Como mudanças climáticas podem transformar café e chocolatepolítica de bonus betanoitenspolítica de bonus betanoluxo:política de bonus betano

Café

Crédito, Sean Gallup/Getty Images

Legenda da foto, O café era usado para rituais religiosos na África e hoje faz parte do nosso cotidiano

Como as lagostas, as ostras há muito tempo são associadas com refeições finas e ocasiões especiais,política de bonus betanograde medida devido a seu alto preço. Mas elas também nem sempre desfrutaram desse status. As ostras costumavam ser consumidas pelos mais pobres da sociedade europeia no século 19. "Elas eram tão abundantes e baratas que eram adicionadas a ensopados e tortas para se livrarem delas", diz a historiadorapolítica de bonus betanoculinária Polly Russell.

No início do século 20, as ofertaspolítica de bonus betanoostras na Inglaterra começaram a diminuir devido à pesca excessiva e à poluição industrial. Enquanto ficavam mais escassas, seu status foi elevado, e as ostras passaram a ser vistas como algo especial, afirma Russell.

Pescapolítica de bonus betanolagostapolítica de bonus betano1904

Crédito, ullstein bild Dtl./Getty Images

Legenda da foto, De tão abundante, a lagosta era um produto pouco sofisticado, associado aos mais pobres

Nós vemos o oposto com produtos como açúcar e salmão, que costumavam ser difíceispolítica de bonus betanoadquirir e disponíveis apenas para os mais ricos. Esses alimentos perderampolítica de bonus betano"áureapolítica de bonus betanoluxo" ao longo do tempo, quando as pessoas passaram a produzi-los e, como resultado, eles se ficaram menos escassos, afirma Richard Wilk, professor eméritopolítica de bonus betanoAntropologia da Universidadepolítica de bonus betanoIndiana (EUA).

Muitas frutas, verduras e legumes costumavam ser muito mais escassos do que são hoje. Algumas frutas, como morangos e framboesas, costumavam estar disponíveis apenas no verão, mas hojepolítica de bonus betanodia podemos comprá-las pelo ano todo. "Isso muda a percepçãopolítica de bonus betanoluxo", afirma Peter Alexander, pesquisador sêniorpolítica de bonus betanoagricultura global e segurança alimentar na Universidadepolítica de bonus betanoEdimburgo (Escócia, Reino Unido).

Nossa obsessão com a aquisiçãopolítica de bonus betanoalimentos escassos e luxuosos vem com um custo alto para o planeta. Quando uma espécie específicapolítica de bonus betanopeixe ou fruto do mar torna-se mais escassa, seu preço sobe. O aumentopolítica de bonus betanovalor dá às pessoas um incentivo para pescá-la com mais intensidade e assim obter as unidades restantes, o que pode levar a uma espiralpolítica de bonus betanoextinção, afirma Wilk.

Quando e onde nós comemos alguns alimentos também determina quanto nós os valorizamos. "O contextopolítica de bonus betanoque comemos é realmente importante para criar desejo", afirma Esther Papies, professorapolítica de bonus betanopsicologia social na Universidadepolítica de bonus betanoGlasgow (Escócia). Segundo ela, alimentos luxuosos estão geralmente associados a ocasiões especiais, como comerpolítica de bonus betanorestaurantes ou viagenspolítica de bonus betanoférias.

Estudos mostram que estarpolítica de bonus betanoum ambiente associado a comida cara pode aumentar a atratividade da comida ou da bebida tipicamente consumida nesse lugar e a disposição das pessoas a pagar mais. Um recente estudo identificou que o desejo das pessoas por sushi aumentava se elas comiam o pratopolítica de bonus betanoum restaurantepolítica de bonus betanosushi,política de bonus betanovezpolítica de bonus betanona praia.

Ostras

Crédito, Marianna Massey/Getty Images

Legenda da foto, A queda na ofertapolítica de bonus betanoostras levou a um aumento do preço, e o produto tornou-sepolítica de bonus betanoluxo

Lembranças positivas e calorosaspolítica de bonus betanocompartilhar uma refeição com outras pessoas também aumentam o valor que as pessoas dão a certos alimentos, diz Papies. Comidas luxuosas são frequentemente compartilhadas com amigos e família, como no Natal, por exemplo.

Durante os confinamentos provocados pela pandemiapolítica de bonus betanocovid-19, a experiênciapolítica de bonus betanocomer com outras pessoas tornou-sepolítica de bonus betanosi um artigopolítica de bonus betanoluxo, diz Russell. "As pessoas estavam loucas para cozinhar juntas e comerpolítica de bonus betanouma forma social", afirma ela. "Num mundo onde recursos são limitados, e a disponibilidadepolítica de bonus betanocomida é precária, a experiênciapolítica de bonus betanocomer junto pode se tornar um artigopolítica de bonus betanoluxo."

