As ideiasjogar truco apostadoum sobrevivente do Holocausto que podem ajudar a reduzir violência policial nos EUA:jogar truco apostado

Dr Ervin Staub
Legenda da foto, Ervin Staub estuda há décadas a psicologia por trás da violência;jogar truco apostadoum contextojogar truco apostadoquestionamento da polícia nos EUA, suas ideias começam a ganhar uso prático

"Ela cuidoujogar truco apostadonós", ele recorda à BBC. "Eu estava ao lado dela e da minha irmã quando os tanques alemães entraramjogar truco apostadoBudapeste."

Por um período, Staub e a irmã se passaram por parentes do interior que tinham vindo visitar Gogan.

Depois, quando a mãejogar truco apostadoStaub conseguiu documentos assinados pelo diplomata sueco Raoul Wallenberg, a família se mudou para um lugar proximo mais seguro.

Para Staub, Gogan foi como uma segunda mãe e passou a morar com eles, arriscandojogar truco apostadovida ao levar comida para a família judaica e ao entregar uma carta destinada ao paijogar truco apostadoStaub, através dos arames farpadosjogar truco apostadoum campojogar truco apostadoconcentração.

Foi graças ajogar truco apostadogentileza que Staub ejogar truco apostadofamília sobreviveram à Segunda Guerra. E, passados os anos do conflito e mais uma décadajogar truco apostadoregime comunista na Hungria, Staub fugiu para os EUA, onde estudou a psicologia da violência, do genocídio e da moralidade.

Tropas soviéticasjogar truco apostadoBudapestejogar truco apostado1945

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Até a libertação pelas tropas soviéticas, a Hungria esteve sob domínio nazista na Segunda Guerra

Ruanda

Ele obteve um PhD no tema na Universidadejogar truco apostadoStanford e virou professorjogar truco apostadoHarvard, antesjogar truco apostadoaplicar na prática suas teorias sobre prevençãojogar truco apostadodanos.

Para um projetojogar truco apostadoRuanda, por exemplo, ele tentou promover açõesjogar truco apostadoreconciliação depois do genocídiojogar truco apostado1994 - episódiojogar truco apostadoque, no intervalojogar truco apostadoapenas cem dias, 800 mil pessoas (membros da minoria tutsi e adversários políticos) foram massacradas por extremistas da etnia hutu.

Adequadamente, o mais recente livrojogar truco apostadoStaub é intitulado The Roots of Goodness and Resistance to Evil (As raízes do bem e a resistência ao mal,jogar truco apostadotradução livre).

Força bruta

Hojejogar truco apostadodia, a dedicaçãojogar truco apostadoStaub não é curar feridasjogar truco apostadogenocídios, mas sim combater o uso excessivo da força na polícia americana.

E, para esse desafio, ele teve uma ideia simples, que se ampara no papel ativojogar truco apostadoespectadores, como o que Maria Gogan e o diplomata sueco tiveram emjogar truco apostadoprópria vida.

"Eles foram espectadores ativos e heróicos, que se colocaramjogar truco apostadogrande perigo", diz Staub. "Tiveram uma grande influência na minha motivaçãojogar truco apostadoestudar o que leva uma pessoa a ajudar as demais."

Aos 82 anos, Staub tem vivido uma redescobertajogar truco apostadosua escolajogar truco apostadopensamento.

Seu conceitojogar truco apostadoespectador ativo começa a ganhar traçãojogar truco apostado2020, quando a violência policial e a injustiça racial entraramjogar truco apostadodebate nos EUA a partir da mortejogar truco apostadoGeorge Floyd ejogar truco apostadooutros afro-americanos. Desse debate surgiram clamores para esforçosjogar truco apostadoreforma policial.

Ervin Staub na juventude
Legenda da foto, Staub fugiujogar truco apostadoViena para os EUA, onde se radicou

No momento, maisjogar truco apostado30 departamentos policiais pelo país estão implementando um programajogar truco apostadotreinamento baseado nas ideiasjogar truco apostadoStaub.

Ele se aposentou há temposjogar truco apostadoseu cargojogar truco apostadoprofessor na Universidadejogar truco apostadoMassachusetts, onde criara um curso PhDjogar truco apostadopsicologia da violência. E pensavajogar truco apostadose aposentarjogar truco apostadovez neste ano, mas a demanda pelo seu treinamento o colocou no centro do movimento pela reforma policial,jogar truco apostadoplena pandemia.

Com uma curiosidade juvenil que desafia ajogar truco apostadoidade, Staub se familiarizou com as circunstânciasjogar truco apostado2020, desde conferênciasjogar truco apostadovídeo no Zoom até as demandas do movimento Black Lives Matter.

