De hacker a palestrante da Nasa, brasileiro estará na festa dos 50 anos da chegada do homem à Lua:site da betânia

Wanderleysite da betâniaAbreu Junior, na sedesite da betâniasua empresa, no Rio

Crédito, Divulgação

Legenda da foto, Wanderleysite da betâniaAbreu Junior foi convidado a fazer um curso na Nasa depoissite da betâniahackear sistema da agência espacial, aos 19 anos

Agora, 22 anos depois, Abreu Júnior é um dos participantessite da betâniaevento organizado pela empresa Googlesite da betâniaparceria com a Nasa para celebrar os 50 anos da chegada do homem à Lua,site da betâniaNova York, nos Estados Unidos. Ele vai fazer uma palestra no evento no próximo dia 19.

Comosite da betâniaempresa, a Storm Group, já tem uma parceria com a Nasa - por meiosite da betâniaum programa que facilita a transferênciasite da betâniatecnologia para startups com o objetivosite da betâniacriar produtos e serviços -, Abreu Junior vai apresentar exemplossite da betâniainovações criadas pela corrida espacial que, depois, foram incorporadas ao dia a dia das pessoas. Entre os exemplos, estão o teflon, o velcro, os óculos escuros com proteção ultravioleta, os sensoressite da betâniaincêndio e os monitores cardíacos.

Ele conversou com a reportagem da BBC News Brasil:

site da betânia BBC News Brasil - A palestra será aberta ao públicosite da betâniageral? Será possível assistir online?

site da betânia Wanderleysite da betâniaAbreu Junior - Infelizmente, não. O evento será fechado para uma plateiasite da betâniacercasite da betânia200 pessoas convidadas pelos organizadores - o Google, a Nasa e a Organização das Nações Unidas.

Buzz Aldrin foi um dos prim eiros homens a por os pés na Lua,site da betânia20site da betâniajulhosite da betânia1969

Crédito, NASA

Legenda da foto, Corrida espacial permitiu o desenvoilvimentosite da betâniatecnologiassite da betâniagrande utilidade

site da betânia BBC News Brasil - Em que consiste a parceriasite da betâniasua empresa com a Nasa?

site da betânia Abreu Junior - A Nasa lançou um programa para facilitar a transferênciasite da betâniatecnologia para startups, com o objetivosite da betâniacriar produtos e serviços por meiosite da betânialicenciamentosite da betâniapatentes. Esse acordo foi assinado com a New York Space Alliance (NYSA), responsável por selecionar as startups que farão parte da iniciativa. E nós fomos uma dessas empresas selecionadas para participar do programa.

site da betânia BBC News Brasil - Você foi um hacker durante a adolescência, tendo invadido diversos sistemas, do Detran ao site da Nasa. De que maneira ter sido hacker ajudou nasite da betâniavida profissional hoje?

site da betânia Abreu Junior - Isso me ajudou quando montei a minha empresa, a Storm, por conta da reputação que eu tinha. Mas,site da betâniafato, tudo começou quando ainda estava na faculdade. Eu fazia engenharia mecatrônica (voltada para a criaçãosite da betâniaprojetossite da betâniasistemas eletromecânicos automatizados, controlados por computador) no Rio e trabalhava com segurança e tecnologia. Por um tempo, estagiei no Ministério Público do Riosite da betâniaJaneiro, ajudando a procurar pedófilos e outros criminosos na internet. Comecei a me especializar e, quando percebi, atuavasite da betâniauma área que nenhuma empresa no Brasil atendia. Foi esse o impulso para abrir a Storm.

site da betânia BBC News Brasil - Como foi ter invadido a Nasa?

