Plantar a Lua: o polêmico ritual com sanguesaque restrito - galera betmenstruação:saque restrito - galera bet

Imagem mostra mulher regando planta com sanguesaque restrito - galera betmenstruação. Ritual é conhecido como Plantar a Lua

Crédito, Renata Chebel para DanzaMedicina

Legenda da foto, Práticasaque restrito - galera betregar as plantas com misturasaque restrito - galera betsangue menstrual e água tem sido adotada por mulheressaque restrito - galera betdiferentes Estados no Brasil

O ato também é apresentado como formasaque restrito - galera betcombate a preconceitos.

"Nojo"

"Eu acho que aqui no Brasil a maior formasaque restrito - galera betpreconceito é o nojo (do sangue) por parte da sociedade e na vergonha ou desconforto que as mulheres ainda sentem ao estarem menstruadas ou ao mostrarem seu sangue menstrual", observa Laura.

A empresária Ana Oliveira,saque restrito - galera bet28 anos, diz que tal preconceito fica evidente no nojo que alguns homens expressam pelas parceiras menstruadas, no sexo, mas também "na faltasaque restrito - galera betcompreensão no mercadosaque restrito - galera bettrabalho sobre a cólica;saque restrito - galera betbrincadeirassaque restrito - galera betmau gostosaque restrito - galera bethomens e mulheres com o tema ou na forma como a Tensão Pré-Menstrual (TPM) chega a ser tratada, como se a mulher estivesse 'louca' nesse período".

"Eu e muitas mulheres já vivemos essas experiências e o que o movimento faz é tentar mostrar como menstruar é algo biológico. É um processo pelo qual o corpo passa mensalmente que não é sujo e que devemos tratar com mais leveza", diz Ana.

Ela planta a lua desde agostosaque restrito - galera bet2018.

Laura, médicasaque restrito - galera bet27 anos com o rosto e parte do colo coberto com sanguesaque restrito - galera betmenstruação

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Para Laura Mocellin Teixeira passar o próprio sangue na pele simboliza "o resgate do feminino"

Plantar a Lua

Discussões sobre menstruação e Plantar a Lua se espalhamsaque restrito - galera betposts, comentários e hashtags no Brasil, com traçossaque restrito - galera bet movimentos feministas que emergiram no passado e até da arte.

Estudos antropológicos mostram que o sangue menstrual é visto como sujo, impuro e até "perigoso" na históriasaque restrito - galera betdiversas sociedades.

Também existem, no entanto, registrossaque restrito - galera betculto a esse período.

"Diversas tradições ancestrais narram ritos e mencionam a importância da menstruação", diz a terapeuta corporal e escritora Morena Cardoso, que pesquisa o tema. Ela testemunhou rituais e compartilha o que aprendeu com 32 mil seguidores no Facebook e 68 mil no Instagram - onde aparece com sangue no rosto.

Aos 34 anos, ela é fundadora do projeto DanzaMedicina - que define comosaque restrito - galera betempoderamento feminino - e criadora do Dia Mundial do Plante Sua Lua, quesaque restrito - galera bet2018 reuniu cercasaque restrito - galera bet2 mil participantes esaque restrito - galera bet2019 terá nova ediçãosaque restrito - galera bet4saque restrito - galera betagosto.

O objetivo, diz, é "fomentar a ideiasaque restrito - galera betque o sangue menstrual, assim como o ser mulher, não deve ser motivosaque restrito - galera betvergonha, nojo ou insatisfação, mas simsaque restrito - galera betorgulho, poder e magia!". As participantes do evento plantam a lua juntas,saque restrito - galera betespaços públicos.

Diversos recipientessaque restrito - galera betvidro e plástico contendo sanguesaque restrito - galera betmenstruação usado no ritual chamadosaque restrito - galera betPlantar a Lua

Crédito, Arquivo pessoal Ana Oliveira

Legenda da foto, O movimentosaque restrito - galera betdar visibilidade ao sangue cresce nas redes sociais, mas também movimenta espaços públicos no Brasil: no Dia Mundial "Plante a Sua Lua", várias mulheres levaram sangue para "plantar", no ano passado,saque restrito - galera betuma praçasaque restrito - galera betBelo Horizonte

Como exemplossaque restrito - galera bettradições incorporadas ao movimento Morena cita práticas identificadas entre indígenas da América do Norte esaque restrito - galera betpaíses como México e Peru.

