Por que o novo coronavírus consegue se propagar com tanta eficiência:betano combr

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Legenda da foto, Especialistas concordam que nunca havia se visto um vírus como o SARS-CoV-2

E o que faz com que o Sars-CoV-2 ataque as células humanas e se espalhe com tanta eficiência?

Leitosbetano combrhospitais

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Legenda da foto, Diversos países têm criado instalações para atender pacientes com covid-19, a doença causada pelo novo vírus

Entrada na célula

Pesquisadoresbetano combrtodo o mundo estão investigando quais são os mecanismos biológicos que o vírus utiliza para infectar tão facilmente as células humanas.

Alguns estudos focam as espículas na superfície do vírus, estruturas proteicasbetano combrformabetano combrpontas que compõem uma espéciebetano combrcoroa (daí o nome corona, que é coroabetano combrlatim).

Outros pesquisadores estão estudando a "portabetano combrentrada" que o vírus utiliza para adentrar as células humanas.

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Legenda da foto, O principal objetivo do vírus, depois que entra no organismo, é criar cópiasbetano combrsi mesmo

O principal objetivo do vírus, depois que entra no organismo é criar cópiasbetano combrsi mesmo. Para isso, ele precisa encontrar uma formabetano combradentrar as células.

"Os vírus dos resfriados comuns, da Sars e da Mers, têm espículas, e o que determina como elas adentrarão as células é qual o receptor utilizado para isso", explica Panagis Galiatsatos, professorbetano combrmedicina pulmonar e cuidados intensivos da Faculdadebetano combrMedicina da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos,betano combrentrevista à BBC News Mundo, o serviçobetano combrespanhol da BBC.

Estudos têm apontado que o Sars-CoV-2 se aproveitabetano combrum receptor específico chamado ACE2 (enzima conversora da angiotensina-2).

Essa proteína aparecebetano combrdiversas partes do corpo, como pulmões, coração, rins e intestino, ebetano combrprincipal função é reduzir a pressão arterial.

"A ACE2 está na superfície da célula, e quando o vírus a reconhece, adere a ela e entra na célula", afirma Sarah Gilbert, professorabetano combrimunologia da Universidade Oxford, no Reino Unido.

idoso tossindo ao ladobetano combridosa

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Legenda da foto, A tosse surge quando os pulmões estão tentando se livrarbetano combruma infecção, por exemplo

"Ali dentro, o vírus utiliza todo o maquinário celular como uma fábrica para fazer cópiasbetano combrsi mesmo ebetano combrseu material genético. Depois escapa da célula, da qual resta apenas a casca, e o vírus, com suas milharesbetano combrcópias, está pronto para começar a infectar outras células."

Os vírus respiratórios, como o do resfriado comum, tendem a se reproduzir no nariz e na garganta,betano combronde podem ser facilmente espalhados por meiobetano combrtosse ou espirro.

Mas há outros vírus que só se reproduzem no trato respiratório inferior, principalmente nos pulmões,betano combronde são menos transmissíveis, porém mais perigosos.

Característica crucial

O Sars-CoV-2 tende a ter uma característica crucial: ele se encontra tanto no trato respiratório superior, propagando-se facilmente, quanto no inferior, produzindo uma enfermidade nos pulmões que pode ser fatal.

desenho do virus nos alveolos

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Legenda da foto, O Sars-CoV-2 pode ser encontrado tanto no trato respiratório superior quanto no inferior

"O que mais nos preocupa é que esses receptores ACE2 estão presentes também nas células dos alvéolos, os delicados sacosbetano combrar nos pulmões onde ocorrem as trocasbetano combrgases", explica Galiatsatos, da Universidade Johns Hopkins.

Quando o vírus ataca essas células, surgem os sintomas mais comuns da covid-19: a dificuldadebetano combrrespirar e a tosse, que ocorre quando os pulmões tentam se livrar da infecção.

Falta e desenvolvimentobetano combrimunidade

Um novo vírus como este é perigoso não apenas por não termos medicamentos ou vacinas para nos proteger, mas também porque nossas defesas naturais não estão preparadas para combatê-lo.

