Como a Europa multiplicou suas florestas (e por que isso pode ser um problema):betesporte banca

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Legenda da foto, Landes é maior floresta já criada pelo homem na Europa ocidental

Originalmente, a vegetação natural europeia era formada por florestas, explica Bastrup-Birk. Mas, com a colonização do continente, elas foram derrubadas para usarbetesporte bancamadeira para construção, produçãobetesporte bancaenergia, aquecimento, fabricaçãobetesporte bancamóveis, entre outras atividades.

"Diante da necessidadebetesporte bancaobter mais madeira, o que restava passou a ser preservado e também se começou a plantar árvores para atender a essa demandabetesporte bancaforma planejada."

Assim, enquanto a área florestal europeia perdeu, entre 1750 e 1850, cercabetesporte banca190 mil km²,betesporte banca1850 até os diasbetesporte bancahoje cresceu cercabetesporte banca386 mil km². Hoje, é 10% maior do que antes da Revolução Industrial.

'Não encontrei 1 km²betesporte bancafloresta na Europa', disse Bolsonaro

As florestas da Europa ganharam destaquebetesporte bancameio à crise gerada pela suspensãobetesporte bancarepasses para projetosbetesporte bancaconservação ambiental por Alemanha e Noruega.

Esses e outros países europeus criticaram a política ambiental do governobetesporte bancaJair Bolsonaro (PSL), especialmente após o Instituto Nacionalbetesporte bancaPesquisas Espaciais (Inpe) apontar um aumento acentuado do desmatamento na Floresta Amazônica neste ano.

Entre janeiro e setembro, houve um crescimentobetesporte banca92,7%betesporte bancacomparação com o mesmo períodobetesporte banca2018,betesporte bancaacordo com os dados mais recentes.

Em reação, o presidente disse que gostariabetesporte banca"mandar um recado" à chanceler alemã, Angela Merkel, que suspendeu um financiamentobetesporte bancaUS$ 80 milhões para projetosbetesporte bancaproteção da Amazônia. "Pegue essa grana e refloreste a Alemanha, ok? Lá está precisando muito mais do que aqui", afirmoubetesporte bancaagosto.

Um mês antes, o presidente já havia questionado a autoridadebetesporte bancaMerkel e do presidente francês, Emmanuel Macron,betesporte bancacriticar a política ambiental brasileira. "Sobrevoei a Europa por duas vezes e não encontrei 1 km²betesporte bancafloresta", disse.

Em 2007, o ex-presidente Lula fez declarações semelhantes ao afirmar que o Brasil "ainda tem 69% dabetesporte bancamata original preservada, enquanto os países ricos, que tentam nos dar lição, só têm 0,3% das suas florestas preservadas".

Menor usobetesporte bancamadeira e êxodo rural

No entanto, florestas ocupam hoje 1,8 milhãobetesporte bancakm² da Europa — ou 43%betesporte bancatodo o continente, o que faz dele uma das regiões do mundo mais ricasbetesporte bancaflorestas,betesporte bancaacordo com a EEA.

De fato, grande parte da vegetação original não existe mais: apenas 3% da área totalbetesporte bancaflorestas na Europa ébetesporte bancamata nativa, segundo a EEA.

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Legenda da foto, Florestas cobrem hoje uma área 10% maior do que antes da Revolução Industrial na Europa

A maior parte do que existe hoje se deve ao florestamento, mas não só. Mais recentemente, especialmente desde 2000, vem ocorrendo uma expansão natural das florestas já existentes.

Uma combinaçãobetesporte bancafatores permitiu a volta das árvores. "Com a eletricidade e os combustíveis fósseis, o consumobetesporte bancamadeira caiu drasticamente", diz Bastrup-Birk.

Ao mesmo tempo, esse crescimento florestal foi favorecido pelo êxodo das zonas rurais para as urbanas, explica o diretor-adjunto para florestas do World Resources Institute (WRI), organização não governamental dedicada a pesquisas na área ambiental.

"Em países como Espanha e Itália, há vilarejos que estão sendo abandonados, assim como camposbetesporte bancacultivos menores, porque o preço destes produtos não está alto, e seus donos os vendem e vão para as cidadesbetesporte bancabuscabetesporte bancaempregos", afirma Stolle.

"Também há uma preocupação maiorbetesporte bancamuitas prefeiturasbetesporte bancacriar áreas verdes e ampliar as florestasbetesporte bancasuas cidades e nas regiões do entorno para o proveito dos moradores e para atrair turistas."

