'Pensei que me matariam': a história do 1º gay do Catar a sair do armário:casa de aposta neto

Crédito, Nas Mohamed

Legenda da foto, Nas Mohamed, o primeiro catariano a sair publicamente do armário

Preferiu se concentrar nos estudos da faculdadecasa de aposta netomedicina e na religião; era uma pessoa "extremamente religiosa", que sabia o Alcorãocasa de aposta netocor.

Assim, ele passoucasa de aposta netoadolescência e os primeiros anos da vida adulta — durante os quais teve apenascasa de aposta netoignorar os conselhoscasa de aposta netoque deveria arrumar uma esposa.

"Muitoscasa de aposta netonós somos pressionados a nos casar muito jovens, às vezes antes dos 20 anos. Para mim, o mais difícil foi tentar resistir à pressão ao meu redor para me casar", revela.

"Tinha que dar uma boa razão para não querer me casar, para que não suspeitassem."

Foi durante uma viagem a Las Vegas, aos 22 anos, que ele confirmou que era "definitivamente" gay. Em uma boate LGBT+, ele se sentiu realmente livre pela primeira vez.

"Percebi que não tinha nenhum tipocasa de aposta netotendência ou desejocasa de aposta netofazer sexo heterossexual. Fiqueicasa de aposta netochoque. Comecei então a ler e aprender mais sobre mim e o que significava ser homossexual", diz ele.

Mas depoiscasa de aposta netovoltar ao Catar, ele tevecasa de aposta netoreprimir completamente o desejo sexual que havia despertado nele.

"Eu vivia com um medo constante. Pensei que me matariam se soubessem que sou gay, se isso se tornasse público. Os crimescasa de aposta netohonra são muito tribais no Catar. Algumas famílias fazem isso, outras não, e o governo tenta não intervir."

Ao terminar a graduaçãocasa de aposta neto2011, aos 24 anos, Nas tomou a decisãocasa de aposta netose mudar "temporariamente" para os Estados Unidos, onde passaria três anos fazendo residência para concluircasa de aposta netoformação profissional como médico.

Nunca mais voltou.

Após concluircasa de aposta netoresidênciacasa de aposta netoum hospitalcasa de aposta netoConnecticut e uma bolsacasa de aposta netopesquisa no Estado da Pensilvâniacasa de aposta neto2015, ele solicitou asilo na Califórnia, dizendo que seria perseguidocasa de aposta netoseu país por causacasa de aposta netoorientação sexual.

O fim do relacionamento com a família

Mas antescasa de aposta netopedir asilo, ele ligou para os pais para explicar por que não voltaria ao Catar.

"Confessei a eles que era gay e que não me sentia segurocasa de aposta netocasa, que não achava que poderia voltar. Tivemos uma grande briga e depois conversamos mais algumas vezes, mas nunca acabava bem", explica Nas.

Crédito, Nas Mohamed.

Legenda da foto, Nas Mohamed teve que ocultarcasa de aposta netohomossexualidade para sobreviver no Catar

Ele conta que, infelizmente, o relacionamento com os pais terminou naquele primeiro telefonema.

"Por tradição e vergonha, imagino que eles inventaram uma história para o resto da família. Não sei o que contaram a eles, mas acho que agora todos sabem o verdadeiro motivo da minha saída, graças às minhas entrevistas."

Nas Mohamed ganhou notoriedade neste ano depoiscasa de aposta netofalar publicamente sobrecasa de aposta netohomossexualidade.

Muitos deram a ele o títulocasa de aposta neto"1º catariano a sair publicamente do armário", depoiscasa de aposta netoconceder entrevistas a diferentes meioscasa de aposta netocomunicação.

Copa do Mundo Catar 2022

Ele explica que decidiu sair do armário agora justamente porque a Copa do Mundo, que acontece no fim deste ano no Catar, colocou os holofotes sobre este país e sobre todas as denúnciascasa de aposta netoabusoscasa de aposta netodireitos humanos ecasa de aposta netominorias que são regularmente reportadas no Estado árabe.

No início do ano, Nasser Al Khater, executivo-chefe da Copa do Mundo FIFA 2022 no Catar, garantiucasa de aposta netoentrevista coletiva que todos os torcedores serão bem-vindos no Catar, desde que respeitem as tradições do país.

"Gostariacasa de aposta netogarantir a qualquer torcedor,casa de aposta netoqualquer gênero, orientação (sexual), religião ou raça, que tenha certezacasa de aposta netoque o Catar é um dos países mais seguros do mundo e todos são bem-vindos aqui", disse ele.

"As demonstrações públicascasa de aposta netoafeto são mal vistas, não fazem parte da nossa cultura, e isso se aplica a todos."

Mas várias associações, como a European Gay & Lesbian Sport Federation, reclamaram que as garantiascasa de aposta netosegurança para pessoas LGBTQ+ no Catar continuam inadequadas meses antes do início da Copa do Mundo.

