Mãeroleta vendaadolescentes alerta para perigosroleta vendaextremismo online nos EUA:roleta venda

Jovem no laptop

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Especialistas alertam para os sinais que podem indicar que os jovens estão tendo contato com conteúdos que estimulam a violência

O jovem detido após o massacreroleta vendaEl Paso, que matou 22 pessoas no Texas no inícioroleta vendaagosto, é apontado como possível autorroleta vendaum manifesto racista publicadoroleta vendaum fórumroleta vendaextrema direita momentos antes do ataque.

Policiais que investigam o tiroteioroleta vendaDayton, porroleta vendavez, que ocorreu um dia após a tragédiaroleta vendaEl Paso, já afirmaram que o atirador fora influenciado por uma "ideologia que incentiva a violência", ainda que a motivação exata do crime não tenha sido divulgada.

É possível prevenir?

Os perigos da internet não são novidade para pais e professores, mas as tragédias mais recentes têm motivado novas discussões sobre o que as famílias podem - e devem - fazer.

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"Um dos primeiros sinaisroleta vendaalerta para nós foi quando, alguns anos atrás, nossos filhos começaram a fazer perguntas que pareciam ter vindo diretoroleta vendaum desses fórunsroleta vendadiscussão alt-right (abreviaçãoroleta venda"alternative right", movimento cujas ideias muitas vezes se aproximam às dos supremacistas brancos)", diz Joanna Schroeder, escritora que viveroleta vendaLos Angeles e é mãeroleta vendatrês filhos.

Ela conta que um dos filhos começou a discutir,roleta vendatomroleta vendabrincadeira, com argumentosroleta vendamovimentosroleta vendaextrema direita, fazendo perguntas como "por que os negros podem copiar a cultura branca, mas os brancos não podiam copiar a cultura negra?".

A partir daí, ela procurou entender melhor como outros garotos da idade do filho compartilhavam memes sexistas e racistas - muitas vezes retiradosroleta vendafóruns online.

Joanna Schroeder

Crédito, Joanna Schroeder

Legenda da foto, A escritora Joanna Schroeder defende que os pais monitorem o conteúdo acessado online pelos filhos

Na semana passada, uma sérieroleta vendapostagens da escritora no Twitterroleta vendaque ela defendia um monitoramento por parte dos pais das redes sociais dos filhos teve quase 180 mil curtidas e 8,5 mil comentários e retuítes.

As mensagens também defendem lições sobre empatia como contraponto ao acesso fácil que os jovens têm a discursos e ideologias extremistas na internet.

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"Nem toda piada indica que seu filho está começando a simpatizar com ideologias perigosas", ela diz.

"A grande pergunta que os pais têmroleta vendase fazer quando os filhos fazem comentários racistas, sexistas ou homofóbicos é se eles entendem as implicações mais profundas daquilo que estão dizendo."

Alguns criticaram a sugestãoroleta vendaSchroederroleta vendamonitorar as redes sociais dos filhos, alegando se tratarroleta vendaum exagero e,roleta vendaúltima instância,roleta vendauma violação da privacidade dos jovens.

Outros disseram que as observações não se aplicariam somente a garotos brancos, e que o focoroleta vendaapenas uma etnia tornava a questão "problematicamente menos inclusiva".

Houve ainda quem criticasse a mídia por supostamente categorizar genericamente ideias conservadoras ou não progressistas como ligadas à intolerância ou a movimentos supremacistas brancos.

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Bolha extremista?

Alguns especialistas afirmam que os algoritmosroleta vendarecomendação por trás das redes sociais têm alimentado uma insurgência globalroleta vendavisõesroleta vendamundo extremistas ou conspiratórias, colocando-asroleta vendauma espécieroleta vendacâmararoleta vendaeco global.

Ainda que os jovens não sejam os únicos afetados pela disseminaçãoroleta vendaideologias extremistas na internet, pelo menos nos EUA, são eles que, muitas vezes, agemroleta vendaforma mais violenta nesse contexto.

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Tudo pode começar, por exemplo,roleta vendaum vídeo sobre games no YouTube, que pode conter como sugestão para o espectador um vídeo com conteúdo político.

"E é grande a probabilidaderoleta vendaque esse seja um conteúdo desenhado especialmente para atrair jovens garotos", diz Schroeder. "Depoisroleta vendaassistir a um desses, os próximos vídeos sugeridos podem ser trazer conteúdo cada vez mais extremista."

O jornal The New York Times publicou uma reportagem sobre como o algoritmoroleta vendarecomendação do YouTube ajudou a empoderar a direita brasileira, sugerindo canais que propagavam teorias conspiratórias e ideiasroleta vendaextrema direita aos usuários.

Segundo a publicação, os efeitos desse tiporoleta vendadirecionamento do conteúdo pode ser vistoroleta vendaescolas brasileiras, no sistema públicoroleta vendasaúde e, especialmente, na política.

Antes das eleições, lembra o jornal americano, o próprio presidente Jair Bolsonaro era uma das personalidadesroleta vendaascensão da direita brasileira no YouTube.

Tom Rademacher, professor no Estadoroleta vendaMinnesota, diz que as escolas podem fazer mais e interceder para "interromper parte desse processoroleta vendaradicalização" sem necessariamente derrubar algum dos grupos por trás desses movimentos.

"Nós deveríamos estar ensinando pensamento crítico e empatia. Não deveríamos estar ensinando as crianças como pensar, mas como ouvir as pessoas que pensam diferente delas."

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'Terrorismo doméstico'

As motivações por trás dos ataques a tiros nos EUA são várias - às vezes, as investigações não conseguem nem mesmo indicar uma razão específica que tenha servidoroleta vendacombustível para o atirador.

