Bianca Devins: como o assassinatobet365 palmeiras x chelseauma adolescente foi usado para ganhar cliques e seguidores nas redes sociais:bet365 palmeiras x chelsea

O que se sabe sobre o assassinato

"Lá vem o inferno, isso é a redenção, certo?" Brandon Andrew Clark publicou este trecho da música Black Cadillac, do grupobet365 palmeiras x chelsearock Hollywood Undead, para seus seguidores no Instagram.

Depois, compartilhou uma imagem perturbadora: uma foto com a frase "desculpa, Bianca", na qual era possível reconhecer o torso ensanguentadobet365 palmeiras x chelseauma mulher. A vítima era Bianca Devins.

A polícia acredita que Clark e Devins se conheceram por meio do Instagram há alguns meses e haviam se encontrado pessoalmente desde então.

Naquele sábado, Clark levou Devinsbet365 palmeiras x chelseaseu carro da cidadebet365 palmeiras x chelseaUtica, onde morava, para Nova York, para assistir à apresentação da cantora canadense Nicole Dollanganger.

Autoridades dizem que, no caminhobet365 palmeiras x chelseavolta, o casal teria travado uma forte discussão por ciúmes - possivelmente, ela teria beijado outro homem na ocasião - e, como resultado, Clark teria atacado Devins com uma faca e a matado.

A polícia diz que o suspeito compartilhou uma imagem ainda mais explícita do corpobet365 palmeiras x chelseaDevins na Discord, uma plataformabet365 palmeiras x chelseamensagens amplamente usada por jogadoresbet365 palmeiras x chelseagames,bet365 palmeiras x chelseaque apareciam as feridas que ele teria causado no pescoço da adolescente.

As capturasbet365 palmeiras x chelseatela da foto - que já foram apagadas da Discord - mostram que Clark compartilhou a imagem às 6h do domingo no horário local. Os amigosbet365 palmeiras x chelseaDevins que viram a imagem começaram a perguntar, bastante preocupados, se era real, enquanto Clark continuava a publicar conteúdo agressivo e frases ofensivas para os outros usuários.

Os membros da plataforma começaram alertaram outros usuários não apenas na Discord, mas também na rede Snapchat. A políciabet365 palmeiras x chelseaUtica disse ter recebido "numerosas" ligações, algumasbet365 palmeiras x chelseaoutros estados dos Estados Unidos, sobre as publicações perturbadoras. As autoridades dizem que Clark também ligou para a polícia e fez "declarações incriminatórias".

Quando um policial, depoisbet365 palmeiras x chelsearastrear a chamada, o encontroubet365 palmeiras x chelseauma área arborizada, Clark começou a se esfaquear no pescoço enquanto tirava fotos e as publicava na internet.

Clark foi preso e transferido para um hospital. Um dia depois, após uma cirurgiabet365 palmeiras x chelseaemergência, ele foi acusadobet365 palmeiras x chelseamatar Devins.

Como as fotos se espalharam

Até agora, o Instagram não confirmou quando recebeu as primeiras denúncias sobre as imagens que Clark publicou.

As fotos começaram a se espalhar além do círculobet365 palmeiras x chelseaamigosbet365 palmeiras x chelseaDevins no dia 14 por meiobet365 palmeiras x chelseaoutras redes, geralmente acompanhadasbet365 palmeiras x chelseainformações erradas ou incompletas. Na tarde daquele domingo, a imagem chegou ao Twitter, onde também foi amplamente compartilhada. Usuários na rede social denunciaram quem compartilhou as imagens.

Vários usuários do Instagram dizem que suas queixas feitas a esta rede social foram rejeitadas porque Clark supostamente não teria violado as regrasbet365 palmeiras x chelseauso da rede social.

