O xadrez nos EUA envolvendo a decisãoofertas betanoTrumpofertas betanoatacar general do Irã:ofertas betano
Promessasofertas betanocampanha
A política externa americana é uma das áreasofertas betanomaior prioridade do presidente. Ao longo dos últimos 3 anos, Trump tentou deixar uma marca própria ao se engajarofertas betanouma guerra comercial com a China, tentar reestabelecer relações diplomáticas com a Coreia do Norte, refazer o acordoofertas betanolivre comércio com México e Canadá. Seus movimentos são uma tentativaofertas betanodemonstrar que ele põeofertas betanoprática o lemaofertas betanosua campanha "America First", americanos primeiro,ofertas betanocontraposição ao que considerou ser um estilo complacente do antecessor democrata Barack Obama.
Isso também é verdadeofertas betanorelação ao Oriente Médio. Ao longo da disputa eleitoralofertas betano2016, Trump fez duras críticas ao que chamouofertas betano"guerras sem fim",ofertas betanorelação às ações americanasofertas betanopaíses como Afeganistão, Iraque e Síria. Ele defendeu a retirada das tropas americanas dessas áreas. Essa promessa foi cumprida apenas parcialmente ao longo dos últimos três anos: houve redução no contingente militar americano nesses países.
Mas,ofertas betanovezofertas betanosatisfazer a audiência interna meramente, a estratégia pode ter sido importante para levar os americanos a novos problemas.
A retiradaofertas betanosoldados americanosofertas betanopostos no Oriente Médio,ofertas betanoacordo com críticos, acabou levando a vaziosofertas betanopoder nos territórios, mais tarde ocupados por inimigos dos americanos, como a redeofertas betanointeligência iranianaofertas betanoSoleimani.
"Para ser eleito, Barack Obama vai iniciar uma guerra contra o Irã". O comentário foi postado via Twitter por Donald Trumpofertas betanonovembroofertas betano2011, cinco anos antes que o empresárioofertas betanoNova York se convertesse no 45º presidente dos Estados Unidos, e oito anos antes que ele mesmo se visse dianteofertas betanouma acusação semelhante.
Outra das promessasofertas betanocampanhaofertas betanoTrump era a retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear firmado entre Barack Obama e o presidente iraniano Hassan Rohani,ofertas betanoque o Irã se comprometia a reduzir o beneficiamentoofertas betanourânioofertas betanotroca do alívioofertas betanosanções financeiras ao país. Em maioofertas betano2018, Trump cumpriuofertas betanopalavra: qualificou o Irã como "Estado patrocinadorofertas betanoterrorismo", deixou o acordo e retomou as medidas restritivas sobre a economia do país. O plano era enfraquecer o Irã com o cerco financeiroofertas betanomodo que a negociação diplomática avançasse a contento para os americanos. Não foi bem isso o que aconteceu, no entanto.
Em resposta, os iranianos são acusadosofertas betanoorquestrar ataques militares cirúrgicos contra alvos americanos ou aliados. As digitaisofertas betanoSoleimani, considerado o estrategista por trásofertas betanotais ações, estavam quase sempre encobertas pela açãoofertas betanocampoofertas betanomilícias xiitas iraquianas e sírias, rebeldes iemênitas, além do grupo libanês Hezbollah, todos treinados e equipados pela Força Quds.
"Se você olhar para o padrão (da relação do Irã com os EUA) nos últimos meses, o fatoofertas betanoque eles realizaram ou foram acusadosofertas betanorealizar esses diferentes incidentes sem uma resposta enérgica, uma resposta militar e armada, pode ter encorajado os iranianos a ver até onde poderiam ir", afirma Naysan Rafati, especialistaofertas betanoIrã da organização internacionalofertas betanoprevençãoofertas betanoconflito Crisis Group.
Ele se refere, por exemplo, ao ataqueofertas betanodrones,ofertas betanomeadosofertas betanosetembro, que destruíram duas das principais instalações petrolíferas da Arábia Saudita, a maior exportadorofertas betanopetróleo do mundo. O ato foi atribuído pelos americanos e seus aliados ao Irã, o que o o governo do país sempre negou.
Há uma semana, no entanto, um desses ataques acabou matando um civil americanoofertas betanouma base militar na província iraquianaofertas betanoKirkuk —ofertas betanoresposta, os Estados Unidos detonaram ataques aéreos que mataram 25 milicianos iraquianos e feriram maisofertas betano50. No último dia 31, xiitas iraquianos invadiram a embaixada americana no Iraque.
