Coronavírus na Índia: com lockdown 'insustentável', Índia reabrebet nacional entrarmeio a disparadabet nacional entrarcasos e temoresbet nacional entrar'bomba-relógio':bet nacional entrar
"Se o governo não aumentar os gastosbet nacional entrarSaúde, as coisas não vão mudar. Muita gente vai morrer."
O alívio das medidasbet nacional entrarisolamento foi uma resposta do governo a pressões pelo impacto econômico das medidasbet nacional entrarisolamento e por uma crise humanitária, com milhõesbet nacional entrarpessoas sem renda e sem emprego. Passaram a ser comuns na imprensa asiática os casosbet nacional entrartrabalhadores que, migrados das cidades pequenas para grandes centros para trabalhar, tentavam fazer o caminho inverso — muitas vezes a pé — após perder o emprego.
Até a última quarta-feira, a Índia tinha 286 mil casosbet nacional entrarcovid-19, cercabet nacional entrarmetade deles diagnosticados nas últimas duas semanas. Desde o último sábado, o país tem registrado quase 10 mil casos diários,bet nacional entrardias consecutivosbet nacional entrarrecorde. A Índia figura agora ao lado dos países mais assolados pelo vírus, como Estados Unidos e Brasil, e desbancou a Itália no númerobet nacional entrarcasos.
Por outro lado, com a circulaçãobet nacional entrarpessoas fortemente controlada, os indianos conseguiram manter o númerobet nacional entrarmortes baixo. Também até essa sexta-feira (12/6), eram 8.498. A taxabet nacional entrarmortalidade do país ébet nacional entrar2,8%, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS)bet nacional entrar08bet nacional entrarjunho. Para finsbet nacional entrarcomparação, nos Estados Unidos e no Brasil, essa taxa está acimabet nacional entrar5%. No Reino Unido, 14%.
Estima-se que, sem o confinamento, as mortes na Índia poderiam ter chegado a 2 milhões.
A OMS elogia os resultados do país, mas questiona os riscos que um alívio agora pode trazer: "As medidas tomadas na Índia certamente tiveram um impactobet nacional entraratenuar os casos, mas, à medida que Índia e outros grandes países se abrem e as pessoas começam a se mover, há sempre o riscobet nacional entrara doença voltar a crescer", apontou o diretor executivo do Programabet nacional entrarEmergênciasbet nacional entrarSaúde da organização, Mike Ryan,bet nacional entrarcoletivabet nacional entrarimprensa.
Alívio gradual e sem consenso
O fim do confinamento anunciado pelo governo indiano será gradual. Inicialmente, permitiu-se a circulaçãobet nacional entrarônibus e trens e a aberturabet nacional entrarshoppings, restaurantes e templos, com as devidas precauçõesbet nacional entrardistanciamento e higiene. Estes últimos foram alvobet nacional entrarpolêmica entre os epidemiologistas.
"Prevenir a formaçãobet nacional entrarfocosbet nacional entrarcontágio é a necessidade do momento. Estamos abrindo os locais religiosos muito cedo, muito rápido. Os deuses podem esperar", escreveu o professor e epidemiologista Giridhar R Babu, da Fundaçãobet nacional entrarSaúde Pública da Índia,bet nacional entrarseu Twitter.
Contudo, sem consenso entre os Estados, os governos regionais iniciaram o alíviobet nacional entrarcompassos diferentes. Nas duas cidades mais atingidas pelo vírus, as populosas Nova Déli e Mumbai, templos e shoppings seguem proibidos num primeiro momento.
Ambas estão com o sistemabet nacional entrarsaúde saturado e começaram a recusar pacientes nos últimos dias. Em Tamil Nadu, no sul da Índia, o transporte só foi liberado parcialmente e os restaurantes podem funcionar, mas sem ar condicionado.
Impacto social
O impacto do confinamento na população mais pobre é um dos grandes problemas enfrentados pela Índia agora, o que acabou por pressionar o governo a acelerar o fim das restriçõesbet nacional entrarmovimento.
Alémbet nacional entrarevidenciar as condições precáriasbet nacional entrarque vários trabalhadores vivem,bet nacional entraralojamentos lotadosbet nacional entrarque o distanciamento social é praticamente impossível, a pandemia iniciou um processobet nacional entrarêxodo inverso,bet nacional entrarvolta para a área rural, e afundou parte da população na pobreza. Sóbet nacional entrarMumbai, a imprensa local estima que 1 milhãobet nacional entrarpessoas deixaram a cidade.
