A vida dos negros na Alemanha nazista:online sportingbet

fotoonline sportingbetgarota negra cercada por garotas brancas, usadaonline sportingbetpalestras sobre genética na Academia Estadualonline sportingbetRaça e Saúdeonline sportingbetDresden, Alemanha, 1936.

Crédito, Biblioteca do Congresso Americano

Legenda da foto, Foi a partironline sportingbetuma fotografia que a cineasta britânica se interessouonline sportingbetcontar a história dos negros na Alemanha

Durante o regime nazista,online sportingbet1933 a 1945, o númeroonline sportingbetalemães com origem africana vivendo no país chegou à casa dos milhares.

Ao longo do tempo, eles foram proibidosonline sportingbetse relacionar com pessoas brancas e impedidosonline sportingbetter acesso a educação e a alguns tiposonline sportingbettrabalho. Alguns chegaram a ser esterilizados; outros foram levados a camposonline sportingbetconcentração.

'Descrença e desconsideração'

A história desses alemães negros ou mestiços ainda é pouco conhecida. Asante levou quase 12 anos trabalhando no filme.

"Há uma espécieonline sportingbetdescrença,online sportingbetdesconfiança e questionamento, uma tendência a dar pouca importância às vidas difíceis que essas pessoas levaram", disse ela à BBC, ao comentar a reação que observouonline sportingbetalgumas pessoas quando falava sobreonline sportingbetpesquisa para o filme.

Amandla Stenberg

Crédito, Spirit Entertainment

Legenda da foto, A atriz Amandla Stenberg interpreta Leyna no filme 'Where Hands Touch'

A comunidade africana-alemã tem suas origens no curto período do Império Colonial Alemão que, entre 1883 e 1919, administrou territóriosonline sportingbetdiferentes continentes. Marinheiros, funcionários, estudantes ou pessoas do mundo do entretenimentoonline sportingbetregiões que hoje constituem países como Camarões, Togo, Tanzânia, Ruanda, Burundi e Namíbia foram parar na Alemanha.

Quando a Primeira Guerra Mundial começouonline sportingbet1914, essa população que antes era transitória se assentou na Alemanha, segundo o historiador Robbie Aitken. E alguns soldados africanos que lutaram pela Alemanha na guerra também se instalaram no país europeu.

Mas foi um segundo grupo cuja presença acabou alimentando o temor dos nazistas relacionado à miscigenação.

Como parte do tratado assinado depois da derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, as tropas francesas ocuparam a Renânia, no oeste da Alemanha. Para policiar essa área, a França usou pelo menos 20 mil soldados do seu império na África, principalmente do norte e oeste do continente africano. Alguns deles acabaram tendo relacionamentos com mulheres alemãs.

Caricaturas racistas

O termo pejorativo "bastardos da Renânia" foi cunhado na décadaonline sportingbet1920 para se referir às cercaonline sportingbet800 crianças mestiças, filhasonline sportingbetalemãs com os soldadosonline sportingbetorigem africana.

O termo estava diretamente ligado ao temor que muitos tinham da miscigenação,online sportingbetporonline sportingbetrisco a "pureza" da raça alemã. Histórias inventadas e caricaturas racistasonline sportingbetsoldados africanos como predadores sexuais circulavam na época, alimentando o medo e o ódio ao "estranho".

recorte do jornal

Crédito, Robbie Aitken

Legenda da foto, Manchete do jornal Frankfurter Volksblattonline sportingbet1936: "600 bastardos"

Enquanto o antissemitismo ocupava um lugaronline sportingbetdestaque no coração da ideologia nazista, o livro Mein Kampf, ou "Minha Luta", do líder do Partido Nazista Adolf Hitler, trazia uma linha ligando judeus a negros.

"Foram e são os judeus que estão trazendo os negros à Renânia sempre com os mesmos pensamentos secretos e objetivo claroonline sportingbetarruinar a odiada raça branca pela resultante 'bastardização'", escreveu Hitler na obra publicadaonline sportingbet1925 com suas ideias e crenças.

Uma vez no poder, a obsessão nazista com os judeus e a purificação da raça levou, gradualmente, ao Holocausto e ao extermínioonline sportingbetseis milhõesonline sportingbetjudeus durante a Segunda Guerra Mundial, além do extermínioonline sportingbetciganos,online sportingbetpessoas com deficiências eonline sportingbetalgumas etnias eslavas.

O historiador Robbie Aitken, que pesquisa a vida dos alemães negros, diz que esse grupo também foi perseguido, ainda que não da mesma forma sistemática dedicada à perseguiçãoonline sportingbetjudeus, por exemplo.

Aitken diz que os negros acabaram sendo assimilados pela "radicalização da política racial" dos nazistas.

'Me senti meio-humano'

Em 1935, foram aprovadas as Leisonline sportingbetNuremberg (legislação antissemita promulgada pelo regime nazista) que proibiam, por exemplo, casamento entre alemães e judeus. Emendas estenderam a proibição, colocando negros e ciganos na mesma categoria dos judeus.

O medo da miscigenação persistiu e,online sportingbet1937, crianças mestiças da Renânia foram submetidas à esterilização forçada.

Heinrich Himmler

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Em 1943, Heinrich Himmler queria um censo para contabilizar quantos negros e mestiços moravam na Alemanha

Estima-se que pelo menos 385 pessoas foram esterilizadas. Hans Hauck, filhoonline sportingbetum soldado argelino eonline sportingbetuma alemã branca, é um deles. Ele deu um depoimento ao documentário Hitler's Forgotten Victims (As Vítimas Esquecidasonline sportingbetHitler)online sportingbet1997.