Se os tempos mudaram, para Staub os princípios do treinamento policial ético parecem estar no auge.

"Algumas pessoas querem tirar o financiamento dos departamentos policiais", afirma Staub. "Nós realmente precisamos da polícia, mas também precisamosjogar truco apostadouma transformação nos departamentos policiais."

O treinamento, chamado Policiamento Ético É Corajoso (EPIC, na siglajogar truco apostadoinglês) estimula os policiais a intervir se virem errosjogar truco apostadoconduta entre os colegas. Foi primeiro adotadojogar truco apostado2014, pela polícia da cidadejogar truco apostadoNova Orleans.

O ponto-chave é que ele enfatiza a responsabilidade não do perpetrador, mas sim do espectador.

Cada policial é lembradojogar truco apostadoseu deverjogar truco apostadoagir ao presenciar comportamentos equivocados, desafiando a prática do silêncio que é comum nesses casos.

Isso também colocajogar truco apostadoxeque a forma como policiais tradicionalmente enxergam a lealdade corporativa.

Policiaisjogar truco apostadoNova Orleans usando o broche do EPIC
Legenda da foto, Policiaisjogar truco apostadoNova Orleans usando o broche do EPIC: programa baseado nas ideiasjogar truco apostadoStaub têm reduzido a violência policial na cidade

"Lealdade não é dizer 'você fez algo errado, (então) vou te proteger'", argumenta à BBC Lisa Kurtz, gerentejogar truco apostadoinovação no Departamento Policialjogar truco apostadoNova Orleans. "Lealdade é dizer 'você está prestes a fazer algo errado, e eu vou te impedir'."

Ernest Luster, policial veterano da corporação, diz que o treinamento mudou completamente a dinâmica da polícia na cidade.

"Sempre havia a percepçãojogar truco apostado'a polícia contra eles, e eles contra nós'", afirma Luster, sargento com maisjogar truco apostado20 anosjogar truco apostadoexperiência. "Agora, trabalhamos juntos para tornar a comunidade segura."

Luster geralmente começa seu turno com uma reuniãojogar truco apostadoequipe. Ele recorda seus colegas que devem proteger a comunidade, tantojogar truco apostadocriminosos como entre si.

Policiais usam broches do EPIC na lapela, para sinalizar que estãojogar truco apostadoacordo com a proposta.

No fim das contas, diz o sargento, a polícia quer ser vista pelo público como heroína, e não como vilã. Nesse sentido, ele compara o espectador ativo ao Super-Homem, "um dos meus heróis preferidos".

Saber como - e quando - intervir é uma lição que todos os policiais da corporação aprendem no treinamento EPIC. E todos os escalões participam desse treinamento.

"Você pode ter 50 anosjogar truco apostadoexperiência no ramo, mas continua sendo um ser humano", diz Luster. "Você ainda é vulnerável a ser afetado por algumas coisas."

Sargento Ernest Luster
Legenda da foto, "Sempre havia a percepçãojogar truco apostado'a polícia contra eles, e eles contra nós'", afirma Luster, sargento com maisjogar truco apostado20 anosjogar truco apostadoexperiência. "Agora, trabalhamos juntos para tornar a comunidade segura"

Luster recorda um episódiojogar truco apostadoque ele mesmo teve dificuldadejogar truco apostadose controlar: o diajogar truco apostadoque ele quase bateujogar truco apostadoum homem já algemado que havia resistido a ser preso por invasãojogar truco apostadopropriedade privada.

"Naquele momento, um policial novato passou por mim, colocou as mãos no meu peito, e eu imediatamente lembrei do EPIC. E me afastei. Se eu tivesse feito aquilo (batido no homem), poderia ter perdido meu emprego por uso excessivo da força."

Na mesma linha,jogar truco apostado2019, um relatóriojogar truco apostadoum órgão independentejogar truco apostadomonitoramento da polícia observou uma queda representativa no númerojogar truco apostado"incidentes críticos" envolvendo o uso da força pela políciajogar truco apostadoNova Orleans.

Esses incidentes caíramjogar truco apostado22jogar truco apostado2012 para cincojogar truco apostado2018. Naquele ano, diz o relatório, a polícia da cidade não atirou contra civis, nem feriu ou matou nenhum cidadão.

Também aumentou a aprovação do trabalho policial. Uma pesquisajogar truco apostado2019 apontou que 54% dos moradoresjogar truco apostadoNova Orleans estavam satisfeitos com a performance geral da corporação, contra 21%jogar truco apostado2009.

Nos anos 2000, era comum que policiais da corporação fossem presos e condenados por crimesjogar truco apostadotodos os tipos, relata Mary Howell, advogadajogar truco apostadodireitos civis na cidade.

