Malafaia garante que Bolsonaro mudará embaixadagloboesporte com globoesporte comIsrael: 'Vai ter que ser macho, e acho que ele é':globoesporte com globoesporte com
A cidade é considerada sagrada por cristãos, judeus e muçulmanos, egloboesporte com globoesporte comparcela oriental, ocupada por Israel desde a Guerra dos Seis Dias,globoesporte com globoesporte com1967, é reivindicada também como capitalgloboesporte com globoesporte comum futuro Estado Palestino. A ONU reconhece a dualidadegloboesporte com globoesporte comJerusalém e considera a presençagloboesporte com globoesporte comIsrael na parte oriental da cidade – partegloboesporte com globoesporte comexpressiva maioria árabe da população, como território ocupado.
Grupos evangélicos brasileiros desejam a mudança da embaixada por motivos religiosos, e não geopolíticos – mas a promessa gerou um embaraço diplomático entre o Brasil e países árabes, e o temorgloboesporte com globoesporte comque poderia gerar embargos e sobretaxas a exportações brasileiras.
Países árabes e muçulmanos são grandes compradoresgloboesporte com globoesporte comprodutos agropecuários, sobretudo a carne halal,globoesporte com globoesporte comfrango e bovina, produzida conforme os preceitos islâmicos, também são vendidos a países árabes açúcar e milho.
Malafaia, entretanto, defende a mudança, e argumenta que o Brasil é "independente e soberano" para apoiar a escolhagloboesporte com globoesporte comIsrael e fixargloboesporte com globoesporte comembaixadagloboesporte com globoesporte comJerusalém.
"Acho que o Brasil não tem nada a perder, e não vai perder (com a mudança)", opina o pastor, minimizando o atrito que a mudança poderia gerar com os países árabes, e a preocupaçãogloboesporte com globoesporte comimpacto negativo sobre exportações brasileiras para a região.
"Aí vão comprargloboesporte com globoesporte comquem? Vão comprar onde? Vão retaliar o quê?", ironiza o pastor, aludindo à dificuldade que os países árabes teriam para substituir as importações brasileiras. O Brasil é atualmente o maior exportador mundialgloboesporte com globoesporte comcarne halal.
"Não vamos ser subservientes. Não é o Brasil nem ninguémgloboesporte com globoesporte comfora que define a capitalgloboesporte com globoesporte comum Estado soberano", diz Malafaiagloboesporte com globoesporte comentrevista à BBC News Brasil, dando pouca importância a uma eventual ruptura com a postura defendida pela ONU. "Quem diz amém para tudo que a ONU fala? Eu não conheço", diz o pastor.
Em maio do ano passado, quando a embaixada americana foi realocada para Jerusalém, protestos na Faixagloboesporte com globoesporte comGaza se estenderam por semanas e deixaram dezenasgloboesporte com globoesporte commortos, a maioria palestinos. Até então, Tel Aviv era sedegloboesporte com globoesporte comtodas as representações diplomáticas mundiais. A mudança adotada pelos EUA foi seguida apenas pela Guatemala por enquanto. Depois das promessas feitas por Bolsonaro, a medida "permanecegloboesporte com globoesporte comestudo",globoesporte com globoesporte comacordo com o Itamaraty.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
globoesporte com globoesporte com BBC News Brasil - O anúncio do governogloboesporte com globoesporte cominstalar um escritório comercialgloboesporte com globoesporte comJerusalém, e não a embaixada brasileira, é visto com decepção pela comunidade evangélica?
globoesporte com globoesporte com Silas Malafaia - O Bolsonaro falou comigo sobre isso recentemente. Não foi o João ou o Manoel que me disse isso, foi o presidente. Ele falou, "olha, Silas, eu vou fazer essa mudança paulatinamente. Não vou fazergloboesporte com globoesporte comuma vez porque não tem necessidade e nem tem pressa. O Donald Trump levou nove meses para transferir a embaixada, não vou ser eu que vou fazergloboesporte com globoesporte comcem dias".
Ele me falou: "Eu vou fazer (a mudança da embaixada) porque essa é a verdade. Aquilo lá é a capital eterna e indivisível desses caras". Jerusalém nunca foi capitalgloboesporte com globoesporte comEstado árabe na História. Foi fundada pelo rei Davi 3 mil anos atrás. É a soberaniagloboesporte com globoesporte comuma nação (Israel). Não somos nós que temos que dizer onde eles têm que colocargloboesporte com globoesporte comcapital.
