Governo Bolsonaro: os riscos e oportunidades para o Brasil na aproximação inédita com Israel:afiliado pixbet
Tal decisão confrontaria recomendação da ONU (Organização das Nações Unidas) e a posição da grande maioria dos países que entendem que Jerusalém - hoje controlada por Israel - deve ser capitalafiliado pixbetdois Estados, um israelense e um palestino.
Por causa disso, quase todos os países mantêm suas embaixadasafiliado pixbetTel Aviv - as exceções são Estados Unidos, que por decisão do presidente Donald Trump transferiuafiliado pixbetrepresentação diplomática para Jerusalémafiliado pixbetmaio, e a Guatemala, que seguiu os americanos poucos dias depois.
No Brasil, a mudança é apoiada principalmente por lideranças evangélicas que consideram Israel uma nação sagrada e acreditam que o Brasil será "abençoado" caso reconheça Jerusalém como capital. No entanto, devido à resistência da ala militar do governo e do setor agropecuário, a transferência deixouafiliado pixbetser dada como certa e entrou "em estudo".
Expectativas sobre a viagem
Por enquanto, um cenário mais provável é Bolsonaro anunciar a aberturaafiliado pixbet"um escritórioafiliado pixbetnegócios" na cidade milenar, alternativa que o presidente já admitiu estarafiliado pixbetanálise. Jornaisafiliado pixbetIsrael já falamafiliado pixbettomafiliado pixbetfrustração sobre o recuo acerca da transferência da embaixada.
Ainda assim, essa possibilidade não pode ser completamente descartada, avalia Guilherme Casarões, professorafiliado pixbetrelações internacionais da FGV e especialistaafiliado pixbetOriente Médio.
"A mudança da embaixada continuaafiliado pixbetdisputa dentro do governo. A relação com Israel é questão prioritária para dois grupos, evangélicos e olavistas (seguidoresafiliado pixbetOlavoafiliado pixbetCarvalho, como o chanceler Ernesto Araújo), que veem essa aproximação como fundamental para salvar a civilização judaico-cristã ocidental das garras do globalismo marxista cultural", ressalta Casarões.
"Já a área econômica e ruralista teme o impacto comercial, enquanto os militares se preocupam também com a tradição da diplomacia brasileira", analisa.
Lideranças evangélicas ouvidas pela BBC News Brasil se mostraram pouco otimistas com os resultados da viagem. A pastora Jane Silva, presidente da Comunidade Brasil-Israel, questionou inclusive a decisãoafiliado pixbetvisitar o país a poucos dias da eleição parlamentar israelense, marcada para 9afiliado pixbetabril, cujo resultado poucos analistas se atrevem a prever.
Naafiliado pixbetleitura, Bolsonaro vaiafiliado pixbetapoio ao primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que busca se manter no poder. O israelense, porafiliado pixbetvez, prestigiou Bolsonaro com longa visita ao Brasil na ocasião da posse presidencial, quando arrancou uma promessaafiliado pixbettransferência da embaixada.
"É excelente estreitar laços com Israel, mas, se não for para anunciar a mudança da embaixada, não justifica a pressa (da visita). O momento é muito delicado para sair do Brasil por causa da reforma da Previdência", disse Silva. "O meio evangélico está muito frustrado. Ele devia anunciar a data (da mudança da embaixada), ou vai ficar como semeador da mentira."
Acordos com Israel x riscos econômicos
As informações preliminares sãoafiliado pixbetque o presidente terá compromissosafiliado pixbetJerusalém e Tel Aviv e fará também um roteiro religioso, ainda não detalhado.
Bolsonaro terá reunião com Netanyahu, participaráafiliado pixbetum evento com cercaafiliado pixbet200 empresários brasileiros e israelenses, e visitará o memorial às vítimas do holocausto Yad Vashem. A expectativa éafiliado pixbetque serão assinados acordos bilaterais para cooperação nas áreasafiliado pixbetciência e tecnologia, defesa, segurança pública, saúde e aviação civil.
"Não é um mercado grandeafiliado pixbettermos numéricos, mas tem muito a oferecer ao Brasilafiliado pixbettecnologia, cooperação com universidades. Israel é vanguardaafiliado pixbetcibersegurança, por exemplo", afirma o presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Fernando Lottenberg, ao defender os benefícios da visita.
Já na balança comercial, Israel não está entre os principais parceiros brasileiros. As trocas com o país não chegam a 1% do comércio exterior brasileiro e o Brasil compra mais do que vende (déficitafiliado pixbetUS$ 847,8 milhõesafiliado pixbet2018).
