Vladimir Putin: o 'czar moderno' que controla a Rússia:código lampionsbet
código lampionsbet Não faltaram líderes nacionaiscódigo lampionsbetdestaque nas primeiras duas décadas do século 21 com passagens marcantes no comandocódigo lampionsbetseus países. Os americanos Barack Obama, George W. Bush e Donald Trump; a alemã Angela Merkel; os chineses Hu Jintao e Xi Jinping; os britânicos Tony Blair e David Cameron; os brasileiros Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro; o italiano Silvio Berlusconi e o israelense Binyamin Netanyahu, cada um a seu modo, imprimiramcódigo lampionsbetmarca pessoal enquanto estiveram no poder. Deixaram legados importantes na política e na história, nacional ou internacional. Nenhum deles, porém, teve a longevidade do russo Vladimir Putin código lampionsbet . Também nenhum deles, possivelmente, teve a mesma influênciacódigo lampionsbetseu país, nacódigo lampionsbetregião e no cenário internacional que o presidente da Rússia.
No comando desde o último diacódigo lampionsbet1999, Putin ditou o rumocódigo lampionsbetguerras, mostrou que não existem fronteiras para suas açõescódigo lampionsbetespionagem e consolidou-se como uma espéciecódigo lampionsbetczar moderno, com controle completo sobre o destino dos russos. No campo militar, sufocou a separatista Chechênia, anexou parte da Ucrânia, foi decisivo na guerra da Síria e recuperou o orgulho nacional pelas Forças Armadas. Na economia, aproveitou-se do valor da indústriacódigo lampionsbetenergiacódigo lampionsbetseu país para ganhar influência internacional.
Na política, calou qualquer oposição interna, perseguiu adversários até no exterior e criou um novo conceitocódigo lampionsbet"democracia russa". No campo tecnológico, a Rússiacódigo lampionsbetVladimir Putin ficou associada a fortes suspeitascódigo lampionsbetinfluência indevidacódigo lampionsbetprocessos políticos e até eleiçõescódigo lampionsbetoutros países - particularmente os Estados Unidos.
Mesmo depoiscódigo lampionsbet20 anos no Kremlin, ele nunca demonstrou intençãocódigo lampionsbetabandonar o poder. Ficou difícil imaginar a Rússia sem Vladimir Putin.
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código lampionsbet Premiê, Chechênia e presidente
Uma das notícias mais importantes para o século 21 chegou ao público nos últimos momentos do século 20. No dia 31código lampionsbetdezembrocódigo lampionsbet1999, o então presidente russo, Boris Yeltsin, surpreendeu seu país e o mundo com um pronunciamento na televisão. O que parecia ser apenas uma mensagemcódigo lampionsbetfeliz ano novo mostrou-se um momento histórico. "Hoje eu me dirijo a vocês pela última vez como presidente da Rússia", disse Yeltsin. "Eu tomei uma decisão, e foi uma decisão difícil. Hoje, no último dia deste finalcódigo lampionsbetséculo, eu renuncio."
O líder russo pediu então "perdão" por não ter sido capazcódigo lampionsbetatender às esperanças do povo russo por uma vida melhor. Para o futuro da Rússia, no entanto, a parte mais importantecódigo lampionsbetseu discurso viria no final. "De acordo com a Constituição, eu escrevi uma ordem transferindo as responsabilidades do governo para o primeiro-ministro Vladimir Vladimirovic Putin."
Nascia, assim, uma das maiores personalidades políticas do século 21.
Apenas quatro meses antes,código lampionsbet16código lampionsbetagosto, Putin fora escolhido por Yeltsin para o postocódigo lampionsbetpremiê,código lampionsbetsubstituição a Sergei Stepashin. Putin assumiu como o quarto primeiro-ministro russocódigo lampionsbetapenas um ano, sinalcódigo lampionsbetque também ele, provavelmente, não duraria muito. Errado. O novo premiê, que até então era o chefe do serviçocódigo lampionsbetespionagem russo FSB - o substituto da KGB -, era desconhecido do público. Sabia-se apenas que ele eracódigo lampionsbetSão Petersburgo. Com imensa rapidez, porém, Putin alcançou alta popularidade e ganhou a confiançacódigo lampionsbetYeltsin. Tal confiança estava diretamente ligada a um tema específico: Chechênia.
