'Atlântida soviética': as cidades russas e ucranianas que foram inundadas pelo regimehandicap 0 1 sportingbetStálin:handicap 0 1 sportingbet
handicap 0 1 sportingbet "Eles disseram: 'Vamos construir uma hidrelétrica e precisamos que você saiahandicap 0 1 sportingbetcasa porque essa área vai ficar alagada'." Andriy Mastrienko ainda se lembra do diahandicap 0 1 sportingbetque teve que deixar para sempre a casa ondehandicap 0 1 sportingbetfamília morou por gerações, perto do rio Dnieper, na Ucrânia.
"Eles nos disseram que tínhamos que ir e deixar apenas as paredes", diz ele à BBC.
Sua cidade — como 200 outras na Ucrânia e centenashandicap 0 1 sportingbetoutrashandicap 0 1 sportingbettoda a União Soviética (URSS) — foi inundada por ordemhandicap 0 1 sportingbetStálin para a construçãohandicap 0 1 sportingbetmegaprojetos socialistas: usinas hidrelétricas, canais e represas.
As construções faziam parte do desenvolvimento econômico soviético e da corrida geopolítica da Guerra Fria: entre os esforços soviéticos para demonstrar a superioridade do sistema socialista sobre o capitalista, a URSS tinha projetos ambiciosos para alcançar uma economia industrial avançada.
As consequências da industrialização apressada foram bem mais graves que as que a Europa ocidental tinha vivido no século anterior e as que vemos hojehandicap 0 1 sportingbetpaíses como Brasil e China: deslocamento humanohandicap 0 1 sportingbetmassa, mortes e danos ambientais a alguns dos ecossistemas até então mais conservados do continente.
A memória do reassentamento forçado e da destruiçãohandicap 0 1 sportingbetsuas casas assombra os sobreviventes, maishandicap 0 1 sportingbet70 anos depois. "As autoridades não explicaram muito por que as pessoas tiveram que ser realocadas. Havia apenas uma mensagem: é necessário para o desenvolvimento da economia", diz Svietlana Sliusarenkio, que era uma menina quando seus pais tiveram que deixarhandicap 0 1 sportingbetaldeia, à BBC.
Por toda a Rússia ehandicap 0 1 sportingbetmuitas ex-repúblicas soviéticas ainda existem torreshandicap 0 1 sportingbetigrejas, paredes ou edifícios abandonados que se projetam como mastros num leitohandicap 0 1 sportingbetágua.
Eles são o último vestígiohandicap 0 1 sportingbetuma era sem democracia, os últimos testemunhoshandicap 0 1 sportingbetpedra do que tem sido chamadohandicap 0 1 sportingbet"Atlântida soviética" (em referência à mítica cidade submersa).
A industrializaçãohandicap 0 1 sportingbetStalin
Desde o final dos anos 1930, o governo Stálin concebeu uma nova concepção do "modelo soviético"handicap 0 1 sportingbetcomunismo que buscava demonstrar por todos os meios possíveis a grandeza do sistema contra seu feroz oponente, o capitalismo.
Diferentemente do que havia sido proposto por Marx — que argumentava que o socialismo deveria ser instauradohandicap 0 1 sportingbetuma sociedade industrial avançada e rica —, o comunismo na União Soviética havia surgidohandicap 0 1 sportingbetuma sociedade rural, pobre, com a economia muito atrasadahandicap 0 1 sportingbetrelação ao resto do continente. Além disso, o país sofreu com inúmeras guerras, fome e problemas gerados pelo conflito com o ocidente capitalista.
O plano soviético para alcançar os países desenvolvidos do capitalismo e sair da pobreza era investirhandicap 0 1 sportingbetindustrialização pesada.
Esse plano, somado ao cultohandicap 0 1 sportingbetpersonalidade que se instaurou no país após Stálin assumir o comando do partido e perseguir opositores, deu lugar ao que alguns historiadores definiram como "megalomania" arquitetônica: uma obsessão por construir edifícios e projetos colossais que representassem a "glória da União Soviética" e seu "poder sobre a natureza".
Em 1935, logo após o país ter saídohandicap 0 1 sportingbetuma das piores fomes da história, o Comitêhandicap 0 1 sportingbetPlanejamento Estatal aprovou a criação da maior barragem construída no mundo até então. Ehandicap 0 1 sportingbetabrilhandicap 0 1 sportingbet1941, os rios Volga e Sheksna foram bloqueados para a criação do reservatório Uglich.
