Rússia invade Ucrânia: 10 questões para entender a crise:estrela net bet

Prédioestrela net betKiev destruído

Crédito, EPA

Legenda da foto, Prédiosestrela net betKiev foram destruídos por ataques da Rússia

1. Quais as justificativas da Rússia para invadir a Ucrânia?

Vladimir Putin anunciou uma "operação militar" na regiãoestrela net betDonbas, no leste da Ucrânia,estrela net betum pronunciamento televisionado na manhã do dia 24estrela net betfevereiro.

O presidente russo disse que estava intervindo como um atoestrela net betlegítima defesa. Segundo ele, a Rússia não queria ocupar a Ucrânia, mas sim proteger a população localestrela net betum genocídio e desmilitarizar e "desnazificar" o país.

Putin afirma com frequência que a Ucrânia está sendo tomada por extremistas desde que seu presidente pró-Rússia, Viktor Yanukovych, foi depostoestrela net bet2014 após mesesestrela net betprotestos contra seu governo.

Após a queda do chefeestrela net betEstado ucraniano, a Rússia invadiu e anexou a região da Crimeia, no leste do país. A movimentação desencadeou uma rebelião separatista nas regiõesestrela net betDonetsk e Luhansk, onde os rebeldes apoiados por Moscou lutam desde então,estrela net betuma guerra que já custou 14.000 vidas.

No final do ano passado, Putin passou a enviar tropas para as regiõesestrela net betfronteira com a Ucrânia e no dia 21estrela net betfevereiro — três dias antes da invasão — reconheceu a independência das duas regiões separatistas.

O líder russo ainda afirmou que os acordosestrela net betMinsk, acordadosestrela net bet2014 e 2015 entre Ucrânia e Rússia para estabelecer um cessar-fogo, já não eram mais válidos.

Para além das acusaçõesestrela net betextremismo, Putin há muito resiste ao movimento da Ucrâniaestrela net betaproximação com instituições controladas pelos americanos e europeus, como a União Europeia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Ele exige garantias que a Ucrânia se desmilitarize e se torne um Estado neutro e, ao anunciar a invasão da Rússia, acusou a Otanestrela net betameaçar "nosso futuro histórico como nação".

Putin quer ainda que a Otan abandone totalmenteestrela net betpresença militar no leste europeu, que inclui também exercícios militares regulares na Lituânia, Letônia e Estônia. Esses ex-estados soviéticos passaram a fazer parte da aliança militar comandada pelos Estados Unidos e Europa, ampliando ainda mais os temoresestrela net betMoscouestrela net betperder o controla sobre a região.

Poderio militar

2. Por que a invasão ocorreu agora?

É difícil saber exatamente qual a estratégia do governo russo nesse momento. Mas a resposta para entender por que Putin escolheu agir agora pode passar pelo equilíbrioestrela net betpoder.

Enquanto se aproxima cada vez mais da Otan e da União Europeia, a Ucrânia vem se fortalecendo lentamente e conseguiu reconstruir seu exército desde a anexação da Crimeiaestrela net bet2014.

O conflito há oito anos e as lutas separatistas desde então também serviram como uma valiosa experiência no combate contra as forças russas.

Ao mesmo tempo, as Forças Armadas russas também se encontram emestrela net betmelhor forma desde a Guerra Fria.

As finanças públicasestrela net betMoscou estão equilibradas, com as reservas do Banco Central atingindo US$ 640 bilhões, segundo a revista Forbes. O total é um recorde para o país e equivale a 17 mesesestrela net betreceita integrais obtidas com as exportações nacionais.

Dessa forma, é possível que Putin acredite que este é o melhor momento para agir do pontoestrela net betvista militar. O líder russo também parece acreditar que tem condiçõesestrela net betarcar com os custos do conflito e das inevitáveis ​​sanções.

mapa com relatosestrela net betexplosõesestrela net betcidades ucranianas

3. O que a Ucrânia diz sobre o ataque?

Desde que a Rússia deslocou suas primeiras tropas para a fronteira com a Ucrânia, o governo do presidente Volodymyr Zelensky tem protestado contra os avanços e pedido apoio da Otan e outros aliados.

Pouco antes do anúncioestrela net betPutin sobre a invasão, o líder ucraniano foi enfático ao afirmar que um ataque ao seu território poderia "marcar o inícioestrela net betuma grande guerra no continente europeu".

