Como a poluiçãovai de bet bônusManaus tem afetado chuvas e fotossíntese na Amazônia:vai de bet bônus

Torrevai de bet bônusmediação atmosféricavai de bet bônusManaus

Crédito, Jorge Saturno

Legenda da foto, The Amazon Tall Tower (ATTO), torrevai de bet bônusmediação atmosféricavai de bet bônusManaus utilizada pelos cientistas do projeto GoAmazon

"Ao observar o entornovai de bet bônusManaus, cidade cercada por 1.500 quilômetrosvai de bet bônusfloresta pristina (virgem), constatamos que os ventos conseguem carregar e espalhar a poluição urbana metropolitana sobre centenasvai de bet bônusquilômetros da Amazônia", explica Barbosa, que é um dos autores do artigo.

Uma vezvai de bet bônuscontato com o ar extremamente limpo da Amazônia, as partículas dos poluentes urbanos reagem com compostos orgânicos voláteis produzidos naturalmente pela floresta, formando altos níveisvai de bet bônusaerossóis secundários.

"As emissões urbanas são compostasvai de bet bônuspoluentes gasosos e material particulado. Por meiovai de bet bônusuma complexa química atmosférica, essas emissões influenciam a formação naturalvai de bet bônusaerossóis secundários na floresta, aumentando a quantidadevai de bet bônusmaterial particulado naquela atmosfera limpa", explica Barbosa.

Em outras palavras, ao sofrer interferência das emissões urbanas, a própria floresta, que já produzia naturalmente níveis baixosvai de bet bônusaerossóis, passou a produzir altos níveis do aerossol secundário, modificando a composição química natural davai de bet bônusatmosfera.

O aerossol secundário – formado por partículas que podem ser sólidas, líquidas ou gasosas – age para desequilibrar a formaçãovai de bet bônuschuvas na região da mata. "Essas partículas têm impacto na convecção (quando um fluído, como a água ou o ar, é aquecido e seu tamanho é expandido), formação e desenvolvimentovai de bet bônusnuvens", afirma Barbosa. Ele explica que, quanto maior a taxa desses aerossóis no ar, mais partículas ultrafinas vão compor as nuvens, o que dificulta a condensação do vapor d'água. Como resultado, demorará mais tempo para as chuvas se formarem.

Além dessa interferência, as partículas também participam do "balanço radiativo (trocavai de bet bônuscalor entre o planeta e a atmosfera) e da transmissãovai de bet bônusradiação solar da atmosfera para as folhas", afirma Barbosa. Por isso, quanto mais partículas do aerossol secundário houver na atmosfera, mais difícil será para a luz do sol alcançar as camadas mais baixas da floresta. Tal fator diminui a quantidadevai de bet bônusenergia disponível para as folhas mais baixas, já que as plantas dependem da absorção da radiação solar para a fotossíntese.

O próximo passo do estudo do GoAmazon, programado para ocorrervai de bet bônus2020, será entendervai de bet bônusdetalhes os efeitos desses aerossóis tóxicos para as florestas tropicais. Com isso, o grupo pretende aprofundar o entendimento da comunidade científica sobre o papel das florestas tropicais nas mudanças climáticas globais.

"Nosso estudo se aplica a outras regiõesvai de bet bônusflorestas tropicais no mundo, existentes na África e Sudoeste da Ásia. Ou seja, os mesmos processos devem estar acontecendovai de bet bônustodas as florestas tropicais que sofrem influênciavai de bet bônuspoluição produzida pela atividade humana", pontua Barbosa, se referindo a outras gigantes tropicais, Floresta do Congo, na África Central, e Floresta da Indonésia, na Ásia.

Laboratório a céu aberto

Fundadavai de bet bônus1669 no coração da floresta amazônica –vai de bet bônusoutubro a cidade fará 350 anos – Manaus passou por um intenso processovai de bet bônusurbanização e industrialização na décadavai de bet bônus1960, com a criação da Zona Francavai de bet bônusManaus, uma áreavai de bet bônuslivre comérciovai de bet bônusimportação e exportação evai de bet bônusincentivos fiscais estabelecida com a finalidadevai de bet bônuscriar no interior da Amazônia um centro industrial, comercial e agropecuário.