A província rebelde russa, localizada na região do Cáucaso, travara uma dura guerra com Moscou entre 1994 e 1996, que deixou cercacódigo lampionsbet50 mil mortos. O conflito terminou com um acordocódigo lampionsbetpaz humilhante para o governocódigo lampionsbetBoris Yeltsin, que, na prática, deu à Chechêniacódigo lampionsbetsonhada independência - nunca reconhecida, no entanto, por Moscou. Putin mudaria essa realidade. Em 1ºcódigo lampionsbetoutubrocódigo lampionsbet1999, um mês e meio depoiscódigo lampionsbettomar posse como primeiro-ministro, forças russas invadiriam novamente a Chechênia, desta vez para acabar com o estadocódigo lampionsbetindependência desfrutado pela província por quase três anos.
O que provocou essa nova invasão russa, ignorando o acordocódigo lampionsbetpazcódigo lampionsbet1996? Dois acontecimentos, não necessariamente conectados.
Primeiro, no iníciocódigo lampionsbetagosto um grupocódigo lampionsbetcombatentes chechenos islamistas, sem ligação com o governo da Chechênia, invadiu a república russa do Daguestão, também no Cáucaso. Sua intenção era dar apoio a separatistas locais. O segundo e decisivo motivo deu ao governo do novo premiê Putin o apoio popular necessário para um novo conflito na Chechênia.
Em setembro, uma sériecódigo lampionsbetexplosões destruiu prédioscódigo lampionsbetapartamentos na cidadecódigo lampionsbetBuynaksk (Daguestão) ecódigo lampionsbetMoscou. Maiscódigo lampionsbet200 pessoas morreram. A indignação popular foi enorme, e o governo russo culpou militantes chechenos. O presidente da Chechênia, Alan Maskhadov, negou qualquer envolvimento, assim como os grupos armados, o que não alterou o desenrolar dos fatos. Em 23código lampionsbetsetembro, Putin ordenou o bombardeio da província, e a invasão veiocódigo lampionsbetoutubro. No final do ano a capital chechena, Grozny, estava sitiada - e seria devastada pela incursão russa.
Fortes suspeitas surgiramcódigo lampionsbetque a agênciacódigo lampionsbetsegurança russa, FSB, seria responsável pelas explosõescódigo lampionsbetapartamentoscódigo lampionsbetMoscou e Buynaksk - jornalistas independentes apontaram ligação entre explosivos e agentes da FSB. Verdade ou não, os atentados produziram indignação entre a população que justificou a segunda - e popular - guerra da Chechênia. O conflito, porcódigo lampionsbetvez, deu a Vladimir Putin a popularidade que lhe garantiu o postocódigo lampionsbetsucessorcódigo lampionsbetBoris Yeltsin. Tanto que, horas depois da renúnciacódigo lampionsbetYeltsin, no primeiro diacódigo lampionsbet2000, Putin fez uma visita a tropas russas estacionadas pertocódigo lampionsbetGrozny. "Isto não é apenas uma questãocódigo lampionsbetrestaurar a honra e a dignidade da Rússia", disse Putin aos soldados, conforme noticiou a rede americana CNN. "É algo mais importante que isso. É uma questãocódigo lampionsbetcolocar um fim à divisão da Federação Russa."
Em artigo publicado na New York Review of Books,código lampionsbetfevereirocódigo lampionsbet2000, o ex-dissidente soviético Sergei Kovalev descreveu como via a Rússia nos primeiros meses sob Vladimir Putin. "O atual estado mental na Rússia pode ser resumidocódigo lampionsbetduas palavras: 'histeria (da) guerra'." Segundo ele, Putin atendia a um anseio da opinião pública por um líder forte. "O que aconteceu foi o que estava previsto algum tempo atrás: a sociedade está nostálgica por uma 'mão firme'."
Três meses após assumir a Presidência russa interinamente, aos 47 anoscódigo lampionsbetidade, Putin venceu as eleições presidenciais, no fimcódigo lampionsbetmarço, sendo eleito já no primeiro turno, com 54,4% dos votos.
