Mina terrestre, drone e 'narcotanque': as armas não convencionais usadas por cartéis mexicanos:pary poker

"O crime organizado agora utiliza minas artesanaispary pokertrilhas e drones carregados com explosivos. Então, ou você presta atenção onde pisa ou no que está sobrepary pokercabeça", diz Gilberto Vergara, padrepary pokerAguililla, resumindo a situação para a BBC Mundo, serviçopary pokerespanhol da BBC.

Em fevereiro, efetivos do Exército foram enviados ao município para tentar recuperar seu controle.

De fato, à medida que a violência aumentou no México, os grupos criminosos adotaram na última década um enfoque cada vez mais militarizadopary pokersuas táticas e, sobretudo,pary pokerseus armamentos.

Os cartéis, que contavam com antigas armas soviéticas no passado, passaram a utilizar desde fuzis característicospary pokerexércitospary pokerguerra até drones com explosivospary pokertecnologia mais sofisticada, passando pela fabricaçãopary pokerseus próprios veículos blindados, inclusive submarinos. Agora, também minas improvisadas.

Para Robert J. Bunker e John P. Sullivan, autorespary pokerdois livros sobre os avanços e as táticas dos cartéis mexicanos nos últimos anos e sobre a evoluçãopary pokerseus armamentos com artigos explosivos aéreos, a adoçãopary pokerminas terrestres oupary pokerdrones armados reflete "um aumento da violência potencialmente indiscriminada".

"Eles representam ameaças potenciais significativas às quais o Exército mexicano terápary pokerresponder, antespary pokerque se proliferem entre outros grupos no país", disse Bunker,pary pokerentrevista à BBC Mundo.

A BBC Mundo procurou a Secretariapary pokerDefesa do México (Sedena), que enviou efetivos para desativar as minaspary pokerMichoacán, mas não obteve resposta.

Segundo autoridades militares citadas pelo jornal El Universal, foram encontradas na área minas fabricadaspary pokerforma caseira, colocadas a cercapary poker150 metros uma das outras. Estavam escondidas não apenas fora das comunidades, mas tambémpary pokerseu interior.

Em um comunicadopary poker9pary pokerfevereiro, a Sedena afirmou que "conseguiu restabelecer a transitabilidade e a paz social"pary pokerAguililla, após o enviopary pokersoldados ao município. A secretaria disse que a ação teve "a finalidadepary pokerrealizar operações para fortalecer o estadopary pokerdireito na região", sem, no entanto, mencionar a descoberta das minas.

Apesar do anúncio do Exército, entretanto, o prefeitopary pokerAguililla, César Arturo Valencia Caballero, foi assassinado menospary pokerum mês depois.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, disse ter havido progresso na região. "Estamos trabalhando há meses, porque toda essa região estava tomada, trabalhando com programas sociais (…) E estamos avançando, pessoas já começaram a voltar, colheram seus plantios, estão se inscrevendo nos programaspary pokerbem-estar. Entretanto, continuam existindo tensões", afirmou.

Como eles conseguem essas armas?

Os especialistas consultados pela BBC situam essa evolução e militarização das armas do crime organizado no México no momentopary pokerque o Cartel do Golfo, anos atrás, empregou pela primeira vez ex-soldados profissionais, como parte dos Zetas, seu antigo braço armado.

Na avaliaçãopary pokerBunker e Sullivan, fundadores do site Small Wars Journal-El Centro,pary pokeranálisespary pokerconflitos e grupos criminosos na América Latina, aquilo foi o detonador para que, quando um cartel tentasse sobreviver e competir contra grupos rivais, optasse por reforçar suas unidades usando armamentopary pokernível militar.

"Isso resultoupary pokeruma 'revolução militarpary pokercartéis' que ainda continua", afirma Bunker.

Há três possibilidades para a origem dessas armas. Primeiro,pary pokernações diversas, como da América Central e outras partes do mundo. No passado, os cartéis mexicanos obtinham armaspary pokerarsenaispary pokergovernos centro-americanos, como riflespary pokerassalto, lançadorespary pokergranadas, metralhadoras e armamentos antitanques.

De um mercado ilegal mais distante, chegavam armaspary pokergrau militar produzidaspary pokerpaíses como China, Rússia, Coreia do Sul ou África do Sul. Essas rotaspary pokertráfico, no entanto, não são hoje tão sólidas como quando os cartéis estavam presentespary pokeralguns portos do México, afirma Bunker.

Uma segunda e importante origem atual dessas armas continua sendo os Estados Unidos. Do país com o qual o México compartilha a fronteira terrestre mais movimentada do mundo, procedem milhares dos rifles Barret calibre 50 ou os fuzis semiautomáticos utilizados pelos cartéis, que são comprados por intermediários naquela país para depois serem introduzidos no México, escondidos dentropary pokerveículos.