As próximas comidaspolítica de bonus betanoluxo

Apesarpolítica de bonus betanohistoricamente alguns alimentos, como café, chocolate e especiarias, terem sido itenspolítica de bonus betanoluxo, hoje essas comidas são itenspolítica de bonus betanosupermercadopolítica de bonus betanogrande parte do mundo. Entretanto, o aquecimento global e as chuvas mais intermitentes podem fazer com que isso mude novamente ao longo das próximas décadas.

No auge da civilização maia, as sementespolítica de bonus betanocacau eram uma moedapolítica de bonus betanovalor, usada para pagar trabalhadores e comercializadaspolítica de bonus betanotrocapolítica de bonus betanobens no mercado. Comerciantes europeus levaram o cacau para a Europa, onde ele se tornou um popular capricho nas cortes reais. Em 1828, o químico holandês Coenraad Johannes van Houten inventou um processo para tratar grãospolítica de bonus betanocacau com sais alcalinos e produzir chocolatepolítica de bonus betanopó, que poderia ser misturado na água. Esse processo transformou o chocolate num produto acessível que podia ser produzidopolítica de bonus betanomassa.

O café um dia foi uma iguaria pouco conhecida usada para rituais religiosos na Etiópia, antespolítica de bonus betanocomerciantes ocidentais levarem a aromática bebida para seus paísespolítica de bonus betanoorigem no século 17 e passarem a servi-lapolítica de bonus betanocafeterias, popular entre trabalhadores do setorpolítica de bonus betanotransporte, corretores e artistas. Depois que os holandeses garantiram suas mudas, o cultivo do café expandiu-se rapidamente pelo mundo todo e tornou-se uma bebida popular, consumida diariamente.

Prato com carne

Crédito, BURCU ATALAY TANKUT/Getty Images

Legenda da foto, A carne pode se tornar um alimentopolítica de bonus betanoluxo devido ao dano ambiental e a novos gostos

"O chocolate e o café podem ambos se tornar alimentos escassos epolítica de bonus betanoluxo novamente por causa das mudanças climáticas", afirma Monika Zurek, pesquisadora sênior do Environmental Change Institute (Institutopolítica de bonus betanoMudança Ambiental), da Universidadepolítica de bonus betanoOxford (Inglaterra, Reino Unido).

Vastas áreaspolítica de bonus betanoGana e Costa do Marfim (países vizinhos na costa oeste da África) podem se tornar inviáveis para a produçãopolítica de bonus betanocacau se a elevação da temperatura global alcançar 2 graus Celsius,política de bonus betanoacordo com um estudopolítica de bonus betano2013. "O cacau costumava ser para reis e mais ninguém. As mudanças climáticas estão atingindo fortemente áreaspolítica de bonus betanoprodução… O cacau pode se tornar um alimento maispolítica de bonus betanoluxo novamente", diz Zurek.

As mudanças climáticas podem eliminar, até 2050, metade das terras usadas para o cultivopolítica de bonus betanocafé no mundo todo, segundo um estudo publicadopolítica de bonus betano2015. Outro estudo sugere que áreas apropriadas para o cultivopolítica de bonus betanocafé na América Latina podem ser reduzidaspolítica de bonus betano88% até 2050, devido à elevação das temperaturas.

Durante milharespolítica de bonus betanoanos, as especiarias foram símbolopolítica de bonus betanoriqueza e poder. A demanda por temperos aromáticos deu início às primeiras rotas comerciais globais, estabeleceram vastos impérios e acabaram definindo a economia global. Hoje especiarias estão por toda parte e são frequentemente os itens mais baratos nas prateleiras dos supermercados. Mas elas podem voltar a ser itenspolítica de bonus betanoluxo, afirma Zurek.

As lavouraspolítica de bonus betanoespeciarias já estão sofrendo os efeitos das mudanças climáticas. Chuvas intensas e umidade oferecem condições propícias para pragas como pulgão e doenças como oídio. Na Caxemira, a maior região da Índia produtorapolítica de bonus betanoaçafrão, condições secas destruíram as colheitas desse vistoso ingrediente culinário.

Chocolate

Crédito, kolderal/Getty Images

Legenda da foto, O cultivo do cacau, base do chocolate, está sob ameaça das mudanças climáticas

A produçãopolítica de bonus betanobaunilhapolítica de bonus betanoMadagascar (ilha no leste da África) tem sido atingida nos últimos anos por condições climáticas extremas. Um ciclone devastou 30% das lavouras da ilhapolítica de bonus betano2017, levando os preços para um recordepolítica de bonus betanoUS$ 600 (R$ 3,3 mil) o quilo, o que brevemente deixou a especiaria mais cara que a prata.

"O perigopolítica de bonus betanoprodutos do dia a dia se tornarem itenspolítica de bonus betanoluxo é desolador", afirma Monique Raats, diretora do Food, Consumer Behaviour and Health Centre (Centropolítica de bonus betanoAlimentos, Comportamento do Consumidor e Saúde) da Universidadepolítica de bonus betanoSurrey (Inglaterra, Reino Unido). "Muitos alimentos podem se tornar inacessíveis para muitas pessoas."

