Por que parte das Farc está voltando à luta armada na Colômbia:aposta s

Legenda da foto, No vídeo, Iván Márquez (ao centro) diz que fala 'de algum ponto da área do rio Inírida', na região amazônica do sudeste da Colômbia, perto das fronteiras com a Venezuela e o Brasil.

aposta s "Anunciamos ao mundo que a segunda Marquetalia (localaposta sorigem das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc) começou sob a proteção do direito universal que ajuda todos os povos do mundo a se armarem contra a opressão."

Com essas palavras, o ex-número dois das Farc, Iván Márquez, anunciou que iniciará uma nova etapa da luta armada contra o que chamouaposta soligarquia "excludente e corrupta".

A declaraçãoaposta sMárquez, um dos líderes das Farc nas negociações que culminaramaposta sum acordoaposta spaz entre a guerrilha e o governo,aposta sHavana, há dois anos, foi divulgada na internet por meioaposta sum vídeoaposta s32 minutos.

Em 2017, a maioria dos rebeldes das Farc se desmobilizou e passou a integrar o partido político Força Alternativa Revolucionária do Comum. Cercaaposta s7 mil membros da antiga guerrilha entregaram maisaposta s8 mil armas à ONU.

Mas houve críticas ao processo. Por um lado, alguns guerrilheiros não aceitaram os termos e, por outro, houve quem criticasse o fatoaposta sos rebeldes poderem se candidatar sem terem cumprido penas pelos crimesaposta sque foram acusados.

Na recente publicação, Márquez, cujo paradeiro é desconhecido há maisaposta sum ano, aparece junto a um grupoaposta spessoas armadas com fuzis. Uma delas é Seuxis Paucias Hernández,aposta scodinome Jesús Santrich, e Hernán Darío Velásquez, o El Paisa, que meses atrás deixouaposta scumprir seus compromissos com a Justiça Especial para a Paz (JEP).

A JEP é uma instância especial criada pelo acordoaposta spaz para processar os casosaposta scrimes atribuídos a integrantes da guerrilha.

'Desarmamento ingênuo'

Segundo o manifesto lido por Márquez, que na gravação aparece vestido um traje militar verde e com uma pistola na cintura, a decisãoaposta svoltar às armas é uma "continuação da luta guerrilheiraaposta sresposta à traição do Estadoaposta srelação aos acordosaposta spazaposta sHavana".

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Iván Márquez foi o chefe da equipe das Farc nas negociaçõesaposta spazaposta sHavana. Na foto, ele aperta a mão do então chefe da delegação colombiana nas negociaçõesaposta spaz, Humbertoaposta sla Calle,aposta s28aposta soutubroaposta s2016.

Segundo o guerrilheiro, o Estado colombiano "não cumpriu nem mesmo as mais importantesaposta ssuas obrigações, que são garantir a vidaaposta sseus cidadãos e, principalmente, evitar assassinatos por razões políticas".

A esse respeito, o ex-número dois das Farc afirma que, após o pacto alcançadoaposta sCuba e o que ele qualifica como "desarmamento ingênuo dos guerrilheirosaposta strocaaposta snada", "os assassinatos não cessaram".

"Em dois anos, maisaposta s500 líderes do movimento social foram mortos e 150 guerrilheiros já morreramaposta smeio à indiferença e indolência do Estado", diz ele.

Em seguida, Márquez acrescenta: "A armadilha, a traição e a perfídia, a modificação unilateral do texto do acordo (de Havana), o não cumprimeiroaposta scompromissos por parte do Estado, as assembleias judiciais e a insegurança jurídica nos obrigaram a voltar. Nunca fomos derrotados ou derrotados ideologicamente. É por isso que a luta continua. A história vai registraraposta ssuas páginas que fomos forçados a voltar às armas ".

Crédito, EPA

Legenda da foto, Ex-presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos continua a defender o processoaposta spaz que ajudou a criar

Análise: Mais um golpe contra o debilitado acordoaposta spaz

Juan Carlos Pérez Salazar, editor da BBC News Mundo, serviçoaposta sespanhol da BBC

O anúncioaposta sIván Márquezaposta sque ele retornaria à luta armada era previsível, mas isso não deixaaposta sser outro forte golpe no processoaposta spaz colombiano.

Como na sociedade civil colombiana, dentro das Farc sempre houve setores que se opuseram ao acordo. Agora, vem a confirmaçãoaposta sque, apesar do paradoxoaposta sser o principal negociador do grupo armado, Iván Márquez era um desses opositores.

Em seu livro "A batalha pela paz" (sem tradução no Brasil), o ex-presidente da Colômbia e prêmio Nobel da Paz, Juan Manuel Santos, revela que Márquez (cujo nome verdadeiro é Luciano Marín), era o mais resistente e ortodoxo dos negociadores das Farc.

Agora, ele se junta a todos aqueles - do partido do governo e do próprio governo - não querem que o acordo prospere. Este anúncio só vai lhe dar mais munição para tentar bombardear um processoaposta spaz que, embora admirado internacionalmente por seu escopo, é debilitado internamente.

Em uma entrevista recente, Juan Manuel Santos me disse que o processoaposta spaz na Colômbia é irreversível.

Hoje, todos aqueles que apoiam esse processo dentro e fora do país certamente torcem para que suas palavras tenham sido proféticas.

Em ocasiões anteriores, o líder da guerrilha já havia criticado o abandono das armas pelas Farc, que ele descreveu como um "erro". E, emboraaposta s2018 Márquez tenha sido nomeado senador pelo acordoaposta spaz que garante dez assentos para o partido das Farc no Congresso, o líder dissidente decidiu não assumir o cargo. Depois, ele se mudou para Miravalle,aposta sCaquetá (sul da Colômbia), um pontoaposta sencontro para ex-combatentes.

Márquez, agora, afirma que buscará alianças com os guerrilheiros do Exércitoaposta sLibertação Nacional (ELN) e com "aqueles camaradas que não dobraram suas bandeiras que tremulam na pátria para todos".

Além disso, ele afirmou que o Estado vai conhecer uma "nova modalidade" (de guerrilha), que só vai responder às "ofensivas", e prometeu que buscará o diálogo com empresários, pecuaristas e comerciantes, entre outros, para contribuir com o "progresso das comunidades rurais e urbanas".

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Iván Duque (à direita), atual presidente da Colômbia, e o ex-presidente e atual senador Álvaro Uribe

"O alvo não é o soldado ou a polícia que respeitar os interesses populares. Será a oligarquia, a oligarquia excludente, corrupta, mafiosa e violenta, que acredita que pode continuar a bloquear a porta do futuroaposta sum país", diz o manifesto lido pelo guerrilheiro. Ele também insistiu que seu objetivo é justiça social, democracia e soberania nacional.

"A rebelião não é uma bandeira derrotada nem vencida. Por isso continuamos com o legadoaposta sManuel Marulanda (fundador das Farc) eaposta s(Simón) Bolívar, trabalhandoaposta sbaixo para as mudanças políticas e sociais", disse.

Ao final do vídeo, Jesús Santrich intervém e grita: "Vivam as Farc". Os outros respondem: "Vivam!"

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