Foram 5.000 km² inundados. Maishandicap 0 1 sportingbet660 aldeias e a cidadehandicap 0 1 sportingbetMologa, fundada no século 12, ficaram completamente submersas. Para comparação, a usinahandicap 0 1 sportingbetBelo Monte, no Brasil — cujo projeto foi altamente criticado no país devido aos impactos ambientais — alagou uma áreahandicap 0 1 sportingbet478 km², segundo a NorteEnergia, que administra a usina.
Ao todo, cercahandicap 0 1 sportingbet130 mil pessoas tiveram que ser realocadas para dar lugar ao reservatóriohandicap 0 1 sportingbetUglich, e grandes extensõeshandicap 0 1 sportingbetterras agrícolas e florestas foram destruídas ao longo do rio Volga.
A cadeiahandicap 0 1 sportingbetreservatórios que continuou a ser construída e a inundar cidades se tornou o complexo hidroelétricohandicap 0 1 sportingbetVolga GES — que foi por muitos anos o maior do planeta.
Arquivos secretos divulgados depois do fim do stalinismo mostraram que a construção foi feita principalmente por presos do campohandicap 0 1 sportingbettrabalho forçadohandicap 0 1 sportingbetVolzhsky, para onde também foram enviados os moradores da região que se recusaram a se mudar.
As cenas se repetiram pelo território da União Soviética, especialmente após o fim da Segunda Guerra Mundial — que marcou o início da recuperação econômica soviética e também o começo da Guerra Fria.
Alguns dos grandes projetos da URSS, como o Canal do Turcomenistão, nunca foram terminados, mas alguns seguemhandicap 0 1 sportingbetpé até hoje.
A hidrelétricahandicap 0 1 sportingbetKremenchug — cuja construção desabrigou as famíliashandicap 0 1 sportingbetMastrienko e Sliusarenkio — foi inauguradahandicap 0 1 sportingbet1960.
"Se alguém recusasse, mandavam escavadeiras na data marcada para a partida para demolir as casas", lembra Sliusarenkio. "Não tinha alternativa, ninguém podia questionar nada. Era uma ordem e tinha que ser cumprida."
As inundações
Segundo Sliusarenkio, um ano antes da inundação planejada, as autoridades começaram a visitar as aldeias para avisar que as pessoas deveriam sair e avaliar as casas. O governo pagava um pouco mais pelas casas mais velhas.
Depois as casas foram marcadas nas fachadas: a datahandicap 0 1 sportingbetque os seus habitantes deveriam deixá-las era marcada com tinta.
As autoridades forneceram transporte para as famílias, mas o gado teve que ser deslocado a pé, muitas vezes por distânciashandicap 0 1 sportingbetcentenashandicap 0 1 sportingbetquilômetros. "Minha esposa teve que fazer todo o trajeto a pé com as vacas", diz Mastrienko.
Sliusarenkio, porhandicap 0 1 sportingbetvez, lembra que os habitantes tiveram a oportunidadehandicap 0 1 sportingbetretirar os restos mortais dos cemitérios das cidades que seriam inundadas e realocá-los.
"Se eles não podiam ou não queriam desenterrar seus mortos, eles removiam as cruzes e passavam as escavadeiras para nivelar as abóbadas dos túmulos com o solo, para que os restos mortais não flutuassem quando as sepulturas estivessem debaixo d'água", conta.
A história oficial da Rússia não inclui os nomes das pessoas que se estima que acabaram se afogando porque se recusaram a deixar suas casas anteshandicap 0 1 sportingbetserem inundadas.
Boa parte da memória da "Atlântida soviética" e das centenashandicap 0 1 sportingbetcidades e vilas que a formaram se perdeu com a morte das últimas testemunhas daqueles anos e devido ao escasso interesse das autoridades russashandicap 0 1 sportingbetmergulharhandicap 0 1 sportingbetum passado que poderia prejudicar ainda mais a imagemhandicap 0 1 sportingbetum líder soviético que o presidente Vladmir Putin admira.
No entanto, com o passar dos anos, as estações e as secas, novos vestígios das aldeias submersas aparecerem esporadicamente na imprensa russa. E novas empresashandicap 0 1 sportingbetturismo fazem excursõeshandicap 0 1 sportingbetiates e cruzeiros para as "Atlântidas", novos destinos turísticos cheioshandicap 0 1 sportingbetnostalgia.
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