Quando a BBC consultou o Instagram sobre a questão, a empresa disse que não sabia por quanto tempo a postagem originalbet365 palmeiras x chelseaClark ficou no ar, mas capturasbet365 palmeiras x chelseatela indicam que elas permaneceram acessíveis por maisbet365 palmeiras x chelsea20 horas.

James Densley, professorbet365 palmeiras x chelseaJustiça Criminalbet365 palmeiras x chelseaMinnesota, diz que esse exposição públicabet365 palmeiras x chelseaatosbet365 palmeiras x chelseaviolência pode gerar traumasbet365 palmeiras x chelseaquem vê essas imagens e, ao mesmo tempo, revitimiza Devins.

"Geralmente, queremos que as pessoas descansembet365 palmeiras x chelseapaz. Ela não pode fazer isso, porque está no centro dessa infâmia virtual que se perpetua sempre quebet365 palmeiras x chelseafoto é compartilhada", explica Densley.

Violência e extremismo na internet

As primeiras pessoas a falar do assassinato foram os usuários da plataforma 4chan, uma redebet365 palmeiras x chelseaque é possível postar anonimamente. Tanto este site quantobet365 palmeiras x chelseaversão mais extrema, o 8chan, se tornaram notórios nos últimos anos por causa da retórica cada vez mais radical usada por algunsbet365 palmeiras x chelseaseus membros e ligações com uma sériebet365 palmeiras x chelseaatos violentos.

Por exemplo, antes dos atentadosbet365 palmeiras x chelseaduas mesquitasbet365 palmeiras x chelseaChristchurch, na Nova Zelândia,bet365 palmeiras x chelseamarço deste ano,bet365 palmeiras x chelseaque 51 pessoas foram mortas, o manifesto do suposto agressor foi publicado no 8chan. Ele próprio transmitiu o tiroteio ao vivo, por meio do Facebook.

E, antes do massacre, enviou uma mensagem: "Inscreva-se no PewDiePie", referindo-se a uma popular conta do YouTube. Essa mesma mensagem irônica foi usada por Clark depoisbet365 palmeiras x chelseapostar fotos da mortebet365 palmeiras x chelseaDevins na Discord.

Para Robert Evans, um jornalista especializadobet365 palmeiras x chelseaextremismo na internet, essa mensagem e outros comentários que o suspeito teria feito ecoam a linguagem violenta usada nessas comunidades online radicais.

Tanto o suspeito quanto Devins usaram o 4chan no passado. De fato, naquele domingo, os usuários deste fórum comemoraram "outro assassinato no 4chan". Discutiram a mortebet365 palmeiras x chelseaDevinsbet365 palmeiras x chelseatermos ofensivos e misóginos e transformaram imagensbet365 palmeiras x chelseaseu corpobet365 palmeiras x chelseamemes.

Evans ressalta que imagens violentas e esse tipobet365 palmeiras x chelsealinguagem são "extremamente comuns" nessas plataformas. E compara a forma como os jovens são radicalizados nestes sites com o método empregado por grupos extremistas para recrutar novos membros.

"Tudo o que você tembet365 palmeiras x chelseafazer é colocar propaganda no ar na esperançabet365 palmeiras x chelseaque, algumas vezes por ano, isso leve alguém com ódio e comprometimento suficientes a agir", diz Evans.

Ele acredita que as autoridades devem levar mais a sério a radicalização que ocorre nesses espaços virtuais. "O Estado Islâmico não deveria sair impune ao tentar se proliferar no 8chan", afirma Evans.

"Mas, ao mesmo tempo, não sei como uma autoridade pode ser exercida nos cantos obscuros da rede. Esse é um grande problema, típico do século 21, e que não sabemos ao certo como resolver."

Para Densley, esses lugares se tornaram espaços onde "almas perdidas" podem se reunir. "Seu modobet365 palmeiras x chelseapensar é ofensivobet365 palmeiras x chelseauma sociedade politicamente correta. Mas esses ambientes funcionam como uma salabet365 palmeiras x chelseaeco, onde alguém fala e os outros amplificam a mensagem", explica.

