O que representa Trump cumprir promessa e tirar EUA do Acordo7 bet sportsParis:7 bet sports

Trump aparece comemorando com um gesto, observado por dezenas7 bet sportsapoiadores na plateia

Crédito, MANDEL NGAN/AFP

Legenda da foto, Retirada dos EUA do Acordo7 bet sportsParis foi promessa7 bet sportscampanha7 bet sportsTrump, consolidada a um ano7 bet sportsum novo pleito

Para isso, o acordo prevê que os países signatários devem atingir metas7 bet sportsredução7 bet sportsemissões7 bet sportsCO2, eliminado na atmosfera especialmente pela queima7 bet sportscombustíveis fósseis e madeira, e responsável pelo aquecimento global.

Meninas7 bet sportsprotesto sobre questões climáticas7 bet sportscéu aberto na Califórnia, EUA

Crédito, Frederic J. BROWN/AFP

Legenda da foto, Protesto destaca questões climáticas na Califórnia, EUA; Acordo7 bet sportsParis, aprovado7 bet sports2015, foi um dos marcos sobre a pauta a nível global

Para se ajustar às demandas do acordo, os países teriam que modificar as bases7 bet sportssua produção industrial,7 bet sportsmodo a torná-la mais sustentável. Trump afirmou7 bet sports2017 que, ao fazer esse tipo7 bet sportsexigência, o acordo "é desvantajoso" para os interesses da economia americana, porque levaria ao fechamento7 bet sportsfábricas e à perda7 bet sportspostos7 bet sportstrabalho na indústria carvoeira dos EUA, que ele prometeu incentivar. Além disso, para o mandatário americano, os termos do pacto feririam a soberania dos Estados Unidos sobre seu próprio território.

Pompeo retomou esses argumentos ao anunciar a saída do pacto nesta segunda-feira, dia 4: "Hoje começamos o processo formal7 bet sportsretirada do Acordo7 bet sportsParis. Os EUA têm orgulho7 bet sportsnosso histórico como líder mundial7 bet sportsreduzir emissões, promover resiliência, fortalecer nossa economia e garantir energia para nossos cidadãos. O nosso modelo (energético) é realista e pragmático", disse o secretário no Twitter.

Um momento oportuno

Embora fosse promessa antiga, o anúncio da retirada acontece7 bet sportsum momento oportuno para Trump, que enfrenta tempos7 bet sportsfragilidade política desde que o Congresso iniciou um processo7 bet sportsimpeachment contra ele, há pouco mais7 bet sportsum mês.

Na semana passada, a Câmara dos Representantes decidiu seguir publicamente com a tomada7 bet sportsdepoimentos na investigação contra o presidente. Nessa terça-feira (5), as transcrições dos testemunhos do ex-embaixador na Ucrânia Kurt Volken e do embaixador na União Europeia Gordon Sondland se tornarão públicas. É sabido que ambas trazem elementos comprometedores contra Trump no episódio7 bet sportsque ele pediu ao presidente da Ucrânia uma investigação contra um dos pré-candidatos democratas, Joe Biden,7 bet sportstroca da liberação7 bet sportsrecursos7 bet sportsajuda militar ao país.

"Trump está sob ataque cerrado e a questão ambiental é extremamente polarizada nos Estados Unidos. Um anúncio como esse agora é uma maneira7 bet sportsmanter a base unida e animada, uma estratégia para desviar a atenção do processo7 bet sportsimpeachment", afirma Guilherme Casarões, professor7 bet sportsrelações internacionais da Fundação Getúlio Vargas.

Os Estados Unidos emitem cerca7 bet sports15% do dióxido7 bet sportscarbono liberado na atmosfera atualmente. Trump afirmou no passado que poderia tentar renegociar uma nova entrada dos EUA no Acordo7 bet sportsParis no futuro, com termos que,7 bet sportssuas palavras, fossem mais "justos com o povo americano". Na prática, no entanto, essa decisão dependerá7 bet sportsquem ganhar a presidência7 bet sports2020.

Promessa nos EUA, promessa no Brasil

Bolsonaro aponta para o lado

Crédito, REUTERS/Adriano Machado

Legenda da foto, Em7 bet sportscampanha eleitoral, Bolsonaro também chegou a fazer promessas7 bet sportsretirar o Brasil do Acordo7 bet sportsParis

Alinhado ideologicamente a Trump, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro também chegou a fazer promessas7 bet sportsretirar o Brasil do Acordo7 bet sportsParis ainda durante7 bet sportscampanha eleitoral,7 bet sports2018.

