Por que a América Latina é a região mais violenta do mundo:g bet aposta
Desde 2000, maisg bet aposta2,5 milhõesg bet apostalatino-americanos foram violentamente assassinados, conforme levantamento feito pelo Instituto Igarapé, organização sem fins lucrativos que faz análises e estudos nas áreasg bet apostasegurança, justiça e desenvolvimento com sede no Brasil.
O númerog bet apostavítimas se compara ao da populaçãog bet apostaMedellín (Colômbia), Guayaquil (Equador) oug bet apostaBelo Horizonte (MG).
As taxasg bet apostahomicídio na América Latina podem ser descritas como uma epidemia, nas palavrasg bet apostaAngela Me, diretorag bet apostapesquisa e estatísticas do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
O fenômeno é geralmente atribuído a problemas econômicos, mas o crime aumentou durante o "boom"g bet apostacommodities que a região experimentou na última década, quando as taxasg bet apostapobreza caíram.
Fala-se ainda com frequênciag bet apostafaltag bet apostainvestimentosg bet apostasegurança. No entanto, o montante gasto com segurançag bet apostarelação ao totalg bet apostagastos públicos na América Latina é quase o dobro da média do mundo desenvolvido, segundo o Banco Interamericanog bet apostaDesenvolvimento.
Outro argumento usado para justificar a escalada da violência é a suposta faltag bet apostauma "mão pesada" contra o crime. Mas a população carcerária nas Américas (excluindo os Estados Unidos) cresceu 121% desde 2000, segundo o World Prison Report.
Por que então a América Latina é tão violenta, mesmo gastando com segurança e prendendo mais?
Crime organizado, armas e impunidade
Por trás da ondag bet apostaviolência não há apenas um, mas vários fatores, explicam especialistas.
"Na América Latina, o crime organizado e as gangues são mais violentos", diz Me, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime. Ela acrescenta que esses grupos violentos podem influenciarg bet aposta25% a 70%g bet apostatodos os homicídios na região.
Segundo estudo da ONU, o crime organizado é responsável por um númerog bet apostamortes similar ao gerado por conflitos armados no resto do mundo.
Outras partes do mundo também têm crime organizado e gangues. Mas é na América Latina onde esses grupos provocam as maiores taxasg bet apostamortes ao disputarem um negócio lucrativo: o narcotráfico. A região é a única onde se produz cocaína.
Na luta por uma fatia desse mercado estão desde os cartéis da Colômbia e do México até gangues da América Central.
Vários governos latino-americanos têm promovido uma "guerra às drogas" com políticas repressivas que fizeram aumentar também a violência e a corrupçãog bet apostasuas próprias forçasg bet apostasegurança.
Soma-se a isso o fácil acesso a armasg bet apostafogo que, segundo a ONU, foram usadasg bet aposta3g bet apostacada 4 homicídios cometidos nas Américasg bet aposta2017, número bem acima da média global.
"A ampla disponibilidadeg bet apostaarmasg bet apostafogo nas Américas, juntamente com a proliferaçãog bet apostagangues e grupos do crime organizado, ajuda a explicar por que muitos países da região experimentam um nível mais altog bet apostahomicídios do que seria esperadog bet apostaseu nívelg bet apostacriminalidade", diz relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime.
Para piorar a situação, há uma impunidade generalizada na América Latina, o que reduz o custog bet apostacometer um assassinato e incentiva a justiça com as próprias mãos.
"A diferença entre as altas taxasg bet apostahomicídio e as baixas taxasg bet apostacondenaçãog bet aposta2016 foi mais ampla nas Américas, onde houve apenas 24 condenações para cada 100 vítimas", indica o relatório.
Em algumas partes da América Latina, como Venezuela ou Brasil, a taxag bet apostaresoluçãog bet apostaassassinatos é ainda menor.
Desigualdade e urbanização
A América Latina também é uma das regiões mais desiguais do mundo e isso pode agravar o problemag bet apostaviolência, segundo especialistas.
"Os países com maior desigualdadeg bet apostarenda são mais propensos a ter taxas mais altasg bet apostahomicídio do que países com menos desigualdade", indica a ONU.
Robert Muggah, cofundador do Instituto Igarapé, assinala que os altos níveisg bet apostaviolência se associam aos elevados índicesg bet apostadesempregog bet apostahomens jovens latino-americanos - a taxag bet apostahomicídios envolvendo esse segmento da população na América Latina é muito superior ao registradog bet apostaoutras partes do mundo.
A rápida urbanização também complicou as coisas na América Latina.
"Na América Latina, houve uma das transições mais notáveisg bet apostauma sociedade rural para uma urbana nos últimos 50 anos", disse Muggah. "Muitas das cidades maiores cresceramg bet apostaforma descontrolada."
A faltag bet apostaserviços providos pelo Estado, como educação e saúde,g bet apostamuitas dessas áreasg bet apostacrescimento acelerado resultoug bet apostaáreas marginais e densamente povoadas, como as favelas no Brasil ou as "villas" na Argentina.
Gangues e o narcotráfico ganharam forçag bet apostamuitos desses territórios, às vezes totalmente controlados por traficantes.
Nas grandes cidades e também nasg bet apostaporte médio, aproximadamente 4g bet apostacada 5 assassinatos acontecemg bet apostaapenas 2% das ruas, segundo os dadosg bet apostaMuggah.
"Ao contrário da crença popular", diz o especialista, "os homicídios tendem a ser altamente concentradosg bet apostaáreasg bet apostadesvantagem e marginalização socioeconômica".
O exemplo europeu
Tudo isso representa enormes desafios para a América Latina e afeta a democracia, diz Muggah, do Instituto Igarapé. Segundo ele, a violência crescente aumenta a fadiga dos cidadãos com os governantes e a busca por receitas "linha-dura" que pouco ou nada resolvem o problema.
Parte do desafio é obter dados e tecnologia que permitam reconhecer as "zonas vermelhas" da violência latino-americana e responder com políticas apropriadas.
Enquanto globalmente a taxag bet apostahomicídios ég bet aposta6,1 por 100 mil habitantes, na América Central chega a 25,9 e na América do Sul chega a 24,2, segundo a ONU.
O cofundador do Instituto Igarapé observa que a Europa medieval e moderna experimentaram níveisg bet apostahomicídios comparáveis aos das Américas hoje. Mas o velho continente conseguiu reverter esse quadro e tem agora uma das menores taxas do mundo: uma médiag bet aposta1 homicídio por 100 mil habitantes.
"Na Europa, você vê uma evolução,g bet apostaparticular das instituições, do estadog bet apostadireito, do investimento na educação, uma justiça criminal na qual as pessoas confiam. E este é um processo que não ocorre tão fortementeg bet apostapartes da América Latina" diz Me, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime. "Podemos aprender com o que funciona para reduzir a violência a níveis semelhantes."
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