Ele contou como foi levado,online sportingbetsegredo, para fazer uma vasectomia. Ganhou um certificadoonline sportingbetesterilização que o permitia trabalhar. Hauck precisou também assinar um acordo declarando que não se casaria ou teria relações com pessoas "de sangue alemão".

"Era deprimente e opressivo", disse aos documentaristas. "Me sentia meio-humano", completou.

Outra vítima, Thomas Holzhauser, também declarou no documentário: "Às vezes, fico feliz por não ter tido filhos. Pelo menos os poupei da vergonhaonline sportingbetviverem comigo".

Foram muito poucas as pessoas que falaram sobreonline sportingbetexperiência enquanto estavam vivas e "não houve muita tentativaonline sportingbetrevelar o que eventualmente aconteceu com a maioria delas", diz o historiador, que é um dos poucos acadêmicos que se dedicaram ao tema.

"Vale a pena lembraronline sportingbetque os nazistas também destruíram,online sportingbetpropósito, muitos documentos pertencentes aos campos e relacionados à esterilização, dificultando reconstruir o que aconteceu com grupos e indivíduos", explica Robbie Aitken.

Acredita-se que o homem à direita nesta foto do campoonline sportingbetconcentraçãoonline sportingbetDachau seja Jean Voste, nascido no Congo, que foi o único prisioneiro negro no campo. Cortesiaonline sportingbetFrank Manucci.

Crédito, Museu do Holocausto dos EUA

Legenda da foto, Jean Voste (direita), teria nascido na colônia belga no Congo e seria o único prisioneiro negro do campoonline sportingbetconcentraçãoonline sportingbetDachau

A cineasta Amma Asante, que também escreveu e dirigiu Belle (2013) e A United Kingdom (2016, lançado no Brasil sob o título Um Reino Unido), diz que muitas dessas pessoas sofreram crisesonline sportingbetidentidade. Eles tinham mães alemãs, se viam como alemães, mas foram isolados, jamais abraçadosonline sportingbetforma plena pela sociedade alemã.

"As crianças estavam habitando dois lugares ao mesmo tempo. Dentro e fora", disse Asante.

Ainda que submetidos a experiências diferentes, negros e mestiços foram perseguidos na Alemanha comandada pelos nazistas.

A Alemanha da era colonial, especialmente a tentativaonline sportingbetgenocídio dos povos herero e nama na Namíbia, já tinha reforçado uma visão negativa dos africanos na Alemanha.

Depois que Hitler assumiu o poder, negros passaram a ser assediados, humilhadosonline sportingbetpúblico, impedidosonline sportingbettrabalharonline sportingbetcertos empregos eonline sportingbetestudar.

Houve, contudo, alguma resistência. O mestiço Hilarius Gilges era um agitador comunista e antinazista. Ele foi sequestrado e assassinadoonline sportingbet1933.

Quando a Segunda Guerra começou,online sportingbet1939, negros e mestiços passaram a se precaver mais porque poderiam ser levados à esterilização ou prisão, ou até ser assassinados.

Tentando ser invisível

Era isso o que temia Theodor Wonja Michael. Filhoonline sportingbetum camaronês eonline sportingbetuma alemã, ele nasceuonline sportingbetBerlimonline sportingbet1925. Numa entrevista à rede alemã Deutsche Welle,online sportingbet1997, ele contou que cresceu aparecendoonline sportingbetexibições etnográficas itinerantes .

"Com grandes saias, bateria, dança e música - a ideia era que as pessoas se apresentassem como atraçõesonline sportingbetum mundo distante exótico", disse ele. "Basicamente, era apenas um grande show."

Quando os nazistas assumiram o poder, Wonja Michael sabia que tinha que ser "invisível", passar o mais despercebido possível, especialmente quando era adolescente. "Claro que com um rosto como o meu jamais poderia desaparecer completamente, mas tentei".

Ele conta que evitava qualquer tipoonline sportingbetcontato com mulheres brancas. "Teria sido horrível, teria sido esterilizado e também poderia ter sido acusadoonline sportingbetcontaminação racial", disse Wonja Michael à Deutsche Welle.

Amma Asante

Crédito, PA

Legenda da foto, A cineasta britânica Amma Asante,online sportingbet49 anos, tem origem ganesa, e demorou 12 anos para levar aos cinemas a história dos negros na Alemanha nazista

Em 1942, Heinrich Himmler, considerado um dos arquitetos do Holocausto, determinou que fosse feito um estudo estatístico dos negros vivendo na Alemanha. Isso poderia indicar o inícioonline sportingbetum possível planoonline sportingbetextermínio - que nunca foi executado.

Há indícioonline sportingbetque cercaonline sportingbet20 negros alemães foram pararonline sportingbetcamposonline sportingbetconcentração na Alemanha.

"Pessoas simplesmente desapareceriam e não se sabe o que aconteceu com elas", afirmou Elizabeth Morton no documentário Hitler's Forgotten Victims. Os pais dela comandavam um grupoonline sportingbetentretenimento africano.

No filme Where Hands Touch, a cineasta britânica tenta jogar luz nessas histórias. Amma Asante,online sportingbet49 anos, tem origem ganense e diz sentir que o papel e a presençaonline sportingbetpessoas da diáspora africana na Europa são sempre deixadosonline sportingbetfora da história.

Ela afirma que o filme dela fará com que seja difícil negar que negros sofreram nas mãos dos nazistas. "Acho que tem muita ignorância e atualmente se subestima muito o que essas pessoas passaram", diz Asante.

Where Hands Touch está sendo exibido nos cinemas no Reino Unido e também pode ser vistoonline sportingbetserviçosonline sportingbetstreaming.

raya

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