O FBI tem, entretanto, classificado alguns dos episódios como "terrorismo doméstico" - como no casoroleta vendaEl Paso ou no ataque a um festival gastronômico da Califórnia -, o que significa que as autoridades acreditam existir uma conexão entre esses eventos e grupos baseados nos Estados Unidos que disseminam ideologias que incentivam a violência.

Em julho, o diretor do FBI, Christopher Wray, afirmouroleta vendaaudiência no Senado que a maior parte dos casosroleta vendaterrorismo doméstico teriam sido "motivadosroleta vendaalguma medida pelo que é conhecido como violência supremacista branca."

Supremacistas brancosroleta vendamarcha realizadaroleta vendaCharlottesvilleroleta venda2017

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Legenda da foto, Supremacistas brancosroleta vendamarcha realizadaroleta vendaCharlottesvilleroleta venda2017

Professora do Departamentoroleta vendaSociologia da Universidade Estadual do Mississippi, Margaret Hagerman estudou por dois anos um gruporoleta vendafamílias brancas e a forma como se discutia e se pensava sobre raça e etnia dentro delas.

A pesquisadora diz ter ficado surpresa ao ver quantos pais achavam que os filhos não pensavam sobre esses assuntos e acreditavam que eles "não viam cor ou raça".

"Quando eu conversavaroleta vendaparticular com os jovens ou os observava com os amigos, ficava muito claro que eles tinham muitas ideias sobre raça, racismo e desigualdade", ela ressalta.

"As crianças estão aprendendo sobre raça nos EUA no dia e a dia e pelos mais diferentes meios."

Para ela, os pais deveriam pensar com cuidado na educação que desejam dar aos filhos - como, por exemplo, viverroleta vendaum bairro formado eminentemente por brancos ou estudarroleta vendauma escola apenas com colegas brancos pode "passar algum tiporoleta vendamensagem" que acabe deixando as crianças despreparadas para lidar com questões que podem aparecer na internet - como as ideologiasroleta vendasupremacia branca.

"Com frequência ouço pais dizendo que se sentem desconfortáveis para discutir o racismo com outros adultos. Isso me surpreende, porque, se adultos brancos não conseguem conversar sobre racismo com outros adultos neste país, não sei como eles podem achar que estão preparados para ter esse tiporoleta vendaconversa com as crianças."

Rademacher fala sobre um gruporoleta vendaalunos brancos que repetidamente zombavamroleta vendatemas como raça, gênero e sexualidaderoleta vendauma maneira que parecia ter sido moldada nos fórunsroleta vendaextrema direita a internet.

Como as reprimendasroleta vendasala não surtiam efeito, o professor os convidou para falar sobre o tema durante o almoço.

Garoto jogando viodeogame

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Legenda da foto, 'A cultura do meme, do game e do nacionalismo branco podem se sobrepor uma à outra - e é muito fácil para os jovens irroleta vendaum ponto a outro sem nem mesmo se dar conta'

Um dos alunos lhe disse que "como eles estavam constantemente com medoroleta vendaserem chamadosroleta vendaracistas, por serem garotos brancos, eles faziam piada entre si sobre o assunto usando como escape um humor ácido - brincando com uma das coisas das quais mais tinham medo e pelas quais eram mais frequentemente atacados."

Rademacher afirma que, depois da conversa - que também tratou sobre qual a melhor forma para expressar os sentimentos -, alguns dos garotos chegaram a se inscrever nos gruposroleta vendaliderança anti-racistas da escola (os gruposroleta vendaliderança têm entre as atribuições a proposiçãoroleta vendanovas políticas para a escola).

"Eles ainda são meninos jovens", enfatiza o professor. "Estão tentando entender qual o limite. Por que algumas coisas são engraçadas e outras são ofensivas."

Além disso, muitos dos adolescentes que estão "prontos para serem radicalizados" se veemroleta vendaum contextoroleta vendamudanças culturais que os fazem se sentir atacados pela "sociedade convencional".

A cultura do meme, do game e do nacionalismo branco podem se sobrepor uma à outra, ele acrescenta, e é muito fácil para os jovens irroleta vendaum ponto a outro sem nem mesmo se dar conta.

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O que se pode fazer?

Schroeder diz que os pais precisam estar presentes porque os jovens não vão examinarroleta vendaforma crítica aquilo que encontram na internet. Nesse sentido, ela sugere que se pergunte onde o jovem ouviu aquilo que está repetindo, argumentando que quer entender o contexto.

"Sempre tento começar com algo como: 'Eu sei queroleta vendaintenção nunca foi magoar ninguém, por isso quero explicar porque essa piada é inapropriada, porque ela pode magoar alguém. Assim você vai entender porque a gente gostaria que você não fizesse mais esse tiporoleta vendacomentário'."

Rademacher diz que é importante que os professores tenhamroleta vendamente que os pais podem ficar na defensiva caso sintam que seus filhos estão sendo expostos. "Mandar um e-mail para um pai dizendo: 'Oi, acho que seu filho pode virar um supremacista branco' - isso é muita irresponsabilidade."

Muitos pais, entretanto, estão preocupados com o conteúdo que os filhos acessam online.

Rademacher afirma que implementar algumas dessas ideias no currículo escolar seria uma forma eficienteroleta vendacombater a radicalização na internet. "A salaroleta vendaaula pode ser um lugar onde as crianças podem explorar sem sentirem vergonha."

"Nossas crianças precisam saber que esperamos que elas sejam gentis, respeitosas e honestas - não porque não achemos que elas já tenham esses atributos, mas porque sabemos que há uma bondade intrínseca nelas", diz Schroeder.

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