A retomada do controle da Chechênia por Moscou foi garantidacódigo lampionsbetmaiocódigo lampionsbet2000, mas o embate com grupos islâmicos da província continuou por anos. Como parte desse conflito,código lampionsbet2002, cercacódigo lampionsbet40 militantes chechenos tomaram o teatro Dubrovka,código lampionsbetMoscou, e fizeram cercacódigo lampionsbet900 reféns, entre funcionários, atores, músicos e espectadores que assistiam ao musical Nord-Ost (Nordeste). Após três diascódigo lampionsbetimpasse, forçascódigo lampionsbetsegurança invadiram o lugar depoiscódigo lampionsbetlançar no interior do prédio uma espéciecódigo lampionsbetgás - uma desconhecida arma química. Os rebeldes foram mortos a tiros, e pelo menos 130 reféns morreram sob efeito do gás. Em 2004,código lampionsbetoutro episódio que chocou o mundo, militantes tomaram uma escolacódigo lampionsbetBeslan, na região russa da Ossétia do Norte. O cercocódigo lampionsbettrês dias terminou com a mortecódigo lampionsbet334 pessoas, incluindo 156 crianças.
Apesarcódigo lampionsbetoutros ataques a civis na Rússia, Putin consolidou-se como um líder forte na área da segurança. O presidente foi implacável com grupos armados, sempre chamados por Moscoucódigo lampionsbet"terroristas", e manteve a integridade territorial da Rússia. Ao acabar com a situaçãocódigo lampionsbetquase independência da Chechênia e colocar um regimecódigo lampionsbetconfiançacódigo lampionsbetGrozny, Putin recuperou a honra nacional, abalada pela guerra anterior, perdida por Yeltsin. A mão firme do presidente oferecia a tranquilidade e o orgulho que a população buscava.
código lampionsbet Controle político
Com o fim da União Soviética,código lampionsbet1991, a Rússia ganhou uma nova Constituição. A Cartacódigo lampionsbet1993 previa mandatos presidenciaiscódigo lampionsbetquatro anos, sendo que o presidente só poderia exercer dois mandatos consecutivos. Com base nas novas regras, Boris Yeltsin foi eleitocódigo lampionsbet1996. Vladimir Putin, eleitocódigo lampionsbet2000, seria reeleitocódigo lampionsbet2004 para um segundo períodocódigo lampionsbetquatro anos. Até então, o líder russo não demonstrava nenhuma intençãocódigo lampionsbetmudar as regras para continuar no poder.
O governo russo, porém, não está apenas nas mãos do presidente, que é o chefecódigo lampionsbetEstado. Na verdade, o responsável pelas ações práticas da administração nacional - sob as diretrizes políticas do presidente - é o chefecódigo lampionsbetgoverno, ou seja, o primeiro-ministro - cargo que serviu como trampolim para Putincódigo lampionsbet1999. Foi para essa posição, então, que Putin resolveu se mudar quando deixou a Presidência após o pleitocódigo lampionsbet2008, para contornar a determinação constitucional que impediacódigo lampionsbeteleição para mais um mandato.
A eleição,código lampionsbetmarçocódigo lampionsbet2008, foi vencida por seu candidato, Dmitry Medvedev, com 71,2% dos votos no primeiro turno - um sinal claro do domínio que Putin tinha sobre o país. Um dia depoiscódigo lampionsbettomar posse,código lampionsbetmaio, Medvedev indicou seu antecessor como novo primeiro-ministro - e ambos governariam juntos por quatro anos. As regras do jogo começaram a mudar meses depois. Em novembro, com apenas seis mesescódigo lampionsbetgoverno, Medvedev enviou uma propostacódigo lampionsbetemenda constitucional à Duma, o Parlamento russo, aumentando o mandato do presidentecódigo lampionsbetquatro para seis anos. A proposta foi aprovada.
A mudança significava que Putin, ao final dos quatro anoscódigo lampionsbetMedvedev na Presidência, poderia voltar ao cargo por mais dois mandatos, tendo cumprido a restrição constitucionalcódigo lampionsbetque um presidente só poderia governar por dois períodos "consecutivos". A diferença:código lampionsbetvez dos oito anos que Putin passou na Presidência entre 2000 e 2008, dessa vez ele poderia ficar até 12.
Com uma precisãocódigo lampionsbetfazer inveja a qualquer engenheiro, o roteiro foi rigorosamente cumprido. Como quem dá um pequeno tapa no ombrocódigo lampionsbetquem ocupacódigo lampionsbetcadeira, Vladimir Putin tomou o lugarcódigo lampionsbetMedvedev no pleito presidencialcódigo lampionsbet2012, sendo eleito no primeiro turno com 63,6% dos votos. Seis anos depois, no pleitocódigo lampionsbet2018, uma nova vitóriacódigo lampionsbetPutin, reeleito com 76,69% da preferência dos eleitores. Considerando seu período como premiêcódigo lampionsbetMedvedev, Putin garantiu ao menos 24 anos como líder inquestionável da Rússia.
código lampionsbet Prisões e envenenamentos
Seu poder, porém, não parou por aí. Alémcódigo lampionsbetfortalecercódigo lampionsbetposição, o presidente não mediu esforços para enfraquecer a concorrência. Opositores, na Rússia ou no exterior, foram alvocódigo lampionsbetperseguição, muitas vezes abertamente, prisão, por motivos duvidosos, e assassinatos - estes, nunca admitidos.