Zelenski disse que tentou entrarestrela net betcontato com Putin, mas o líder russo se recusou a atendê-lo. O ucraniano rejeitou as alegações do Kremlinestrela net betque seu país está tomado por extremistas ou representaria alguma ameaça à Rússia, e disse que uma possível invasão iria custar milharesestrela net betvidas.

"Você diz que somos nazistas, mas como um povo pode apoiar os nazistas sendo que demos maisestrela net betoito milhõesestrela net betvidas pela vitória sobre o nazismo?", questionou Zelenskyestrela net betum discurso televisionado, fazendo referência às disputas da Segunda Guerra Mundial.

Quando o ataque se tornou uma realidade incontestável, a Ucrânia decretou lei marcial — o que significa que os militares assumem o controle temporariamente — e cortou relações diplomáticas com a Rússia.

O presidente Zelensky instou os russos a protestar contra a invasão e disse que armas seriam distribuídas a qualquer pessoa na Ucrânia que desejasse.

Com o avançoestrela net betforças russas na direção da capital Kiev, autoridades locais pediram à população que faça todo o possível para resistir às tropas invasoras.

Os ministérios da Defesa e do Interior passaram a pedir a moradoresestrela net betKiev que "nos informem sobre movimentosestrela net bettropas, façam coquetéis molotov e neutralizem o inimigo".

Um folheto com instruções, passo a passo, sobre como produzir bombasestrela net betgasolina improvisadas foi publicado na conta do Ministério do Interior nas redes sociais.

Enquanto isso, o ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, implorou ao mundo que imponha sanções devastadoras à Rússia, incluindo excluir o país do sistema internacionalestrela net bettransferência bancária Swift.

Vladimir Putin

Crédito, MIKHAIL KLIMENTYEV/Getty Images

Legenda da foto, Putin quer que a Otan interrompaestrela net betexpansão e retorne ao tamanho que tinhaestrela net bet1997

4. Quais os interesses russos nas Províncias separatistas?

O decretoestrela net betreconhecimento da independênciaestrela net betDonetsk e Luhansk permite que a Rússia construa bases militares e envie tropas russasestrela net bet"missõesestrela net betpaz" para as duas regiões. Os líderes dessas separatistas solicitaram apoio militar russo depois do reconhecimentoestrela net betsua independência.

Tecnicamente, os militares russos agora têm sinal verde para entrar na área disputada, que alémestrela net betser historicamente ligada a Moscou por laços culturais e políticos, também representa um ganho do pontoestrela net betvista econômico e estratégico para Rússia.

Ambas as províncias estão localizadas no chamado "cinturão da ferrugem" da Ucrânia, uma área ricaestrela net betminerais, principalmente aço. Donetsk e Luhansk também fazem parteestrela net betuma região conhecida como baciaestrela net betDonbass, na fronteira com a Rússia, que abriga vastas reservasestrela net betcarvão.

Devido àestrela net betlocalização geográfica, a área ainda constitui uma via naturalestrela net betacesso à Crimeia, península anexada pelo Kremlinestrela net bet2014.

Grande parte da população da região fala russo, fato que é um dos principais argumentos do Kremlin para justificar seu apoio aos insurgentes da região.

Areas rebeldes

5. Há riscoestrela net betuma 3ª Guerra Mundial?

Por pior que seja a situação entre Rússia e Ucrânia neste momento, não se imagina um confronto militar direto entre a Otan e a Rússia.

Ao que parece até o momento, a linha vermelha para a Otan é se a Rússia ameaçar algumestrela net betseus Estados membros.

De acordo com o Artigo 5º da organização, a aliança militar é obrigada a defender qualquer Estado membro que seja atacado.

A Ucrânia não é membro da Otan, embora tenha dito que quer se juntar à aliança militar — algo que Putin está determinado a impedir.

Países do Leste Europeu como Estônia, Letônia, Lituânia ou Polônia — que já fizeram parte da órbitaestrela net betMoscou nos tempos soviéticos — são todos membros da Otan.

Esses governos estão claramente temerososestrela net betque as forças russas possam não parar na Ucrânia e usar algum pretextoestrela net bet"ajudar" minorias étnicas russas no Báltico para continuar invadindo outros países.

Por isso, a Otan recentemente enviou reforços a seus membros do Leste Europeu.

