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Mineiros do Chile: a incrível e dramática saga acompanhada pelo mundo ao vivo na TV:flamengogloboesporte
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FinalflamengogloboesporteYouTube post, 1
flamengogloboesporte O acidente
Tudo parecia correr bem na hora do almoço daquela quinta-feira, 5flamengogloboesporteagosto. A mina San José,flamengogloboesporteCopiapó, na região do deserto do Atacama, empregava 150 trabalhadores e operava normalmente, com equipes extraindo cobre e ouro. Com maisflamengogloboesporte100 anosflamengogloboesporteexistência, a San José contava apenas com um túnelflamengogloboesporteexploração, que serviaflamengogloboesporteentrada e saída, sem outros caminhos alternativos ligando o subterrâneo com a superfície. Com uma rampaflamengogloboesportezigue-zague, o túnel que avançava dentro da montanha percorria aproximadamente 7 quilômetros.
Às 14h, ocorreu o acidente. Um desmoronamento interno fez com que uma enorme rocha se desprendesse da montanha e caísse sobre o túnel, fechando completamente a ligação com a superfície. Dentro da mina, ficaram 33 mineiros - 32 chilenos e 1 boliviano.
Equipesflamengogloboesportereconhecimento seguiram para dentro da mina até atingir o ponto do desmoronamento. Lá, viram pela primeira vez o tamanho do problema. Uma gigantesca massaflamengogloboesportegranito,flamengogloboesportecercaflamengogloboesporte130 metrosflamengogloboesportealtura e pesando maisflamengogloboesportemeio milhãoflamengogloboesportetoneladas, havia fechado completamente o túnelflamengogloboesporteexploração da mina San José. Sua presença significava que seria impossível que os mineiros conseguissem sair ou fossem retirados da mina por onde haviam entrado. Uma rota alternativa precisaria ser criada.
Os técnicos também logo imaginaram que, caso os mineiros estivessem vivos, eles possivelmente teriam seguido até o único refúgio interno da mina - um área na lateral do túnel,flamengogloboesportecercaflamengogloboesporte50 metros quadrados, tamanhoflamengogloboesporteum pequeno apartamento. O refúgio, porém, ficava quase no fim do túnel, a 720 metrosflamengogloboesporteprofundidade. A notícia do acidente fez com que, rapidamente, familiares dos trabalhadores fossem até a entrada da mina,flamengogloboesportebuscaflamengogloboesporteinformações.
Não havia tempo a perder. De início, as equipes tentaram aproveitar o que estava disponível: os tubosflamengogloboesporteventilação já existentes. Imaginou-se que eles pudessem ser usados para a retirada do grupo, e imediatamente foi iniciado um trabalho dentro da mina para aproveitar essas cavidades. A ideia, porém, logo precisou ser abandonada. Dois dias depois do acidente, um novo desmoronamentoflamengogloboesporterocha atingiu o tuboflamengogloboesporteventilação que serviria como saída alternativa. Ele foi totalmente destruído, e a passagem, bloqueada. O então ministro da Mineração chileno, Laurence Golborne, que acompanhava os trabalhosflamengogloboesporteperto, resumiu a situação. "O caminho mais fácil e mais lógico agora está bloqueado. Especialistas terãoflamengogloboesporteencontrar outras alternativas, mas essas serão mais difíceis e levarão mais tempo." Ninguém ainda sabia se os mineiros estavam vivos.
flamengogloboesporte A busca pelos 33
Foram diasflamengogloboesporteangústia, especialmente para os parentes dos trabalhadores soterrados, que montaram um acampamento diante da mina. Eles temiam que o grupo viesse a morrer caso não fosse encontrado logo. Sabia-se que, caso tivessem sobrevivido e conseguido se instalar no abrigo subterrâneo, eles tinham comida para apenas alguns dias.
Na superfície, foram instaladas nove sondasflamengogloboesporteperfuração, normalmente usadas para procurar minérios. Dessa vez, seriam usadas para encontrar 33 pessoas. Cada máquina perfurava um buraco no soloflamengogloboesporte15 centímetrosflamengogloboesportediâmetro e seguia, cuidadosamente, para debaixo da terra numa tentativaflamengogloboesporteachar sobreviventes. Muitas vezes tinhamflamengogloboesportefazer desvios para contornar rochas impenetráveis. Com câmerasflamengogloboesportesuas extremidades, as sondas enviavam imagens que eram avaliadas pelos técnicos. O refúgio da mina, localizado num dos pontos mais profundos, seria a última parte a ser atingida pelas sondas emflamengogloboesportevarredura. Enquanto isso, mais e mais parentes e amigos concentravam-se no acampamento montadoflamengogloboesportefrente à mina, com cartazes, mensagensflamengogloboesporteapoio e orações - além da imprensa, que informava o mundo sobre o drama chileno.