Ela dedicou boa partejogar truco apostadoseus 40 anosjogar truco apostadocarreira a buscar justiça para vítimas desses crimes.

Um dos casos mais memoráveis para ela aconteceu depois da devastação deixada pelo furacão Katrina,jogar truco apostado2005.

Naquele ano, policiais locais atiraram contra seis pessoasjogar truco apostadouma ponte da cidade, matando duas delas. Todas as vítimas eram afro-americanas, nenhuma estava armada ou havia cometido crimes.

Treinamento do EPIC
Legenda da foto, Treinamento do EPIC, que se baseia na ideiajogar truco apostadoque, se um policial está abusando da força, seu colega deve intervir preventivamente

Ao fim, todos os policiais envolvidos admitiram culpa nas acusações relacionadas aos disparos e às tentativasjogar truco apostadoacobertá-los.

Esse tipojogar truco apostadoviolência, diz ela, costuma ocorrerjogar truco apostadociclos.

"Vemos os mesmos padrões na violência doméstica", afirma. "Há um episódio terrível, daí (o agressor) traz chocolates e flores e pede desculpas. E daí acontece tudojogar truco apostadonovo."

No auge da violência,jogar truco apostado2012, a corporaçãojogar truco apostadoNova Orleans foi colocada sob supervisão federal e suas práticas foram postasjogar truco apostadoxeque.

É quando Howell e Staub entraramjogar truco apostadocena. Ela conheceu o trabalho dele pela primeira vez nos anos 1990, quando leu uma reportagem sobre o programajogar truco apostadotreinamento que Staub projetara para a polícia da Califórnia. Howell achou que o conceitojogar truco apostadopoliciamento ético poderia funcionarjogar truco apostadoNova Orleans.

A polícia encampou a ideia e desenvolveu um treinamento. O EPIC é o produto final disso.

Jonathan Aronie foi um dos primeiros advogados designados a monitorar o progresso do projeto e se disse impressionado pela ideiajogar truco apostadofocar no comportamentojogar truco apostadotoda a corporação policial, "não apenasjogar truco apostadoum pequeno númerojogar truco apostadotransgressores (dentro do órgão)".

"É um programa para a maioria das pessoas do mundo - e para os departamentos policiais - que queiram fazer a coisa certa", diz Aronie. "Elas querem prevenir o dano, só precisam da habilidade para fazê-lo."

Protesto contra a mortejogar truco apostadoGeorge Floyd

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Comoção causada pela mortejogar truco apostadoGeorge Floyd deu novo impulso às ideiasjogar truco apostadoStaub

Uma nova iniciativa nacional, lançada nos EUA após a mortejogar truco apostadoGeorge Floyd, tenta dar essa habilidade aos policiais. O projetojogar truco apostadolei do Espectador Ativo (ABLE, na siglajogar truco apostadoinglês) visa oferecer apoio a departamentos policiais ao redor do país no desenvolvimentojogar truco apostadosuas próprias intervenções do tipo.

Baseado nos princípios do EPIC, o ABLE quer oferecer treinamento e assistência técnica gratuita para as corporações.

O projeto ganhou um financiamento inicialjogar truco apostadoUS$ 400 mil (R$ 2,2 milhões) e é liderado pela Universidade Georgetown e por um escritóriojogar truco apostadoadvocacia.

"Depois da mortejogar truco apostadoGeorge Floyd, recebemos cercajogar truco apostadocem ligaçõesjogar truco apostadodepartamentos policiais querendo o treinamento EPIC", afirma Aronie, que é conselheiro do ABLE.

Até outubro, 34 departamentos policiais,jogar truco apostadocidades como Boston, Denver e Filadélfia, se preparavam para iniciar treinamentos do ABLE.

Por si só, o treinamento não é uma panaceia para resolver problemas ligados à ação policial. Para Aronie, ele temjogar truco apostadoser partejogar truco apostadouma cultura mais amplajogar truco apostadotransformação na polícia, que vai alémjogar truco apostado"fazer publicidade com o programa".

Dito isso, as ideiasjogar truco apostadoStaub estão se tornando a base para essa transformação.

O EPIC "poderia ter mudado toda a dinâmica" das circunstâncias que levaram à mortejogar truco apostadoGeorge Floyd, defende Staub.

Se tivessem sido treinados, os três policiais que assistiram ao episódio "teriam se sentido empoderados" para intervir. E assim poderiam ter feito a diferença, assim como os espectadores Maria Gogan e o diplomata sueco foram vitais na salvaçãojogar truco apostadoStaub.

"Indivíduos podem fazer uma diferença enorme", argumenta Staub. "Eles têm um grande poder e, juntos, um poder maior ainda."

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