Em 2003, o então homem mais rico da Rússia, Mikhail Khodorkovsky, foi preso e acusadocódigo lampionsbetcrimes financeiros. Khodorkovsky, controlador da empresacódigo lampionsbetóleo e gás Yukos, sempre protestou porcódigo lampionsbetinocência. Segundo ele,código lampionsbetprisão e seu julgamento foram políticos, provocados porcódigo lampionsbetdecisãocódigo lampionsbetajudar financeiramente partidoscódigo lampionsbetoposição. Condenado num processo criticado por governos ocidentais, Khodorkovsky passou dez anos na prisão. Após uma primeira condenaçãocódigo lampionsbet2005, um novo julgamento,código lampionsbet2010, o condenou mais uma vez por crimes financeiros. Em 2013, porém, Khodorkovsky foi perdoado por Putin - e se mudou imediatamente para o exterior.
Desde 2000, Putin criou atritos com integrantescódigo lampionsbetum grupocódigo lampionsbetempresários conhecidos como "oligarcas" - milionários que fizeramcódigo lampionsbetfortuna a partir das privatizaçõescódigo lampionsbetestatais russas, nos anos 1990, promovidas por Boris Yeltsin e criticadas pelo grupo políticocódigo lampionsbetPutin pelo preçocódigo lampionsbetvenda das empresas, considerado baixo. O empresáriocódigo lampionsbetmídia Vladimir Gusinsky e o magnata Boris Berezovsky deixaram a Rússiacódigo lampionsbet2000, depoiscódigo lampionsbetserem alvoscódigo lampionsbetprocessos e intimidação do governo.
Três integrantes do grupocódigo lampionsbetmúsica Pussy Riot foram presas e condenadas a dois anoscódigo lampionsbetprisão,código lampionsbet2012, por terem apresentado uma música crítica a Vladimir Putin dentrocódigo lampionsbetuma catedral ortodoxacódigo lampionsbetMoscou - território sagrado para Putin, que se aproximou da Igreja Ortodoxa Russa. Em 2013, o principal militante oposicionista da Rússia, Alexei Navalny, foi condenado a cinco anoscódigo lampionsbetprisão por "fraude". Enquanto recorria da decisão, Navalny seguiucódigo lampionsbetliberdade. Anos depois, a condenação foi revogada pela Justiça, sendo depois reafirmada. Enquanto a batalha judicial se desenrolava, o oposicionista seguia proibidocódigo lampionsbetdisputar eleições para cargos políticos, mas continuava denunciando o que considerava como corrupção no seio do governo Putin.
A imprensa também foi cerceadacódigo lampionsbetinúmeras maneiras a partircódigo lampionsbet2000, e vários jornalistas independentes e críticos do governo foram assassinados. Entre eles, a repórter Anna Politkovskaya, do jornal Novaya Gazeta, morta a tiroscódigo lampionsbet2006 - também foram assassinados outros cinco jornalistas do diário, conhecido por seu trabalho investigativo.
A perseguição a opositorescódigo lampionsbetVladimir Putin nunca foi uma questão apenas interna. Adversários do presidente vivendo no exterior continuaram sendo alvoscódigo lampionsbetintimidação, e o envolvimentocódigo lampionsbetgovernos ocidentaiscódigo lampionsbetdisputas russas levou a atritos com Moscou. Berezovsky obteve asilo político no Reino Unidocódigo lampionsbet2003, depoiscódigo lampionsbetter sido preso e ficar ameaçadocódigo lampionsbetextradição para a Rússia. Outro que também conseguiu asilocódigo lampionsbetterritório britânico,código lampionsbet2013, foi o banqueiro Andrei Borodin - mais um oligarca processadocódigo lampionsbetseu país por suposta fraude financeira. Casos como esses impactaram as relações entre Londres e Moscou, como explicou à BBC Newscódigo lampionsbet2013. "O Kremlin tem ficado furioso pela maneira com que vários empresárioscódigo lampionsbetdestaque fugindo da Justiça russa - como o bilionário Boris Berezovsky - têm recebido asilo político na Grã-Bretanha", disse Borodin.