Passadas duas semanas, não havia confirmação sobre o estado ou localização dos mineiros. Apenas 17 dias após o acidente,flamengogloboesporte22flamengogloboesporteagosto, veio o primeiro sinalflamengogloboesportevida do fundo da mina. Uma das sondas finalmente chegou a um túnel próximo ao refúgio. Os operadores das sondas ouviram o que acreditavam ser sons vindo daquela área, possivelmente alguma tentativaflamengogloboesportecomunicação.
Quando puxaram a sondaflamengogloboesportevolta à superfície, ela trazia a surpresa que mudou os rumos da tragédiaflamengogloboesporteSan José. Um pequeno bilhete havia sido anexado pelos mineiros à lateral da sonda, uma mensagem que entraria para a história: "Estamos bem no refúgio os 33". Era a informação que parentes, colegas, autoridades e o mundo todo esperavam ouvir. Presente ao local, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, exibiu eufórico a mensagem com a mão e, dianteflamengogloboesporterepórteres e câmerasflamengogloboesporteTV, repetia seu conteúdo.
Citada pela agênciaflamengogloboesportenotícias Reuters, Elisa Barros, irmãflamengogloboesporteum dos mineiros preso na mina, dizia que a nota enviada por eles mudava completamente a expectativaflamengogloboesportetodos. "A espera é bem diferente agora. É uma espera livreflamengogloboesporteangústia. Não acabou ainda, mas temos muito mais esperança num final feliz." A rede CBS, que como toda a imprensa dos Estados Unidos também acompanhava o drama chileno, também registrou o alívioflamengogloboesporteparentes que acompanhavam as operações. "Eu estou feliz, feliz", disse uma das filhasflamengogloboesporteMario Gómez, segundo a CBS. "Pela primeira vez, eu vou conseguir dormir tranquila."
Sobreviver por longos 17 dias a 720 metros embaixo da terra já fora um feito admirável. O grupo passou o tempo todo racionando os mantimentos que ficavam estocados no refúgio. Cada um alimentou-seflamengogloboesporteapenas duas colheresflamengogloboesporteatum, um poucoflamengogloboesporteleite e metadeflamengogloboesporteum biscoito a cada 48 horas. Estimava-se que cada um tivesse perdido cercaflamengogloboesporte8 ou 9 quilos. Essa fase, no entanto, ficara para trás. Com a bem-sucedida escavação feita pela sonda, as equipes trabalhando na superfície tinham agora um túnelflamengogloboesporte15 centímetros como canalflamengogloboesportecontato com os mineiros soterrados. Pelo túnel, foram logo enviados glicose, medicamentos, oxigênio e cápsulasflamengogloboesportereidratação. Um cabo telefônico foi instalado para comunicação, e uma pequena celebração marcou a primeira chamada, atendida pelo ministro das Minas, Laurence Golborne. Do outro lado da linha, estava o chefeflamengogloboesporteturno, Luiz Urzúa. "Estamos bem, esperando pelo resgate."
Uma câmeraflamengogloboesportevídeo também chegou ao grupo, e as imagens recebidas mostravam os mineiros sem camisa, já que enfrentavam constantes temperaturasflamengogloboesportemaisflamengogloboesporte30 graus Celsius e uma alta taxaflamengogloboesporteumidade. Os parentes passaram a lhes enviar mensagensflamengogloboesporteapoio. Ao todo, três pequenos túneis para envioflamengogloboesportemantimentos e para comunicação seriam cavados. Aos engenheiros e às autoridades, porém, o principal objetivo era perfurar um caminho largo o suficiente para trazer os mineirosflamengogloboesportevolta à superfície, com um equipamento que garantisse a eficácia e a segurança da empreitada.
flamengogloboesporte A longa espera
Depois da emocionante descobertaflamengogloboesporteque estavam todos vivos, sabia-se que o mais difícil estava por vir. A espera seria longa, como avisou o presidente Piñera. "Levará meses para retirá-los." Mais precisamente, segundo o engenheiro-chefe da operação, Andres Sougarret, "pelo menos quatro meses" - o que significava um resgate apenas no fimflamengogloboesportedezembro. Nesse período, além da escavação do túnel pelo qual eles seriam resgatados, seria necessário garantir a saúde dos mineiros e preparar o equipamento para a difícil missão. Decidiram então buscar a ajudaflamengogloboesportequem entendeflamengogloboesportemissões: a Nasa, agência espacial americana.