Segundo essas tradições, diz ela, o sangue menstrual era depositado na terra para torná-la mais fértil, era celebrado como períodosaque restrito - galera betconfraternização e trabalho espiritual das mulheres, ou aindasaque restrito - galera betritossaque restrito - galera betpassagemsaque restrito - galera betmeninas na primeira menstruação - "com uma simbologia sobre a honrasaque restrito - galera betse tornar mulher".

No Chile e no Brasil, essas tradições também são difundidas atualmente a partirsaque restrito - galera betestudos da Ginecologia Natural, que defende o autoconhecimento e tratamentos alternativos para a mulher.

As adeptas têm encontrado diferentes formassaque restrito - galera betfazer o ritual - nem todas, por exemplo, passam o sangue no corpo.

Elas chamam menstruaçãosaque restrito - galera bet"lua" por ser um processo com fases e cíclos e enxergam nele diferentes significados.

Gotassaque restrito - galera betsangue sobre folha caída na terra, simbolizando um ritual chamado Plantar a Lua

Crédito, Mel Melissa para DanzaMedicina

Legenda da foto, Seguidoras mostram diferentes formassaque restrito - galera betfazer o ritual, uma das coisas que apontamsaque restrito - galera betcomum é a conexão com o ciclo da natureza

No casosaque restrito - galera betLaura, o sangue que usa é retirado do "copinho" coletor menstrual, uma alternativa que escolheu a absorventes descartáveis.

Ao jogar o fluido nas plantas, ela repete 'sinto muito, me perdoe, te amo, sou grata' - um momento que define comosaque restrito - galera betconexão com o próprio corpo e com a natureza. "Eu mentalizo que as plantas vão crescer lindas, e recebendo muitos nutrientes".

Já quando usa o sanguesaque restrito - galera betsi, ela apenas fecha os olhos, agradece e diz sentir a energia.

Alvoroço

A gaúcha explica que, para ela, o fluido na pele simboliza "o resgate do feminino".

É assim que aparece na página do Instagram que mantém. E foi assim que, no iníciosaque restrito - galera betjunho, um post seu no Twitter provocou "um alvoroço".

Era uma selfie, com o rosto e parte do colo cobertossaque restrito - galera betmenstruação.

"Como tinha 300 seguidores, esperava que fosse mais um post comum e apenas que pudesse ajudar alguma mulher que já estivesse interessada no assunto e que quisesse desconstruí-lo dentrosaque restrito - galera betsi".

Quatro dias depois, entretanto, recebeu o printsaque restrito - galera betum perfil "de memes" do Instagram comsaque restrito - galera betfoto e a pergunta: "quanto tempo falta para essa galera começar a passar merda na cara?".

O apresentador e comediante Danilo Gentili, com maissaque restrito - galera bet17 milhõessaque restrito - galera betseguidores no Twitter, também compartilhou a imagem e afirmou: "Sangue menstrual é normal (...) o anormal é passar ele na cara".

A maioria dos 2,3 mil comentários no post do apresentador e outros mais enviados diretamente à Laura concordavam com a visãosaque restrito - galera betGentili. Outros, falavamsaque restrito - galera betnojo; diziam que ela deveria "procurar um psiquiatra" ou simplesmente a xingavam e ofendiam.

Poucos defenderam a gaúcha dizendo que ela tem direitosaque restrito - galera betfazer o que bem entende com seu corpo. Poucos também acharam que a foto é uma maneirasaque restrito - galera bet"causar reflexão".

"As pessoas pensam que o que não é comum para elas é aberração, não têm conhecimento da fisiologia do corpo e pensam que podem usar palavrassaque restrito - galera betódio para ferir qualquer um atrás da tela do celular", disse ela à BBC News Brasil.

"Esse é um fluido do meu corpo e eu decido o que é anormal ou não já que não estou interferindo diretamente na vidasaque restrito - galera betninguém", acrescenta. "Anormal deveria ser difamar pessoas, propagar energias negativas e ódio".

A BBC News Brasil tentou entrevistar Danilo Gentili, mas ele não respondeu ao contato.

Laura diz que o episódio "só comprova o tabu que ainda existesaque restrito - galera bettorno da menstruação".

Morena Cardoso, terapeuta e escritorasaque restrito - galera bet34 anos, com o rosto coberto com sanguesaque restrito - galera betmenstruação.

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Morena Cardoso: "Algumas mulheres, como eu, acreditam que seja um movimentosaque restrito - galera betenfrentamento e luta"

Tabus

Tabu é definido no dicionário como algo "proibido por crença supersticiosa, censurado por crença ou pudor ou, por exemplo,saque restrito - galera betcaráter sagrado".