Mas quão preocupado você deve estar? Segundo especialistas que estudam o tema, enquanto não houver conflito direto entre a Rússia e a Otan, não há razão para que essa crise, por pior que seja, vire uma guerra mundialestrela net betgrande escala.

"Putin não está prestes a atacar a Otan. Ele só quer transformar a Ucrâniaestrela net betum Estado vassalo como Belarus", disse uma importante fonte militar britânica na terça-feira (22/2) à BBC.

Legenda do vídeo, Conflito entre Rússia e Ucrânia pode se transformarestrela net bet3ª Guerra Mundial?

6. Quais as chances do conflito se transformarestrela net betdisputa nuclear?

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse colocou a força nuclear estratégica da Rússiaestrela net bet"alerta especial" — o nível mais alto. Putin disse que as nações ocidentais tomaram "ações hostis"estrela net betrelação à Rússia e impuseram "sanções ilegítimas".

A secretáriaestrela net betImprensa da Casa Branca, Jen Psaki, reagiu ao anúncioestrela net betPutin afirmando queestrela net betnenhum momento a Rússia esteve sob ameaça da Otan.

A Rússia e os EUA têm, entre eles, maisestrela net bet8 mil ogivas nucleares, o que desperta temoresestrela net bettodo o mundoestrela net betum conflito violento.

A apreensãoestrela net bettorno dessa questão se tornou ainda maior depois que Moscou organizou um exercício militar com armas nucleares na última semana e as forças armadas russas avançaram contra a planta nuclear desativadaestrela net betChernobyl, próximo à cidade fantasmaestrela net betPripyat, nesta quinta-feira.

Mas segundo especialistasestrela net betsegurança e política nuclear, não há motivos para pânico no momento. Por ora, acredita-se que o conflito atual não deve escalar para uma guerra envolvendo outras potências tão facilmente, e a Ucrânia não possui um arsenal nuclear próprio.

"Putin disse que qualquer interferência externa no conflito, ou qualquer ação contra a Rússia, gerariam uma resposta forte. Nas entrelinhas, há uma ameaça nuclear", diz Alexander Lanoszka, professorestrela net betRelações Internacionais da Universidadeestrela net betWaterloo e especialistaestrela net betsegurança nuclear.

"Mas há um interesse comumestrela net bettodas as partesestrela net betrestringir esse conflito à Ucrânia, então eu ficaria muito surpreso se armas nucleares fossem usadas neste momento".

Segundo o especialista, as armas nucleares estão sendo usadas pela Rússia neste contexto apenas como ameaças para barrar qualquer intenção dos EUA ou outra potênciaestrela net betinterferir no confronto.

A Rússia, assim como outros países que têm apoiado a Ucrânia como os EUA, o Reino Unido, e a França, assinaram no início deste ano um tratadoestrela net betque se comprometem na prevençãoestrela net betuma guerra nuclear e contra a corrida armamentista. Essas nações também são signatárias do Tratadoestrela net betnão proliferaçãoestrela net betarmas nucleares (TNP), válido desde 1970.

O presidente Volodymyr Zelensky com soldados ucranianos

Crédito, EPA

Legenda da foto, O presidente Zelensky visitando suas tropas

7. O que a população russa pensa sobre a invasão?

A invasão é recente e é difícil saber exatamente como a população russa enxerga os últimos acontecimentos na Ucrânia.

Mas desde que a tensão começou a escalar na região, a popularidadeestrela net betVladimir Putin cresceu na Rússia. Levantamento do centro independente Levada Center mostra que atualmente cercaestrela net bet69% dos russos aprovam o governo do presidente, contra 61%estrela net betagostoestrela net bet2021.

E se 29% dos russos desaprovam o governoestrela net betPutin hoje, 37% o reprovavam há cercaestrela net betseis meses.

Uma outra pesquisa divulgada também pelo Levada Center na última terça-feira (22/02) mostrou ainda que 45% dos russos apoiam a decisão do presidenteestrela net betreconhecer a independência das Provínciasestrela net betDonetsk e Luhansk.

Nas redesestrela net bettelevisão e jornais estatais, controlados pelo Kremlin, a invasão também é retratada com tons positivos.

Já entre ativistas e jornalistas independentes se multiplicam as expressõesestrela net betrejeição e revolta. Uma petição organizada pela repórter Elena Chernenko, do jornal local Kommersant, reuniu assinaturasestrela net bet100 outros jornalistas que condenam a operação militar russa.

