A outra epidemia: EUA têm recordezalagam 1xbetmortes por overdosezalagam 1xbetanozalagam 1xbetcovid-19:zalagam 1xbet

Vítimazalagam 1xbetoverdose sendo atendida por paramédicos nos arredoreszalagam 1xbetBoston,zalagam 1xbetfotozalagam 1xbet2017

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Vítimazalagam 1xbetoverdose sendo atendida por paramédicos nos arredoreszalagam 1xbetBoston,zalagam 1xbetfotozalagam 1xbet2017; novo recordezalagam 1xbetcasos é esperado nos EUA neste ano, sob aparente influência da pandemia do coronavírus

Em algumas cidades, como San Francisco, o númerozalagam 1xbetmortes por overdosezalagam 1xbetdrogas neste ano já é bem maior do que o númerozalagam 1xbetóbitos por covid-19. Até o fechamento desta reportagem, a cidade californiana registrava 182 morteszalagam 1xbetdecorrência do coronavírus e 621 por overdose.

Quando os dados finaiszalagam 1xbet2020 estiverem disponíveis, a expectativa ézalagam 1xbetque este tenha sido o ano mais mortalzalagam 1xbetuma epidemia que assola os Estados Unidos há décadas e que, segundo especialistas, foi agravada pela pandemiazalagam 1xbetcovid-19.

Apesarzalagam 1xbetressaltar que as mortes por overdose já vinham aumentando antes mesmo da chegada do coronavírus, o CDC afirma que a pandemia e as medidas adotadas para conter a doença tiveram impacto negativo.

"O aumento nas mortes por overdosezalagam 1xbetdrogas parece ter sido acelerado pela pandemiazalagam 1xbetcovid-19", diz a agência. "O maior aumento foi registradozalagam 1xbetmarço a maiozalagam 1xbet2020, coincidindo com a implementaçãozalagam 1xbetamplas medidaszalagam 1xbetmitigação da pandemiazalagam 1xbetcovid-19."

Drogas ilícitas

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Epidemiazalagam 1xbetopioides nos EUA é divididazalagam 1xbetondas, começando por remédios prescrevidos por médicos e culminando com drogas sintéticas ilícitas e metanfetamina

Epidemiazalagam 1xbetondas

Segundo o CDC, maiszalagam 1xbet750 mil pessoas morreram por overdosezalagam 1xbetdrogas nos Estados Unidos desde 1999. Especialistas costumam dividir a epidemiazalagam 1xbetopioideszalagam 1xbetondas, a primeira delas iniciada na décadazalagam 1xbet1990 e provocada por analgésicos opiáceos obtidos com receita médica.

Com o tempo, diante das evidênciaszalagam 1xbetque esses remédios contra a dor provocavam dependência e estavam gerando uma crisezalagam 1xbetsaúde pública, médicos passaram a ter mais cautela ao prescrever. Sem acesso a prescrição médica, muitos dependentes começaram a recorrer à heroína, mais barata e fácilzalagam 1xbetobter, levando a uma segunda onda.

A terceira ondazalagam 1xbetmortes por overdose começou a partirzalagam 1xbet2016, quando opioides sintéticos, especialmente o fentanil fabricadozalagam 1xbetmaneira ilícita, começaram a entrar com força no mercado ilegalzalagam 1xbetdrogas. Inicialmente concentradas na Costa Leste, essas drogas se espalharam por todo o país.

Produzidozalagam 1xbetlaboratórios clandestinos, o fentanil é extremamente potente e muitas vezes usado para adulterar heroína. Há também comprimidos falsificados vendidos como analgésicos e contendo fentanil. Em outros casos, os usuários optam pelo fentanilzalagam 1xbetmaneira intencional.

"(A epidemiazalagam 1xbetdrogas) é semelhante à covid-19. Falamoszalagam 1xbetmutação do vírus. Mas a crisezalagam 1xbetopioides também continua evoluindo e se transformando", diz à BBC News Brasil o professorzalagam 1xbetmedicina Dan Ciccarone, da Universidade da Califórniazalagam 1xbetSan Francisco.

