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Bolsonarox beta iosIsrael: por que Muro das Lamentações pode marcar guinada na diplomacia brasileira:x beta ios
Em menosx beta ios1 km² , a cidadex beta iosJerusalém abriga três dos locais mais sagrados do cristianismo, judaísmo e islamismo.
A Igreja do Santo Sepulcro, que abriga o localx beta ioscrucificação e sepultamentox beta iosJesus Cristo, fica a 400 m ao leste do Monte Moriá. Ali estão o Domo da Rocha,x beta iosonde o profeta Maomé subiu aos céus, e o Muro das Lamentações, resquício do Segundo Templox beta iosJerusalém, construído no lugarx beta iosque Abraão sacrificaria o filho Isaac a pedidox beta iosDeus.
O sítio sagrado judaicox beta ios50 mx beta iosaltura por 20 mx beta ioslargura esteve sob controle muçulmano por 13 séculos, até a retomada pelas tropas israelensesx beta ios1967, na Guerra dos Seis Dias.
O que o Muro representa para os judeus?
O começo do judaísmo como uma religião estruturada acontece com a transformação dos judeus, que descendem do primeiro hebreu Abraão,x beta iosum povo influente atravésx beta iosreis como Saul, Davi - que dominou Jerusalém há quase 3.000 anos -, e Salomão, que construiu o Primeiro Templo na cidade, no Monte Moriá (conhecido também como Monte do Templo).
Acredita-se que os israelitas mantiveram a Arca da Aliança (onde estariam as tábuas com os Dez Mandamentos) no templo, destruído por volta do anox beta ios583 a.C durante a invasão babilônica. Diversos judeus foram expulsosx beta iossua terra à época, e vários foram enviados para a Babilônia (região entre os rios Tigre e Eufrates, atualmentex beta iosterritório iraquiano).
Apesarx beta iosalguns serem autorizados a retornar para casa, muitos permaneceram no exílio formando aí a primeira diáspora judaica, que significa "viver afastadox beta iosIsrael".
Décadas depois, o Segundo Templox beta iosJerusalém começaria a ser construído por judeus que voltaram à região, então controlada por Ciro, o Grande, rei da Pérsia. A nova edificação, mais modesta que a anterior, ficaria prontax beta ios515 a.C.
A região mudoux beta ioscomando diversas vezes, até o domíniox beta iosRomax beta ios63 a.C. Mas duas décadas depois,x beta iosmeio a diversos conflitos, Herodes convenceu os romanosx beta iosque poderia governar o local, foi nomeado rei dos judeus e, dentre outras coisas, restaurou o templo sagradox beta iosseu povo.
Foi o império romano que nomeou a região como Palestina e, sete décadas depoisx beta iosCristo, expulsou os judeusx beta iossuas terras após lutar contra os movimentos nacionalistas que buscavam independência. O Segundo Templo viria a ser destruído nesse período.
Do conjunto arquitetônico da construção sagrada, sobrou apenas o que hoje é conhecido como Muro Ocidental ou Muro das Lamentações, nome dado por turistasx beta iosrazão das orações feitasx beta iosfrente ao local.
Além das lembranças históricas que carrega, o muro se tornou o principal localx beta iosorações e peregrinações judaicas, e é considerado o mais próximo que eles ficamx beta iosDeus. Por ter resistido, a parede se tornou um símbolox beta iosesperança para o povo judeux beta iosque também durarão para sempre.
Diversas pessoas costumam escrever precesx beta iospedaçosx beta iospapéis e colocá-las entre as rachaduras do paredão. Como os judeus acreditam que o Muro seja um símbolo da presença divina, muitos creem que Deusx beta iosfato lê o que está escrito ali.
As mensagens são recolhidas duas vezes ao ano e queimadas no vizinho Monte das Oliveiras, onde, segundo a Bíblia, Jesus Cristo transmitiu partex beta iosseus ensinamentos.
O paredão não fazia parte do templox beta iossi, mas do muro que o cercava. O Terceiro Templo, segundo alguns judeus, será construído quando o Messias retornar.
