1 ano da morteaposta ganha tigrinhoGeorge Floyd: ‘Não há nada para se comemorar’:aposta ganha tigrinho
"Não consigo descrever o sentimento, mas certamente não foi uma celebração", diz ele. "É irônico que tenha parecido mais com um grande suspiroaposta ganha tigrinhoalívio, uma respiração profunda. Isso me deu mais fé no sistemaaposta ganha tigrinhojustiça? Na verdade, não."
Em seus momentos finais, George Floyd gritou maisaposta ganha tigrinho20 vezes, alertando que não conseguia respirar ao ser contido por policiaisaposta ganha tigrinhouma ruaaposta ganha tigrinhoMinneapolis.
Em abril, um júri considerou Chauvin culpado condenado por três crimes previstos na Justiça americana e sem paralelos exatos com o ordenamento brasileiro.
Em uma tradução aproximada, seriam eles: homicídio dolosoaposta ganha tigrinhosegundo grau (a mais graveaposta ganha tigrinhotodas, com penaaposta ganha tigrinhoaté 40 anosaposta ganha tigrinhoprisão, demonstrando uma relaçãoaposta ganha tigrinhocausa e efeito entre conduta do acusado e morte); homicídio dolosoaposta ganha tigrinhoterceiro grau (demonstraçãoaposta ganha tigrinhonegligência com a vida humana, com pena máximaaposta ganha tigrinho25 anos); e homícidio culposoaposta ganha tigrinhosegundo grau (quando alguém submete outro a um "risco irracional", colocando-oaposta ganha tigrinhoriscoaposta ganha tigrinhomorte ou ferimentos graves, passível a penaaposta ganha tigrinhoaté 10 anosaposta ganha tigrinhoprisão).
O ex-policial deve receber a pena no dia 16aposta ganha tigrinhojunho.
Em 2020, conversei com três jovens negrosaposta ganha tigrinhodiferentes partes do mundo sobre o assassinatoaposta ganha tigrinhoGeorge Floyd.
Um ano depois, voltei a falar com Toni Adepegba, Laëtitia Kandolo e Nia Dumas para descobrir o que a condenação significa para eles. E para ver se, como eu, eles também tiveram dificuldades para encontrar palavras que expressem seus sentimentos.
'Nada para comemorar'
Apesaraposta ganha tigrinhouma breve comemoração, não demorou muito para que eu sentisse uma profunda tristeza e uma sensaçãoaposta ganha tigrinhoemoção não resolvida. E eu não estava sozinha.
"Eu estavaaposta ganha tigrinhocasa e vi (o anúncio) no meu Instagram e fui no Twitter para saber mais", lembra Laëtitia.
"Não acho que feliz seja a palavra correta porque você fica feliz nos primeiros cinco minutos e então percebe que isso não deveria ter acontecido,aposta ganha tigrinhoprimeiro lugar."
"Não há nada para comemorar porque você sabe que é apenas uma vezaposta ganha tigrinhotoda a história [que acontece a condenação] e esses assassinatos acontecem todos os dias e continuarão acontecendo."
Toni também avaliou a notícia como difícil.
"Você sente esperança. Quando você ouve que ele foi condenado por todas as acusações, você quer pensar ou acreditar que as coisas vão mudar a partiraposta ganha tigrinhoagora", diz ele.
"No final das contas, acho que até que as questões maiores sejam resolvidas, essas coisas continuarão acontecendo, assim como com Ma'Khia Bryant."
Ma'Khia Bryant,aposta ganha tigrinho16 anos, foi morta a tiros por um policial branco do Estado americanoaposta ganha tigrinhoOhio, nos EUA, que estava atendendo a uma ocorrênciaaposta ganha tigrinhotentativaaposta ganha tigrinhoesfaqueamento.
O policial Nicholas Reardon atirou na adolescente negra cercaaposta ganha tigrinho30 minutos antesaposta ganha tigrinhoser proferido o veredicto no julgamentoaposta ganha tigrinhoChauvin.
'Fica com você'
O vídeoaposta ganha tigrinhoGeorge Floyd foi um pontoaposta ganha tigrinhovirada para a designer Laëtitia, que vive na República Democrática do Congo. Ela inicialmente acreditava que compartilhar vídeos poderia ser a única maneiraaposta ganha tigrinhoresponsabilizar os racistas. Agora, ela acha que o custo disso pode ser muito alto.
"Toda vez que há um incidente semelhante, me dá flashbacks do vídeo do Floyd", diz ela.
"Começo a pensar como essa pessoa foi tratadaaposta ganha tigrinhoseus momentos finais. Ela chorou pela mãe, você pode ver o desesperoaposta ganha tigrinhoseus olhos, você pode vê-los perceber que é o fim? Isso fica com você."