São Petersburgo foi um dos palcosestrela net betprotestos contra Putin e a invasão da Ucrânia

Crédito, Reuters

Legenda da foto, São Petersburgo foi um dos palcosestrela net betprotestos contra Putin e a invasão da Ucrânia

Maisestrela net bet140 deputados e funcionários municipaisestrela net betMoscou, São Petersburgo, Samara, Ryazan e outras cidades assinaram uma carta aberta aos cidadãos russo, exortando-os a não apoiarestrela net betnenhuma forma a invasão e se pronunciarem ativamente para condenar os atosestrela net betPutin.

Celebridades, organizaçõesestrela net betprol dos direitos humanos e da democracia e ativistas contrários ao atual governo também se mostraram insatisfeitos com os últimos acontecimentos e usaram as redes sociais para protestar.

Nas ruasestrela net betMoscou, capital da Rússia, repórteres do serviço russo da BBC ouviram relatosestrela net betjovens que descrevem seus sentimentos atuais com termos como choque, horror e perplexidade. Mas há uma divisãoestrela net betopiniões sobre se as ações do presidente Vladimir Putin devem ser condenadas ou aplaudidas.

Diversas cidades da Rússia também foram palcoestrela net betprotestos.

No domingo, a polícia prendeu maisestrela net bet900 pessoas que protestavam contra a invasão da Ucrâniaestrela net bet44 cidades,estrela net betacordo com dados divulgados por um grupoestrela net betmonitoramento independente. O grupo OVD-Info diz que 4 mil manifestantes antiguerra foram detidos na Rússia desde que o conflito começou, há quatro dias. A BBC não conseguiu verificarestrela net betforma independente esses números.

Mapa

8. Que países condenaram e que países apoiaram a Rússia?

A invasão russa provocou reações fortes na Europa e nos Estados Unidos — com a interrupçãoestrela net betnegociações diplomáticas e o anúncioestrela net betdiversas sanções.

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que Putin "escolheu uma guerra premeditada que trará uma perda catastróficaestrela net betvidas e sofrimento humano".

Em um pronunciamento no primeiro dia da invasão, o americano ainda anunciou novas sanções contra a Rússia que atingem as transações do governo russoestrela net betmoedas estrangeiras e bloqueiam os ativos dos quatro grandes bancos russos.

Biden também reiterou que as forças dos EUA "não estão e não estarão" envolvidas no conflito entre Rússia e Ucrânia.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou estar "chocado com os eventos horríveis na Ucrânia" e que Putin "escolheu um caminhoestrela net betderramamentoestrela net betsangue e destruição ao lançar este ataque sem provocação".

Johnson anunciou ainda as sanções que o Reino Unido aplicará à Rússia, entre elas o congelamentoestrela net betativosestrela net betindivíduos eestrela net betbancos russos e a exclusão destas instituições do sistema financeiro britânico, veto a financiamentos ou empréstimos a empresas russas, proibiçãoestrela net betque a companhia aérea Aeroflot pouse no Reino Unido, suspensão das licençasestrela net betexportaçãoestrela net betitens que podem ser usados para fins militares,estrela net betalta tecnologia eestrela net betrefinamentoestrela net betpetróleo, alémestrela net betoutras medidas.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, condenou o "ataque irresponsável" da Rússia, dizendo que "colocaestrela net betrisco inúmeras vidasestrela net betcivis".

Jessica Parker, correspondenteestrela net betpolítica da BBC, informou que a União Europeia (UE) poderia,estrela net betrepresália à Rússia, suspender parteestrela net betseu acordoestrela net betfacilitaçãoestrela net betvistos com o país como parteestrela net betseu novo pacoteestrela net betsanções.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que Rússia corre o riscoestrela net betum "isolamento sem precedentes" porestrela net betação militar na Ucrânia. "Condenamos veementemente o ataque injustificado da Rússia à Ucrânia", disse.

França, Alemanha, Itália, Polônia, Espanha e outras nações europeias também condenaram a ação. Japão e Austrália classificaram a ação como uma violação das normas internacionais.

Mas apesar dos muitos posicionamentos contrários, a Rússia possui aliados que manifestaram apoio direto e indireto à Moscou.