Segundo a Nasa,flamengogloboesporteparticipação começou com propostas sobre como manter os trabalhadores bem, tanto física como mentalmente. "O apoio inicial da Nasa para 'Os 33' incluiu recomendaçõesflamengogloboesportecuidado médico, nutrição e apoio psicológico", diz um relatório da agência sobre a colaboração com os chilenos. Dois médicos da Nasa fizeram várias recomendações, entre elas: exercícios moderados para que eles mantivessem a massa muscular; mudar a dieta para reduzir o consumoflamengogloboesporteoxigênio e a produçãoflamengogloboesportegás carbônico num espaço fechado - "algo que a Nasa havia estudado para o ônibus espacial"; e manter uma rotinaflamengogloboesportesono, "o que é chave para o estadoflamengogloboesporteespírito e estabilidade social". Na área psicológica, os profissionais da agência espacial recomendaram medidas como estabelecer uma programação regular para o contato com familiares e amigos, administrar as dinâmicasflamengogloboesportegrupo - "as tensões podem aumentar com muitas pessoas num pequeno espaço fechado" - e apoio e aconselhamento às famílias dos mineiros.
A comunidade criada na porta da mina San José seguia cada dia mais vibrante. A movimentação logo se tornou uma pequena vila, com centenasflamengogloboesportepessoas, e ganhou um nome: Acampamento Esperança. Do subterrâneo, chegavam vídeos com depoimentos do mineiros, mostrando como eles haviam sobrevivido até então e como viviam embaixo da terra. Sua base era o refúgioflamengogloboesporte50 metros quadrados, mas eles também podiam se movimentarflamengogloboesporteoutros túneis da mina, pelos quais chegaram a tentar encontrar alguma possível saída, sem sucesso.
Em uma das gravaçõesflamengogloboesportevídeo, Mario Sepúlveda mostrou o tanqueflamengogloboesporteágua, da qual dependiam e que faziam o possível para manter limpa. "Nós temos tirado água daqui. Com essa água, nós temos nos mantido. Pedimos a Deus que essa água não nos deixe doentes. Graças a Deus, não nos deixou." Sepúlveda também mostrouflamengogloboesportevídeo o localflamengogloboesporteque, segundo ele, o grupo preparouflamengogloboesporteprimeira refeição após o acidente, cozinhando atum enlatado e uma sopa. "Aqui nós nos reunimos, e foi muito lindo e emocionante." Sepúlveda então disse diante da câmera: "Nós apreciaríamos muito se você pudesse contar às nossas famílias que nós os amamos muito".
A tecnologia lhes permitiu até assistir a um amistosoflamengogloboesportefutebol entre Chile e Ucrânia, usando um projetor e um caboflamengogloboesportealta velocidade. A derrota da seleção chilena por 2 a 1 não tirou o valor da experiênciaflamengogloboesporteentretenimento compartilhado com o mundo exterior. Para mineiros fumantes, lidar com o vício era um desafio adicional. Sem acesso a cigarros - as equipes médicas recusaram-se a enviá-los -, mineiros fumantes recebiam adesivosflamengogloboesportenicotina que colocavamflamengogloboesporteseus braços. Para o grupo como um todo, a fé oferecia confiançaflamengogloboesporteque o drama teria final feliz. Enquanto os mineiros rezavam e exibiam crucifixos, aqueles na superfície receberam uma imagem da Virgem Maria e a visitaflamengogloboesporterepresentantes da Igreja Católica. Em Roma, o papa Bento XVI rezava pelos mineiros, que lhe enviaram uma bandeira do Chile assinada por todos.