Por outro lado, países árabes e o Irã respondem por quase 6%afiliado pixbettodas as exportações brasileiras e cercaafiliado pixbet10% das exportações do setor agropecuário do Brasil. Em 2018, as trocas com paísesafiliado pixbetmaioria islâmica somaram US$ 22,9 bilhões, segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A balança é favorável ao Brasilafiliado pixbetUS$ 8,8 bilhões.
Tanto a Liga Arábe, que representa 22 nações, como países do grupo isoladamente já manifestaram ao Itamaraty seu incômodo com intençãoafiliado pixbetmudar a embaixadaafiliado pixbetIsrael.
Uma possível reação preocupa especialmente o setor agropecuário, já que os paísesafiliado pixbetmaioria islâmica recebem cercaafiliado pixbet70%afiliado pixbettodas as exportações brasileirasafiliado pixbetaçúcar (somados o refinado e o bruto) e 46% do milhoafiliado pixbetgrãos, conforme dados levantados pela BBC News Brasil junto ao MDIC.
O Brasil é também o maior exportadorafiliado pixbetcarne halal, que segue as regrasafiliado pixbetabate da lei islâmica e tem um mercado consumidor potencialafiliado pixbet1,8 bilhãoafiliado pixbetmuçulmanos.
O presidente da Câmaraafiliado pixbetComércio Árabe-Brasileira, Rubens Hannun, reconhece que não seria fácil para os países árabes substituírem essas compras, o que afasta o riscoafiliado pixbetum "comprometimento imediato" do comércio. No entanto, ele teme que a nova linha diplomática do Brasil mine aos poucos as exportações brasileiras.
Encolhimento diplomático?
Enquanto a transferência da embaixada para Jerusalém segueafiliado pixbetdiscussão, a guinada diplomática promovida pelo novo governo já teve efeitos concretos quando o Brasil, na semana passada, alterou seu posicionamento históricoafiliado pixbetvotações sobre Israel no Conselhoafiliado pixbetDireitos Humanos da ONU.
Na ocasião, o Brasil votou contra uma resolução que tratavaafiliado pixbetviolaçõesafiliado pixbetdireitos humanosafiliado pixbetcidadãos sírios que vivem nas colinasafiliado pixbetGolã, região que Israel capturou da Síria na Guerra dos Seis Dias,afiliado pixbet1967. O documento foi aprovado com 26 votos a favor, 16 contrários e cinco abstenções. O país se opôs também a outra resolução que criticava Israel por violações cometidas nos territórios palestinos,afiliado pixbetespecial durante o conflito na faixaafiliado pixbetGazaafiliado pixbet2014.
Lottenberg, presidente da Conib, considera que essa decisão é ainda mais relevante que a transferênciaafiliado pixbetembaixada. Naafiliado pixbetavaliação, o governo Bolsonaro está corrigindo um viés contrário a Israel que havia na política externa brasileira.
"A diplomacia brasileira, principalmente na época do Celso Amorim (chanceler do governoafiliado pixbetLuiz Inácio Lula da Silva), ficou sequestrada pelo tema do conflito (com palestinos)", critica.
"A posição no Conselho da ONU é injusta com Israel. É o único país que tem uma agenda permanente (de resoluções críticas) nesse conselho. Ter que ouvir o representante da Síria (país que atravessa há seis anos uma guerra civil) falarafiliado pixbetviolaçãoafiliado pixbetdireito internacional é uma piadaafiliado pixbetmau gosto."
Casarões, da FGV, afirma que o Brasil tem uma longa tradiçãoafiliado pixbetequidistância no conflito árabe-israelense e destaca a boa relação mantida com Israel durante o governo Lula. Naafiliado pixbetavaliação, o governo israelense teve responsabilidade na piora da relação durante a Presidênciaafiliado pixbetDilma Rousseff quando insistiuafiliado pixbetindicar como embaixador no Brasil o colono Dani Dayan, ex-líderafiliado pixbetassentamentos judaicos na Cisjordânia, nome que foi rejeitado.
Para a professoraafiliado pixbetHistória Árabe da Universidadeafiliado pixbetSão Paulo (USP) Arlene Clemesha, a aproximaçãoafiliado pixbetBolsonaro com Israel não se resume a uma mudança na diplomacia brasileira para o Oriente Médio, mas se insere numa transformação mais amplaafiliado pixbet"alinhamento" com os Estados Unidos e outros países com governos "populistasafiliado pixbetdireita", como Hungria e Itália.
"A posição do Brasil no mundo é uma construção lenta. O Itamaraty, desde o governo Fernando Henrique, vem construindo uma maior autonomia do Brasil no mundo. Para ter voz independente, tem que ter conhecimento das principais questões internacionais, um históricoafiliado pixbetposicionamentos", ressalta a professora.
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