site da betânia Abreu Junior - Foisite da betânia1997. Minha galera entrava no IRC, que era um tiposite da betâniawebchat. O domíniosite da betâniaonde você estava entrando aparecia no nomesite da betâniausuário, e o status do negócio era entrar com um domínio poderoso, como Nasa.gov ou Pentagon.mil. Em alguns acessos eu tinha máquinassite da betâniatodos os top level domains: .br, .edu., .gov, .mil, .mil.br. Tinha para maissite da betânia10 mil máquinas hackeadas. Estabeleci metas cada vez mais complicadas, até que comecei a mirar no BlueMountain, um supercomputador do governo americano. Eu sabia que um dos caras do Flight Center da Nasa tinha acesso a ele. Então eu "sniffei" a rede, ou seja, decodifiquei as senhas, e dei a sortesite da betâniaele se logar no BlueMountain. Instalei no supercomputador um sistema chamado SETI@home, cujo objetivo era procurar extraterrestres.

site da betânia BBC News Brasil - Extraterrestres?

site da betânia Abreu Junior - Eu não tinha nenhum interesse excepcional por ETs, só queria ser notadosite da betâniaalguma forma. Esse programinha fica rodando na máquina, processando pacotes, e tinha um campeonato para ver quem processava mais. Só que um dia eu tinha mais pacotes rodando no BlueMountain do que a IBM inteira.

site da betânia BBC News Brasil - E você interferiusite da betâniamais alguma coisa no sistema da Nasa?

site da betânia Abreu Junior - Apenas coloquei o sistema SETI@home,site da betâniabuscasite da betâniaextraterrestres. Não mexisite da betânianada nem fui atrássite da betâniainformações importantes. Acho inclusive que foi por isso que acabei sendo chamado para fazer o curso e para me aproximar deles. Eles descobriram a invasão, fizeram contato e chamaram para o curso, que durou três meses e foi focadosite da betâniaproteçãosite da betâniasistemas. Uma espéciesite da betânia"reabilitação para hackers".

site da betânia BBC News Brasil - Como foi esse primeiro contato com a Nasa?

site da betânia Abreu Junior - Quando o governo americano descobriu, eu tinha 19 anos e já era estudante da primeira turmasite da betâniaengenharia mecatrônica da PUC-Rio. Foi meu pai quem atendeu a chamada da agente americana. Ela explicou o que eu havia feito, e fez uma proposta: "A gente tem um programa para garotos como ele. Ele vem para cá, aponta quais foram as falhas que permitiram que ele invadisse os computadores e conserta o que fez.

Mas também visita o laboratóriosite da betâniaLos Alamos e Maryland, faz um curso e sai com um certificado da Nasa". É óbvio que meu pai brigou comigo, disse que eu ia ser preso, ou pior, não ia poder entrar nos Estados Unidos para estudar. Mas foi bom para mim. Só que vale deixar bem claro que antigamente não tinha nenhuma lei que dissesse: "Você não pode acessar esse computador". Depois criaram o Digital Millennium Copyright Act, que estabeleceu os crimes cibernéticos, teve o 11site da betâniaSetembro. Hojesite da betâniadia, se você hackear a Nasa vai ser preso.

Velcrosite da betâniaequipamento da missão Apollo

Crédito, NASA

Legenda da foto, O velcro foi fundamental na corrida espacial, pois na ausênciasite da betâniagravidade todos os objetos precisavam estar fixados; hoje, produto é amplamente usado no dia a dia

site da betânia BBC News Brasil - De forma geral, como você vê a atuação dos hackers contemporâneos brasileiros, hoje?

site da betânia Abreu Junior - A cena hacker se tornou bem mais ampla do que era há vinte anos. Sites como wikileaks comprovam a importância deste movimento nos diassite da betâniahoje. Ao passo que os próprios governos mantém equipessite da betânia"black hats", que são os "hackers do mal", para proteção e espionagem.

site da betânia BBC News Brasil - O termo hacker estásite da betâniaevidência atualmente no Brasil por contasite da betâniauma questãosite da betâniaordem política (o vazamentosite da betâniasuposto conteúdosite da betâniamensagenssite da betâniaautoridades judiciais brasileiras, entre elas o atual ministro da Justiça, quando ainda era juiz federal). Gostariasite da betâniasabersite da betâniaopinião sobre a atuaçãosite da betâniahackers como um todo:site da betâniaque maneira eles podem atuar como ativistas,site da betâniabuscasite da betâniatransparência e, até mesmo,site da betâniaforma investigativa? Qual o limiar entre o ativismo e a criminalidade, emsite da betâniaopinião?