"O que está7 bet sportsjogo é a soberania nacional, porque são 136 milhões7 bet sportshectares que perdemos ingerência sobre eles", afirmou,7 bet sportsreferência à dimensão da área que deveria ser protegida7 bet sportsdesmatamento pelo governo federal. "Eu saio do Acordo7 bet sportsParis se isso continuar sendo objeto. Se nossa parte for para entregar 136 milhões7 bet sportshectares da Amazônia, estou fora sim."

Já na condição7 bet sportspresidente eleito, ele voltou a defender a saída: "Nós vamos sugerir mudanças no Acordo7 bet sportsParis. Se não mudar, saímos fora", disse Bolsonaro . "Quantos países não assinaram esse acordo? Muitos países importantes não assinaram, outros saíram. Por que o Brasil tem que dar uma7 bet sportspoliticamente correto e permanecer num acordo possivelmente danoso à nossa soberania? A nossa soberania jamais estará7 bet sportsjogo".

Além da retirada do acordo7 bet sportsParis, Bolsonaro havia prometido acabar com o Ministério do Meio Ambiente e rever as medidas7 bet sportsproteção ambiental do Código Florestal. O presidente também resolveu que o Brasil já não mais seria anfitrião7 bet sportsum acordo global do clima, marcado para acontecer no país no final7 bet sports2019. O encontro foi transferido para o Chile que, diante das intensas manifestações7 bet sportsrua que enfrenta, redirecionou o evento para Madri, na Espanha.

Os posicionamentos políticos7 bet sportsBolsonaro caíram mal na opinião pública internacional. A possibilidade7 bet sportsque produtos agrícolas brasileiros sofressem boicote internacional levou o governo a rever seu posicionamento antes mesmo que as queimadas na Amazônia ganhassem manchetes7 bet sportsjornais do mundo todo. Em junho desse ano, no encontro dos líderes dos países do G-20,7 bet sportsOsaka, Japão, o presidente sinalizou à comunidade internacional a intenção7 bet sportsmanter o compromisso estabelecido no acordo do clima.

"Os ambientalistas pressionaram, claro, mas quem demoveu o Bolsonaro7 bet sportssair do acordo foram os setores da economia, do agronegócio", afirmou à BBC News Brasil o ambientalista João Paulo Capobianco, ex-presidente do Instituto Chico Mendes7 bet sportsConservação da Biodiversidade (ICMBio).

Ainda assim, o discurso negacionista7 bet sportsrelação às mudanças climáticas é uma constante no alto escalão do governo Bolsonaro.

"Há mudanças climáticas? Sim, certamente, sempre teve. É causada pelo homem? Muitas pessoas dizem que sim, não sabemos com certeza", afirmou o chanceler Ernesto Araújo7 bet sportsdiscurso no think tank conservador Heritage Foundation, na capital americana7 bet sportssetembro.

Para Araújo, a discussão climática, que chamou7 bet sports"climatismo", é usada como pretexto para questionar a soberania do Brasil sobre seu território. Dias antes do discurso do chanceler, Bolsonaro havia entrado7 bet sportsembate direto com Emmanuel Macron, presidente francês, que questionara o país pelas queimadas na Floresta Amazônica.

"Como alguém7 bet sportstempos7 bet sportspaz pode sonhar7 bet sportsquebrar a soberania7 bet sportsum país como o Brasil dizendo que a Amazônia está7 bet sportschamas? De novo por causa7 bet sportsideologia, dessa reclamação7 bet sportscrise climática, vamos salvar o planeta", disse Araújo que, na ocasião, voltou a negar a intenção do Brasil7 bet sportssair do acordo do clima.

Para Capobianco, no entanto, o discurso é só isso: retórica. Na prática, é improvável que a medida7 bet sportsTrump implique alguma alteração na posição do Brasil7 bet sportsrelação ao acordo.

"É claro que essa decisão dos americanos assanha algumas alas da gestão. Mas já ficou claro para o governo brasileiro que o Brasil não é os Estados Unidos. O Brasil é muito mais dependente do comércio7 bet sportscommodities do que os americanos e não tem como fazer frente aos constrangimentos internacionais7 bet sportsrelação ao comportamento ambiental", diz Capobianco.