"O Irã será totalmente responsabilizado por vidas perdidas ou danos sofridosofertas betanoqualquer umaofertas betanonossas instalações. Eles vão pagar um preço muito grande! Isso não é um aviso, é uma ameaça. Feliz Ano Novo!", tuitou Trump na tarde do dia 31, cercaofertas betano48 horas antesofertas betanoordenar o ataque que matou Soleimani.
"Tem havido uma espécieofertas betanofervura constante nos últimos meses. Mas, nos últimos dias, pela primeira vez, um cidadão dos EUA foi mortoofertas betanoum dos ataques. E então tivemos o tumulto na embaixada. A situação assumiu uma nova dinâmica e os EUA decidiram responder não mais apenas com sanções e ataques cibernéticos. Mas indo diretamente atrásofertas betanoaltos oficiais militares iranianos. E, no que diz respeito às altas autoridades iranianas, provavelmente não há ninguém tão significativo quanto Soleimani. Sua morte é para os iranianos um atoofertas betanoguerra", argumenta Rafati.
Para Modad, o fatoofertas betanoo Irã ter matado um civil americano e ameaçado o corpo diplomático do país permitiu ao presidente Trump ambiente político doméstico para subir alguns graus na relação e adotar uma ação militar contra Soleimani, um velho conhecido das forças militares eofertas betanointeligência dos americanos. De acordo com os analistas, os americanos já tiveram próximos a executá-loofertas betanouma sérieofertas betanoataques anteriores, mas sempre desistiam diante do cálculoofertas betanoque os riscos superavam os benefícios da medida. Não mais.
"Eles mataram um funcionário terceirizado americano e tentaram invadir a embaixada dos EUA. Portanto, tornou-se politicamente aceitável para os cidadãos americanos, que se sentiram atacados, que o governo atacasse para defendê-los", diz Modad.
Unir os americanosofertas betanotorno do conflito
"Uma ação defensiva decisiva", definiu o Pentágono. "O mundo é um lugar muito mais seguro hoje, após o desaparecimentoofertas betanoQasem Soleimani", defendeu o secretárioofertas betanoEstado Mike Pompeo.
As declarações são parte da narrativaofertas betanoTrump para justificar e convencer a opinião pública americana do acertoofertas betanosua decisão, motivada, segundo ele, pela proteção inegociável das vidas e dos interesses americanos. E, uma oportunidade para que ele marque diferenças clarasofertas betanorelação a si mesmo e a última gestão democrataofertas betanosituaçõesofertas betanoameaça a americanos no exterior.
"Ainda bem que o presidente é você e não a Hillary Clinton, senão teríamos um novo Bengazi", escreveu uma apoiadoraofertas betanoTrumpofertas betanoresposta à mensagem do líderofertas betanoque criticava o ataque às instalações diplomáticas americanas no Iraque.
A eleitora americana se refere ao assassinato do embaixador americano Christopher Stevens na Líbia,ofertas betano2012, após um ataque a bomba ao consulado. O episódio gerou uma crise no governo Obama, acusadoofertas betanose omitir na proteção aos funcionários do país no exterior, e terminou com a então secretáriaofertas betanoEstado Hillary Clinton admitindo a culpa pelas falhasofertas betanosegurança no local. O assunto retornou na campanhaofertas betanoque Hillary acabou derrotada por Trump.
"Acho que o presidente não está procurando brigas no exterior para o consumo político doméstico. O que vimos foi uma ameaça legítima para nós, a embaixada foi atacada. E Bengazi ainda está nas mentes dos eleitores, Trump foi um grande crítico (de Hillary Clinton na campanha) e não poderia agora dar uma resposta insuficiente", afirmou à BBC News Brasil o analista político Michael Johns, um dos autoresofertas betanodiscursos presidenciais durante a gestão republicanaofertas betanoBush.
Aliados do presidente criticaram as ações que levaram à morteofertas betanoSoleimani, dizendo que elas escapavam ao discursoofertas betanoTrumpofertas betanonão intervenção dos americanosofertas betanoassuntos regionais que não lhes dissessem respeito. "Quem está realmente se beneficiando disso?", questionou o comentarista da Fox News Tucker Carlson, um dos mais contundentes apoiadoresofertas betanoTrump.
O questionamento remonta a acusação que o próprio Trump fez a Obama sobre se engajarofertas betanouma guerraofertas betanobuscaofertas betanovotos (o que,ofertas betanofato, não aconteceu). A relação entre guerras e votos mobiliza o imaginário político do país. Observadoresofertas betanopolítica americana argumentam que a reeleição do republicano George H.W. Bushofertas betano2004 se deveu menos a seus feitos administrativos e mais aofertas betanoimagemofertas betanolíder no esforçoofertas betano"guerra contra o Terror", com as invasões no Afeganistão e no Iraque pós ataquesofertas betano11ofertas betanosetembroofertas betano2001.