Os principais parceiros russos pertencem a um bloco chamadoestrela net betOrganização do Tratadoestrela net betSegurança Coletiva (OTSC), que além da própria Rússia inclui Armênia, Belarus, Cazaquistão, Quirguistão e Tajiquistão.

Belarus concordouestrela net betreceber milharesestrela net betsoldados russosestrela net betseu território a partirestrela net bet2020, e essas tropas apoiaram a ofensiva contra a Ucrânia na manhã desta quinta-feira, usando suas posições para fogoestrela net betartilharia.

Os governos da Síria, Venezuela, Cuba, Nicarágua e Irã também se pronunciaramestrela net betforma favorável à Rússia, fazendo coro às acusaçõesestrela net betMoscou contra a Otan.

A China, porestrela net betvez, vem se aproximando cada vez mais da Rússia, apesarestrela net betnunca ter apoiado diretamente uma incursão na Ucrânia.

Em uma coletivaestrela net betimprensa, o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, evitou usar a palavra invasão. O diplomata disse ainda que Pequim entende as preocupaçõesestrela net betsegurança da Rússia.

Putin conversa com Bidenestrela net betdezembroestrela net bet2021

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Putin conversou algumas vezes com Joe Biden, sem chegar a um acordo

9. Qual foi a reação do Brasil?

Em conversa com a imprensa no domingo, o presidente Jair Bolsonaro disse que o Brasil manterá "neutralidade" no conflito.

A declaraçãoestrela net betBolsonaro contradiz o voto dado pelo Brasil no Conselhoestrela net betSegurança da ONU. Na sexta-feira (25/2), o Brasil foi um dos 11 países a votar para condenar a invasão da Rússia à Ucrânia.

"Não tem nenhuma sanção ou condenação ao presidente Putin", disse Bolsonaro no domingo. "O voto do Brasil não está definido e não está atrelado a qualquer potência. Nosso voto é livre e vai ser dado nessa direção. A nossa posição com o ministro Carlos França éestrela net betequilíbrio. E nós não podemos interferir. Nós queremos a paz, mas não podemos trazer consequências para cá;"

O Itamaraty divulgou uma notaestrela net betque não condena explicitamente as ações russas, mas afirma que o país acompanha as operações militares na região com "grave preocupação" e pede a "suspensão imediata das hostilidades".

"O Brasil apela à suspensão imediata das hostilidades e ao inícioestrela net betnegociações conducentes a uma solução diplomática para a questão, com base nos Acordosestrela net betMinsk e que leveestrela net betconta os legítimos interessesestrela net betsegurançaestrela net bettodas as partes envolvidas e a proteção da população civil", diz um trecho da nota divulgada pelo MRE.

Além da nota divulgada pelo Itamaraty, a Embaixada do Brasilestrela net betKiev divulgou orientações aos brasileiros que vivem no país.

O vice-presidente, Hamilton Mourão, porestrela net betvez, usou um tom mais crítico ao comentar o assunto. Ele comparou as ações russas na Ucrânia às ações da Alemanha nazista comandada por Adolf Hitler entre os anos 1930 e 1940.

"Se o mundo ocidental pura e simplesmente deixar que a Ucrânia caia por terra, o próximo será a Bulgária, depois os Estados bálticos, e assim sucessivamente, assim como a Alemanha hitlerista fez nos anos 30", disse Mourão, segundo o jornal O Globo.

Em live nas redes sociais, Bolsonaro desautorizou a fala.

"Deixar bem claro: o artigo 84 diz que quem fala sobre esse assunto é o presidente. E o presidente chama-se Jair Messias Bolsonaro. E ponto final. Com todo respeito a essa pessoa que falou isso — e falou mesmo, eu vi as imagens — está falando algo que não deve. Não éestrela net betcompetência dela. Éestrela net betcompetência nossa", disse Bolsonaro.

A reação comedida do Brasil condiz com a tradição da diplomacia nacionalestrela net bettentar se manter sempre o mais neutra possível. Apesar disso, segundo especialistas, o país precisará se posicionar agora que assumiu um assento não-permanente no Conselhoestrela net betSegurança das Nações Unidas no inícioestrela net betjaneiro.

"A tradição brasileiraestrela net betcasos como esse sempre foiestrela net betmanter uma posição 'neutra', então éestrela net betse esperar que o Brasil não se posicionariaestrela net betmaneira clara apesar da atuação russa obviamente representar uma violação do direito internacional e da soberania da Ucrânia", diz o professorestrela net betRelações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Oliver Stuenkel "Porém, como membro do Conselhoestrela net betSegurança, o país não pode ficarestrela net betfora do radar".