"Como não temos uma proteção natural, todas as pessoas estão suscetíveis a serem infectadas, e esse é um dos motivos pelos quais ele tem maior propensãobetano combrse espalhar", diz o infectologista Estevão Portela, vice-diretorbetano combrserviços clínicos do Instituto Nacionalbetano combrInfectologia Evandro Chagas.

Diantebetano combruma nova ameaça, o corpo tembetano combrpartir do zero e construir as defesas necessárias. Mas, no casobetano combrum vírus, este processo costuma ser mais demorado do que a velocidade com que este tipobetano combrmicro-organismo se multiplica e infecta células.

Quando um invasor é agressivo, resistente ou está presentebetano combrmaior quantidade, isso exige outro tipobetano combrreação do organismo, uma resposta imune adquirida desenvolvida pelo corpo após entrarbetano combrcontato com um patógeno.

Ela envolve a ação dos linfócitos, células especializadas capazesbetano combrcombater micro-organismos ebetano combrnos proteger da mesma ameaça por mais tempo.

Os linfócitos ficam armazenadosbetano combrórgãos como os linfonodos e o baço, à esperabetano combrsinaisbetano combrque devem entrarbetano combração.

Um dos principais alertas é dado pelos macrófagos, que capturam um micro-organismo ou parte dele e o transportam até os linfócitos, dando início à resposta imune adquirida.

"Os macrófagos atuam como uma ponte entre as duas respostas imunes", explica Renato Astray, pesquisador do Instituto Butantan.

Os linfócitos começam então a produzir milhõesbetano combrcópiasbetano combrsi mesmos e reforçam o sistema imunológico ao gerar anticorpos, proteínas capazesbetano combrneutralizar um patógeno. Os anticorpos têm a capacidadebetano combrreconhecerem e se ligarem ao invasor, impedindo que ele infecte novas células e se reproduza.

Os linfócitos também marcam alvos para neutrófilos e macrófagos. "Os linfócitos são como maestros do sistema imunológico, ao fazer com que as células imunes se aglutinembetano combrtornobetano combruma ameaça", diz Portela.

Médicos en ambulancia en Italia

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Legenda da foto, O novo coronavírus é transmitido com muito mais facilidade que outros vírus dessa família

Ao final deste processo, a maioria dos linfócitos é destruída, mas alguns se diferenciam e permanecembetano combrnosso corpo por vários anos, formando uma memória imunológica que tornará mais ágil o combate ao patógeno se ele nos infectar novamente.

Sintomas e infecção

Uma das principais diferenças do Sars-CoV-2betano combrrelação a outros dois coronavírus, que causaram a Sars e a Mers, é que esses dois últimos aderiam a muitos mais receptores celulares e, por isso, se reproduziam mais rápido.

Isso fazia com que os sintomas da Sars e da Mers aparecessem muito mais rápido e, portanto, os pacientes poderiam se isolar antesbetano combrprovocar tantas infecções.

No novo coronavírus, que parece mais adaptado a se espalhar, os sintomas não aparecembetano combrimediato ou podem nem aparecer, mas o vírus pode ser transmitido mesmo assim.

"Acreditamos que uma pessoa pode começar a infectar outras até um dia antesbetano combrsurgirem seus sintomas e por até sete dias depois disso", afirma David Hymann, especialistabetano combrdoenças infecciosas responsável pela estratégia da Organização Mundial da Saúde (OMS) durante a epidemiabetano combrSars.

Aqui reside o verdadeiro perigo do Sars-CoV-2, e é por isso que as autoridades ao redor do mundo colocam tanta ênfase nas medidasbetano combrdistanciamento social.

O vírus só pode sobreviver se encontra um novo hospedeiro para infectar. Quando uma pessoa ficabetano combrcasa durante 14 dias, elimina a possibilidadebetano combrtransmitir o vírus para os outros.

"Até o momento, se isolar é a única coisa que podemos fazer. Estamos tentando encontrar uma vacina ou um remédio que funcione, mas a velocidade da ciência não é tão rápida quanto gostaríamos, e tudo isso toma muito tempo", diz Galiatsatos, da Universidade Johns Hopkins.

"No livro A Arte da Guerra, Sun Tzu afirma que para ganhar a batalha precisamos conhecer o inimigo. Mas quando percebe quão incrivelmente ardiloso é seu inimigo, recebe uma liçãobetano combrhumildade. E é isso que eu diria sobre esse vírus."

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