Protestovai de bet bônusdefesa da Amazôniavai de bet bônusManaus no dia 24vai de bet bônusagosto

Crédito, Alberto César Araújo

Legenda da foto, Protestovai de bet bônusdefesa da Amazôniavai de bet bônusManaus,vai de bet bônusagosto deste ano

"Com a criação da Zona Franca, a populaçãovai de bet bônusManaus passou a aumentar 40% a cada 10 anos desde a décadavai de bet bônus1960. Hoje, a capital reúne maisvai de bet bônus2 milhõesvai de bet bônushabitantes e cercavai de bet bônus710 mil veículos, um aumento da frotavai de bet bônus250% na última década", aponta Barbosa, citando dados do IBGEvai de bet bônus2019.

Atualmente, a zona franca manauara é um dos maiores polos industriais do Brasil, reunindo aproximadamente 600 indústrias, cercadas por importantes rios para a floresta, como o Rio Negro e o Rio Solimões, e por vegetação amazônica.

Apesarvai de bet bônusparecerem números pequenosvai de bet bônusrelação a metrópoles como São Paulo, que tem 12 milhõesvai de bet bônushabitantes e uma frotavai de bet bônus7 milhõesvai de bet bônusveículos, Barbosa afirma que os efeitos da poluição urbanavai de bet bônusManaus podem ser mais perigosos ao meio ambiente, já que a cidade é uma das poucas, senão a única capital no mundo a estar isolada por uma densa floresta tropicalvai de bet bônustodas as suas direções.

"Manaus um laboratório a céu aberto", define o professor do IF-USP, afirmando que por menor que seja o aumento da emissãovai de bet bônuspoluentes na capital do Amazonas, o aumentovai de bet bônusaerossóis secundários na floresta será sempre devastador.

"Quando afetada pela poluição urbana, a formaçãovai de bet bônusaerossóis secundários dentro da Amazônia é muito maior do que o que foi observado na maioria dos locaisvai de bet bônusoutras partes do mundo", exemplifica Barbosa, afirmando que a pluma urbana emitidavai de bet bônusManaus aumentou a taxavai de bet bônusproduçãovai de bet bônusaerossóis secundários na florestavai de bet bônusaté 400%.

Para se ter noçãovai de bet bônuscomo o arvai de bet bônusporções amazônicas que não sofrem interferênciavai de bet bônuspoluentes urbanos é limpo, o meteorologista Glauber Cirino, professor do Programavai de bet bônusPós-Graduaçãovai de bet bônusRiscos e Desastres Naturais na Amazônia, da Universidade Federal do Pará, afirma que, durante o período chuvoso, a atmosfera na região é semelhante àquelas encontradas sobre oceanos remotos.

"As concentraçõesvai de bet bônuspartículas na Bacia Amazônica medidas durante a estação chuvosa estão entre as mais baixas encontradasvai de bet bônusqualquer continente no mundo. Nessa época, o ar sobre a maior parte da região amazônica é limpo como o ar sobre o oceano aberto", compara Cirino.

Piora na estiagem

Em julho, as queimadas no estado do Amazonas atingiram níveis preocupantes: dos 1.699 focosvai de bet bônusincêndios registrados no primeiro semestre do ano, 80% deles ocorreramvai de bet bônusjulho, segundo dados da Secretariavai de bet bônusEstado do Meio Ambiente do Amazonas.

No dia 2vai de bet bônusagosto, o governo estadual do Amazonas decretou estadovai de bet bônusemergência na região metropolitanavai de bet bônusManaus por 180 diasvai de bet bônusfunção das queimadas.

Naquele mesmo mês, os avós do estudante universitário manauara Ivan Santana,vai de bet bônus19 anos, se mudaram da capital por causavai de bet bônusproblemas respiratórios agravados pelo ar poluído da região.

