Grupos antimáscaras provocam agressões na Europa e unem extremas esquerda e direita:vasco palpites hoje
"Eu lhe disse que não era para rir da covid-19, que é uma doença perigosa e que pessoas morrem disso", contou o enfermeiro. A discussão sobre o uso da máscara terminou com Fabien tomando um forte soco no rosto que o fez cair e bater a cabeça no chão, provocando hemorragia cerebral.
"Durante todo o confinamento, a população francesa aplaudiu os profissionais da áreavasco palpites hojesaúde às 20 horas. Nós gostaríamosvasco palpites hojeser respeitados. Para isso, é preciso agir para controlar a pandemia e uma formavasco palpites hojefazer isso é usar máscara", ressalta o enfermeiro.
Uma pessoa já morreu na França por exigir que alguém utilizasse máscara: um motoristavasco palpites hojeônibusvasco palpites hojeBayonne, no sudoeste, faleceuvasco palpites hojejulho após ser agredido por um grupovasco palpites hojepassageiros que se recusou a usar a proteção, obrigatória nos transportes evasco palpites hojetodos os locais públicos fechados.
As tensões têm se multiplicadovasco palpites hojediferentes localidades do país. Recentemente, um pai foi espancado com barrasvasco palpites hojeferro, na frente dos filhos, por vários homensvasco palpites hojeuma lavanderia automática na periferiavasco palpites hojeParis após pedir a um deles para colocar uma máscara. Em Le Havre, na Normandia, uma jovem deu tapas e arrancou cabelosvasco palpites hojeuma funcionária dos correios que também cobrou o uso do equipamento.
As agressões e movimentos antimáscaras na França se ampliam ao mesmo tempovasco palpites hojeque as autoridades vêm reforçando a obrigatoriedade do equipamentovasco palpites hojediferentes locais. Após o fim do confinamento,vasco palpites hojemeadosvasco palpites hojemaio, houve um relaxamentovasco palpites hojeparte da população, sobretudo a mais jovem,vasco palpites hojerelação às medidasvasco palpites hojeproteção contra a pandemia.
Desde o iníciovasco palpites hojeagosto, maisvasco palpites hoje300 cidades, como Paris, tornaram obrigatório o usovasco palpites hojemáscaras tambémvasco palpites hojealgumas áreas públicas ao ar livre, como parques e ruasvasco palpites hojecomércio movimentadas.
Movimentos antimáscaras começaram a aparecervasco palpites hojemanifestações contra o confinamento nos Estados Unidos e depois se espalharam por países como Alemanha, Canadá, Reino Unido e França, onde começam a se expandir nas redes sociais e já reúnem algumas milharesvasco palpites hojepessoas.
Franceses que integram grupos antimáscaras no Facebook publicam selfies sem o equipamentovasco palpites hojelojas, contam, como se fosse uma competição, que conseguiram ficar tantos minutos sem o itemvasco palpites hojeproteçãovasco palpites hojeum comércio antes que alguém interviesse ou divulgam fotos com outros acessórios que cobrem o rosto, mas são totalmente ineficazes para combater a pandemiavasco palpites hojecovid-19.
A multa pela não utilizaçãovasco palpites hojemáscaras évasco palpites hoje135 euros (cercavasco palpites hojeR$ 900).
Argumentos
Os militantes contra o usovasco palpites hojemáscaras têm um pontovasco palpites hojecomum: eles reivindicam seu direito à liberdade e se recusam a usar o que chamamvasco palpites hoje"focinheiras." Para eles, as pessoas que respeitam as regras são "carneirinhos" que precisariam ser despertados para a realidade. As autoridades, ao tornar o uso obrigatório, visariam controlar a população com um pensamento único que deve ser acatado por todos, alegam.
"Quando a máscara é imposta, somos privados do nosso corpo, do nosso livre arbítrio", diz Angélique, que integra um desses grupos nas redes sociais. "Não à escravização e à ditadura sanitária", diz outro internauta.
Para o sociólogo David Le Breton, a recusavasco palpites hojealgunsvasco palpites hojeusar máscara é um novo sinal do individualismo crescente. "O paradoxo é que a liberdade defendida pelos antimáscaras é, na realidade, a liberdadevasco palpites hojecontaminar os outros. É o produtovasco palpites hojeum desengajamento cívico, uma das marcas do individualismo contemporâneo", afirma.
Vários opositores também contestam a eficácia das máscaras para conter a propagação do novo coronavírus, considerando que elas são "inúteis" ou supostamente perigosas. Inúmeras informações falsas sobre esses equipamentosvasco palpites hojeproteção individual circulam nesses grupos.
"A máscara nos priva da maior parte do nosso oxigênio. Por isso, ela pode nos matar", afirma Maxime Nicolle, uma figura conhecida do movimento dos coletes amarelos, protestos que surgiram no finalvasco palpites hoje2018 na França, muitos deles violentos, com reivindicações sociais.
A informaçãovasco palpites hojeque as máscaras podem provocar a morte é falsa, desmentida com veemência por médicos e pesquisadores. Nicolle, que utiliza o pseudônimo FlyRider, é bastante ativo nas redes sociais contra a utilização do equipamentovasco palpites hojeproteção e outras medidas adotadas para lutar contra a pandemia, que ele estima ser uma "farsa".
