O que foi o massacrecasino online bonus de registoNapalpí, que Argentina julga 100 anos depois:casino online bonus de registo

A magistrada argumentou ainda que "a busca concreta da verdade é relevante, não apenascasino online bonus de registotermoscasino online bonus de registomemória coletiva, mas também por poder trazer consequências favoráveis no campo da reparação histórica e simbólica para as comunidades que teriam sido prejudicadas diretamente por esses fatos".

O Ministério Público Federal da Argentina indicou que este será "um processo dedicado à averiguação da verdade, similar aos promovidos na décadacasino online bonus de registo1990casino online bonus de registodiversas jurisdições para investigar os crimes da última ditadura, durante a vigência das leiscasino online bonus de registoPonto Final e Obediência Devida", que impediam que os repressores fossem julgados.

O "julgamento pela verdade" começou na Casa das Culturascasino online bonus de registoResistênciacasino online bonus de registo19casino online bonus de registoabril, datacasino online bonus de registoque se comemora o Dia do Índio - chamado na Argentinacasino online bonus de registoDia do Aborígene Americano.

O processo inclui audiências no interior da província, onde vivem atualmente os descendentes das vítimas do massacre, e no Centro Cultural da Memóriacasino online bonus de registoBuenos Aires, localizado na antiga Escola Mecânica da Marinha (ESMA) - o mais conhecido centro clandestinocasino online bonus de registodetenção durante o último regime militar argentino.

A Secretariacasino online bonus de registoDireitos Humanos do país destacou que se trata do "primeiro julgamento da história da Argentina que investigará um massacrecasino online bonus de registopovos originários".

O que aconteceu?

Os registros históricos e a investigação da Promotoria Pública permitiram reconstruir os fatos ocorridoscasino online bonus de registo19casino online bonus de registojulhocasino online bonus de registo1924, quando centenascasino online bonus de registohomens, mulheres, crianças e idosos das comunidades nativas americanas moqoit e qom foram assassinados por policiais civis e militares, alémcasino online bonus de registolatifundiários da região.

Tudo ocorreu na chamada Redução Aborígenecasino online bonus de registoNapalpí (hoje conhecida como Colônia Aborígene), a cercacasino online bonus de registo150 km da cidadecasino online bonus de registoResistência. As "reduções" eram locais criados pelo Estado para poder concentrar as populações indígenas e explorá-las como mãocasino online bonus de registoobra barata.

As famílias que viviamcasino online bonus de registoNapalpí sobreviviam colhendo algodãocasino online bonus de registocondições análogas à escravidão.

Um grupocasino online bonus de registotrabalhadores decidiu deflagrar greve para reivindicar a justa retribuição pelo seu trabalho ou a possibilidadecasino online bonus de registosair do território para trabalharcasino online bonus de registooutros engenhos. Em resposta, o então governador do Chaco, Fernando Centeno, enviou forçascasino online bonus de registosegurança para reprimi-los.

Cercacasino online bonus de registo130 homens cercaram a redução e massacraram seus moradores, que estavam desarmados. Levantamentoscasino online bonus de registodiferentes historiadores reunidos pela Promotoria Pública dão conta que,casino online bonus de registo45 minutos, os agentes dispararam maiscasino online bonus de registocinco mil balascasino online bonus de registofuzil contra a populaçãocasino online bonus de registoNapalpí.

A operação também utilizou um avião que, segundo o testemunhocasino online bonus de registoalguns dos descendentes da comunidade, lançou alimentos para atrair aqueles que estavam no morro e poder massacrá-los. O etnólogo alemão Roberto Lehmann-Nitsche - especialista nas comunidadescasino online bonus de registopovos originários da Argentina - tirou uma fotografia desse avião, que foi incluída no processo.

Muitas das vítimas foram enterradascasino online bonus de registovalas comuns depoiscasino online bonus de registoserem mutiladas para transformar partes dos corposcasino online bonus de registo"troféus" - como testículos, peitos e orelhas.

E o massacre não terminou ali. Os sobreviventes foram perseguidos e "caçados" nos morros. Os feridos foram assassinados a facadas.

Estima-se que, ao todo, maiscasino online bonus de registo400 pessoas tenham morrido naquele dia - e cercacasino online bonus de registo40 crianças que haviam conseguido escapar foram entregues para servircasino online bonus de registocriados nas localidades próximas, quando não morriam pelo caminho.

Ana Noriega, da Fundação Napalpí, afirmou à BBC News Mundo (serviçocasino online bonus de registoespanhol da BBC) que 70% a 80% da população da Redução Napalpí foram massacrados. E os que conseguiram sobreviver precisaram esconder-se das autoridades, que tentavam eliminar todos os indícios, para poder negar o ocorrido.

Segundo a versão oficial, noticiada pela imprensa na época, o que aconteceu foi um enfrentamento entre os indígenas que precisou ser sufocado pela polícia. Mas as histórias sobre esse dia, que os sobreviventes contaram aos seus descendentes, tornaram-se uma peça fundamental para que hoje, 98 anos depois, o etnocídio cometido esteja sendo julgado.

Memória oral

A partir dos relatos dacasino online bonus de registoavó, o historiador qom Juan Chico começou a pesquisar os fatos e recolheu testemunhos e provas que viriam a ser publicados no seu livro La Vozcasino online bonus de registola Sangre ("A voz do sangue",casino online bonus de registotradução livre), que permitiu romper o silêncio histórico sobre o ocorrido no princípio do século 20.

O testemunho gravadocasino online bonus de registoChico - que morreucasino online bonus de registocovid-19casino online bonus de registo2021, com 42 anoscasino online bonus de registoidade - foi ouvido na abertura das audiências,casino online bonus de registo19casino online bonus de registoabril.

Foi também exibido o registro audiovisualcasino online bonus de registodois dos últimos sobreviventes do massacre: os centenários Pedro Balquinta e Rosa Grilo, que prestaram depoimento para os promotorescasino online bonus de registo2014 e 2018, respectivamente.

"É muito triste para mim, porque mataram meu pai e quase não tenho vontadecasino online bonus de registorecordar, me faz doer o coração", disse Grilo, a última vítima a prestar seu testemunho, abrindocasino online bonus de registodeclaração.

Na próxima audiênciacasino online bonus de registo3casino online bonus de registomaio, na Casa das Culturascasino online bonus de registoMachagai (o município argentino onde se localiza Napalpí), serão ouvidas as declaraçõescasino online bonus de registodescendentes dos sobreviventes do massacre.

Noriega, da Fundação Napalpí (fundada por Chico), salientou que "é a primeira vez que a memória oral dos povos [originários], que é transmitidacasino online bonus de registogeraçãocasino online bonus de registogeração, terá a mesma legitimidade da palavra dos acadêmicos e especialistas. Isso é muito importante."

"Este julgamento vai empoderar as pessoas, avalizarcasino online bonus de registohistória, que eles ouviram muitas vezes, mas sempre foi desmentida pelos meioscasino online bonus de registocomunicação e pelo Estado vigente", afirma ela.

Já a juíza Niremperger destacou na abertura dos trabalhos que o julgamento não busca apenas "aliviar as feridas" e "reparar" os danos do passado. É também uma mensagem para as gerações atuais e futuras.

"Um objetivo é ativar a memória e gerar a consciência coletivacasino online bonus de registoque essas graves violações aos direitos humanos não devem voltar a ser repetidas", afirmou a juíza.

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