Assim como o próprio vídeo, as conversas sobre raça foram inevitáveis no último ano para muitas pessoas.
Para Toni, a pandemia mudou essas discussõesaposta ganha tigrinhouma forma que ele não tinha visto antes e reacendeu o ímpetoaposta ganha tigrinhotorno do movimento Black Lives Matter, ou Vidas Negras Importam.
"Estávamosaposta ganha tigrinhoum períodoaposta ganha tigrinhoque todos estavam trancadosaposta ganha tigrinhocasa, então muitas pessoas tiveram mais tempo para realmente sentar e processar algumas verdades desagradáveis", diz ele.
O peso dessas conversas difíceis continua impactando a saúde mentalaposta ganha tigrinhomuitos negros. Tenho me sentido exausto e oprimido.
Durante o julgamento, uma nova filmagem da câmera corporal policial foi divulgada mostrando os momentos que antecederam a prisão e morteaposta ganha tigrinhoGeorge Floyd.
"Não sinto que preciso rever esse trauma, então não assisti ao vídeo completo dos momentos finais dele mais uma vez", diz Toni.
"Estou preocupadoaposta ganha tigrinhodeixar esse peso entraraposta ganha tigrinhomeu organismo porque sei que isso vai me prejudicar emocionalmente, mentalmente, espiritualmente e fisicamente. Tenho que fazer o que posso para manter minha almaaposta ganha tigrinhopaz."
Toni decidiu começar a fazer terapia para encontrar uma maneiraaposta ganha tigrinholidar com um ano tão desafiador.
Inicialmente, ele hesitouaposta ganha tigrinhoprocurar ajuda devido à faltaaposta ganha tigrinhodiversidade na áreaaposta ganha tigrinhosaúde mental no Reino Unido.
"A realidade é que nenhuma dessas pessoas se parecia comigo. Todas eram brancas e eu simplesmente não tinha ninguém com quem pudesse me relacionar", diz ele.
"Acho que minha intenção ao buscar ajuda profissionalaposta ganha tigrinhonovo era mais sobre me equipar com ferramentas para ajudar outras pessoas. Não só por causa do Black Lives Matter, mas também porque estamos passando por um momentoaposta ganha tigrinhoque há tantas coisas que afetaram e continuam atingindo nossa comunidade."
'Eu não tenho o privilégioaposta ganha tigrinhoexistir'
Até o último momento, Nia pensou que Chauvin seria considerado inocente.
A estudante americanaaposta ganha tigrinho20 anos passouaposta ganha tigrinhovida vendo hashtagsaposta ganha tigrinhocampanhas por justiça que terminaram sem condenação.
Muitas das vítimas são conhecidas pelas pessoas nos EUA eaposta ganha tigrinhotodo o mundo como exemplosaposta ganha tigrinhovítimasaposta ganha tigrinhobrutalidade policial e racismo, como Breonna Taylor, Eric Garner, Sandra Bland, Michael Brown, para citar apenas alguns.
"Lembro-meaposta ganha tigrinhoassistir ao caso Trayvon Martin e depois ir para a escola e aprender sobre os três poderes do governo e como ele funciona", disse Nia.
"Aos 11 anos, eu pensava: é claro que ele será condenado porque acabamosaposta ganha tigrinhosaber na semana passada que se você violar a lei será punido."
Trayvon Martin era um negro desarmadoaposta ganha tigrinho17 anos que foi morto a tiros por um vigiaaposta ganha tigrinhobairro na Flórida, que foi absolvido pelo assassinatoaposta ganha tigrinho2012 sob a alegaçãoaposta ganha tigrinholegítima defesa.
E a listaaposta ganha tigrinhonomes não paravaaposta ganha tigrinhocrescer.
"Então, alguns anos depoisaposta ganha tigrinhoTrayvon, foi Michael Brown, e,aposta ganha tigrinhoseguida, Tamir Rice, que é da minha cidade natal."
Para Nia, que cresceu no centro da cidadeaposta ganha tigrinhoCleveland, suas melhores memóriasaposta ganha tigrinhoinfância são algumas visitas ao cinema e dias intermináveis na pistaaposta ganha tigrinhoskate com os amigos.
"A única coisa que sinto faltaaposta ganha tigrinhoser mais jovem é que eu podia ir à escola, à loja ou a qualquer lugar sem que fizessem comentários sobre mim relacionados à minha negritude", diz ela.
"Eu realmente não tenho mais o privilégioaposta ganha tigrinhoapenas existir. Isso me fez amadurecer rapidamente porque você percebe que, se você é uma pessoa negra na América, é isso que acontece."
George Floyd não é um mártir
Algumas pessoas dizem que George Floyd foi usado por políticos como um mártir.
"Na verdade, ele é uma vítimaaposta ganha tigrinhoassassinato", diz Nia. "Eles acham que os negros aceitarão melhor a situação se ele morrer por uma causa supostamente maior."