Estadox beta iosIsrael na Palestina partilhada
No início do século 20, o movimento sionista, que buscava criar um Estado para os judeus, ganhou força, principalmente por causa do crescente antissemitismo na Europa, e impulsionou a imigração judaica.
O Império Otomano, que comandava a Palestina à época, se desintegrou durante a Primeira Guerra Mundial e, por decisão da Liga das Nações (a futura ONU), a administração da região passou ao Reino Unido.
Mas, antes e durante a guerra, os britânicos fizeram várias promessas para os árabes e os judeus que não se cumpririam, entre outras razões, porque eles já tinham dividido o Oriente Médio com a França. Isso provocou um climax beta iostensão entre árabes e nacionalistas sionistas que acaboux beta iosconfrontos entre grupos paramilitares judeus e árabes.
Após a Segunda Guerra Mundial e depois do Holocausto nazista que matou milhõesx beta iosjudeus, aumentou a pressão pelo estabelecimentox beta iosum Estadox beta iosIsrael. O plano original previa a partilha do território controlado pelos britânicos entre judeus e palestinos.
Após a fundaçãox beta iosIsrael,x beta ios14x beta iosmaiox beta ios1948, seguindo decisão da ONU, a tensão se tornou uma questão regional. No dia seguinte, Egito, Jordânia, Síria e Iraque invadiram o território e deram início à primeira guerra árabe-israelense, também conhecida pelos judeus como a guerrax beta iosindependência oux beta ioslibertação.
Após o conflito, o território originalmente planejado pela Organização das Nações Unidas para um Estado árabe foi reduzido pela metade e quase 750 mil palestinos fugiram para países vizinhos ou foram expulsos pelas tropas israelenses.
Divisão geopolítica atual
Em 1967, veio a batalha que mudaria definitivamente o cenário na região - a Guerra dos Seis Dias. Depois da vitória contra uma coalizão árabe, Israel ocupou a Faixax beta iosGaza e a Península do Sinai, do Egito; a Cisjordânia (incluindo Jerusalém Oriental) da Jordânia; e as Colinasx beta iosGolã, da Síria - os EUA recentemente reconheceram o domíniox beta iosIsrael sobre este último. Posteriormente, Egito e a Jordânia firmaram acordosx beta iospaz com Israel,x beta ios1979 e 1994, respectivamente.
Meio milhãox beta iospalestinos fugiram por ocasião da guerrax beta ios1967.
Israel e os vizinhos voltaram a se enfrentarx beta ios1973. A Guerra do Yom Kippur colocou Egito e Síria contra Israel numa tentativax beta iosrecuperar os territórios ocupados na década anterior - algo que ocorreria para os egípciosx beta ios1979, num acordox beta iospaz. A Jordânia chegaria a algo semelhante nos anos 1990.
A reação palestina ganharia contornos sangrentosx beta ios1987, quando teve início o primeiro levante contra a ocupação israelense. A violência se arrastou por anos e deixou centenasx beta iosmortos.
Um dos principais pontosx beta iosatrito entre judeus e palestinos passa pela ocupaçãox beta iosJerusalém Oriental a partirx beta ios1967.
Muitos judeus consideram Jerusalém a capital eterna e indivisívelx beta iosIsrael. Mas os palestinos reivindicam a soberania sobre Jerusalém Oriental, capitalx beta iosum eventual Estado da Palestina, que incluiria também a Cisjordânia, governada hoje pela Autoridade Nacional Palestina, e a Faixax beta iosGaza, controlada pelo Hamas, principal grupo islâmico palestino.
Comunidade internacional e Jerusalém
Em 1980, o Conselhox beta iosSegurança da ONU (Organização das Nações Unidas) solicitou por meio da resolução 478 que todos os países-membros da organização retirassem suas embaixadasx beta iosJerusalém enquanto a partilha da região não fosse resolvida entre judeus e palestinos.
Masx beta ios2017 o presidente americano Donald Trump deu início a um novo capítulo na região, ao reconhecer Jerusalém como capitalx beta iosIsrael e anunciar a transferência da embaixada que antes ficavax beta iosTel Aviv. A medida gerou protestos na comunidade árabe.