"Em 2018, meus avós vieramvai de bet bônusPorto Velho (Rondônia) para Manaus por causa do trabalho e para ficar próximos da família", lembra Santana. "Logo que minha avó, que tem asma, chegou na cidade, começou a reclamar que o arvai de bet bônusManaus era muito pesado".

O estudante conta que a doença respiratória da avó estava controlada antes da mudança. Porém, depoisvai de bet bônusalgumas semanas morandovai de bet bônusManaus, as crises asmáticas voltaram a ocorrer. Em junho, quando começaram as queimadas na região, a avó passou a ter até duas crises por dia.

"Minha avó ligavavai de bet bônuscasa e dizia que se não se mudassevai de bet bônusManaus, ela sentia que poderia morrer sem ar", lembra Santana.

Os aviões alemães G1 e G5

Crédito, Beat Schmidt

Legenda da foto, Os aviões alemães G1 e G5 usados pelos cientistas do GoAmazon para estudar a atmosfera amazônica

Nesse mesmo período, uma nuvemvai de bet bônusfumaça vinda das queimadas começou a pairar sobre a cidade. "Essa fumaça aparece todo ano nesse período, mas até minha avó começar a sofrer com o problema, eu nunca tinha me atentado para o fatovai de bet bônuscomo o ar da cidade é perigoso", afirma o estudante.

Em julho, no ápice das ocorrênciasvai de bet bônusfocosvai de bet bônusincêndio no entornovai de bet bônusManaus, os avós voltaram a morarvai de bet bônusPorto Velho.

"A mudança aconteceu num momento insuportávelvai de bet bônusqueimadas na região, mas minha avó reclamava do ar pesado na cidade muito antes do períodovai de bet bônusestiagem começar. Ou seja, temos um ar muito poluído o ano todo, e que fica insuportável nos meses das queimadas por causa da fumaça", comenta Santana.

Erickson Oliveira dos Santos, doutorvai de bet bônusquímica ambiental pela Universidade Federal do Amazonas, explica que Manaus, por estar localizadavai de bet bônusuma regiãovai de bet bônusclima equatorial, não tem as quatro estações do ano, apresentando apenas duas situações climáticas: um período chuvoso, que vaivai de bet bônusnovembro a maio, e outro seco, entre julho e setembro. Em ambos, as temperaturas costumam ser elevadas. Tal característica piora a qualidade do ar na região.

"Sabemos que nos mesesvai de bet bônusestiagem, correspondente ao inverno, a poluição atmosférica da cidade piora consideravelmente por causa das queimadas na região, mas ainda não podemos mensurar a qualidade do arvai de bet bônusmodo detalhado por faltavai de bet bônusdados, uma vez que seria necessário fazer uma medição diária e durante todo o anovai de bet bônusManaus", defende Santos, afirmando que, com um monitoramento diário do ar, o governo poderia emitir alertas à população e se preparar com antecedência para combater os problemas ocorridos durante a estiagem.

Assim como a cidade e a população, o meteorologista Cirino explica que o ecossistema da Amazônia também sofre com as queimadas na região metropolitana da capital, uma vez que as nuvensvai de bet bônusfumaça carregadas pelos ventos alteram o ciclo hídrico da floresta.

Centro históricovai de bet bônusmanaus

Crédito, Semcom

Legenda da foto, Centro históricovai de bet bônusManaus, capital construída no coração da Floresta Amazônica

"Devido as neblinasvai de bet bônusfumaça emitidas durante as queimadas na região, um número muito maiorvai de bet bônusgotículas pequenas demais para precipitar na formavai de bet bônuschuva foram encontradas na atmosfera da Amazônia. Tal fato aumenta o tempovai de bet bônusvida da nuvem e diminui a precipitação na floresta", descreve Cirino.

Já no período chuvoso, o meteorologista explica que as partículas geradas pelas queimadas florestais são removidas da atmosferavai de bet bônusforma relativamente rápida, "fazendo com que os focosvai de bet bônusfogo deste período sejam praticamente irrelevantes para a atmosfera amazônica".

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Para os pesquisadores, não é correta a ideiavai de bet bônusque o arvai de bet bônusManaus é poluído somente na época da estiagem,vai de bet bônusdecorrência dos incêndios e queimadas florestais.