Um estudo global com 1,5 mil entrevistadassaque restrito - galera bet14 a 24 anos - 300 delas do Brasil e as demais da Índia, África do Sul, Filipinas e Argentina - mostra um retrato disso no caso da menstruação: "preocupação na horasaque restrito - galera betdescartar o absorvente usado no lixo, porque outras pessoas podem ver; medosaque restrito - galera betlevantar da cadeira durante a aula; o absorvente escondido a caminho do banheiro e pedir um absorvente emprestado como se fosse um segredo".

Tais preocupações foram manifestadas pela maioria das entrevistadas brasileiras,saque restrito - galera betnível maior que nos outros países.

Os dados foram levantados pela linhasaque restrito - galera betprodutos femininos Sempre Livre, da marca Johnson & Johnson,saque restrito - galera betparceria com a KYRA Pesquisa & Consultoria. Eles foram colhidossaque restrito - galera betmarçosaque restrito - galera bet2018 e lançados, segundo a empresa, "para reforçar seu novo posicionamento baseadosaque restrito - galera betum diálogo que reforça a naturalidade deste assunto".

O documentário Absorvendo o Tabu, que ganhou o Oscarsaque restrito - galera bet2019, ressalta que o estigma da menstruação persiste, usando uma região da Índia como exemplo.

O filme mostra a visãosaque restrito - galera betuma mulher sobre a menstruação como sendo algo impuro do qual o corpo se livra: "o sangue impuro que sai". Um homem define o sangramento como um tiposaque restrito - galera betdoença feminina e mulheres menstruadas são proibidassaque restrito - galera betentrar no templo para rezar por serem vistas como sujas.

Nesse contexto e com difícil acesso a absorventes, elas têm vergonhasaque restrito - galera betfalar a respeito e uma admite que até largou a escola.

Brasil

Nas sociedades ocidentais, como é o caso da brasileira, a "visão eminentemente negativa" sobre menstruação também existe, segundo a antropóloga e pesquisadora da Universidade Estadualsaque restrito - galera betCampinas (Unicamp), Daniela Tonelli Manica, que estuda o tema há 20 anos.

"Existe a visão da menstruação como sangria inútil e também da alocação dela na mesma categoriasaque restrito - galera betexcrementos como fezes e urina - como algo com que você tem que lidar no banheiro, algo que temsaque restrito - galera betestar absolutamente forasaque restrito - galera betvista", diz.

Movimentos feministas do final dos anos 60 são apontados como cruciais para lançar luz sobre a questão.

É nesse período que a menstruação começa a aparecersaque restrito - galera betespaços públicos "de forma mais incisiva e com um efeito político importante", diz a antropóloga, citando grupossaque restrito - galera betmulheres que se juntavam já nessa época para fazer o que ganha força agora online: falar sobre os próprios corpos e questões como gravidez e menstruação, "em espaçossaque restrito - galera betmais autonomia, forasaque restrito - galera betconsultórios".

As novas manifestações, segundo ela, amplificam esses debates com as redes sociais e tentam resgatar "a especificidade, a importância da experiênciasaque restrito - galera betmenstruar e do quanto ela é forte para as mulheres".

"Essa ressignificação da menstruação e a evocação que muitos grupos contemporâneos fazemsaque restrito - galera betrelação a essa memória ancestral falamsaque restrito - galera betum efeitosaque restrito - galera betsilenciamento somático que a biomedicina e o capitalismo produziram nas mulheres, como se esse aspecto do corpo (o sangue) não pudesse aparecer porque (por exemplo) a trabalhadora precisa ir cumprir as suas 8 horassaque restrito - galera bettrabalho".

Professora Daniela Manica

Crédito, Antoninho Marmo Perri / Unicamp

Legenda da foto, Para a antropóloga Daniela Tonelli Manica, "a importância desse movimentosaque restrito - galera betvalorização do sangue menstrual,saque restrito - galera betvisibilidade,saque restrito - galera betproduçãosaque restrito - galera betoutros destinos para esse substrato corporal é a valorização do corpo feminino e dasaque restrito - galera betdiferença".

No artigo (In)visible blood: menstrual performances and body art (Sangue invisível: performances menstruais e arte corporal) - que publicousaque restrito - galera bet2016 com Clarice Rios, do Institutosaque restrito - galera betMedicina Social da UERJ - a professora lista exemplossaque restrito - galera betartistas que usam "o potencial simbólico do sangue menstrual" como elemento central e "expressão estético-política" - incentivando debates sobre saúde, causas ambientais, sexualidade e relaçõessaque restrito - galera betgênero.