"Meu problema é como o governo está enquadrando isso. Não é que queremos que os policiais sejam condenados depoisaposta ganha tigrinhonos matar. A realidade é que não queremos que eles nos matemaposta ganha tigrinhoforma alguma".
Cercaaposta ganha tigrinhomil pessoas por ano são mortas por policiais nos EUA,aposta ganha tigrinhoacordo com um projeto independente que monitora a violência policial. A maioria baleada.
Apesaraposta ganha tigrinhoos afro-americanos representarem apenas cercaaposta ganha tigrinho13% da população, a pesquisa mostra que a polícia atira mais fatalmente contra negros desarmados. A taxa é maisaposta ganha tigrinhotrês vezes aaposta ganha tigrinhobrancos.
Nia acredita que existe um racismo sistêmico no policiamento nos EUA e, até que isso seja resolvido, nadaaposta ganha tigrinhosignificativo surgirá a partir da condenaçãoaposta ganha tigrinhoChauvin.
"Acho que o motivo pelo qual eles se concentram apenas nas condenações é porque não querem fazer mudanças estruturais. Então isso é como uma vitória alternativa para nos pacificar", diz ela.
'Um tipo diferenteaposta ganha tigrinholiberdade'
Durante o auge dos protestos globais do Black Lives Matter,aposta ganha tigrinho2020, Laëtitia moravaaposta ganha tigrinhoParis quando estátuas foram derrubadas e centenasaposta ganha tigrinhomilhares tomaram as ruasaposta ganha tigrinhouma posição conjunta contra o racismo.
Agora, a jovemaposta ganha tigrinho29 anos moraaposta ganha tigrinhoKinshasa, na República Democrática do Congo, depoisaposta ganha tigrinhose mudaraposta ganha tigrinhosetembro.
"Estou morandoaposta ganha tigrinhoum lugar onde posso ser totalmente eu mesma", diz ela.
O apartamento dela tem vista para uma estrada empoeirada onde ela pode ouvir as crianças do bairro brincando e ouvir a trilha sonoraaposta ganha tigrinhouma rumba preenchendo o ar úmido.
"Elas têm um tipo diferenteaposta ganha tigrinholiberdade e estãoaposta ganha tigrinhoum nível que eu nunca tive. Eu estou falando sobre o espaço mental e físico para serem elas mesmos. Elas não são crianças negras aqui. São simplesmente crianças", diz ela.
"Eu realmente sinto que talvez a pandemia apenas me fez voltar para casa porque eu realmente não me vejo morandoaposta ganha tigrinhoParis, o que é uma loucura dizer."
"Não estou dizendo que todo mundo deve ou pode se mudar para a África porque não é fácil. Mas acho que, uma vez que você vivenciou um país onde se sentiu totalmente aceitaaposta ganha tigrinhoalguma forma, você não pode simplesmente voltar."
"Nós nascemos ou crescemos nesses lugares onde estabelecemaposta ganha tigrinhonossas cabeças que as coisas são o que são. O que estou dizendo é que não deveria parecer Ok."
'Preto ou branco'
Muitos negros, assim como Nia, Laëtitia e Toni, sabem que, independentementeaposta ganha tigrinhoonde estejam no mundo, ser negro significa que você não tem as mesmas margensaposta ganha tigrinhoerro que os brancos.
Algumas pessoas acreditam que é essa experiência da realidade que está no cerne da compreensão da motivação da morteaposta ganha tigrinhoGeorge Floyd.
"Quando você é o único negro, está sempre se observando e vê como as outras pessoas olham para você como se você estivesseaposta ganha tigrinhoalguma forma perdido ou foraaposta ganha tigrinhoseu ambiente", diz Laëtitia.
"Mas também é difícil viver com essa pressão, então você está sempre pensando e trabalhando duas vezes mais. Enquanto os outros trabalham para fazer as coisas bem, você está se esforçando para alcançar a perfeição."
"Justiça é (George Floyd) não passar pela morte que passou, independentemente do que ele supostamente teria feito", diz Toni.
Um funcionárioaposta ganha tigrinhouma loja denunciou Floyd à polícia, acreditando que a notaaposta ganha tigrinho20 dólares que ele usou para comprar um maçoaposta ganha tigrinhocigarros era falsificada. Meia hora depois, George Floyd estava morto.
O julgamento e a condenaçãoaposta ganha tigrinhoDerek Chauvin soam como uma exceção, ao invésaposta ganha tigrinhoser o curso naturalaposta ganha tigrinhoum sistemaaposta ganha tigrinhojustiça que serve a todos com imparcialidade.
Para Nia, Laëtitia e Toni, é simples. Se o sistema fosse realmente igual, George Floyd ainda estaria vivo.
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