"Assim comovai de bet bônusqualquer metrópole, a queimavai de bet bônuscombustíveis fósseisvai de bet bônusManaus é a principal fontevai de bet bônuspoluição atmosférica", afirma Santos.

"Além das queimadas florestais durante a estiagem, a queimavai de bet bônuscombustíveis fósseisvai de bet bônusManaus está presente o ano todo nas emissões veicular, industrial e nas usinas termelétricas, distribuídas por todo o estado do Amazonas", completa o químico ambiental.

Segundo Barbosa, a produçãovai de bet bônuseletricidade por meio da queimavai de bet bônuscombustíveis fósseis é uma das maiores fontesvai de bet bônuspoluição atmosféricavai de bet bônusManaus.

O encontro das águas dos rios Negro e Solimões, no entornovai de bet bônusManaus

Crédito, Semcom

Legenda da foto, Manaus fica às margens dos rios Negro e Solimões. A atmosfera na Bacia Amazônica, diferentemente davai de bet bônusManaus, é uma das mais limpas do mundo

"Cercavai de bet bônus86% da eletricidadevai de bet bônusManaus é produzidavai de bet bônususinas termelétricas, que queimam óleo combustível, gás natural e óleo diesel para produzir energia", explica Barbosa.

Pesquisas do GoAmazon confirmaram que os principais gases emitidosvai de bet bônusManaus e que são responsáveis pelo aumento da produçãovai de bet bônusaerossóis secundários na Amazônia são justamente os óxidosvai de bet bônusnitrogênio, gases poluentes emitidos pela combustão dos combustíveis fósseis.

"O impacto da produçãovai de bet bônusenergia no estado do Amazonas não é pior porque,vai de bet bônus2009, começou a operar o gasoduto que liga Urucu a Manaus,vai de bet bônusque o combustível principal deixouvai de bet bônusser o diesel para ser o gás natural", afirma o professor do IF-USP.

Soluções

Uma das soluções para amenizar os danos da poluição urbanavai de bet bônusManaus na floresta amazônica, segundo os pesquisadores, é investirvai de bet bônustecnologias limpasvai de bet bônustransporte urbano evai de bet bônusproduçãovai de bet bônusenergia renováveis.

Um infográfico sobre o impacto da poluiçãovai de bet bônusManaus na atmosfera amazônica, publicado na revista Nature Communications

Crédito, GoAmazon

Legenda da foto, Infografia publicada na revista Nature Communications mostra os impactos das emissõesvai de bet bônusManaus na atmosfera amazônica

De acordo com a tesevai de bet bônusdoutoradovai de bet bônus2018 desenvolvida no Instituto Nacionalvai de bet bônusPesquisa da Amazônia (Inpa), intitulada "Efeitos da mudançavai de bet bônuscombustíveis das usinas termelétricasvai de bet bônusManaus na qualidade do ar", cercavai de bet bônus65% da produçãovai de bet bônusenergiavai de bet bônusManaus se dá a partir do gás natural.

Antes da chegada do gás natural, o estudo mostrou que as termelétricas da região metropolitana manauara emitiam 16 toneladasvai de bet bônusmonóxidovai de bet bônuscarbono e 129 toneladasvai de bet bônusóxidosvai de bet bônusnitrogênio por dia. Com 65% da produçãovai de bet bônusenergia a partir do gás natural, as emissões caíram para 12 toneladasvai de bet bônusmonóxidovai de bet bônuscarbono e 52 toneladasvai de bet bônusóxidosvai de bet bônusnitrogênico.

Se 100% da energia geradavai de bet bônusManaus fosse substituída por gás natural, segundo os resultados do estudo, as emissõesvai de bet bônusóxidosvai de bet bônusnitrogênio e gás carbônico diminuiriamvai de bet bônus89% e 55%, respectivamente. A mudança total para gás natural na matriz energética também reduziria as concentrações máximasvai de bet bônusozôniovai de bet bônusmaisvai de bet bônus70% nos dias mais poluídos, quando as concentrações desse gás são maiores.

raya

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