Das profundezas da internet para as redes sociais mais populares

Na segunda-feira, 15bet365 palmeiras x chelseajulho, quando a polícia confirmou que as imagensbet365 palmeiras x chelseaDevins eram reais, o caso saltou das profundezas da internet para as redes sociais mais conhecidas. Por horas, a hashtag #RIPBianca foi uma das mais compartilhadas nos Estados Unidos.

À medida que a história se espalhou, alguns inevitavelmente tentaram encontrar as contasbet365 palmeiras x chelseaque as fotos haviam sido originalmente publicadas. Com isso, o perfilbet365 palmeiras x chelseaDevins no Instagram começou a acumular mais e mais seguidores.

A adolescente tinha uma vida muito ativa na internet, mas alguns portaisbet365 palmeiras x chelseanotícias exageraram seu númerobet365 palmeiras x chelseaseguidores. Alguns começaram a chamá-labet365 palmeiras x chelsea"influenciadora do Instagram".

Na verdade, Bianca tinha cercabet365 palmeiras x chelsea2 mil seguidores nesta rede social antes que a notíciabet365 palmeiras x chelseasua morte chegar à mídia. Mas,bet365 palmeiras x chelseamenosbet365 palmeiras x chelseauma semana, esse número havia passadobet365 palmeiras x chelsea160 mil.

O relatobet365 palmeiras x chelseaClark também atraiu alguma atenção. Embora seu perfil tivesse manifestaçõesbet365 palmeiras x chelseadesejos suicidas feitos durante o ataque, o Instagram não desativou a conta até a polícia confirmarbet365 palmeiras x chelseaidentidadebet365 palmeiras x chelsea15bet365 palmeiras x chelseajulho, maisbet365 palmeiras x chelseaum dia após o assassinato.

A essa altura, seus seguidores haviam se multiplicado, e ele tinha recebido milharesbet365 palmeiras x chelseamensagensbet365 palmeiras x chelseasuas publicações. Mas isso não foi tudo: alguns aproveitaram a oportunidade para capitalizar o assassinatobet365 palmeiras x chelseaDevins e criaram uma estratégia para conquistar seguidores.

Dezenasbet365 palmeiras x chelseausuários prometeram mostrar imagens do corpo Devinsbet365 palmeiras x chelseasuas contas privadas. Outros enganaram as pessoas ao enviar com memes cruéis ou até mesmo tentar vender produtos.

Houve também quem mudou seu nomebet365 palmeiras x chelseausuário ou criou uma nova conta com nomes semelhantes aos da vítima e do suspeito, a fimbet365 palmeiras x chelseaatrair seguidores entre quem estavabet365 palmeiras x chelseabusca das imagens. Uma pessoa por trásbet365 palmeiras x chelseauma dessas "novas contas" diz que se sentia "um pouco culpado pela vítima ebet365 palmeiras x chelseafamília".

Outro usuário que emulou o nome do suspeito afirma que fez isso para conquistar "influência nas redes sociais". "As pessoas fazembet365 palmeiras x chelseatudo para ganharem seguidores e serem populares", explica ele, que diz ter recebido maisbet365 palmeiras x chelseamil pedidosbet365 palmeiras x chelseanovos seguidores e até mesmo considerado solicitar pagamentos onlinebet365 palmeiras x chelseatroca das imagens.

O Instagram disse à BBC estar revisando as contas que teriam compartilhado o material. No momento da publicação desta reportagem, a maioria destes perfis havia sido removida da rede social.

Os problemas das redes sociais

Para Densley, casos como obet365 palmeiras x chelseaDevins expõem as "estruturasbet365 palmeiras x chelseaincentivo" das redes sociais usadas por nós todos os dias. "Tudo é construído sobre o númerobet365 palmeiras x chelseacurtidas, republicações, amigos e seguidores que você acumula. E as pessoas que propagam a violência na internet veem o valor que isso agrega às suas contas."

