Movimento 'defund the police': o que defendem ativistas que pedem menos verbas para a polícia após mortef12 bet logoGeorge Floyd:f12 bet logo

Protestosf12 bet logoLondres

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Caso George Floyd levou a protestos contra a políciaf12 bet logodiversas partes do mundo, como Londres

O presidente dos EUA, Donald Trump, e os sindicatos que representam os policiais no país surgem como as principal vozes antagônicas às propostas. O presidente tem atribuído o pleito a "radicais" e "esquerdistas" que "querem o fim da polícia".

Em meio à polêmica, o "defund the police" estampa centenasf12 bet logocartazesf12 bet logodiversas cidades e parece estar próximof12 bet logocolher os primeiros resultados práticos.

Heterogêneo, o movimento abriga propostas distintas - desde o corte pontualf12 bet logoverbas, passando pelo investimentof12 bet logoformação dos policiais, até pedidos mais radicaisf12 bet logoextinção total das forças policiais como conhecemos.

Efeitos práticos

No último domingo, nove dos 13 conselheiros municipaisf12 bet logoMinneapolis, onde George Floyd morreu sob custódia policial, anunciaram "o iníciof12 bet logoum processof12 bet logoencerramento do Departamentof12 bet logoPolícia" da cidade.

Eles disseram que um "novo modelof12 bet logosegurança pública" será criado na cidade, que tem longo histórico ligado ao racismo. O Conselho da Cidade representa o corpo legislativof12 bet logoMinneapolis – o equivalente à Câmara municipal no Brasil.

Seus membros desempenham funções similares às dos vereadores.

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Já o prefeitof12 bet logoNova York, Billf12 bet logoBlasio, prometeu, sem dar detalhes, realocar parte dos fundos destinados ao Departamentof12 bet logoPolícia da cidadef12 bet logoprojetos sociais para a juventude.

Em Portland, a prefeitura anunciou a remoçãof12 bet logopoliciais das escolas da cidade e a realocaçãof12 bet logoUS$ 1 milhão (cercaf12 bet logoR$ 5 milhões), originalmente destinados ao policiamento escolar, para projetos comunitários.

Na quarta-feira, o prefeitof12 bet logoLos Angeles, Eric Garcetti, anunciou planosf12 bet logocortar US$ 150 milhões (cercaf12 bet logoR$ 750 milhões) do orçamento da polícia e investir o valorf12 bet logoprogramas dedicados a comunidades negras na cidade.

Mas a respostaf12 bet logoJamie McBride, um dos diretores do Sindicatof12 bet logoPoliciaisf12 bet logoLos Angeles, ao projeto do prefeito ilustra a resistência que a ideia enfrenta dentro das corporações.

Manifestante desafia a polícia nos EUA

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Em lugares como EUA e Reino Unido, alguns reclamam que polícia recebe recursos demais

"Eric, você realmente acredita que os policiaisf12 bet logoLos Angeles são assassinos? (...) Os mesmos policiais que oferecem 24hf12 bet logoproteção naf12 bet logoresidência, 365 dias por ano? Os mesmos que você envia para responder ao seu fracassof12 bet logocontrolar a expansãof12 bet logopessoas vivendo na rua? Acho que não", disse o oficial.

Carta

Na capital americana, a frase "defund the police" foi pintada por ativistas ao ladof12 bet logouma enorme faixa dizendo "Black Lives Matter" (vidas negras importam), esta última patrocinada pela prefeituraf12 bet logoWashington.

O gesto foi visto como uma provocação à prefeita democrata Muriel Bowser, que teria agido politicamente ao pintar a homenagem ao movimento após conceder aumentos consecutivos nos orçamentos policiais da cidade, onde bairros tradicionalmente ocupados pela população negra vêm passando por um processof12 bet logo"embranquecimento" com a chegadaf12 bet logoestrangeiros nas últimas décadas.

Estopim para a ondaf12 bet logopedidos, uma carta pública proposta por Patrisse Cullors, uma das fundadoras do movimento Black Lives Matter, pede que verbas milionárias hoje investidasf12 bet logopolícias tenham outros fins.

O texto já ganhou apoiof12 bet logopersonalidades como John Legend, Jane Fonda, Lizzo, Chris Martin, Joaquim Phoenix e Natalie Portman.

Alémf12 bet logoGeorge Floyd, que morreuf12 bet logo25f12 bet logomaio enquanto um policial pressionava com o joelho o seu pescoço contra o chão por quase nove minutos,f12 bet logoMinneapolis, a carta aberta cita outros casosf12 bet logopessoas negras mortasf12 bet logooperações policiais nos EUA.

"Isso sem falar nos outros casos que ainda não sabemos e que talvez nunca saibamos porque aconteceram longe das câmeras", diz a carta, que mostra que comunidades negras são desproporcionalmente atingidas pela pandemia do novo coronavírus - nos EUA, negros têm quatro vezes mais chancesf12 bet logomorrer que brancos pelo covid-19.

"As mortes por covid-19 e as mortes causadas pelo terror policial estão conectadas entre si", continua o texto. "Os EUA não têm um sistema nacionalf12 bet logosaúde. Em vez disso, temos o maior orçamento militar do mundo e também alguns dos departamentosf12 bet logopolícia mais bem financiados e militarizados do planeta. O policiamento e a militarização dominam predominantemente a maior parte dos orçamentos nacionais e locais."

