Como bancos ingleses lucraram com escravidão no Brasil:entra no pix bet

Gravuraentra no pix bet1881entra no pix betum 'navio negreiro'

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O tráficoentra no pix betpessoas da África para as Américas durou maisentra no pix bettrês séculos

Havia duas formas principaisentra no pix betenvolvimento dos britânicos, explica o historiador. Uma mais ampla, por meioentra no pix betempréstimos e a compraentra no pix bettítulos do Tesouro, entre outras relações indiretas com a economia escravocrata. E outra mais direta,entra no pix betque instituições e indivíduos deram apoio financeiro, na formaentra no pix betempréstimos e garantias, por exemplo, para o tráficoentra no pix betescravos ou para fazendas que usavam esse tipoentra no pix betmãoentra no pix betobra.

Alguns britânicos chegaram a ser diretamente proprietáriosentra no pix betescravos — segundo o trabalhoentra no pix betMulhern, um censoentra no pix bet1848-1849 mostra que havia, naquele ano, cercaentra no pix bet3.400 pessoas escravizadas por mestres britânicos.

Entre os envolvidos nessa relação mais direta, havia indivíduos ligados a bancos que foram predecessoresentra no pix betgrandes instituições financeiras atuais do Reino Unido.

Lobby no parlamento

Em 1833 o Reino Unido havia extinguido a escravidãoentra no pix betsuas colônias, dando compensações para os senhores mas não para os escravizados. O império começou também a fazer pressão diplomática para que a escravidão fosse abolida no Brasil. Essa pressão é apontada por historiadores brasileiros como um dos múltiplos fatores que levaram ao fim da prática no país.

A lei que proibiu o tráfico como parteentra no pix betum acordo com o Reino Unido, inclusive, deu origem à expressão "para inglês ver", porque durante muito tempo não havia fiscalização e o tráfico continuou.

No entanto, apesar dessa pressão do governo do país europeu, muitos do britânicos envolvidos na prática conseguiam impedir que a legislação britânica fosse mais restritivaentra no pix betrelação às suas atividades no exterior.

"Essa ambivalência no envolvimento do Reino Unido na escravidão (tanto pressionando para o seu fim quanto deixandoentra no pix betcortar laços econômicos existentes) pode ser encontrada na legislação da época", diz o historiador.

Estátuaentra no pix betpessoas escravizadas no leste da Ásia

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Africanos escravizados tiveram roubadasentra no pix betliberdade, identidade e cultura

Isso porque os envolvidos faziam lobby no Parlamento.

"Eles pressionavam para que seus negócios fossem protegidos, com os mesmos argumentos para defender a escravidão usados no Reino Unido antesentra no pix bet1833", explica Mulhern.

Os três principais, aponta, eram a defesa da propriedade (porque as pessoas tinham sido vendidas como propriedades); a necessidadeentra no pix beto Reino Unido prosperar nesses mercados que ainda eram escravocratas; e o mitoentra no pix betque os britânicos que exploravam escravos eram "benevolentes".

"Já existia o mitoentra no pix betque os senhoresentra no pix betescravos no Brasil eram benevolentes. Os ingleses diziam que eles eram ainda mais", conta Mulhern. "Mas não há nenhuma evidênciaentra no pix betque a escravização, uma prática baseada na violência ou na ameaça dela, era menos cruel quando praticada pelos britânicos".

Seres humanos como garantia

Muitas vezes os escravizados eram parte das propriedades usadasentra no pix betgarantiasentra no pix betempréstimosentra no pix betum banco. Na dissertaçãoentra no pix betMulhern, ele resgatou casosentra no pix betque bancos ingleses tinham um devedor insolvente e acabavam leiloando os escravizados para cobrar a dívida.

Um desses bancos, mostra Mulhern ementra no pix betpesquisa, era o London and Brazilian Bank, criadoentra no pix bet1862 (e compradoentra no pix bet1923 pelo Lloyd's Banking Group, que existe até hoje).

O banco continuou envolvido com a escravidão até a praticamente a abolição da prática no Brasil,entra no pix bet1888 — ou seja, maisentra no pix bet50 anos depois da abolição da escravatura nas colônias britânicas, como Jamaica e África do Sul.

Um dos executivos do London and Brazilian Bank, Edward Johnston, chegou a ser donoentra no pix betescravos no Brasil e a casar com uma família que era donaentra no pix betuma fazendaentra no pix betcafé no Rioentra no pix betJaneiro. "A riqueza gerada com a escravidão no Brasil ajudou a estabelecer um banco que investiria na exploraçãoentra no pix betpessoas", diz Mulhern.

Pintura do porãoentra no pix betum navio negreiro

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, A presençaentra no pix betnegros no Cone Sul é um fenômeno que pode ser traçado desde os tempos da conquista, no século 16, quando já havia registros da presençaentra no pix betpessoas que escravizados

Esses laços, no entanto, eram escondidosentra no pix betinvestidores no Reino Unido, onde a opinião pública já não era favorável à escravidão.