A primeira grande manifestação no Conselho aconteceu na noite desta sexta-feira (25/02), quando o Brasil apoiou uma resolução apresentada pelo governo dos EUA que condena a invasão.

Apesar do documento ter sido rejeitado pela Rússia, membro permanente do órgão com poderestrela net betveto, a iniciativa é considerada importante do pontoestrela net betvista diplomático.

O embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Costa Filho, disse que o Conselhoestrela net betSegurança deve agir urgentemente diante da agressão da Rússia. "O enquadramento do uso da força contra a Ucrânia como um atoestrela net betagressão, precedente pouco utilizado neste Conselho, sinaliza ao mundo a gravidade da situação", afirmou.

Segundo o analista, a posição que o Brasil adotar nas próximas semanas influenciará muito maisestrela net betpercepção pela comunidade internacional do que qualquer comentário feito pelo presidente Jair Bolsonaro duranteestrela net betvisita a Moscou na semana passada.

Em pronunciamentos após seu encontro com Vladimir Putin no Kremlin na última terça-feira (16/02), Bolsonaro evitou mencionar a Ucrânia, mas enfatizou o compromisso do Brasil e da Rússia com a paz. Em outro momento, o presidente brasileiro ainda ressaltou a proximidadeestrela net betvalores cultivados pelas duas nações.

As declaraçõesestrela net betBolsonaro foram na contramãoestrela net betgovernos como o dos EUA e, segundo analistas, a própria visitaestrela net betum momentoestrela net bettanta tensão pode ter causado desconforto.

Na sexta-feira (18/2), a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, chegou a afirmar que o Brasil "parece estar do lado oposto à maioria da comunidade global"estrela net betrelação ao conflito entre Rússia e Ucrânia.

10. Como o Brasil pode ser afetado?

Segundo especialistas consultados pela BBC News Brasil, os principais efeitos da crise na Ucrânia serão sentidos na economia brasileira. Esse impacto pode chegar aqui na formaestrela net betum aumento na inflação e na alta nos preços do petróleo e seus derivados.

A Rússia é atualmente um dos maiores produtoresestrela net betpetróleo do mundo e o conflito militar e a imposiçãoestrela net betsanções podem paralisar a produção e a exportação da commodity.

"Uma invasão deve ser respondida com sanções mais graves do que as que já estão sendo aplicadas atualmente. Isso impacta diretamente na subido dos preços do petróleo e, consequentemente, no aumento dos preços dos combustíveis no Brasil", afirmou o economista e ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, à BBC News Brasil.

Porestrela net betvez, o aumento no preço do petróleo impacta diretamente na inflação mundial e, consequentemente, na brasileira, que já vem sofrendo uma alta desde o ano passado.

Economistas apontam ainda que a imposiçãoestrela net betsanções contra a Rússia pode prejudicar indiretamente o mercado nacional,estrela net betespecial o agronegócio brasileiro, que tem a Rússia comoestrela net betprincipal fonte exportadoraestrela net betfertilizantes.

"Com as sanções ou até a perdaestrela net betcapacidadeestrela net betexportação russa, os fertilizantes se tornam mais caros e a rentabilidade dos produtores brasileiros cai, afetandoestrela net betcapacidadeestrela net betcontinuar a ampliar a oferta nos próximos anos", avalia Maílson da Nóbrega.

Tudo isso pode ainda impactar diretamente no resultado das eleições presidenciais, marcadas para outubro, já que o pesoestrela net betproblemas econômicos e inflação alta costuma sempre cair sobre o chefeestrela net betEstado atual.

Nos últimos três dias, o conflito ucraniano ainda gerou um impacto na cotação do dólarestrela net betrelação ao real. A moeda americana atingiu seus menores valor desde junho do ano passado, fechando a R$ 5,004 na quarta-feira (23/2), antes da concretização da invasão.

O movimento, segundo analistas, foi consequência não só do aumento da taxa Selic pelo Banco Central, mas também da entradaestrela net betcapital estrangeiro no paísestrela net bettemposestrela net betalto risco. No fim da semana, porém, a tendência foi revertida e os rumos da taxaestrela net betcâmbio deram um salto diante da onda globalestrela net betincerteza.

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