flamengogloboesporte O resgate
Três operaçõesflamengogloboesporteperfuração foram realizadas para tentar criar o túnelflamengogloboesporteresgate - plano A, plano B e plano C. O primeiro utilizou a perfuradora Strata 950 para abrir um caminho novo e atingir uma profundidadeflamengogloboesporte702 metros. Lento, ele indicava uma conclusão apenasflamengogloboesportefinsflamengogloboesportedezembro. Surgiram outras opções mais rápidas. No fimflamengogloboesporteagosto, apareceu um plano B, que previa uma diferente tecnologia e aproveitaria um dos pequenos canais já usados para o envioflamengogloboesportemantimentos. A perfuradora Schramm T130 escavariaflamengogloboesportetorno do estreito túnel já existente, tornando-o largo o suficiente para transportar um mineiro dentroflamengogloboesporteuma cápsula. Isso reduziriaflamengogloboesportedois meses o prazoflamengogloboesporteconclusão dos trabalhos -flamengogloboesportedezembro para outubro. A Schramm T130, porém, enfrentou problemas, quebrando duas vezes na operação. Com uma primeira escavação ainda estreita, atingiu seu destino, um ponto a 624 metrosflamengogloboesporteprofundidade. Uma segunda escavação, porém, era necessária para alargar o túnel e permitir a retirada dos trabalhadores.
Um plano C parecia a alternativa ainda mais rápida: a utilizaçãoflamengogloboesporteuma sondaflamengogloboesporteperfuração para a procuraflamengogloboesportepetróleo, a RIG-421. Com uma estrutura enorme, ela foi transportada até a mina por vários caminhões,flamengogloboesportepartes, para ser montada no próprio local - o que levou vários dias. Seu alvo era um ponto mais próximo da superfície, a uma profundidadeflamengogloboesporte567 metros. Alémflamengogloboesporterápida, a RIG-421 precisava apenasflamengogloboesporteuma escavação para criar o túnel, já na largura necessária para a retirada dos mineiros.
Enquanto isso, engenheiros da Marinha chilena projetavam a cápsula que traria os trabalhadoresflamengogloboesportevolta à superfície, tarefa que também contou com o auxílio da Nasa. BatizadaflamengogloboesporteFénix, ela transportaria cada mineiro individualmente e precisava contar com dispositivos que garantissem o sucesso da operação e a segurançaflamengogloboesportequem estivesseflamengogloboesporteseu interior. A Nasa fez ao todo 75 recomendações, entre elas a inclusãoflamengogloboesporteum alçapão no chão da cápsula e pequenas rodas nas suas laterais. "As rodas amorteceriam a viagem à superfície, reduzindo o atrito com as paredes do túnel e reduzindo a possibilidadeflamengogloboesportea cápsula ficar presa no meio do caminho", explica o relato da Nasa. Caso assim mesmo a cápsula parasseflamengogloboesportesubir, o alçapão permitiria que o mineiro saísse pela parteflamengogloboesportebaixo e descesse com uma cordaflamengogloboesportevolta ao abrigo. O resultado final foi uma cápsulaflamengogloboesporteaçoflamengogloboesporte3,9 metrosflamengogloboesportealtura na parte externa, 1,90 metro do ladoflamengogloboesportedentro, 54 centímetrosflamengogloboesportediâmetro e um pesoflamengogloboesporte420 quilos.
Em 25flamengogloboesportesetembroflamengogloboesporte2010 - 51 dias depois do acidente -, chegou à mina San José a primeira Fénix, pintadaflamengogloboesporteazul, vermelho e branco, as cores da bandeira do Chile. Ao ser apresentada à imprensa, parentes dos mineiros puderam inspecionarflamengogloboesporteperto o equipamento. Carolina Lobos, filhaflamengogloboesporteum dos mineiros presos na mina, entrou na cápsula e aprovou o que viu. Foram produzidas três unidades da Fénix para o resgate - ter uma cópia idêntica na superfície possibilitaria entender mais facilmente a ocorrênciaflamengogloboesportealgum problema técnico.
flamengogloboesporte A volta à superfície
Dois três planosflamengogloboesporteescavação, apenas um atingiu seu objetivo. Plano A foi abandonado no inícioflamengogloboesporteoutubro, tendo chegado a 598 metros - 104 metros aquém do necessário. Apesar da grande expectativa, a enorme sonda petrolífera do plano C provou-se incapazflamengogloboesportesuperar as dificuldades do tipoflamengogloboesportesubsolo do local e cavou apenas 373 metros.
O plano B, no entanto, foi um sucesso. Apesarflamengogloboesportedois episódiosflamengogloboesporteque parte do equipamento quebrou, a perfuradora Schramm T130, fabricada por uma empresa da Pensylvannia, nos Estados Unidos, conseguiu alargar o túnel até os 624 metros necessários. No dia 9flamengogloboesporteoutubro, pouco depois das 8h da manhã, horário local, a perfuradora chegou a seu objetivo, momento celebrado com grande emoção pelos técnicos na superfície.