Para evitar afugentar investidores no paísentra no pix betorigem, a maior parte dos bancos envolvidos com operações relacionadas à escravidão não o fazia diretamente, mas por meioentra no pix betcomissários intermediários, explica Mulhern à BBC News Brasil.

Um desses intermediários era a casa bancária Gavião Ribeiro Gavião, que financiava a economia agrícolaentra no pix betSão Paulo e atuava no comércio internoentra no pix betescravos.

A casa bancária atuou como intermediária para o London and Brazilian Bank. O banco britânico declarava que seu propósito no Brasil era comercial, mas tinha uma carteiraentra no pix bethipotecas cujas garantias eram fazendasentra no pix betcaféentra no pix betSão Paulo e maisentra no pix bet800 pessoas que trabalhavam nelas como escravos.

Terceirização

O historiador também cita o caso da Fazenda Angélica,entra no pix betRio Claro, no interiorentra no pix betSão Paulo, que acabou se tornando um dos ativosentra no pix betum banco e sendo administrada por ele. Depoisentra no pix betuma tentativa fracassadaentra no pix betusar mãoentra no pix betobraentra no pix betimigrantes, o banco resolveu "terceirizar" o usoentra no pix betmãoentra no pix betobra escrava.

Isso porque, sendo uma empresa inglesa, o banco não poderia ser dono diretoentra no pix betescravizados. Mas uma brecha na legislação permitia que ele "alugasse" a mãoentra no pix betobra escravaentra no pix betoutros senhoresentra no pix betescravo — e foi o que fez.

Pinturaentra no pix betJean Baptiste Debret mostra um escravo sendo torturado por um capaz na fazenda

Crédito, Domínio Público

Legenda da foto, Um escravo sendo torturadoentra no pix betuma fazenda brasileira na visão do pintor francês Jean-Baptiste Debret, que viajou o país retratando cenas da vida no século 19

Quando vendeu a fazenda, o banco afirmou que "não empregava um único escravo" — sem citar que pagou senhoresentra no pix betescravos para usarem as pessoas escravizadas por eles na plantação e que ainda tinha 80 escravos como garantia do financiamento que possibilitou a venda da fazenda.

Empréstimo não pago

"Nem sempre esse envolvimento era bem-sucedido, e agentes britânicos que fizeram as negociações do tipo no Brasil chegaram a ser repreendidos no Reino Unido", conta Mulhern.

Mas a repreensão, diz ele, não foi por questões morais, mas porque muitos dos empréstimos não foram recuperados e algumas instituições acabaram tendo dificuldades financeiras por causa disso.

"Muitos investidores buscavam investirentra no pix betinfraestrutura,entra no pix betcriaçãoentra no pix betlinhasentra no pix bettrem por exemplo, mas os fazendeiros queriam um investimento direto na produção agrícola, que era um negócio muito arriscado", diz Mulhern. "Apesar disso, alguns agentes se envolveram, até contraindo orientações da sede, e depois foram repreendidos porque os negócios não deram certo".

Empréstimos que tinham seres humanos como garantia e não eram pagos tinham impactos diretos na vida dessas pessoas.

Em 1869, o Barão do Turvo, fazendeiro carioca que tinha uma dívida com o London and Brazilian Bank, não pagou um empréstimo que devia.

"O banco então entrou com um processo para recuperar o dinheiro, e como havia pessoas escravizadas como garantia, elas sofreram a consequência", diz Mulhern. Advogados do banco então realizam um leilãoentra no pix bet103 escravizados, incluindo famílias com crianças e bebês. Documentos da época compilados por Mulhern mostram como o banco vendeu pelo menos 30 dessas pessoas no leilão — entre elas a pequena Ancieta, uma bebê escravizadaentra no pix betapenas um anoentra no pix betidade; e as pequenas Adelina e Marcellina, vendidas com 2 e 6 anos.

Lidando com o passado

O movimento americano Black Lives Matter (Vidas Negras Importam,entra no pix betportuguês),entra no pix betprotesto contra o racismo e contra o assassinatoentra no pix betnegros pela polícia, fez com que muitas instituições viessem a público falar sobre seu histórico racista e mostrar que mudaramentra no pix betpostura, inclusive doando dinheiro para instituiçõesentra no pix betcombate ao racismo.

"Historiadores já sabiam dessas ligações, mas o movimento Black Lives Matter trouxe um novo escrutínio sobre esse passado", diz Mulhern.

Após a publicaçãoentra no pix betum artigoentra no pix betJoe Mulhern sobreentra no pix betpesquisa, o banco Lloyds Banking Group atualizou seu site para incluir um reconhecimentoentra no pix betque pelo menos seis dos 200 bancos que foram incorporados pelo grupo se envolveram com a escravidão, incluindo o London and Brazilian Bank.

"Embora tenhamos muito do nosso passado para nos orgulharmos, não podemos nos orgulharentra no pix bettudo", diz o banco.

"Mas se esse debate vai ir além do reconhecimento e levarentra no pix betfato a algum tipoentra no pix betreparação ou doação financeira é algo que eu não sei", afirma o pesquisador.

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