Os primeiros sinais da dimensão do problema foram vistos logo que o isolamento foi anunciado — do dia para noite —, o que levou vários trabalhadores a lotarem as estaçõesbet nacional entrartrem na tentativabet nacional entrarvoltarem para suas cidades natais. Com o transporte efetivamente impossibilitado, tornaram-se comuns nas últimas semanas as imagensbet nacional entrarmilharesbet nacional entrarindianos nas rodovias, tentando fazer o caminho a pé, se equilibrando entre malas e crianças. A maior parte deles vembet nacional entrarregiões mais pobres e rurais tentar um emprego sazonal ou informal nos grandes centros.
Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) dão contabet nacional entrarque quase 90% da população indiana trabalha na economia informal. Sem emprego e sem renda para se sustentar e se alimentar nos grandes centros após a determinação do confinamento, muitos deles se viram forçados a furar a regra do "fiquebet nacional entrarcasa" para tentar voltar para suas famílias — vários acabaram presos por isso.
Casos dramáticos no caminhobet nacional entrarvolta— como o dos 16 trabalhadores que adormeceram nos trilhos do trem e foram atropelados — se tornaram frequentes e chamaram a atenção dos organismos internacionais. Ainda segundo a OIT, cercabet nacional entrar400 milhões desses trabalhadores estãobet nacional entrarriscobet nacional entrar"cairbet nacional entrarprofunda pobreza" durante a crise.
O Banco Mundial criticou a faltabet nacional entrarplanejamento para suportar os trabalhadoresbet nacional entraruma situaçãobet nacional entrarcrise.
"Isolamentos, viagens banidas e medidasbet nacional entrardistanciamento socialbet nacional entrarresposta à crise afetaram desproporcionalmente os trabalhadores migrantes, que se encontraram encalhados, incapazesbet nacional entrarretornar tanto para seus locaisbet nacional entrartrabalho quanto para suas comunidadesbet nacional entrarorigem. Sem um acesso adequado à moradia, água e saneamento, saúde ou redesbet nacional entrarsegurança social para ajudá-los a sobreviver a essas restrições, esses migrantes ficarambet nacional entrarsituação ainda mais vulnerável", apontou a organizaçãobet nacional entrarrelatório.
Pressionadas, as autoridades indianas começaram a mover esforços para ajudar a população a voltar para casa, relaxando as restriçõesbet nacional entrarmovimento, colocando trens para rodar e pontosbet nacional entrarparada com suprimentos para quem faz o trajeto a pé.
A Índia também anunciou dois pacotesbet nacional entrarestímulo à economia, que incluem medidasbet nacional entrarajuda para empregadores e empregados, no valorbet nacional entrarUS$ 266 bilhões. Segundo o governo, as medidas equivalem a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Economia
O economista sênior da Capital Economics Shilan Shah afirma que a Índia acertoubet nacional entrarestabelecer um confinamento cedo, mas errou na forma como gerenciou isso. "As evidências até agora mostram que quanto mais cedo, melhor. Mas poderia ter sido melhor manejado", apontou.
Para Pushan Dutt, professorbet nacional entrareconomia e políticas sociais da escolabet nacional entrarnegócios Insead, o isolamento foi iniciadobet nacional entrarum momentobet nacional entrarque a economia indiana tinha várias fragilidades, como altos níveisbet nacional entrarendividamento e uma reforma tributária mal feita. Esse fator, atrelado à má gestão do confinamento, tornou uma reabertura necessária agora, na opinião dele.
"A economia, fechada sem aviso prévio, sofreu um enorme golpe. O lockdown foi precariamente implementado, com um número maciçobet nacional entrarmigrantes retidos nas cidades sem meiosbet nacional entrarsubsistência", aponta, completando: "As cadeiasbet nacional entrarsuprimentos se provaram bem menos robustas e a segurança alimentar se tornou um problema. Então, a Índia foi forçada a aliviar o confinamento mesmo quando os casos estão subindo", frisou.
Para Shah, da Capital Economics, as consequências do isolamento para a economia e para os trabalhadores já foram tão devastadoras que mantê-lo por mais tempo pode trazer mais efeitos negativos do que positivos.
Segundo estimativas do Banco Mundial dessa semana, a expectativa ébet nacional entrarque a economia indiana tenha um recuobet nacional entrar3,2% este ano. No primeiro trimestre, a queda na atividade foibet nacional entrar3,1%.
"O estrago foi muito grande para que (o lockdown) seja sustentável. As pessoas não estão ganhando nenhuma renda. Há três meses, quando a pandemia começou, o isolamento fez sentido, na tentativabet nacional entrarque o surto fosse controlado, mas não há evidênciasbet nacional entrarque isso tenha funcionado", aponta, ponderando que, se os casos voltarem a ter um picobet nacional entrarforma a sobrecarregar o sistemabet nacional entrarsaúde, o governo não terá escolha a não ser fechar tudo novamente.
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