A menstruação aparece nessas performancessaque restrito - galera betpinturas, nos corpos das artistas e, por exemplo, como o 'batom'saque restrito - galera bet12 mulheres retratadas numa exposição fotográfica.

O movimento, segundo as pesquisadoras, tem como uma das causas e efeitos a preocupaçãosaque restrito - galera bettornar a experiência da menstruação mais positiva, assim como o sangue mais visível.

"Em um pésaque restrito - galera betmanjericão"

A relações públicas Renata Ribeiro segurando um vaso com um pésaque restrito - galera betmanjericão

Crédito, Sofia Ribeiro

Legenda da foto, Renata: "Nunca tinha imaginado o meu sangue como algo sagrado, nem a devolução dele para a natureza como ritualsaque restrito - galera betgratidão"

Foi na internet que a relações públicas pernambucana Renata Assis Ribeiro,saque restrito - galera bet43 anos, entrou no debate sobre o assunto e viu espaço para dizer: "Eu planto minha lua num vaso com manjericão".

Ela colhe o sangue debaixo do chuveiro e, com o fluido dissolvidosaque restrito - galera betágua, vai até a varanda e regasaque restrito - galera betespecial essa planta.

A menstruação é vista por ela como algo sagrado, e oferecê-la à natureza como ritualsaque restrito - galera betgratidão. "O ritual me abriu os horizontes para enxergar a terra como um útero gigante, que germina assim como nosso ventre. E eu achei justo e perfeito devolver a ela o que nos oferece".

Trinta anos antes, quando menstruou pela primeira vez, ela acharia a cena "estranha". É que ouviu na época "agora você virou mocinha, vai sangrar todos os meses e ninguém precisa saber".

Os períodos que chegariam foram encarados então como "uma parte chatasaque restrito - galera bettodos os meses".

"Até inveja dos homens, por não passarem por isso", ela sentia.

"Agora, com outra consciência, sinto esse períodosaque restrito - galera betforma diferente", diz.

Tal mudançasaque restrito - galera betpensamento a levou a apresentar o ritual à filha, mas deixar por conta dela decidir se vai querer aderir ou não.

Fertilizante?

E regar as plantas com sangue, que diferença faz?

No casosaque restrito - galera betRenata, a explicação é dada com um pésaque restrito - galera bethortelã.

"Eu não planto a lua nele e o bichinho é tão jururu", brinca, para dizer que é "desnutrido". Segundo ela e outras mulheres, o sangue deixa as plantas "mais viçosas" e crescendo mais rápido.

A doutorasaque restrito - galera betciências e professorasaque restrito - galera betagroecologia da Universidade Federal Rural do Riosaque restrito - galera betJaneiro, Anelise Dias, não é adepta da prática e desconhece estudos sobre o uso do sangue menstrual como fertilizante.

Mas, considerando as propriedades do líquido, confirma que ele "funciona por conter nitrogênio, fósforo e potássio", nutrientes essenciais para o desenvolvimento das plantas.

"Mas esse ritual é mais simbólico do que necessariamentesaque restrito - galera betfertilização", pondera a professora, acrescentando que para a agricultura propriamente dita outras fontessaque restrito - galera betadubação orgânica "são mais interessantes, disponibilizadassaque restrito - galera betmaior quantidade e respondem às necessidadessaque restrito - galera betfertilização das culturas".

"Entendimento"

A empresária Ana Oliveira já fez o ritualsaque restrito - galera betárvoressaque restrito - galera betBelo Horizonte (MG), onde vive,saque restrito - galera betjardinssaque restrito - galera betflores da mãe e da avó, e tambémsaque restrito - galera betuma cachoeira e no mar, fora do Brasil.

Ela transfere o sangue do coletor menstrual para um potinhosaque restrito - galera betvidro e guarda.

Normalmente na lua nova, que interpreta como temposaque restrito - galera betrecomeço,saque restrito - galera betum novo ciclo, o leva para "plantar.

Nesses momentos, diz que só respira fundo, agradece pelo último ciclo, e joga o fluido.

"Fazer esse ritual é um entendimentosaque restrito - galera betque o meu sangue não é lixo, não é descartável, esaque restrito - galera betque tem um porque por trás dele", diz.

Morena Cardoso, que menstruou pela primeira vez aos 13 anos e descreve a experiência como "perturbadora" na época, diz que quando ouviu sobre Plantar a Lua chegou a sentir "repulsa".