Ser gay no Catar

Nas afirma que não saiu do armário para contarcasa de aposta netoprópria história, mas para tornar conhecida acasa de aposta netotodos os membros da comunidade LGBT+ no Catar.

"É muito perigoso sair do armário quando você é catariano, e estou me preparando para isso há meses", completa.

Ele conta que, por meio do seu trabalho recente como porta-voz da comunidade LGBT+ no Catar, percebeu o quão grande é a comunidadecasa de aposta netoseu país natal.

Mas todos ocultamcasa de aposta netosexualidade e têm medocasa de aposta netofalar sobre o assunto ou confessar a alguém.

Segundo ele, isso acontece porque a polícia do Catar tem uma equipe dedicada a "caçar" pessoas LGBT+ — e quando encontram um membro da comunidade, pegam seu telefone e vasculham seus contatos para tentar localizar outros.

"Conheço gays que nem sequer sabem que outras pessoas próximas ao seu círculo são (gays), pois é muito perigoso para uma pessoa LGBT+ conhecer outra."

Ser gay é ilegal no Catar.

De acordo com o artigo 296 do seu código penal, as penas para relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo variamcasa de aposta neto3 a 5 anoscasa de aposta netoprisão a até penacasa de aposta netomorte — embora não haja provascasa de aposta netoque penascasa de aposta netomorte tenham sido aplicadas para relações sexuais consensuais realizadascasa de aposta netoforma privada entre adultos do mesmo sexo.

Nas afirma que dentro da comunidade gay do Catar reina a censura e nada é transparente, mas ele garante que nem todos vivem sob as mesmas condições.

"Há pessoas LGBT que vivem bem. São uma minoriacasa de aposta netosorte, porque são muito ricas, com famílias muito grandes, e são aceitas a partir do princípio que tem que ser um segredocasa de aposta netofamília."

Mas ele acrescenta que até mesmo estas pessoas vivem com muitas limitaçõescasa de aposta netorelação ao que podem fazer — e algumas costumam ter problemascasa de aposta netosaúde mental.

"Muitoscasa de aposta netonós não tivemos a mesma sorte, e coisas horríveis aconteceram conosco."

Ainda teme porcasa de aposta netovida

Nas afirma que, embora não more mais no Catar, ainda teme porcasa de aposta netovida. Ele recebeu uma enxurradacasa de aposta netoinsultos e ameaçascasa de aposta netomorte depoiscasa de aposta netotornar públicacasa de aposta netohomossexualidade.

"Mesmo morando aquicasa de aposta netoSan Francisco (na Califórnia) não me sinto seguro. Porque há muito ódio e violência contra nós", acrescenta.

Crédito, Nas Mohamed.

Legenda da foto, Nas Mohamed pediu asilo nos EUA e vive atualmentecasa de aposta netoSão Francisco, na Califórnia

Ele teve que fechar quase todas as suas redes sociais para reduzir o númerocasa de aposta netomensagenscasa de aposta netoódio que recebe diariamente, com exceçãocasa de aposta netouma conta do Instagram que usa como plataforma para seu ativismo.

Mas assim como chegam mensagenscasa de aposta netoódio, ele também recebe agradecimentos.

"Me agradecem por ser a vozcasa de aposta netomuitas pessoas que não podem falar. Muita gente da comunidade LGBT+ e muitos aliadoscasa de aposta netotodas as classes sociais no Catar entraramcasa de aposta netocontato comigo."

'Minha própria família me mataria'

O governo dos EUA concedeu asilo a Nascasa de aposta neto2017 após uma intensa batalha judicial.

Desde 2015, ele fezcasa de aposta netoSan Franciscocasa de aposta netocasa e diz que nunca poderia voltar ao Catar.

"Sem dúvida alguma me maltratariam na chegada. Acho que minha própria família me mataria pelo que estou fazendo. Há pessoas me dizendo no Instagram que, se eu pisar lá, vão me ajudar a conhecer Alá", afirma.

Ele acrescenta que também pode ser processado pelo governo do Catar por "infringir a lei".

Nas espera quecasa de aposta netohistória sirva para informar muita gente sobre o quão "atrasada" a sociedade do Catar écasa de aposta netotermoscasa de aposta netoliberdades e direitos da comunidade LGBT+.

E faz um apelo aos estrangeiros que visitarão o Catar durante a Copa do Mundo para que não se escondam, pois insiste que a visibilidade é importante.

Ele também espera que isso sirva para que outros catarianos gays e transexuais tenham histórias documentadas para mostrar como evidência se planejam buscar asilocasa de aposta netooutros países onde possam viver livremente.

"Somos uma população que precisacasa de aposta netoajuda e apoio. O que está acontecendo no Catar não afeta apenas os catarianos, mas a comunidade LGBT+casa de aposta netotodo o mundo", observa.

"Precisamos que nossos direitos sejam universalmente respeitados, que onde quer que formos sejamos tratados com igualdade e como seres humanos com direitos, não como criminosos. Precisamoscasa de aposta netomais vozes."

'Este texto foi originalmente publicadocasa de aposta netohttp://vesser.net/internacional-61894518'

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