Antes dele,ofertas betanomeio ao processoofertas betanoimpeachment pelo escândalo sexual na Casa Branca, o democrata Bill Clinton ordenou o bombardeioofertas betanoBelgrado, na Sérvia, como uma ação humanitáriaofertas betanofavor da etnia albanesa, sob ataque do governo sérvio. A operação matou centenasofertas betanocivis. Críticos dizem que a ação visava melhorar a imagem pública do democrata.
Num passado mais distante,ofertas betano1864, a condução da guerra civil americana foi primordial para que Abraham Lincoln se tornasse o primeiro presidente dos EUA a ser reeleito. Já Franklin Roosevelt obteve quatro mandatos presidenciais por conseguir conduzir os Estados Unidos a uma ondaofertas betanoprosperidade concomitante à Segunda Guerra Mundial.
Mas há também exemplosofertas betanoque o envolvimentoofertas betanoconflitos levou ao fracasso político do presidente. É o casoofertas betanoRichard Nixon com a Guerra do Vietnã, considerada uma derrota histórica para as tropas americanas, com quase 60 mil soldados mortos.
"Uma aventura militar, se a observarmos historicamente, tem a mesma probabilidadeofertas betanoarruinarofertas betanovida política ouofertas betanopromovê-la. Se você se lança e fracassa, está acabado", diz Modad, para quem esse tipoofertas betanoraciocínio sobre a atual decisãoofertas betanoTrump é "especulação bobaofertas betanoesquerda".
Para o correligionárioofertas betanoTrump, Michael Johns, o presidente terá apoio dos eleitores emofertas betanomedida militar, mas não terá ganho político com a ação.
"A relação entre conflitos e eleição tem sido mista. A Guerra do Vietnã obviamente não foi útil para Richard Nixon porque foi percebida como mal conduzida. Não fomos vistos como vencedores. Mesmo a Guerra do Iraque com Bush deixou os americanos impacientes. Culturalmente, não são do agrado dos eleitores essas ocupações prolongadas. Por outro lado, o antiterrorismo é prioridade e deve ser tratado assim pelo comandante do país. Então, acho que o presidente fez será apoiado. Mas a medida é sempre controversa, porque nunca é a últimaofertas betanouma sérieofertas betanojogadasofertas betanoxadrez", diz Johns.
Efeito Iêmen
A maior preocupaçãoofertas betanoaliadosofertas betanoTrump é que a tensão e os ataques esporádicos possam se converterofertas betanoum longo e arrastado conflito entre os dois países, com ocupação territorial, aos moldes do que se viu no Afeganistão. Isso poderia causar dano na imagemofertas betanoTrump junto aos eleitores. E,ofertas betanoacordo com os especialistasofertas betanoIrã, é exatamente esse tipoofertas betanotáticaofertas betanoque os iranianos são experts.
"Em casoofertas betanoguerra, não há garantiaofertas betanoque os Estados Unidos vençam. Claramente, o Irã não pode derrotar os Estados Unidosofertas betanouma maneira convencional, no sentido militar. Mas pode fazer uma guerra tão longa e tão cara, que os americanos não poderão vencê-la politicamente", afirma Modad.
Para ele, o melhor exemplo desse tipoofertas betanosituação é o Iemên. Sofrendo com uma guerra civil alimentada pela Arábia Saudita e pelo Irã há quase 5 anos, o país segue sendo uma frenteofertas betanoconfronto aberto que tem desgastado sobretudo aos sauditas. "Os iranianos têm muita paciência e estratégia para alongar um conflito desses", diz Modad.
Os analistas consideram certo que haverá uma retaliação iraniana: aos aliados ou aos americanos diretamente,ofertas betanoseu próprio exército ouofertas betanoalgum dos grupos milicianos que eles patrocinam. E do pontoofertas betanovista político e militar, o Irã é visto como um país mais estruturado e perigoso do que o Afeganistão ou a Coreia do Norte.
"Os iranianos já têm dito que estão sitiados por causaofertas betanosanções. As autoridades iranianas vêm mencionando há meses uma guerra econômica. Para eles, essas provocações e escaladas são partesofertas betanonão se render às demandas dos EUA na campanhaofertas betanopressão máximaofertas betanoTrump. Eles têm recursos bélicos e pouco a perder, o que torna a situação potencialmente explosiva", diz Rafati.
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