O pontosaque restrito - galera betvirada, afirma, foi quando começou a usar coletores e absorventes ecológicos e pôde criar uma relação mais próxima com o sangue. "Me percebi mais saudável, mais íntegrasaque restrito - galera betmim mesma,saque restrito - galera betapropriação do meu corpo, saúde e sexualidade".

Imagem mostra mãosaque restrito - galera betmulher segurando potesaque restrito - galera betvidro repletosaque restrito - galera betsangue, com imagem do mar ao fundo

Crédito, Cedida Ana Oliveira

Legenda da foto, "Fazer esse ritual não foi uma revolução, mas um entendimento", diz a empresária Ana Oliveira,saque restrito - galera bet28 anos

Natural?

Morena apresenta o movimento como formasaque restrito - galera betcombate à "normatização, invisibilização e controle do corpo e da natureza feminina". E defende que o tema seja tratado com mais naturalidade.

A doutorasaque restrito - galera betantropologia social Cecilia Sardenberg, professora titular do Programasaque restrito - galera betPós-Graduaçãosaque restrito - galera betEstudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo da Universidade Federal da Bahia, também.

"Embora traga a questão da menstruação como algo 'natural', nossa sociedade não trata a menstruaçãosaque restrito - galera betforma natural", diz.

A antropóloga tem 71 anos e há maissaque restrito - galera bet20 pesquisa o tema. "Quando era jovem e começou a menstruar, pouquíssimo se falava abertamente sobre o assunto".

Agora, diz que o movimentosaque restrito - galera bet"não ter vergonhasaque restrito - galera betmenstruar" é "muito importante" para ajudar a acabar com o estigma.

No artigo De sangrias, tabus e poderes, que escreveu 25 anos atrás - ou seja, quando as redes sociais nemsaque restrito - galera betlonge existiam - ela dizia que a menstruação estava deixandosaque restrito - galera betser assunto reservado a conversas íntimas entre mulheres, ou restrita a consultórios médicos, para ocupar espaços públicos na sociedade brasileira".

"Seja devido às campanhas publicitárias dos absorventes femininos, seja pelo debate que se instaurasaque restrito - galera bettorno da questão dos direitos reprodutivos das mulheres, a temática vem extrapolando esses limites", escreveu na época.

Outdoors que surgiam com a propagandasaque restrito - galera betabsorventes internos prometendo fazer a mulher "nem sentir que estava menstruada" e pontuando: "Incomodada ficava asaque restrito - galera betavó", serviramsaque restrito - galera betinspiração para o texto.

"O discurso é (até hoje)saque restrito - galera betvocê esconder a menstruação", diz a professora.

Mas no que depender das mulheres que plantam a lua, a oposição a essa narrativa vai continuar.

"Estamos aos poucos arranhando essas estruturas. Existe muito a ser desmistificado", diz Morena Cardoso.

Morena Cardoso, uma das principais difusoras no Brasil do ritual chamadosaque restrito - galera betPlantar a Lua

Crédito, Salinê Saunders

Legenda da foto, Morena Cardoso: "Estamos aos poucos arranhando essas estruturas. Existe muito a ser desmistificado"

No post que lhe deixou na mira dos críticos, Laura também olha adiante: "Só paro no diasaque restrito - galera betque o sangue menstrual for normal e a aberração for o preconceito", escreveu.

Uma seguidora comentousaque restrito - galera betuma fotosaque restrito - galera betno Instagram que a menstruação é "um momento muito íntimo". E perguntou: "A exposição é realmente necessária?".

A quilômetrossaque restrito - galera betdistância, a professora e estudantesaque restrito - galera betmestradosaque restrito - galera bethistória, Jessica Guedes,saque restrito - galera bet27 anos, diz à BBC que "sim!"

Ela não planta a lua, mas está a par do movimento online e acha que menstruação "tem que ser mostrada mesmo".

Só vê, porém, o riscosaque restrito - galera beto discurso que quer retirar estigmas da questão "fazer com que mulheres que sentem dor, não gostam, não podem ou não querem menstruar se sintam culpadas" por não estarem vivendo essa experiênciasaque restrito - galera betforma tão positiva.

"Eu acho saudável que as pessoas vejam o que somos, que menstruamos", diz Jessica.

"E esses processossaque restrito - galera betaceitação são importantes para tirar um pouco essa estigmatização. Mas outras mulheres existem e eu acho que todas deveriam estar representadas nesse clamorsaque restrito - galera betreconexão com o corpo. Nem sempre isso acontece".

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