"Neste momento, enquanto conversamos, está se transformando novamente, desta vezzalagam 1xbetuma epidemiazalagam 1xbetmetanfetamina. Estamos entrando na quarta onda desta crise", afirma Ciccarone, que estuda a epidemiazalagam 1xbetopioides há vários anos.

O agravamento atual da crise ocorre depoiszalagam 1xbetum breve períodozalagam 1xbetmelhora. Em 2018, o númerozalagam 1xbetmortes por overdose nos Estados Unidos caiu pela primeira vezzalagam 1xbet25 anos. Naquele ano, foram registrados 67.367 óbitos, reduçãozalagam 1xbet4,1% sobre 2017.

Paciente com overdose sendo tratadazalagam 1xbetambulância

Crédito, Science Photo Library

Legenda da foto, "(A epidemiazalagam 1xbetdrogas) é semelhante à covid-19. Falamoszalagam 1xbetmutação do vírus. Mas a crisezalagam 1xbetopioides também continua evoluindo e se transformando"

"As mortes por fentanil ainda estavam crescendo, mas a redução no númerozalagam 1xbetmortes envolvendo analgésicos e heroína levou a essa leve quedazalagam 1xbet2018", diz à BBC News Brasil médico especialistazalagam 1xbetabusozalagam 1xbetdrogas Andrew Kolodny, da Universidade Brandeis, no Estadozalagam 1xbetMassachusetts.

"Eu tinha esperançazalagam 1xbetque fosse o iníciozalagam 1xbetuma tendência positiva. Infelizmente, eu estava errado", observa Kolodny.

O impacto do coronavírus

As mortes voltaram a crescerzalagam 1xbet2019, ultrapassando 70 mil e impulsionadas pelo fentanil fabricado ilegalmente e por outros opioides sintéticos ilícitos. Especialistas acreditam que essa alta, reiniciada no ano passado, tenha sido acelerada pela pandemiazalagam 1xbetcoronavírus.

O impacto só poderá ser completamente analisado quando os dados finaiszalagam 1xbet2020 forem divulgados, dentrozalagam 1xbetalguns meses. Mas há várias maneiras pelas quais a pandemia pode ter agravado a crise e interferido na capacidadezalagam 1xbettratar os dependentes.

Os lockdowns e medidaszalagam 1xbetdistanciamento adotados para combater o coronavírus levaram a interrupçõeszalagam 1xbetserviços sociais ezalagam 1xbetsaúde. Consultas médicas e sessõeszalagam 1xbetaconselhamentozalagam 1xbetgrupo foram reduzidas. O isolamento pode ter levado muitos a usarem drogas sozinhos, sem ter a quem recorrerzalagam 1xbetcasozalagam 1xbetoverdose, o que aumenta o riscozalagam 1xbetmorte.

Alguns especialistas lembram que a crise econômica e a alta no desemprego afetaram a rendazalagam 1xbetmuitos usuários. Sem dinheiro, podem ter reduzido o uso e, assim, diminuídozalagam 1xbettolerância à droga, o que aumenta o riscozalagam 1xbetoverdose quando voltam a consumir como antes.

"Não questiono que a pandemiazalagam 1xbetcovid-19 tenha tido um grande impacto, já que seres humanos são suscetíveis a problemaszalagam 1xbetsaúde mental durante isolamento", afirma Ciccarone.

"Mas quero ressaltar que a epidemiazalagam 1xbetopioides nunca desapareceu. As mortes por overdose voltaram a aumentarzalagam 1xbet2019, bem antes do coronavírus. E quando a covid-19 deixarzalagam 1xbetdominar as manchetes, vamos acordar para o fatozalagam 1xbetque temos uma crisezalagam 1xbetopioides contínua ezalagam 1xbetevolução."

Ciccarone diz esperar que o novo governo "passezalagam 1xbetretórica para ação" ao tratar a epidemiazalagam 1xbetdrogas primeiramente como uma questão médica ezalagam 1xbetsaúde pública.