Impactos negativos no meio ambiente

Mas a expansão das florestas não é acompanhada apenas por boas notícias e pode, inclusive, não serbetesporte bancatodo benéfica,betesporte bancaacordo com estudos recentes.

Uma pesquisa da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN, na siglabetesporte bancainglês), organização britânica que monitora o statusbetesporte bancaespécies biológicas, aponta que, entre as 454 espéciesbetesporte bancaárvores nativas da Europa, 42% estão ameaçadasbetesporte bancaextinção no continente.

Entre as espécies endêmicas, aquelas que não existembetesporte bancanenhum outro lugar do mundo, a situação é ainda pior: 58% estão ameaçadas.

Isso se deve à perda ou destruiçãobetesporte bancaáreas naturais e pelo avanço da agricultura ebetesporte bancaespécies invasoras e as mudanças climáticas, diz o estudo.

"Isso mostra a terrível situaçãobetesporte bancamuitas espécies negligenciadas e subvalorizadas que formam a espinha dorsal dos ecossistemas da Europa e contribuem para um planeta saudável", diz Luc Bas, diretor do escritório europeu da IUCN.

Ao mesmo tempo, a ideiabetesporte bancaque plantar árvores ajuda a combater as mudanças climáticas porque elas absorvem carbono foi questionada por outra pesquisa, publicadabetesporte banca2016 na revista Science.

Cientistas apontam que, na Europa, árvores cultivadas intensificaram o aquecimento global. Eles afirmam que a substituiçãobetesporte bancaespéciesbetesporte bancafolhas largas, como carvalhos, por coníferas, como pinheiros, é uma das principais razões do impacto negativo.

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Legenda da foto, Espéciesbetesporte bancaárvores coníferas, como os pinheiros, absorvem mais radiação e contribuem para aquecimento global, aponta estudo

Nos últimos 150 anos, privilegiou-se o cultivobetesporte bancaárvoresbetesporte bancacrescimento mais rápido e maior valor comercial, como coníferas. Por outro lado, estas espécies são geralmente mais escuras e absorvem mais calor do que árvoresbetesporte bancafolhas largas.

"Devido à mudança para espéciesbetesporte bancaconíferas, houve um aquecimento na Europabetesporte bancaquase 0,12°C, porque as coníferas absorvem mais radiação solar", afirma Kim Naudts, principal autora do estudo.

Os pesquisadores afirmam que este aumento equivale a 6% do aquecimento global atribuído à queimabetesporte bancacombustíveis fósseis e que impactos semelhantes são prováveisbetesporte bancaregiões onde ocorreu o mesmo tipobetesporte bancaflorestamento. Por isso, sugerem ser necessário examinar com cuidado os tiposbetesporte bancaárvores que são plantadas.

'Nem sempre plantar árvores é uma boa ideia'

Bastrup-Birk, da EEA, diz que o resultado deste estudo é relevante, mas ressalta que levabetesporte bancaconta apenas um aspecto destes ecossistemas.

"Florestas são multifuncionais, porque retiram carbono da atmosfera e o estocam, promovem uma maior biodiversidade, impactam a qualidadebetesporte bancavida. Então, precisamos olhar para isso", afirma especialista.

"Mas este estudo reforça que não basta plantar árvores. É importante saber o que e onde plantar e fazer um melhor gerenciamento florestal para termos os melhores resultados possíveis daqui a 50 ou 100 anos, que é o tempo que se leva para formar uma nova floresta."

A expansão das florestas também deve ter um limite, diz Stolle, da WRI, para que não seja negligenciada a necessidadebetesporte bancacultivar alimentos para uma população mundial que crescebetesporte bancaritmo acelerado.

"Precisaremos produzir mais comida para suprir as necessidadesbetesporte bancaquase 10 bilhõesbetesporte bancapessoasbetesporte banca2050. Os cálculos apontam que será necessária para isso uma área extra equivalente a quase duas vezes o tamanho da Índiabetesporte bancarelação à área usada globalmente para agriculturabetesporte banca2010, e o mundo tem uma quantidadebetesporte bancaterras limitadas", afirma Stolle.

"Então, plantar árvores nem sempre é uma boa coisa, se fizermos issobetesporte bancaum solo que é bom para a agricultura. Locais assim devem continuar produzindo."

Esse é um dos motivos pelos quais Bastrup-Birk acredita que o aumento da área florestal na Europa esteja se mantendo estável nos últimos anos. "Talvez tenhamos atingido seu pico, porque a terra deve ter outros usos. Precisamos buscar um equilíbrio."

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