Portugal vê nova ondaapostas do ufcimigração brasileira após reaberturaapostas do ufcfronteira:apostas do ufc
Foi com essa possibilidadeapostas do ufcmente que o auxiliarapostas do ufcenfermagem Uelber Oliveira,apostas do ufc33 anos, se preparou para viver no país. Em Lisboa há cercaapostas do ufctrês meses, chegou sem visto para procurar emprego e se instalar na cidade.
"Está cada vez mais difícil viver, e viver com qualidade, no Brasil. A nossa luta não é mais para ter um carro bom, uma moradia boa. O problema agora é ter o básico, é conseguir se alimentar", diz ele, que é naturalapostas do ufcIlhéus (BA).
Na capital portuguesa, conseguiu um emprego e aguardou a chegada da esposa, cuja viagem ficou marcada para dois meses após a sua. Atualmente, os dois trabalham como cuidadoresapostas do ufcidosos na cidade, e já começaram o processo para regularizarapostas do ufcsituação migratória.
"Percebi queapostas do ufcPortugal teremos segurança, e, mesmo ganhando pouco, muita qualidadeapostas do ufcvida - e ainda vou conseguir mandar um dinheirinho para o Brasil", afirma.
O movimento atualapostas do ufcmigraçãoapostas do ufcbrasileiros para Portugal começouapostas do ufc2014, quando as condições econômicas do Brasil voltaram a piorar, mas se intensificou a partirapostas do ufc2017. Nos últimos quatro anos, o númeroapostas do ufcbrasileiros residindoapostas do ufcPortugal registrou um aumento - batendo recordeapostas do ufc2020.
"E aí veio a pandemia e fechou as fronteiras. Mas as pessoas só suspenderam seus processos migratórios nesse período", afirma Cyntiaapostas do ufcPaula, presidente da Casa do Brasilapostas do ufcLisboa, entidade que auxilia os imigrantes no país. "Quando abriram as porteiras, as pessoas voltaram a procurar Portugalapostas do ufcpeso."
É o casoapostas do ufcMaicon (que não quis ter seu sobrenome divulgado pela reportagem), que começou a planejar a mudança para Portugalapostas do ufc2019. Casado e com dois filhos, ele trabalhou por dez anos na construção civil no Brasil, mas foi perdendo espaço na área e, há dois anos, passou a atuar como motoristaapostas do ufccarreta.
"Eu sempre lutei para ter um conforto no Brasil para mim e para os meus filhos. Trabalhava muito e as coisas não progrediam, não conseguia suprir as necessidades básicas da minha família", diz.
Instalado na regiãoapostas do ufcAveiro, no Centroapostas do ufcPortugal, conseguiu um emprego como ajudanteapostas do ufcserralheiro e também já deu início ao processoapostas do ufcregularizaçãoapostas do ufcsua situação. Agora, aguarda a chegada da esposa e dos filhos, programada para janeiro.
"Não vim para ficar rico, mas para oferecer aos meus filhos uma qualidadeapostas do ufcvida melhor e conseguir alguma estabilidade financeira", conta.
"No início é perrengue mesmo, mas está valendo a pena. Aqui a alimentação é barata, o lazer é barato. No Brasil, eu estava me privandoapostas do ufccomer carne com um salário bom. Aqui eu já estou enjoadoapostas do ufccomer picanha."
Perfis variados
Hoje, residemapostas do ufcPortugal cercaapostas do ufc214.500 cidadãos brasileiros,apostas do ufcacordo com númerosapostas do ufcnovembro do Serviçoapostas do ufcEstrangeiros e Fronteiras (SEF). O dado, porém, exclui aquelesapostas do ufcsituação irregular e os que também possuem cidadania portuguesa ouapostas do ufcoutro país europeu.
Os imigrantes no país têm perfis variados, afirma Cyntiaapostas do ufcPaula. "Temos uma imigração não somente para o trabalho não qualificado, mas tambémapostas do ufcmuitos profissionaisapostas do ufcperfil qualificado, não apenasapostas do ufctermosapostas do ufcescolaridade, como com muitos anosapostas do ufcexperiência. Esses não vinham antes com tanta expressividade, e agora vêm."