"(Já) temos boa retórica, que diz que deve ser tratada como uma crisezalagam 1xbetsaúde pública. Mas certamente ainda não foi feito o suficiente", afirma. "Sabemos o que é necessário fazer. Precisamoszalagam 1xbetrecursos."

Programazalagam 1xbetatendimento a viciadoszalagam 1xbetopioideszalagam 1xbetBaltimore,zalagam 1xbetfotozalagam 1xbetjulhozalagam 1xbet2020

Crédito, EPA

Legenda da foto, Programazalagam 1xbetatendimento a viciadoszalagam 1xbetopioideszalagam 1xbetBaltimore,zalagam 1xbetfotozalagam 1xbetjulhozalagam 1xbet2020; "É necessário que seja mais fácil para um dependente conseguir tratamento do que conseguir drogas", diz especialista

Desafios para o novo governo

Kolodny também diz que, apesarzalagam 1xbetatualmente políticos liberais e conservadores concordarem que este é um problemazalagam 1xbetsaúde pública, as medidas adotadas para enfrentar a crisezalagam 1xbetopioides ainda são insuficientes.

"Hoje ouvimos muito,zalagam 1xbetambos os partidos, que este é um problema médico e que os dependentes precisamzalagam 1xbettratamento, nãozalagam 1xbetcadeia. E não é só da boca para fora, é sincero. Mas (apesar disso) ainda não estamos tratando como um problemazalagam 1xbetsaúde pública", afirma.

No iníciozalagam 1xbetseu mandato, o presidente Donald Trump declarou a epidemiazalagam 1xbetdrogas uma emergência nacionalzalagam 1xbetsaúde e adotou medidas para ampliar o acesso a tratamentos e medicamentos contra dependência, especialmentezalagam 1xbetáreas rurais.

Seu governo reservou US$ 3,4 bilhões (cercazalagam 1xbetR$ 17,7 bilhões) para prevenção e tratamento nos Estados e focouzalagam 1xbetações para restringir a ofertazalagam 1xbetdrogas. Nos últimos anos, houve ampliação do usozalagam 1xbetnaloxona, medicamento para reverter overdoses, ezalagam 1xbetprogramaszalagam 1xbettrocazalagam 1xbetseringas.

Mas as medidas não foram suficientes para reverter a crise, e o novo governo terázalagam 1xbetenfrentar o desafio duplo na áreazalagam 1xbetsaúde, com o agravamento da epidemiazalagam 1xbetdrogas ao mesmo tempozalagam 1xbetque a pandemiazalagam 1xbetcoronavírus continua a assolar o país.

Durante suas quatro décadas no Senado, Biden assumiu posições que favoreciam medidas duraszalagam 1xbetlei e ordem no combate às drogas, incluindo longas penaszalagam 1xbetprisão. Ele teve papel importante na aprovaçãozalagam 1xbetleis que, segundo críticos, levaram a disparidades raciais no sistemazalagam 1xbetjustiça. Mas, nos últimos anos, mudouzalagam 1xbetpostura.

Na campanha, Biden falou sobre a luta do filho, Hunter, contra o abusozalagam 1xbetdrogas. Ele divulgou um planozalagam 1xbetdistribuir US$ 125 bilhões (cercazalagam 1xbetR$ 650 bilhões) para que os Estados invistamzalagam 1xbetprevenção, tratamento e recuperação, e prometeu ampliar o acesso a tratamentos com medicação, acabar com penaszalagam 1xbetprisão para usozalagam 1xbetdrogas e responsabilizar empresas farmacêuticas por seu papel na epidemia.

Especialistas dizem que, para que o númerozalagam 1xbetmortes comece a cair, é necessário um investimento pesado ezalagam 1xbetlongo prazo.

"Precisamoszalagam 1xbetuma expansão dramática no acesso a tratamento eficaz, e ainda não vimos isso", ressalta Kolodny. "É necessário que seja mais fácil para um dependente conseguir tratamento do que conseguir drogas."

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