'Ele está cada vez mais violento': as mulheres sob quarentena do coronavírus com seus abusadores:voucher casadeapostas com

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Crédito, James Mobbs/BBC

A BBC conversou com duas mulheres que estão atualmente sob quarentena com homens que elas acusamvoucher casadeapostas comabusá-las.

Essas são suas histórias.

mulher com quatro filhos

Crédito, James Mobbs/BBC

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voucher casadeapostas com Geeta, 27, voucher casadeapostas com na voucher casadeapostas com Índia

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Essa entrevista foi realizada um dia antes do anúncio da quarentena integral no país (24/3), que deve durar ao menos 21 dias.

Todos os dias, Geeta acorda às 5h, ao ladovoucher casadeapostas comseu marido,voucher casadeapostas comum colchão no chão. Ele ronca alto.

Na noite anterior, ele ficou bêbado e irritado. A pandemiavoucher casadeapostas comcoronavírus significa menos pessoas usando transporte público, então, como alguém que transporta passageirosvoucher casadeapostas comum triciclo (autowallah), Vijay viuvoucher casadeapostas comrenda diária cairvoucher casadeapostas com1.500 rupias por dia (cercavoucher casadeapostas comR$ 103) para 700 rupias por dia (quase R$ 48).

"Quantos dias serão assim?", ele gritou, jogando no chão a garrafa que estava bebendo. Os filhos saíram correndo para trásvoucher casadeapostas comGeetavoucher casadeapostas combuscavoucher casadeapostas comproteção.

Por sorte, segundo ela, o marido deitou no colchão compartilhado pela família inteira e caiu no sono logo depois do ataquevoucher casadeapostas comfúria.

"Levou um tempo até acalmar as crianças", afirma Geeta. "Elas já viram o pai muitas vezes desse jeito, mas ele tem sido cada vez mais violento. Ele quebra as coisas e me arrasta pelo cabelo."

Geeta tem 27 anos e está casada desde os 15 com seu marido, 11 anos mais velho que ela. Ela afirma ter perdido a contavoucher casadeapostas comquantas vezes foi agredida pelo marido. A primeira vez foi na noitevoucher casadeapostas comcasamento. Geeta tentou deixá-lo uma vez, mas Vijay não permitiria que ela levasse os filhos.

A família vivevoucher casadeapostas comuma vizinhança pobre na zona rural da Índia, país com 1,3 bilhãovoucher casadeapostas comhabitantes que registrou até agora 1.251 pessoas infectadas com coronavírus e 32 mortes.

Num dia normal, Geeta caminha 1 km até o poço mais próximo para coletar água. Quando já estávoucher casadeapostas comvolta avoucher casadeapostas comcasa, ela papeia com vizinhos enquanto espera a chegada do comerciantevoucher casadeapostas comvegetais com seu carrinhovoucher casadeapostas commão.

Depoisvoucher casadeapostas comcomprar a comida da casa para o dia, Geeta começa a preparar o café da manhã. Seu marido sai por volta das 7h, retorna para almoçar e cochilar, e depois saindo novamente após as duas crianças mais velhas voltarem da escola.

Mas as coisas mudaram no dia 14, quando as escolas fecharam. "As crianças estãovoucher casadeapostas comcasa o tempo todo agora, e começaram a irritar meu marido."

"Em geral, ele concentravavoucher casadeapostas comraivavoucher casadeapostas commim, mas começou a gritar com eles por causavoucher casadeapostas compequenas coisas, como deixar um copo no chão. Depois, digo algo para desviarvoucher casadeapostas comatenção para que ele fique com raivavoucher casadeapostas commim, mas quanto mais tempo ficamos juntos, menos consigo pensarvoucher casadeapostas comdistraí-lo."

Plano interrompido

Geeta tinha um plano. Enquanto o marido estava no trabalho, ela concluía a limpeza da casa e seguia até um prédio comercial nos arredores do bairro.

Lá, ela frequentava uma aula secreta organizada por líderes comunitários, onde as mulheres aprendiam a costurar, ler e escrever.

Geeta quer ter habilidades suficientes para ser financeiramente independente e viver com seus filhos. Na aula, ela também aprender a ajudar vítimasvoucher casadeapostas comviolência doméstica.

Mas a quarentenavoucher casadeapostas com21 dias na Índia, que começouvoucher casadeapostas com24voucher casadeapostas commarço, acabou com o plano. As aulas foram suspensas, e é impossível aos conselheiros comunitários visitarem mulheres vulneráveis.

Vimlesh Solanki, voluntária do Sambhali Trust, organização que apoia mulheresvoucher casadeapostas comJodhpur, a segunda maior cidade do Estado do Rajastão, diz que o coronavírus colocou mulheresvoucher casadeapostas comperigo.

