo Fasci Italiani di Combattimento, uma organização formada por veteranos da Primeira Guerra Mundial.
O movimento originalmente defendia o republicanismo, a participação dos trabalhadores na gestão industrial ou a desapropriação das organizações religiosas, mas os maus resultados obtidos nas urnas fizeram com que eles mudassemx 1 betposição.
Eles adotaram o nacionalismo e começaram a exercer oposição radical ao socialismo, o que os fez ganhar adeptos entre os empresários, o Exército e os setores mais conservadores da sociedade italiana.
"Até meadosx 1 bet1922, a Itália estava à beira do colapso,x 1 betconsequência do derretimento da economia", segundo Lozano.
"No finalx 1 betjulhox 1 bet1922, os sindicatos socialistas convocaram uma greve geral para forçar o governo a agir contra os fascistas. Mussolini aproveitou a oportunidade para demonstrar que a esquerda representava uma séria ameaça e que somente o fascismo era capazx 1 betcombatê-la", acrescenta o historiador.
"Os fascistas tomaram o controle do transporte público e garantiram que os serviços postais continuassem funcionando", segundo Lozano. "Se os grevistas protestassem, eram brutalmente agredidos. (...) Mussolini conseguiu apresentar-se como a garantia da lei e da ordem."
O economista venezuelano Humberto García Larralde, autor do livro El Fascismo del Siglo 21: La Amenaza Totalitaria del Proyecto Políticox 1 betHugo Chávez ("O fascismo do século 21: a ameaça totalitária do projeto políticox 1 betHugo Chávez",x 1 bettradução livre), acrescenta outro elemento para explicar o auge do movimento: as sequelas da Primeira Guerra Mundial.
"A Itália estava do lado dos vencedores, mas não recebeu os territórios adicionais esperados por parte dos aliados e isso fez com que amplos setores da sociedade se sentissem parte dos derrotados", explica Larralde.
Medo, resignação ou ambos?
Como se já não fosse suficiente, Mussolini, ao assumir o governo, também renegou o sistema democrático vigente na Itália.
"O fascismo não é uma reuniãox 1 betpolíticos, masx 1 betguerreiros. (...) Somos uma formaçãox 1 betcombate que se consolida por meiox 1 bettiros, incêndios e destruições", advertiu Mussolinix 1 betsetembrox 1 bet1922. Logo ele seria conhecido como "Il Duce" (líder ou caudilho).
Mas, com este contexto, por que o rei não declarou estadox 1 betsítio e recorreu ao Exército para impedir Mussolini?
Para Lozano, pode ter havido diversos motivos. "Como os principais políticos pareciam aceitar que Mussolini entrasse no governo, o rei pensou que a resistência não fazia muito sentido", explica ele.
O historiador recorda que havia muitos simpatizantes do fascismo no Exército italiano, "que não era confiável no casox 1 betuma crise". E, por fim, ele acrescenta que "o rei pode ter receado que seu primo, o duquex 1 betAosta (Emanuel Felisberto), simpatizante do fascismo, pudesse ser considerado candidato ao trono".
A explicação que o monarca deux 1 bet1945 aos senadores foi "evitar derramamentox 1 betsangue", segundo o historiador italiano Emilio Gentile no seu livro E fu Subito Regime: Il Fascismo e la marcia su Roma ("E surgiu o regime: o fascismo e a marcha sobre Roma",x 1 bettradução livre).
O rei afirmou que "as autoridades garantiram que os fascistas armados que chegaram a Roma eram 100 mil", segundo o historiador. A decisão do monarca não só levaria ao fim da frágil democracia italiana, mas também da própria monarquia que ele pretendia proteger.
'Um movimento que insistex 1 betnão morrer'
A vitóriax 1 betGiorgia Meloni nas eleições gerais italianasx 1 bet25x 1 betsetembrox 1 bet2022 trouxe o fascismox 1 betvolta às discussões. Meloni é líder do partido Irmãos da Itália, originário da reestruturação do Movimento Social Italianox 1 betDireita Nacional (MSI), criado por antigos simpatizantesx 1 betMussolini.
Mas os especialistas acreditam que não existem motivosx 1 betalarme.
"A relaçãox 1 betMeloni com Mussolini é regida pela nostalgia. (...) Apesar da retórica dominante sobre o retorno da extrema direita, não existem condições para o retorno à ditadura fascista", segundo explicou à BBC News Mundo o analista italiano Alberto Alemanno, professorx 1 betdireito comunitário da Escolax 1 betEstudos Econômicos HECx 1 betParis, na França.
"Existem elementos que indicam rápida erosão das infraestruturas democráticas, similares às que existiam um século atrás, quando o nazifascismo encontrou um terreno fértil na Europa", segundo o professor.
"Hojex 1 betdia, existem muito mais controles e equilíbrios, dentro e fora do governo, com uma sociedade civil tecnologicamente empoderada que fiscaliza os governos."
Já Lozano adverte que o fascismo é uma ideologia que "insistex 1 betnão morrer" porque "conta com uma forte atração como caminho intermediário entre o comunismo e o capitalismo, atraindo eleitores desencantados com os políticos tradicionais".
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