Segundo o texto, "as comunidades negras vivem com o medo constantef12 bet logoserem mortas por autoridades estaduais, como polícia, agentesf12 bet logoimigração ou mesmo vigilantes brancos, encorajados pelos atores estatais".

A carta cita dados do Urban Institute, que aponta que,f12 bet logo1977, US$ 60 bilhões haviam sido gastos por governos estaduaisf12 bet logoatividades policiais e prisionais.

"Em 2017, eles gastaram US$ 194 bilhões. Um aumentof12 bet logo220%", prossegue o texto, afirmando que "apesar das constantes abordagens, assédios, terror e matança das comunidades negras, os tomadoresf12 bet logodecisão locais e federais continuam investindo na polícia, o que deixa os negros vulneráveis e não torna nossas comunidades mais seguras.

"Os autores propõe que o dinheiro seja investido "na construçãof12 bet logocomunidades saudáveis, na saúdef12 bet logonossos idosos e crianças, na infraestruturaf12 bet logobairros, educação, assistência à infância e medidasf12 bet logoapoio para um futuro brilhante das comunidades negras."

Policia nos EUA

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Muitas pessoas manifestaram apoio aos policiais e contra a campanhaf12 bet logoretiradaf12 bet logorecursos

"As possibilidades são infinitas", diz o texto.

Injustiça

De outro lado, liderados pelo presidente Trump, os opositores da proposta tratam a ideia como radicalismo.

"Lei e ordem, não a tirar recursos e abolir a polícia. Os esquerdistas radicais democratas ficaram loucos!", tuitou Trump nesta segunda-feira.

Apesarf12 bet logoa abolição total da polícia ser defendida apenas por uma minoria entre os que defendem a redução do financiamento policial, o alertaf12 bet logoradicalismo feito por Trump ressoa entre os americanos.

Uma pesquisaf12 bet logoopinião da ABC/Ipsos mostrou que 52% dos que vivem no país aprovam a possiblidade levantada pelo presidentef12 bet logoenviar tropas do Exército para controlar protestos violentos no país.

Em um programaf12 bet logotelevisão, o reverendo Al Sharpton, líder histórico do movimento negro no país, disse nesta segunda-feira que o sloganf12 bet logo“cortar recursos da polícia” pode levar a interpretações equivocadas.

Segundo ele, o objetivo da campanha é "transformar a atividade policial como conhecemos" e "reinterpretar a forma como fazemos segurança pública" por meio da redistribuiçãof12 bet logoparte dos recursos.

"Não acho que alguém, além dos extremos, esteja dizendo que não queremos nenhum tipof12 bet logopoliciamento, nenhum tipof12 bet logosegurança pública", disse.

A parlamentar Karen Bass, que faz parte da bancada negra no congresso dos EUA, diz que "não acredita que se deva extinguir departamentosf12 bet logopolícia", mas sugere que se reveja a forma como os investimentos estão sendo feitos.

"Precisamos rever como estamos gastando estes recursos e investir maisf12 bet logonossas comunidades", disse ela à CNN.

Ao jornal Washington Post, o conselheiro comunitário Paul Trantham, que atuaf12 bet logouma área violenta da cidade, afirmou que, quando um morador perde um familiarf12 bet logouma situação violenta, a primeira questão sempre é "onde estava a polícia?".

"Se tirarem os recursos policiais, estarão cometendo uma injustiça", afirmou.

E no Brasil?

Para o sociólogo Renato Sérgiof12 bet logoLima, presidente do Fórum Brasileirof12 bet logoSegurança Pública e professor do Departamentof12 bet logoGestão Pública da FGV, a discussão no Brasil estáf12 bet logooutro patamar.

Hoje o Brasil gastaf12 bet logotornof12 bet logoR$ 90 bilhões - ou 1,4% do PIB - com as polícias. Já o custo social da violência - ou seja, soma das despesas do Estado para lidar com consequências da violência, como tratamentosf12 bet logoemergências e leitos hospitalares, seguros, segurança privada, entre outros - é superior 5%.

"A violência no Brasil tem um custo muito maior do que o próprio investimento público nas polícias", diz o especialista.

Para Lima, o problema no Brasil não seria um excessof12 bet logofinanciamento às polícias que poderia ser destinado a outras áreas, como apontado por defensores do "defund the police" nos EUA.

Na avaliação do professor, o governo brasileiro, ao contrário, ainda investe pouco - e mal - quando o assunto é policiamento.

"A polícia, quando bem supervisionada e controlada, com todos os defeitos, porque não existe polícia perfeita, tem muito mais capacidadef12 bet logogerar confiança e empatia na medidaf12 bet logoque se coloca ao lado da população na resoluçãof12 bet logoproblemas, e não como parte deles", diz.

"O gastof12 bet logosegurança no Brasil tem que ser melhorado. A segurança pública tem que ser política pública como outra qualquer", diz, citando como exemplos investimentos necessáriosf12 bet logovalorização profissional, mecanismosf12 bet logotransparência e controle e a definiçãof12 bet logopadrões para uso da força policial.

Lima aponta que as verbas destinadas à segurança pública no Brasil são essencialmente "consumidasf12 bet logouma lógica da guerra às drogas".

"O recurso deveria ser investido na valorização do policial enquanto cidadão, porque no Brasil eles são privadosf12 bet logouma sérief12 bet logodireitos. A ideia aqui, portanto, seria reorientar os investimentos para a contenção da violência por meio da confiança, e não pela ideiaf12 bet logoa polícia como grande pontaf12 bet logolançaf12 bet logoguerra ao tráfico."

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