As intimidações tornaram-se mais graves com os casoscódigo lampionsbetenvenenamentocódigo lampionsbetadversários ou dissidentes. As suspeitas caíam sobre Putin e seu círculo, acusações que o presidente e seus aliados sempre rebateram. Em novembrocódigo lampionsbet2006, o ex-agente da FSB Alexander Litvinenko, que seis anos antes se mudara para Londres após denunciar corrupção e crimes no regimecódigo lampionsbetMoscou, foi hospitalizado. Ele havia se encontrado com dois russos num hotel na capital britânica e pediu para os médicos verificarem a possibilidadecódigo lampionsbetenvenenamento. Os exames mostraram que Litvinenko havia sido envenenado com polônio, um elemento radioativo, provavelmente ingerido por ele ao tomar chá durante o encontro. O ex-agente russo morreu 22 dias depoiscódigo lampionsbetadoecer.
Em marçocódigo lampionsbet2018, outro ex-agente, Sergei Skripal, foi envenenado na Inglaterra. Skripal ecódigo lampionsbetfilha, Yulia, foram vítimascódigo lampionsbetum ataque na cidadecódigo lampionsbetSalisbury e quase morreram. Dessa vez, o envenenamento ocorreu com o agente nervoso Novichock. O caso causou um novo abalo nas relações já difíceis entre Reino Unido e Rússia. A então primeira-ministra, Theresa May, responsabilizou o governo russo, dizendo no Parlamento: "Não há conclusão alternativa, além daquelacódigo lampionsbetque o Estado russo é culpado". Entre as medidascódigo lampionsbetretaliação anunciadas, estavam a expulsãocódigo lampionsbet23 diplomatas russos e a suspensãocódigo lampionsbettodo contatocódigo lampionsbetalto escalão entre os dois países.
O governo russo negou qualquer envolvimento no envenenamentocódigo lampionsbetSkripal - e na posterior mortecódigo lampionsbetuma britânica que acidentalmente teve contato com o material. As investigações, porém, apontaram para a açãocódigo lampionsbetdois agentes russos, Alexander Petrov e Ruslan Boshirov. O caso levou o governo dos Estados Unidos a também adotar sanções econômicas contra a Rússia.
Os venenos russos atingiriam um alvo ainda mais relevante. Em agostocódigo lampionsbet2020, o oposicionista Alexei Navalny passou mal durante um voo entre Tomsk, na Sibéria, e Moscou. Internado às pressascódigo lampionsbetOmsk, ele foi autorizado pelas autoridades, dois dias depois, a ser transportado para Berlim, na Alemanha. Lá foi comprovado seu envenenamento por Novichock, a mesma substância usada contra Skripal. Depoiscódigo lampionsbetalguns diascódigo lampionsbetcoma induzido, Navalny recuperou-se aos poucos e deixou o hospital após um mês. A equipecódigo lampionsbetNavalny acusou Putincódigo lampionsbettentativacódigo lampionsbetassassinato, o que foi rebatido pelo presidente.
A sériecódigo lampionsbetenvenenamentos revelou grande sofisticação das operações. O professor Mark Galeotti, especialistacódigo lampionsbetRússia do Royal United Services Institute, explicou à BBC News por que a prática do envenenamento estaria sendo usada nas mortais disputas políticas do país. "O envenenamento tem duas características: sutileza e teatralidade. É tão sutil que você pode negar ou tornar bem difícil que seja provado. E leva tempo para ter efeito, tem todo tipocódigo lampionsbetagonia." Aqueles por trás dos ataques enviavam uma mensagem clara: poderiam atingir qualquer um,código lampionsbetqualquer lugar do mundo, e seria difícil comprovar a autoria dos crimes.