site da betânia Abreu Junior - Na essência, as duas atividades constituem práticas criminosas. Contudo, neste caso, o "hackerativismo" constitui-sesite da betâniadivulgar informações relevantes à sociedade, que foram escondidas por seus autoressite da betâniaforma gratuita e irrestrita. É diferente do criminoso comum, que se valesite da betâniachantagem para obter vantagens com estas informações, que são pessoais e privadas, como os nudes por exemplo.

site da betânia BBC News Brasil - Como surgiu o convite para palestrar nas comemorações dos 50 anos da chegada do Homem à Lua?

site da betânia Abreu Junior - Minha empresa faz partesite da betâniaprogramasite da betâniatransferênciasite da betâniatecnologia para startups, com o objetivosite da betâniacriar produtos e serviços por meio do licenciamentosite da betâniapatentes da agência espacial americana. Umsite da betânianossos projetos foi selecionado para representar esta parceria, o software NeuroScan, que combina uma sériesite da betâniasoluçõessite da betâniainteligência artificial e visão computacional com tecnologia baseada na Nasa, usando recursos da nuvem para construir uma enorme e poderosa basesite da betâniadadossite da betâniapadrões e conteúdosite da betâniabusca. Também tem solução incorporada para mercadossite da betâniaconteúdosite da betâniamídia para marca d'água e rastreamentosite da betâniadistribuiçãosite da betâniaconteúdo ilegal.

site da betânia BBC News Brasil - Nasite da betâniapalestra, você vai falar sobre como tecnologias desenvolvidas na corrida espacial acabaram, depois, sendo incorporadas ao dia a dia das pessoas. Poderia dar alguns exemplos desses produtos?

site da betânia Abreu Junior - Podemos citar diversas tecnologias desenvolvidas e/ou aperfeiçoadas para viabilizar a chegada do Homem à Lua, entre elas: óculos escuros com proteção ultravioleta, teflon, velcro, substituição das válvulas por transistores, e na sequência os circuitos integrados, alimentos desidratados e congelados, monitores cardíacos, roupas antichamas, sensoressite da betâniaincêndio e tintas e revestimentos à provasite da betâniafogo.

O velcro, hojesite da betâniadia algo trivial esite da betâniatodos os lugares, foi fundamental na corrida espacial, pois na ausênciasite da betâniagravidade todos os objetos precisavam estar fixados, inclusive para evitar acidentes.

O teflon, famoso por estar nas frigideiras, foi importantíssimo: revestia a pintura da nave e a roupa dos astronautas, pois é uma substância que isola o calor - estava apresente também revestindo o cabeamento das naves e para vedações, pois é à provasite da betâniacorrosões. O monitor cardíaco, autoexplicativo, era a formasite da betâniaacompanhar a saúde dos astronautas - hojesite da betâniadia, tão aprimorados, estão no pulso das pessoas.

site da betânia BBC News Brasil - Emsite da betâniaopinião, qual desses avanços tecnológicos é o mais importante para a vida contemporânea?

site da betânia Abreu Junior - Eu citaria os avanços da microeletrônica. Resultaramsite da betâniacelulares e aplicativos. Foram a base para todos os avanços tecnológicos que temos atualmente.

site da betânia BBC News Brasil - De acordo com suas pesquisas, qual avanço tecnológico desenvolvido na corrida espacial que poderia ter sido incorporado ao dia a dia da população mas acabou não sendo?

site da betânia Abreu Junior - Apesar dos inúmeros avanços incorporados ao dia a dia da população, como a popularização dos microssatélites, causada pelo barateamento dos custossite da betâniacolocá-lossite da betâniaórbita, a tecnologiasite da betâniapropulsãosite da betâniafoguetes e o turismo espacial ainda não estão disponíveis para a populaçãosite da betâniageral ou para empresas.

Línea.

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