'Carne não'

Não são apenas as mudanças climáticas e a escassez que podem transformar alimentos do nosso cotidianopolítica de bonus betanoitens para poucos. As mudançaspolítica de bonus betanocomportamento e gostos das pessoas também terão um impacto sobre a situação dessas comidas.

"Uma outra formapolítica de bonus betanopensar sobre alimentospolítica de bonus betanoluxo é como algo que você não deveria comer com frequência nempolítica de bonus betanogrande quantidade", afirma Raats, citando a carne como um grande exemplo.

A carne, que atualmente é partepolítica de bonus betanouma refeição regular para muita gente, provavelmente se tornará um produtopolítica de bonus betanoluxo nas próximas décadas, com mais pessoas adotando uma dieta à basepolítica de bonus betanovegetais para reduzir suas pegadaspolítica de bonus betanocarbono, diz ela. As pessoas também podem adotar a mudança devido à grande quantidadepolítica de bonus betanoterras agrícolas incorporadas pela produçãopolítica de bonus betanocarne, o que pode não ser mais viável com o crescimento populacional no planeta.

Comer carne pode se tornar socialmente inaceitável e vistopolítica de bonus betanoforma semelhante a como é visto hoje o fumo, afirma Alexander. "Pode chegar a um pontopolítica de bonus betanoque comer um hambúrguer não será uma coisa legal para fazer com os amigos."

Mas para chegar a esse ponto o caminho não é simples e direto, diz Papies. "Comer carne é a norma - torna-se partepolítica de bonus betanouma identidade nacional. Desviar disso é difícil", afirma ela, acrescentando que muitos veganos e vegetarianos têm dificuldades com o fatopolítica de bonus betanoque precisam explicar, ou justificar, por que não comem carne.

O veganismo,política de bonus betanoparticular, parece suscitar fortes emoções, da irritação à fúria apaixonada. Oferecer mais exposição a opções sem carne, na propaganda epolítica de bonus betanolojas, pode ajudar a lidar com a dificuldade com a identidade vivenciada por muitos veganos e vegetarianos, afirma Papies. "Ajudaria a tornar a coisa mais equitativa."

O verdadeiro custo da comida

Numa tentativapolítica de bonus betanoreduzir suas emissões, países podem também optar por aplicar impostos sobre a carne, como muitos fizeram com o açúcar, diz Alexander. A medida, polêmica e com efeitos colaterais, elevaria os preços da carne e faria dela um produto maispolítica de bonus betanoluxo.

A criaçãopolítica de bonus betanoanimaispolítica de bonus betanofazendas é responsável por 14,5% das emissões globaispolítica de bonus betanogases causadores do chamado efeito estufa, e a produçãopolítica de bonus betanocarne vermelha representa 41% dessas emissões.

Gado

Crédito, Helder Faria/Getty Images

Legenda da foto, A criaçãopolítica de bonus betanogado tem um alto custo para o clima devido à emissãopolítica de bonus betanogases do efeito estufa

A produção globalpolítica de bonus betanobife causa emissões semelhante às produzidas pela Índia e exige 20 vezes mais terra por grama comestívelpolítica de bonus betanoproteína do que culturas vegetais ricaspolítica de bonus betanoproteína, como feijão.

De acordo com a FAO, agênciapolítica de bonus betanoalimentos da ONU, "existe uma preocupante desconexão entre o preçopolítica de bonus betanoalimentos no varejo e o verdadeiro custopolítica de bonus betanosua produção"política de bonus betanomuitos países.

"Como consequência, a comida produzida a um custo ambiental alto, na formapolítica de bonus betanoemissãopolítica de bonus betanogases causadores do efeito estufa, poluição da água, poluição do ar, destruição do habitat, pode parecer mais barata que alternativas produzidaspolítica de bonus betanoforma mais sustentável", escreveu a agência da ONU num relatório sobre sustentabilidade agrícola.

Quando comemos carne, diz Alexander, nós não estamos pagando pela degradação ambiental causada pela indústria da carne. "Nós não estamos calculando o valor desses resultados e pagando por eles quando comemos carne."

Um imposto sobre a carne refletiria alguns desses impactos ambientais danosos, mas segue sendo uma ideia impopular politicamente e com potenciais efeitos danosos sobre a população mais pobre, que já tem dificuldadepolítica de bonus betanocomprar a proteína.

"Isso pode mudar", afirma Alexander, à medida que mais gente veja a carne como "algo que não podemos nos dar o luxopolítica de bonus betanocomer,política de bonus betanotermospolítica de bonus betanosustentabilidade".

"Esperamos que, no futuro próximo, nós tenhamos preços mais corretos e subsídios agrícolas que reflitam a comida que nós produzimos e nos ajude a criar um sistema mais sustentável", afirma Papies.

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