código lampionsbet Dando as cartas no exterior
A Rússiacódigo lampionsbetVladimir Putin foi bem diferente dacódigo lampionsbetBoris Yeltsincódigo lampionsbetvários aspectos, mas um deles se destaca: a economia. Sob Yeltsin, os russos sofreram a mais traumática e repentina perdacódigo lampionsbetqualidadecódigo lampionsbetvida da história do país, logo após a dissolução da União Soviética. Sob Putin, o país enriqueceu, principalmente graças à indústriacódigo lampionsbetpetróleo e gás. A Rússia é o segundo maior exportadorcódigo lampionsbetpetróleo do mundo, atrás apenas da Arábia Saudita, e o maior exportadorcódigo lampionsbetgás natural. Nos temposcódigo lampionsbetYeltsin, o preço internacional do barrilcódigo lampionsbetpetróleo patinavacódigo lampionsbettornocódigo lampionsbetUS$ 20. A partircódigo lampionsbet2000, começou a subir, chegando ao nívelcódigo lampionsbetUS$ 100 no começo dos anos 2010 e mantendo-se depoiscódigo lampionsbettornocódigo lampionsbetUS$ 50. O preço do gás triplicou na primeira década do século, para depois voltar ao patamar anterior.
Com isso, segundo dados do Banco Mundial, o Produto Interno Bruto da Rússia disparou no novo milênio. Depoiscódigo lampionsbetamargar sete quedas consecutivas do PIB entre 1990 e 1996, incluindo as assustadoras baixascódigo lampionsbet-14,5%,código lampionsbet1992, e -12,6%código lampionsbet1994, a economia russa disparou. Avançou 6,4%código lampionsbet1999 e 10%código lampionsbet2000, crescendocódigo lampionsbetmédia 6,6% por ano entre 2001 e 2008.
Tamanha recuperação econômica ecódigo lampionsbetposição estratégica como exportadorcódigo lampionsbetpetróleo e gás ajudaram Vladimir Putin interna e externamente. A popularidade do presidente manteve-se alta desde que assumiu a Presidência. Segundo o institutocódigo lampionsbetpesquisas russo Levada, a taxa já começou altíssima, com 84%código lampionsbetaprovação logo após a renúnciacódigo lampionsbetYeltsin,código lampionsbetjaneirocódigo lampionsbet2000, e manteve-secódigo lampionsbetpelo menos 60%, com alguns longos períodos acima dos 80%.
No exterior, a importância energética do país mostrou-se garantiacódigo lampionsbetboas relações. A exportaçãocódigo lampionsbetgás ajudou Putin a reforçar os laços entre seu país e a China. A União Europeia importa cercacódigo lampionsbet40% do seu gás natural da Rússia, e tal dependência fez da Rússia um necessário parceiro - mesmo quando muitos o consideram mais um adversário. A organização da Olimpíadacódigo lampionsbetInvernocódigo lampionsbet2014 e a Copa do Mundo da Fifacódigo lampionsbet2018 foram exibições para o mundocódigo lampionsbetuma nova Rússia, confiante e influente - enquanto os escândaloscódigo lampionsbetdopingcódigo lampionsbetatletas russos associavam o país a um crônico desrespeito às leis esportivas. À frentecódigo lampionsbetum país rico, com pouco espaço para dissidência política e respeitado militarmente, Putin ficou ainda mais confiante para imporcódigo lampionsbetvozcódigo lampionsbetimportantes temas internacionais.
Em 2013, a guerra civil na Síria ameaçava colocar um fim no regime do ditador Bashar al-Assad. O regime da família Assad mantinha relações próximas com a Rússia desde o tempo da União Soviética, e a Síria era um dos principais aliadoscódigo lampionsbetMoscou quando a guerra civil começou. A forte suspeitacódigo lampionsbetusocódigo lampionsbetarmas químicas por Assad contra rebeldes e a população civil levou os Estados Unidos a ameaçarem entrar na guerra contra o regime, possibilidade descartada depois que o Parlamento britânico rejeitou a participaçãocódigo lampionsbetLondres. Com isso, o caminho ficou livre para uma participação mais direta da Rússia, que desde o início da guerra civil já ajudava o governo com apoio político e assistência militar. Em 2015, esse envolvimento tornou-se direto, com a entrada da Rússia no conflitocódigo lampionsbetdefesa do regimecódigo lampionsbetAssad.
A participação russa, especialmente por meiocódigo lampionsbetbombardeios aéreos, mostrou-se decisiva. Com a ajudacódigo lampionsbetMoscou, Assad foi capazcódigo lampionsbetretomar o controle da cidadecódigo lampionsbetAleppo, após quatro anoscódigo lampionsbetcombates, e expulsar o chamado Estado Islâmico da cidadecódigo lampionsbetPalmyra. A participação russa na guerra, a primeira fora do ambiente da ex-União Soviética desde o fim da Guerra Fria, reforçou um eixocódigo lampionsbetoposição à influência ocidental no Oriente Médio.