Ele diz que quem se depara com conteúdo violento online enfrentam um dilema: "Denuncio isso? Ignoro e finjo que nunca vi? Ou também compartilho esse conteúdo?"

A proliferação das fotosbet365 palmeiras x chelseaDevins reascendeu o escrutínio sobre os mecanismosbet365 palmeiras x chelseacontrole das redes sociais apenas quatro meses após estes mesmos serviços reconhecerem publicamente problemas para conter a propagação do vídeo do massacrebet365 palmeiras x chelseaChristchurch.

Sites como Instagram, Twitter e Facebook têm pessoas que trabalham como moderadoresbet365 palmeiras x chelseaconteúdo, mas contam combet365 palmeiras x chelseatecnologiabet365 palmeiras x chelseainteligência artificial para ajudar nesta missão. E, por causa do seu grande númerobet365 palmeiras x chelseausuários - por exemplo, o Instagram tem 1 bilhãobet365 palmeiras x chelseamembros ativos por mês -, isso é um grande desafio.

"Eles usam uma técnica chamada hashing, que basicamente cria uma impressão digitalbet365 palmeiras x chelseacada vídeo ou imagem", explica a jornalistabet365 palmeiras x chelseatecnologia da BBC Zoe Kleinman.

"Isso significa que qualquer coisa que contenha essa impressão digital será identificada e removida. Ou até bloqueada antesbet365 palmeiras x chelseaser enviada à rede. Mas só funciona se todo o conteúdo for compartilhado integralmente. Se for editado, a impressão digital se quebra, e é mais difícilbet365 palmeiras x chelseaidentificá-lo."

O casobet365 palmeiras x chelseaDevins não contribui para aliviar a pressãobet365 palmeiras x chelseaalguns governos sobre as redes sociais. Austrália e Reino Unido anunciaram novas medidas, entre as quais estas empresas podem ser multadas ou até mesmo processadas se falharem na moderaçãobet365 palmeiras x chelseaconteúdo.

Até agora, o Facebook adotou novas restriçõesbet365 palmeiras x chelseaseu serviçobet365 palmeiras x chelseatransmissões ao vivo. Porbet365 palmeiras x chelseavez, o Instagram lançou uma iniciativa contra bullying e conteúdos que incentivam pessoas a cometerem atos violentos contra si mesmas, após o suicídiobet365 palmeiras x chelseaum adolescente britânico.

Mas, apesar destes esforços, a BBC encontrou, uma semana após o assassinatobet365 palmeiras x chelseaDevins, fotos explícitasbet365 palmeiras x chelseasua morte no Twitter.

Muitos usuários repudiaram o uso das fotos. A madrastabet365 palmeiras x chelseaDevins publicou uma mensagem fortebet365 palmeiras x chelsearedes sociais. "Essas fotos vão sempre vir à minha mente quando pensar nela. Ao fechar os olhos, essas imagens vão me perseguir", disse ela.

Vários usuários na internet criaram imagens positivas com as cores pastel que Devins usavabet365 palmeiras x chelseasuas publicações. "Ver essas imagens na internet partiu meu coração. Quero fazer o que for preciso para proteger ela ebet365 palmeiras x chelseafamília", disse Taylor, uma adolescente que criou uma sériebet365 palmeiras x chelseaimagens semelhantes às publicadas por Devinsbet365 palmeiras x chelseaseu perfil para homenageá-la.

Também foi criada a hashtag #PinkForBianca (#RosaPorBianca), que foi compartilhada até mesmo pela mãe da adolescente, que afirmou: "Meu coração está partido. Perdi minha melhor amiga. Sempre nos lembraremosbet365 palmeiras x chelseaseu belo sorriso. Seu espírito nos fortalecerá e viverá para semprebet365 palmeiras x chelseanós".

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