Além disso, segundo ela, há registroapostas do ufcchegadaapostas do ufcmuitas famílias e um fluxo regularapostas do ufcestudantes brasileiros a Portugal.
A advogada paulista Beatriz Menezes,apostas do ufc28 anos, faz parte desse último grupo. Após uma experiência profissional ruim, ela decidiu tirar alguns projetos do papel e passou a pesquisar as oportunidadesapostas do ufcestudoapostas do ufcPortugal.
"Na minha cabeça, estudar na Europa era algo impensável do pontoapostas do ufcvista financeiro. Mas conheci uma pessoa que fazia o curso que hoje faço aqui, um mestradoapostas do ufcDireito Administrativo na Universidadeapostas do ufcLisboa, e descobri que não era bem assim. Gastaria mais ou menos a mesma coisa estudando aqui ouapostas do ufcuma boa faculdade no Brasil", diz.
Ela chegou a Portugalapostas do ufcoutubro, depoisapostas do ufcadiar os planos por alguns mesesapostas do ufcrazão da pandemia. Mas já pensa na possibilidadeapostas do ufcprolongarapostas do ufcestadia no país após a conclusão do curso, que tem duraçãoapostas do ufcdois anos.
"Me encantei por Lisboa, e tenho certezaapostas do ufcque todo esse impacto da pandemia eapostas do ufcum governo ineficiente vai perdurar no Brasil. Isso me faz considerar ficar por aqui", afirma.
Foi o que fez o publicitário paulista Leandro Guimarães,apostas do ufc38 anos. Ele chegou ao país no segundo semestreapostas do ufc2019 para ficar por um ano, enquanto cursava uma pós-graduaçãoapostas do ufcComunicaçãoapostas do ufcCultura e Indústrias Criativas, na Universidade Novaapostas do ufcLisboa.
Nos meses seguintes à conclusão do curso, com o visto caducado, decidiu entrar com uma manifestaçãoapostas do ufcinteresse para se regularizar no país. "Dei início ao processoapostas do ufcsetembro do ano passado, com a expectativaapostas do ufcque ele durasse oito meses. Atualmente, estou esperando há um ano e dois meses", diz.
Com a regularizaçãoapostas do ufcandamento, ele se viu dianteapostas do ufcduas possibilidades: permanecerapostas do ufcPortugalapostas do ufcsituação irregular ou voltar ao Brasil e correr o riscoapostas do ufcperder o processo. Optou pela segunda.
Ao longo dos meses, decidiu voltar a Portugal e passou a procurar, à distância, um emprego no país. "Achei essa empresa que cuidaapostas do ufcmobilidade internacional e comecei a trabalhar para elesapostas do ufcagosto, ainda do Brasil", conta ele que, com o contratoapostas do ufcmãos, voltou a Lisboaapostas do ufcoutubro.
"Tive essa experiência primeiro como estudante, depois entendi que seria um mercado promissor para Comunicação e Tecnologia, porque muitos portugueses saíram do país. Eu gosto do fatoapostas do ufcPortugal ser um país pequeno, eapostas do ufcLisboa oferecer serviçosapostas do ufccapital numa cidade do tamanhoapostas do ufcSorocaba. Faço muita coisa a pé, estou perto da natureza. E sóapostas do ufcter segurança já é um ganho enorme."
Regularização e problemas
Quem vive legalmenteapostas do ufcterritório nacional por cinco anos tem direito a aplicar para a naturalização, obtendo a cidadania portuguesa. Esse prazo só começa a contar, porém, a partir do momentoapostas do ufcque o imigrante consegueapostas do ufcautorizaçãoapostas do ufcresidência - ou seja, quando passa a estarapostas do ufcsituação regular.
Os Artigos 88 e 89 da Lei dos Estrangeiros são os que permitem àqueles sem vistoapostas do ufcPortugal, ou com o visto caducado, se regularizarem no país, por meioapostas do ufccontratoapostas do ufctrabalho ou como prestadoresapostas do ufcserviços.