Em contraponto aos Estados Unidos e aos países árabes sunitas, especialmente a Arábia Saudita, os regimes xiitas da Síria e o Irã agora sabiam que podiam contar com a ajuda da Rússia na disputa regional. O envolvimento russo na Síria também enviou uma mensagem clara à Europa e aos Estados Unidos,código lampionsbetque Moscou iria agir no cenário internacional para defender seus interesses.
Isso ficaria ainda mais claro na intervenção russa na Ucrânia. Próximo do governo russo, o presidente Viktor Yanukovych suspendeu, no finalcódigo lampionsbet2013, a assinaturacódigo lampionsbetum acordocódigo lampionsbetassociação com a União Europeia, o que levou a uma ondacódigo lampionsbetprotestoscódigo lampionsbetrua contra o presidente. Os protestos tornaram-se violentos e geraram uma revolução contra o governo, derrubadocódigo lampionsbetfevereirocódigo lampionsbet2014.
A Rússiacódigo lampionsbetVladimir Putin reagiu. Após a queda do governo, um efetivocódigo lampionsbetmilitares, provavelmente incluindo tropas especiais russas, tomou o controlecódigo lampionsbetestradas e pontos estratégicos da região da Crimeia, parte da Ucrânia, mas com maior parte da populaçãocódigo lampionsbetorigem russa. Numa rápida sériecódigo lampionsbetacontecimentos, o Parlamento russo autorizou o uso da força contra a Ucrânia, e as autoridades da Crimeia - já sob controle russo - convocaram um plebiscito com as opções: unir a região à Rússia ou mantê-la na Ucrânia. Com 97% dos votos, venceu a primeira opção, e a Crimeia - incluindo a estratégica e autônoma cidade portuáriacódigo lampionsbetSevastopol - foi anexada pela Rússia. Apesarcódigo lampionsbetuma resolução da Assembleia-Geral da ONU condenando as ações russas, a comunidade internacional não pôde fazer nadacódigo lampionsbetconcreto.
Bombardeiros e tanques não foram as únicas armas usadas pela Rússiacódigo lampionsbetPutin. Houve suspeitascódigo lampionsbetque duas importantes consultas populares no Ocidentecódigo lampionsbet2016 tivessem sido alvoscódigo lampionsbetcampanhascódigo lampionsbetdesinformação organizadas por interesses russos. Em junho, os britânicos foram às urnas para decidir se o país continuava ou não membro da União Europeia - o chamado referendo do "Brexit". Em novembro, os americanos escolheram Donald Trump como novo presidente,código lampionsbetsubstituição ao democrata Barack Obama. Diantecódigo lampionsbetsuspeitas dos dois lados do Atlântico, cresceu o temorcódigo lampionsbetque interesses russos estivessem por trás da produçãocódigo lampionsbetinformação falsa e teoriascódigo lampionsbetconspiração divulgadas por meiocódigo lampionsbetredes sociais na internet.
Após as eleições americanas, que deram a vitória ao republicano Donald Trump sobre a democrata Hillary Clinton, as autoridades americanas iniciaram uma investigação sobre a possível interferência russa. O processo ficou à cargo do ex-diretor do FBI (polícia federal americana) Robert Mueller. Em 2018, Mueller indiciou 13 cidadãos russos e três empresas, entre elas a Agênciacódigo lampionsbetPesquisacódigo lampionsbetInternet, um braço do governo russo. De acordo com Mueller, os acusados tinham como objetivo "semear discórdia no sistema político dos EUA, incluindo a eleição presidencialcódigo lampionsbet2016". O grupo era acusadocódigo lampionsbetter produzido materialcódigo lampionsbetapoio a Trump e atacando Clinton.