Com o túnel pronto e uma das três cápsulas, Fénix 2, preparada para o transporte dos mineiros, os maiores desafios haviam sido vencidos. Trazê-los à superfície, no entanto, ainda era uma tarefa delicada. Todo cuidado era pouco. A cápsula contava com luz, um dispositivoflamengogloboesportecomunicação e três tanquesflamengogloboesportear, oferecendo 90 minutosflamengogloboesporterespiração para emergências. Cada mineiro subiria usando óculos escuros, para evitar o choque dos olhos com a luz exterior. Em média, a viagem na cápsula levaria cercaflamengogloboesporte15 minutos.
Na noiteflamengogloboesporteterça-feira, 12flamengogloboesporteoutubro, após um bem-sucedido teste com a cápsula vazia no dia anterior, estava tudo pronto. Pouco depois das 23h, um integrante da equipeflamengogloboesporteresgate, Manuel González, entrou na Fénix 2 para ser enviado aonde estavam os mineiros. Na volta à superfície, a cápsula começou a trazer Florencio Ávalos, o primeiro a ser resgatado. Às 0h10 do dia 13, diante dos olhos ansiososflamengogloboesportetodos e da expectativa do mundo inteiro, a Fénix 2 reapareceu na superfície. De dentro dela, diante das câmerasflamengogloboesporteTV que transmitiam a cena ao vivo para os quatro cantos do mundo, saiu Ávalos. O minieiro logo abraçou seu filho Bairo,flamengogloboesportesete anos, que não conseguia conter o choro. Um abraço emflamengogloboesporteesposa,flamengogloboesportecolegas e no presidente Sebastian Piñera completaram o tocante momento.
Seriam 23 horasflamengogloboesporteoperação. Quando saiu da Fénix 2 o segundo mineiro, o cativante Mario Sepúlveda, conhecido como "Super Mario", o clima emocionado da chegadaflamengogloboesporteÁvalos transformou-seflamengogloboesportefesta. Sepúlveda foi recebido pela esposa e distribuiu aos presentes pedras que trouxera como lembranças. Abraçou colegas, o ministro, o presidente e a primeira-dama, Cecilia Morel. Caiu nos braçosflamengogloboesporteoutros colegas que acompanhavam a cena mais afastados e puxou o tradicional grito "Chi, chi, chi!! Le, Le, Le!!! MinerosflamengogloboesporteChile!!!". Quase um dia inteiro depois, às 21h55 do dia 13, chegou à superfície o último dos 33, Luis Urzúa, o chefe da equipe. Manuel González, o primeiroflamengogloboesporteseis integrantes das equipesflamengogloboesporteresgate que ajudaram os trabalhadores no retorno, continuava no mundo subterrâneo. Foi erguido pouco depois, a última pessoa a deixar as profundezas da mina San José.
flamengogloboesporte Celebração e perguntas
Os meses seguintes foramflamengogloboesportepermanente comemoração. Assim que deixaram a mina, os 33 mineiros foram hospitalizados, mas nenhum sofriaflamengogloboesporteproblemas físicos graves. Todos foram então recebidos como heróis por onde passavam, o que incluiu uma viagem paga pela Disney ao parque Disney World, na Flórida (EUA), com direito a desfile ao ladoflamengogloboesporteMickey Mouse. Vieram presentes, como motocicletas da fabricante Kawasaki, e mesmo doaçõesflamengogloboesportedinheiro. Um dos resgatados, Edison Peña, foi entrevistado no famoso talk showflamengogloboesporteDavid Letterman, na TV americana, quando fez uma breve imitaçãoflamengogloboesporteElvis Presley. O drama dos mineiros virou filme, "Os 33", com Antonio Banderas e Juliette Binoche, lançadoflamengogloboesporte2015. Os mineiros do Chile eram celebridades internacionais.
O presidente Sebastián Piñera também aproveitou a popularidade proporcionada pelo drama. Quando viajou a Londres, aindaflamengogloboesporteoutubroflamengogloboesporte2010, numa visita marcada meses antes, o jornal The Guardian o chamouflamengogloboesporte"possivelmente o político mais popular do mundo no momento". Piñera entregou rochas trazidas da mina San José ao então premiê David Cameron e à rainha Elizabeth II. Esteve também na França e na Alemanha - e por onde ia fazia questãoflamengogloboesportemostrar uma cópia do bilhete escrito pelos mineiros. A Fénix 2 foi colocada no Museo Regional do Atacama,flamengogloboesporteCopiapó, enquanto um outro exemplar da cápsula Fénix rodou o mundo, exibidoflamengogloboesportemuseus.