Segundo dados do governo mexicano, a cada ano são traficadas ilegalmente maispary poker500 mil armas a partir dos EUA. Somentepary poker2019, elas foram responsáveis por maispary poker17 mil assassinatos no México.

O governo mexicano entrou com um processo contra um grupopary pokerempresas americanaspary pokerarmas, que seguepary pokercurso. "Elas fabricam armas enquanto os clientes do México que se dedicam à delinquência organizada", afirmou o presidente López Obrador.

Essa procedência das armas ficou visívelpary pokervários incidentes. Durante a fracassada operação para capturar,pary poker2019, Ovidio Guzmán López, filhopary pokerJoaquín "El Chapo" Guzmán, foram identificadas armas com o cartelpary pokerSinaloa como fuzispary pokerassalto AK47 ou metralhadoras como a Browning M2 calibre .50, uma das mais poderosas utilizadas pela infantaria dos EUA.

Uma terceira origem dessas armas, porém, é o próprio México. Segundo Bunker, "os cartéis têm obtido armaspary pokerpoliciais, militares e funcionários corruptos do governo. Inclusive quando as autoridades apreendem armaspary pokergrau militar dos cartéis, elas nem sempre são destruídas e podem voltar para eles mediante um pagamento".

Fabricação própria

Nos últimos anos, os cartéis vêm aumentando seus conhecimentos e capacidade para fabricar suas próprias armas, como as recentes minas terrestres improvisadas ou drones armados. Umapary pokersuas principais fontespary pokeraprendizagem é a interação com outros grupos criminosos.

"Às vezes, isso se aprende na prisão. Tais habilidades táticaspary pokerarmamento foram transmitidaspary pokergrupos como as Farc, da Colômbia, ao CJNG, por exemplo, quando os grupos cooperam e formam alianças", destaca Sullivan.

De fato, se existe algo que para os especialistas representa essa militarização dos armamentos dos cartéis e é o melhor exemplopary pokerfabricação caseira são aqueles conhecidos como "monstros" ou "narcotanques".

"Esses veículos blindados evoluíram -pary pokerter apenas portaspary pokerarmas, nas quais enfiavam canospary pokerarmas, a estruturas fixaspary pokerarmas (para metralhadoras e rifles Barret calibre .50) e torres blindadas giratórias que contém essas armas", afirma Bunker.

Outra mostra desse poderio é o usopary pokerdrones, que passoupary pokeruma utilização como artefato explosivo explosivo improvisadopary pokerdetonação pontual para um elemento com capacidadespary pokerbombardeio aéreo.

Em janeiro, um vídeo gravado a partirpary pokerum drone do CJNG permitiu ver o momentopary pokerque o objeto lançava várias bombas sobre um acampamentopary pokerMichoacán, das quais as pessoas fugiam aterrorizadas.

Poderio do CNJG

O grupo liderado por Mencho é hoje considerado o cartel mais avançado,pary pokertermos operacionais, empary pokercorrida armamentista. Assim mostram os vídeospary pokerque eles exibem, sem pudor epary pokerplena luz do dia, sem cobrir os rostos, partepary pokerseu equipamento. No ano passado, integrantes do grupo desfilarampary pokertanques caseiros por Aguililla, entre gritospary poker"Puro pessoal do Mencho!".

"Essas 'demonstraçõespary pokerforça' são uma mostrapary pokerpoder para impressionar a população e seus rivais, mas também têm uma utilidade tática real. São uma propaganda com real capacidade operacional", analisa Sullivan.

De olho no futuro, especialistas consideram que a especializaçãopary pokerarmamentos vista atualmente na região da Tierra Caliente poderia se estender a outras partes do México, onde os grupos criminosos vejam a necessidadepary pokeralcançar uma vantagem tática.

"Uma vez que haja ali um cartel definitivamente no controle, a violência e a inovação serão menos acentuadas. À medida que o conflito se transfira para outras frentes, onde os cartéis estejam competindo, essas novas áreaspary pokerdisputa se converterãopary pokerincubadoraspary pokerinovação tática", prevê Sullivan.

Além disso, ele lembra que grupos colombianos que usaram minas terrestres, como as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o ELN (Exércitopary pokerLibertação Nacional) ou grupos criminosos, como o Clan del Golfo, interagirampary pokerdiversos níveis com os cartéis mexicanos. "Pode-se esperar que as minas continuem proliferando", conclui o analista.

Bunker afirma que o Exército mexicano segue tendo muito mais poder bélico que os cartéis, na formapary pokertanques, artilharia e helicópteros. Umapary pokersuas fragilidades, porém, é que "os cartéis envolvem-separy pokeratospary pokercorrupção que enfraquecem as instituições do governo mexicano. As unidades da Secretaria da Defesa no local podem ser vulneráveis à corrupção se são empregadaspary pokeruma área por longos períodospary pokertempo", alerta ele.

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