Historicamente, Brasil e Estados Unidos ocupam posição muito distintas no debate internacional sobre meio ambiente. Enquanto o primeiro assumiu protagonismo no tema ainda na década7 bet sports1990, o segundo reluta7 bet sportsse posicionar7 bet sportsmodo efetivo7 bet sportsrelação ao assunto. Um exemplo disso é o fato7 bet sportsos americanos não terem ratificado o acordo anterior ao7 bet sportsParis, o Protocolo7 bet sportsKyoto. Assim, politicamente, tomar uma medida como essa teria um impacto negativo muito maior no público brasileiro do que potencialmente terá no eleitorado americano no geral.

"A questão ambiental trouxe muitas críticas ao governo brasileiro, que está agora7 bet sportsnovo7 bet sportsposição delicada com a questão do óleo no Nordeste. O ministro do Meio Ambiente teve a filiação suspensa pelo próprio partido pelo mau trabalho que tem desempenhado. Então seria uma jogada muito imprudente7 bet sportsBolsonaro tentar mimetizar o Trump nisso agora", opina Casarões.

Procurado pela BBC, Ernesto Araújo não quis comentar a saída dos americanos do acordo.

Dois voluntários recolhem óleo7 bet sportsareia, perto do mar,7 bet sportspraia na Bahia

Crédito, MATEUS MORBECK/AFP

Legenda da foto, Voluntários recolhem óleo7 bet sportspraia na Bahia; desastre ambiental no Nordeste colocou questão ambiental no Brasil novamente no centro7 bet sportsdebate global

Impacto limitado para o mundo

Embora qualifique como "deplorável" a decisão7 bet sportsTrump7 bet sportssacar os EUA do acordo do clima, Capobianco acredita que os efeitos da decisão sobre o esforço global7 bet sportsreduzir as emissões é limitado. Essa opinião é compartilhada por diversos especialistas. O Instituto Rocky Mountain, dedicado ao meio ambiente, calcula que mesmo que o governo federal dos EUA deixe7 bet sportstomar medidas para evitar o aquecimento global, ainda assim os Estados Unidos devem ser capazes7 bet sportscumprir7 bet sportsquase 70% a meta7 bet sportsredução7 bet sportsliberação do CO2 estabelecida para o país pelo acordo7 bet sportsParis.

Isso porque mais7 bet sportsuma dezena7 bet sportsEstados americanos, liderados pela Califórnia, estão fortemente empenhados7 bet sportsimplementar políticas locais ainda mais restritivas ao CO2 do que as preconizadas pelo Acordo7 bet sportsParis.

"O acordo do clima leva7 bet sportsconta e dá força às iniciativas subnacionais, estaduais. Não é só o governo federal que importa. E os estados americanos têm sido bem-sucedidos na batalha contra Trump", diz Capobianco.

A retirada do Acordo7 bet sportsParis é apenas mais uma das medidas tomadas na agenda ambiental do republicano. Domesticamente, Trump tenta enfraquecer essas iniciativas limpas. No caso mais recente, ele relaxou as exigências federais7 bet sportseficiência energética dos carros movidos a combustível fóssil, contra o interesse da própria indústria automobilística, já equipada para produzir motores menos poluentes. Na prática, Trump autorizou os carros a poluírem mais e entrou na Justiça contra a Califórnia, cujas normas são mais rígidas, para impedir que a administração estadual possa atuar7 bet sportsmodo independente ao governo federal.

Uma pesquisa publicada no periódico científico Science mostrou que, sob Trump, as terras federais americanas sofreram a maior devastação da história. O presidente defende desregulação da exploração dessas áreas, para aquecer a economia. Em setembro, o jornal New York Times contabilizou 85 regras ambientais que foram flexibilizadas ou enfraquecidas pela atual gestão,7 bet sportstrês anos.

"Quase o mundo todo assinou o Acordo7 bet sportsParis. Então os americanos podem enfraquecer o ânimo7 bet sportsalgumas nações7 bet sportsimplementar mudanças para combater o aquecimento global, mas mesmo isso tem limites. Os Estados Unidos nunca foram uma liderança no assunto clima. Vão continuar não sendo", diz Casarões.

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