"Uma quarentena integral significa que a rotina diária foi totalmente alterada. Agora não há carrinhosvoucher casadeapostas comfrutas, legumes e verduras circulando pelas regiões, então é preciso caminhar muito até um mercado para poder comer todos os dias."

"Situações estressantes como essa significam que há mais coisas que desencadeiam ataquesvoucher casadeapostas comparceiros já abusivos".

Girl sitting on her laptop with a blender behind her.

Crédito, James Mobbs/BBC

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voucher casadeapostas com Kai, 19, voucher casadeapostas com em Nova York

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Kai digita lentamente no celular. "Minha mãe quer que eu fique com você." A resposta vem rápido: "Certo".

Na semana passada, a adolescente retornou à casa que ela prometeu nunca mais voltar. "Meu cérebro desligou no segundo que eu entrei ali. Tudo se foi, cada sentimento."

Ela se mudou para morar com o pai, homem que ela acusavoucher casadeapostas comabusar física e sexualmente dela por anos.

Há duas semanas, Kai pensava que o coronavírus seria algo passageiro e sumiria dos noticiários. Mas aí as coisas mudaram.

Os funcionários da loja onde a mãe dela trabalha estavam ficando inquietos e nervosos com as notíciasvoucher casadeapostas comque a pandemia havia chegado com força a Nova York.

A equipe dali tinha contato o dia inteiro com clientes, mas eles não precisaram se preocupar por muito tempo. O estabelecimento fechou sem data para voltar, e a maioria dos funcionários foi demitida.

A mãevoucher casadeapostas comKai perdeu seu emprego, que pagava US$ 15 por hora (cercavoucher casadeapostas comR$ 78), e foi informadavoucher casadeapostas comque teria planovoucher casadeapostas comsaúde por mais cinco dias.

A situação começou a pesar sobre ela, que enfrenta há anos problemasvoucher casadeapostas comsaúde mental.

"Ela teve uma crise recentemente. Começou a gritar que as coisas estavam ficando loucas e que eu deveria ir para casavoucher casadeapostas commeu pai."

Essas palavras, segundo a jovem, lhe deram calafrios. Ela foi para o quarto esperando que as coisas se acalmassem, mas quando voltou,voucher casadeapostas commãe disse: "Por que você ainda está aqui?"

Há apenas alguns meses, Kai começou a fazer terapia para lidar com anosvoucher casadeapostas comabuso físico e sexual que relata enfrentar desde que era pequena. Ela ainda não havia relatado o caso paravoucher casadeapostas commãe evoucher casadeapostas comirmã.

Ainda estava cedo, mas Kai diz que a terapia já ajudava a se sentir mais no controlevoucher casadeapostas comsua vida - e mais esperançosa sobre o futuro.

Mas o abrigo onde se encontrava com o terapeuta anunciou que teria que fecharvoucher casadeapostas comrazão do avanço do coronavírus. E na semana passada, voltou a morar com o pai.

A outra vezvoucher casadeapostas comque ficaram juntos foi durante o furacão Sandy,voucher casadeapostas com2012. A casa ficou sem energia, e, segundo ela, os abusos foram particularmente violentos.

Kai afirma que não sofreu nada desta vez, mas não existe muita rotina nos abusos. Em geral, depende do que ele está assistindo na internet.

"Ele fica aqui o tempo inteiro", sussurra, "durante o diavoucher casadeapostas comque ele assiste TVvoucher casadeapostas comseu computador na salavoucher casadeapostas comestar. À noite, eu o escuto assistindo pornô".

Ela sabe que ele está acordado quando o ouve fazervoucher casadeapostas comvitaminavoucher casadeapostas comcafé da manhã. "Eu odeio tanto isso, é tão alto, o som do liquidificador me paralisa. É o começo do meu dia, quando eu tenho que estar vigilante."

Porta sem fechadura

Kai não dorme muito desde que voltou para essa casa, e a portavoucher casadeapostas comseu quarto não tem uma fechadura.

Segundo ela, o abuso físico era comum quando fazia algo que o irritava. Atualmente, ela planeja ficar fora do radar dele e só sair do quarto para ir ao banheiro e comer algo na cozinha.

"Ele age como se estivéssemos vivendo um tempo estranho na história, mas não fala nada sobre o abuso. Isso faz com que eu sinta que estou louca. Ele não fez nada ainda desta vez, mas a expectativa e a ansiedade estão me matando por dentro."

Kai passa o dia todo online. Recentemente, tem assistido a análisesvoucher casadeapostas comfilmes que viu no YouTube. Ela gostavoucher casadeapostas comver críticas sobre obras que assistiu.

A jovem espera quevoucher casadeapostas commãe deixe que ela volte logo para casa, ou que a pandemia passe e ela possa encontrar outro lugar para morar.

Ilustraçōes de James Mobbs e traduçōesvoucher casadeapostas comRohan Nair

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