No Chile, depois das celebrações vieram perguntas sobre causas e responsabilidades pelo acidente. Muitos diziam que os mineiros haviam sido vítimas das pressões econômicas para que a mina fosse explorada. A mineração é historicamente uma das mais importantes atividades do Chile -flamengogloboesporte2019, representava cercaflamengogloboesporte10% do PIB (Produto Interno Bruto) do país e cercaflamengogloboesporte50% das exportações. O principal minério explorado é o cobre, do qual o Chile é o maior produtor mundial e cuja participação chilena no mercado global éflamengogloboesporteaproximadamente 30%.
A mina San José,flamengogloboesporteonde era retirado cobre e ouro, foi abertaflamengogloboesporte1889. Era a únicaflamengogloboesportepropriedade da San Esteban Mining Company, uma mineradoraflamengogloboesportemédio porte. Muitos argumentavam que a San José não deveria estar funcionando naquele fatídico 5flamengogloboesporteagostoflamengogloboesporte2010, mas a realidade do país e da indústria pareciam ter falado mais alto. A década antes do acidente foi um períodoflamengogloboesportecrescimento da produçãoflamengogloboesportecobre, com preços altos no mercado internacional e forte demanda. Isso teria aumentado a pressão para que qualquer mina que pudesse ser explorada fosse aproveitada - mesmo sem plenas condiçõesflamengogloboesportesegurança.
Em 2007, a San José havia sido fechada pelas autoridades, depois da morteflamengogloboesporteum trabalhador. Entre as exigências paraflamengogloboesporteabertura estava a criaçãoflamengogloboesporteum segundo caminho para a superfície. Essa segunda saída nunca foi construída, mas a San José reabriu assim mesmo,flamengogloboesporte2008. Por situações como essa, muitos na região chamavam os mineiros que trabalhavam no local eflamengogloboesporteoutras minas locaisflamengogloboesporte"kamikazes" - ou suicidas. Vinte dias depois do acidente, as autoridades chilenas se movimentaram: fecharam 18 minas, após uma nova avaliaçãoflamengogloboesportesuas condições. Algumas sofriam do mesmo problema da San José: faltaflamengogloboesportepelo menos duas vias para evacuação dos trabalhadoresflamengogloboesportecasoflamengogloboesporteacidente. Outras falhavamflamengogloboesportediferentes quesitos, como ter poucos túneisflamengogloboesporteventilação ou áreasflamengogloboesporterefúgio subterrâneas.
Sobre o acidenteflamengogloboesporte2010, porém, perguntas ficaram sem respostas. Em agostoflamengogloboesporte2013, a Justiça chilena encerrou as investigações sobre o acidente sem o indiciamentoflamengogloboesporteninguém. Segundo o promotorflamengogloboesporteAtacama Héctor Mella Farías, os três anosflamengogloboesporteinvestigação não identificaram elementos suficientes para responsabilizar os proprietários da mineradora San Esteban. Os mineiros protestaram, e o ex-ministro Golborne chamou a decisãoflamengogloboesporte"terrível".
Poucos anos depois, a fama repentina e breve não havia produzido um futuro próspero para os 33. A maioria continuava sem trabalho fixo e reclamava da faltaflamengogloboesporteoportunidades. Segundo eles, mineradoras chilenas recusavam-se a contratá-los por saber que denunciariam irregularidades na segurança e nas condiçõesflamengogloboesportetrabalho. Traumas psicológicos decorrentes da terrível experiência ainda acompanhavam muitos do grupo, para os quais a volta a uma vida normal ainda estava distante. Em entrevista ao diário britânico The Daily Mail,flamengogloboesporte2014, Mario Sepúlveda disse que estava prestes a voltar a trabalhar nas minas, por faltaflamengogloboesporteopção. "Tenho fama, mas não tenho dinheiro. É a pior coisa possível." Ele dizia que os mineiros haviam sido esquecidos. "Por alguns meses fomos superestrelas. Mas aos poucos o mundo se esqueceuflamengogloboesportenós e nos deixou sofrendoflamengogloboesportesilêncio."
Este artigo é parte da série "21 Histórias que Marcaram o Século 21", da BBC News Brasil.
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