Em reação, a ONU cobrou que os países não mudassem a postura definida na décadax beta ios1980x beta iosrelação à cidade sagrada, por considerá-la "uma questãox beta iosstatus final a ser resolvida por meiox beta iosnegociaçõesx beta ioslinha com as resoluções da ONU".
Apenas oito países ficaram ao lado dos EUA, entre eles Guatemala e Honduras, e outros 35 se abstiveram, a exemplox beta iosCanadá, Colômbia e Argentina.
Guinada brasileira pró-Israel
Então presidido por Michel Temer, o Brasil se posicionou contra a mudançax beta iosstatusx beta iosJerusalém defendida pelos EUA, seguindo a diplomacia brasileira adotada para a região há décadas que mantém posição equidistante.
Segundo Arlene Clemesha, pesquisadora e professora da PUC-SP, o Brasil manteve amizade tanto das autoridades israelenses quanto dos representantes palestinos.
"Mas a posição histórica do Brasil foi procurar uma equidistância e, ao mesmo tempo, uma posiçãox beta iosrespeito a direitos humanos, lei internacional, resoluções da ONU. Isso significou sempre uma posturax beta ioscondenação da ocupação israelensex beta iosterritórios palestinos (delimitados na partilha que deu origem ao Estadox beta iosIsrael,x beta ios1948), que é considerada ilegal pela ONU", afirmou Clemesha (http://vesser.net/brasil-47751065)x beta iosentrevista publicada pela BBC News Brasil.
Mas a postura conciliatória brasileira geraria atritos com Israelx beta ios2010, quando o então presidente Lula se recusou a visitar o túmulox beta iosTheodor Herzl, fundador do sionismo, durante uma visita ao Oriente Médio, sendo que o mandatário brasileiro iria ao túmulo dos líderes palestino Yasser Arafat e israelense Yitzhak Rabin.
A tradição diplomática brasileira só viria a mudar com a eleiçãox beta iosJair Bolsonaro no ano passado, quando ele prometeu transferir a embaixada brasileirax beta iosTel Aviv para Jerusalém.
A medida agradaria os governos americano e israelense, os discípulos do escritor Olavox beta iosCarvalho e líderes evangélicos brasileiros. Estes por questões teológicas, especialmente ligadas ao chamado "dispensacionalismo", doutrina que liga o estabelecimento dos judeus na Palestina à voltax beta iosJesus Cristo.
Já como presidente, Bolsonaro decidiu recuar da transferência muito possivelmente por conta da pressão das alas militar e ruralistax beta iosseu governo, que temem um boicotex beta iospaíses árabes e muçulmanos à produção nacionalx beta ioscarne halal, que segue preceitos da lei islâmica e tem um mercado consumidor potencialx beta ios1,8 bilhãox beta iosmuçulmanos.
Bolsonaro optou então pela instalaçãox beta iosum escritóriox beta iosJerusalém "para a promoção do comércio, investimento, tecnologia e inovação", sem status diplomático, mas com peso simbólico. Mas pessoas próximas ao presidente, como o bispo Silas Malafaia, garantem que o recuo foi apenas momentâneo e a transferência da embaixada para Jerusalém vai aontecerx beta iosforma "paulatina".
Apesar do recuox beta iosrelação à embaixada, a visitax beta iosBolsonaro e as medidas anunciadas por ele podem ser encaradas pela comunidade internacional como um reconhecimento tácitox beta iosque os territórios ocupados por Israel após 1967 pertencem ao país.
Um dos marcos dessa nova postura pró-Israel será a visitax beta iosBolsonaro ao Muro das Lamentações nesta segunda-feira (1º) acompanhadox beta iosBenjamin Netanyahu. Além da companhia inéditax beta iosuma autoridade israelense, a medida romperá com a tradição diplomática do paísx beta iosrelação a Israelx beta iosoutras duas maneiras: o presidente brasileiro não fez contato com as autoridades palestinas nem passará por locais sagrados para o islamismo, como a Mesquitax beta iosAl-Aqsa, nas imediações do Muro.
Diplomatas brasileiros temem protestos e boicotesx beta iospaíses árabes e do Irã, que respondem por quase 6%x beta iostodas as exportações brasileiras. Israel representa 1%.
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