Para isso, eles devem dar entrada no processo online, apresentar uma sérieapostas do ufcdocumentos, ter númeroapostas do ufcinscrição fiscal e estar contribuindo para a Segurança Social. Esse processo, porém, pode levar anos para ser concluído.
"Como existe a possibilidadeapostas do ufcregularizaçãoapostas do ufcterritório nacional, muita gente opta por essa estratégia. Mas durante esse processo, que pode demorar até quatro anos, essas pessoas enfrentam muita instabilidade", diz Cyntiaapostas do ufcPaula.
"Os imigrantesapostas do ufcsituação irregular enfrentam dificuldades práticas e correm risco maiorapostas do ufcexploração laboral, trabalhandoapostas do ufccondições à margem da legalidade. Também correm o riscoapostas do ufcexpulsão eapostas do ufcnão poder retornar ao país por alguns anos", afirma Vasco Malta, chefe da missão da Organização Internacional para as Migrações (OIM)apostas do ufcPortugal.
Cyntia relata que, durante a pandemia, muitos imigrantes perderam o emprego. Sem contrato ou acesso a programasapostas do ufcauxílio do governo, eles ficaram sem rendimentoapostas do ufcum dia para o outro.
Além disso, apesar da medida emergencial do governo que regularizou temporariamente todos os imigrantes no país,apostas do ufcmodo a garantir seu acesso ao Sistema Nacionalapostas do ufcSaúde, muitos enfrentaram dificuldades para se vacinar contra a covid-19.
A OIM fornece apoio a imigrantes que queiram voltar ao seu paísapostas do ufcorigem, mas não conseguem fazê-lo por faltaapostas do ufcrecursos, por meio do Programaapostas do ufcApoio ao Retorno Voluntário e Reintegração (ARVoRe). A grande maioria dos atendidos é brasileira, e o percentual atingiu 97,9%apostas do ufc2020.
Em 2021, contudo, a participação dos cidadãos brasileiros no total caiu para 83%, considerando os dados até outubro.
De acordo com o chefe da missão, embora não haja dados para explicar a redução, ela estaria ligada à evolução negativa da pandemia no Brasil, alémapostas do ufcuma melhora no cenário econômico e no mercadoapostas do ufcempregoapostas do ufcPortugal durante os meses do verão europeu (de junho a setembro). Ele também cita a continuidade dos processosapostas do ufcregularização pelo SEF.
Malta afirma que é essencial que os brasileiros busquem a entradaapostas do ufcPortugalapostas do ufcmaneira regular e se planejem antes da viagem.
"Planejar-se é absolutamente fundamental, as pessoas precisam saber o que vão encontrar, até para gerir expectativas. O custoapostas do ufcvidaapostas do ufcLisboa e no Porto continua altíssimo, assim como o valor do arrendamento [aluguel]. A criseapostas do ufcmatérias-primas também impacta o custoapostas do ufcvida das pessoas", diz.
O preço elevado dos aluguéis, especialmente nos grandes centros, é uma reclamação recorrente entre os imigrantes brasileiros no país, assim como as dificuldades relacionadas ao preconceitoapostas do ufcportugueses com o grupo e com o sotaque brasileiro.
"Em razãoapostas do ufcvários estereótipos relacionados à comunidade brasileira, muitos imigrantes têm dificuldadeapostas do ufcencontrar trabalho qualificado. Eles sentem que seu percurso profissional fica dentro do avião. Há também dificuldadesapostas do ufcintegração,apostas do ufcespecial para as mulheres brasileiras", diz a presidente da Casa do Brasilapostas do ufcLisboa.
De acordo com Maicon, muitos proprietários pedem até três cauçõesapostas do ufcadiantamento para alugar um imóvel. "E os portugueses nem sempre são simpáticos aos brasileiros", afirma ele, que também recomenda muito planejamento a quem pensaapostas do ufcemigrar.
"Vi vários relatosapostas do ufcpessoas passando até fome aqui. E acho que, se não tivesse demorado tanto tempo para vir, eu também estaria passando por alguns apertos por faltaapostas do ufcinformação eapostas do ufcplanejamento."
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