Parte dos militantes antimáscaras, os mais radicais, é adeptavasco palpites hojeteorias conspiratórias, mais difundidas nos meiosvasco palpites hojeextrema direita e entre os que se dizem antissistema e contra as vacinas.
"Quando você coloca uma máscara, você se torna intelectualmente vulnerável, perde a identidade e se torna uma presa ideal para as potências ocultas e transumanistas (movimento para transformar a condição humana a partir do uso da ciência e da tecnologia) que querem te destruirvasco palpites hojenome da nova ordem mundial", alega um internauta desses grupos.
"Primeiro são as máscaras evasco palpites hojeseguida as vacinas que terão um nano chip controlado pela 5G" diz outra militante francesa.
"O movimento antimáscara é heterogêneo, formado por pessoas que não têm a mesma preocupaçãovasco palpites hojerelação ao itemvasco palpites hojeproteção e nem o mesmo discurso contra o seu uso", diz Tristan Mendès France, especialistavasco palpites hojeculturas digitais.
"Há adeptosvasco palpites hojeteorias do complô, independentementevasco palpites hojesua tonalidade ideológica, e pessoas que têm uma agenda ideológica, mais ligada à extrema-direita, que são contra o governo e o presidente Emmanuel Macron", completa Mendès France.
"Os antimáscaras estão mais presentes entre os eleitoresvasco palpites hojepartidosvasco palpites hojeextrema direita ouvasco palpites hojeextrema esquerda. Há, nessa atitude, uma maneiravasco palpites hojedesobedecer a um governo que eles não aprovam ouvasco palpites hojeexpressar uma relaçãovasco palpites hojedesconfiança mais amplavasco palpites hojerelação ao Estado e à autoridadevasco palpites hojegeral", afirma Jocelyn Raude, professorvasco palpites hojepsicologia social na Escolavasco palpites hojeAltos Estudosvasco palpites hojeSaúde Pública da França.
Entre os gruposvasco palpites hojedefensores do professor Didier Raoult - infectologista francês que fez polêmicos estudos sobre a hidroxicloroquina, medicamento que segundo Raoult seria eficaz no tratamento da covid-19 - há inúmeras pessoas contra o uso obrigatóriovasco palpites hojemáscaras e também contra as vacinas. O virologista atraiu muitos adeptosvasco palpites hojeteorias do complô. Uma pesquisa do Instituto Jean-Jaurès sobre o perfil dos "fãs"vasco palpites hojeRaoult revelou que 20% deles votaram, na última eleição presidencial,vasco palpites hoje2017,vasco palpites hojeFrançois Fillon, candidato mais radical da direita tradicional (partido que governou o país diversas vezes), 18% votouvasco palpites hojeJean-Luc Mélénchon, da França Insubmissa, o mais votado da extrema esquerda, e 17% optou por Marine Le Pen, da extrema direita.
"É um sintoma do descrédito da palavra científica e da palavra das autoridades. Hoje, são as máscaras. Amanhã, serão as vacinas", prossegue.
Na Alemanha, uma manifestaçãovasco palpites hojeantimáscaras com partidosvasco palpites hojeextrema direita, como o AfD (Alternativa para a Alemanha), e movimentosvasco palpites hojeextrema esquerda reuniu 15 mil pessoas, segundo a polícia.
Sinais confusos do governo sobre as máscaras
Para alguns, o discurso contraditório do governo francêsvasco palpites hojerelação ao uso das máscaras contribuiu para alimentar confusões e rejeiçãovasco palpites hojerelação ao equipamento.
No início do confinamento no país,vasco palpites hojemarço, o governo dizia que elas não eram necessárias para a população e deveriam ser reservadas apenas ao pessoalvasco palpites hojesaúde. Muitos interpretaram isso como uma maneiravasco palpites hojedriblar a falta do produto, que começou a ser atenuada apenasvasco palpites hojemeadosvasco palpites hojemaio.
O primeiro-ministro da época, Edouard Philippe, chegou a dizer que as máscaras "não serviam para nada" no casovasco palpites hojepessoas não contaminadas. Depois, o governo mudou radicalmente seu discurso. Com o aumento recente do númerovasco palpites hojecasos na França, que levou o governo a dizer, na terça-feira (11/8), que "a epidemia evolui na má direção", o objetivo agora é ampliar ao máximo seu usovasco palpites hojeáreas públicas ao ar livre, afirmou o novo premiê, Jean Castex.
Apesarvasco palpites hojeboa parte dos franceses achar que o governo "mentiu"vasco palpites hojerelação às máscaras, segundo pesquisas, a grande maioria (85%) apoiavasco palpites hojeutilizaçãovasco palpites hojelocais fechados e também abertos (64%).
O movimento antimáscaras no país ainda é algo marginal, mas vem se expandido e tenta se estruturar com diferentes ações, como petições contra a obrigatoriedade do uso do item, iniciativasvasco palpites hojeboicotevasco palpites hojelojas e apelos para a desobediência civil. Manifestações também estariam previstas, mas não há data definida e não se sabe se elas atraíram um número expressivovasco palpites hojeparticipantes.
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