Em abrilcódigo lampionsbet2019, o relatório finalcódigo lampionsbetMueller foi divulgado, com cortes. O documento trazia várias ações da Rússia para tentar interferir no pleito presidencialcódigo lampionsbet2016. Apesarcódigo lampionsbeta investigação não concluir que a campanhacódigo lampionsbetTrump colaborou com os esforços russos, o relatóriocódigo lampionsbetMueller aponta para uma disposiçãocódigo lampionsbetintegrantes da campanha do futuro presidentecódigo lampionsbetse beneficiar das ações russas. Uma investigação britânica, menos ampla e ambiciosa, não identificou interferência russa no referendo do Brexit, mas sugeriu que ela poderia ter ocorrido. Segundo o relatório, o governo não investigou as suspeitas quando elas poderiam ter sido confirmadas.
código lampionsbet Democracia ao estilo russo
Em 25código lampionsbetabrilcódigo lampionsbet2005, Vladimir Putin fez seu pronunciamento anual ao Parlamento, transmitido ao vivo pela televisão. Como noticiou a BBC News, Putin disse que o colapso da União Soviética havia sido "a maior catástrofe geopolítica" do século 20. Ele apontou para o fatocódigo lampionsbetque a dissolução da grande potência "deixou dezenascódigo lampionsbetmilhõescódigo lampionsbetrussos fora da Federação Russa" e disse que o futuro da Rússia passava pela democracia. Putin deixou claro, no entanto, que a democraciacódigo lampionsbetseu país seria peculiar. Segundo ele, a Rússia "vai decidir por si mesma o ritmo, os termos e as condições do movimentocódigo lampionsbetdireção à democracia".
Com Putin no poder, o modelo político russo, com eleições presidenciais e parlamentares, mas concentraçãocódigo lampionsbetpoder nas mãos do chefecódigo lampionsbetEstado, passou a ser descrito por muitos como "democracia administrada". Esse conceito costuma ser aplicado a países que mantêm formalmente uma estrutura democrática - além das eleições, têm um Judiciário e uma imprensa independentes -, mas que, na prática, vivem numa realidade autoritária. Durante ao menos duas décadas, essa administração foi feita por Vladimir Putin.
Em 2020, Putin deu mais um passo no ajuste dos "termos e condições" da democracia russa. Nos primeiros meses do ano, propôs,código lampionsbetetapas, uma sériecódigo lampionsbetmudanças na Constituição da Rússia. Em janeiro, disse que o poder do presidente seria diluído, com a entrega ao Parlamento da escolha do primeiro-ministro. Também disse que todo presidente passaria a governar por um limitecódigo lampionsbetdois mandatos - não apenas dois mandatos consecutivos, como foi no seu caso.
Como estava previsto para Putin deixar o cargocódigo lampionsbet2024, o presidente parecia querer entregá-lo num formatocódigo lampionsbetmaior equilíbrio com o Legislativo. Analistas, porém, concluíram que a mudança relativa ao primeiro-ministro não era significativa. Apesarcódigo lampionsbeta escolha do chefecódigo lampionsbetgoverno ficar nas mãos do Parlamento, tratou-se maiscódigo lampionsbetuma questãocódigo lampionsbetprocedimento do quecódigo lampionsbetmérito - o premiê continuará tendo que ser aprovado pelo presidente, e o Parlamento farácódigo lampionsbetescolha a partir dos candidatos apresentados pelo chefecódigo lampionsbetEstado.
Em março, Putin anunciou outra medida. Nas mudanças constitucionais que iria propor ao país, um item autorizaria o atual mandatário - Vladimir Putin - a disputar novamente a Presidência, pois a nova regracódigo lampionsbetdois mandatos apenas não valeria para aquele que já estava no cargo. Em julhocódigo lampionsbet2020, os russos foram às urnas para dizer sim ou não ao presidente. Disseram sim. As reformas na Constituição foram aprovadascódigo lampionsbetplebiscito por 77,9% da população.
Com isso, o líder russo criou condições legais para continuar no Kremlin por mais 12 anos após o términocódigo lampionsbetseu quarto mandato,código lampionsbet2024 - ou seja, até 2036. Incluindo seus quatro anos como premiê, ele poderia ficar no poder por 36 anos, sete a mais que Josef Stalin. Aos 83 anoscódigo lampionsbetidade, ele terá passado quase metadecódigo lampionsbetsua vida no comando da grande nação russa. Será mais umacódigo lampionsbetuma longa listacódigo lampionsbetevidênciascódigo lampionsbetque Vladimir Putin é um líder como nenhum outro no início do século 21. O presidente recolocou seu país no patamarcódigo lampionsbetgrande potência, capazcódigo lampionsbetinfluenciar processos políticos mundo afora. Sua imagem no exterior nunca foi das melhores, mas Putin nunca fez questãocódigo lampionsbetser amado. Ele alcançou seu objetivo: que a Rússia voltasse a ser respeitada - e, por muitos, temida.
Este artigo é parte da série "21 Histórias que Marcaram o Século 21", da BBC News Brasil.
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