E vocês vejam o que Bolsonaro fez lá e que ninguém faz, indo com o primeiro-ministro (de Israel, Benjamin Netanyahu) visitar o Muro das Lamentações. Vejam a ousadia do camarada.
globoesporte com globoesporte com BBC News Brasil - O senhor acredita que não houve um recuo?
globoesporte com globoesporte com Malafaia - Não tem recuo nenhum. Ele falou para mim que vai fazer por etapas. Ele não está abrindo o escritório dizendo que esta é a decisão final. Ele vai fazer paulatinamente.
Se você analisar a personalidade do Bolsonaro, vai ver que aquilogloboesporte com globoesporte comque ele crê ideologicamente ninguém tira desse cara. Ele pode fazer recuos estratégicos por causagloboesporte com globoesporte compolíticagloboesporte com globoesporte comgoverno, ok. Agora, aquilo que faz parte da convicção dele... Aí, minha filha...
Pode escrever aí que o pastor Silas está fazendo uma aposta. Quem disser que Bolsonaro está arregando ou dando um passo atrás abrindo esse escritório vai passar vergonha no futuro.
globoesporte com globoesporte com BBC News Brasil - Mas a mudança significaria uma ruptura do Brasil com a postura neutra adotada pela comunidade internacional no Oriente Médio, e poderia gerar atrito com países árabes.
globoesporte com globoesporte com Malafaia - Que atrito? Eles vão deixargloboesporte com globoesporte comcomprar o quê, por acaso?
globoesporte com globoesporte com BBC News Brasil - Os países árabes têm parcerias importantes com o agronegócio brasileiro. Importam açúcar, carne, milho...
globoesporte com globoesporte com Malafaia - Mas aí vão comprargloboesporte com globoesporte comquem? Vão comprar onde? Vão retaliar o quê? Para mim, isso tudo é papo. Isso tudo faz parte do jogo político. O Brasil é independente e soberano. Não vamos ser subservientes. Não é o Brasil nem ninguémgloboesporte com globoesporte comfora que define a capitalgloboesporte com globoesporte comum Estado soberano. Israel é uma nação soberana e tem direitogloboesporte com globoesporte comescolhergloboesporte com globoesporte comcapital. Acho que o Bolsonaro reconhecer isso não é mais do que reconhecer aquilo a que o país tem direito.
Acho que o Brasil não tem nada a perder, e não vai perder (se mudasse a capital para Jerusalém). Não estou nem falandogloboesporte com globoesporte comum viés espiritual sobre Israel, que é a nossa crença, e sim na soberaniagloboesporte com globoesporte comum Estado escolhergloboesporte com globoesporte comcapital. E na soberaniagloboesporte com globoesporte comuma nação (o Brasil)globoesporte com globoesporte comescolher se reconhece ou não. Quem é que obedece a toda resolução da ONU? Quem diz amém para tudo que a ONU fala? Eu não conheço.
Para fazer isso (mudar a capital), tem que ter peito, tem que ser audacioso. O Bolsonaro vai ter que ser macho para fazer. Eu acho que ele é. Não estou falandogloboesporte com globoesporte commasculinidade. Estou falandogloboesporte com globoesporte comser corajoso. O que marca uma liderança é a coragem.
globoesporte com globoesporte com BBC News Brasil - Mas e se o recuo for definitivo e a mudança não ocorrer?
globoesporte com globoesporte com Malafaia - É importante que aconteça. Se não ele vai entrar naquelagloboesporte com globoesporte comoutros governantes, que prometem coisas e não fazem. Não fomos nós que exigimos. Foi ele que prometeu fazer isso.
Se for para voltar atrás é melhor não prometer, não é? Por que fazer promessa se não vai cumprir? Eu acho que vai ficar chato para ele se ele não cumprir. Os evangélicos tiveram um peso forte emgloboesporte com globoesporte comeleição. É uma comunidade para ele pensar direitinho.
globoesporte com globoesporte com BBC News Brasil - Por que a relação com Israel e a mudança da embaixada é tão importante para a comunidade evangélica?
globoesporte com globoesporte com Malafaia - É importante para nós porque é uma promessa que está na Bíblia. Está lá no livrogloboesporte com globoesporte comGênesis, quando o Senhor diz para Abrãao, que é o paigloboesporte com globoesporte comIsrael: "Abençoarei os que te abençoarem, amaldiçoarei os que te amaldiçoarem".
Cremos que quando uma nação abençoa Israel, ela é abençoada. Cremos nisso por princípiogloboesporte com globoesporte comfé. Cremos que uma posiçãogloboesporte com globoesporte comBolsonaro a favorgloboesporte com globoesporte comIsrael vai abençoar a nossa nação e o seu governo. Isso é um princípio para o mundo evangélico, para o mundo cristão, para quem obedece a Bíblia.
globoesporte com globoesporte com BBC News Brasil - A promessagloboesporte com globoesporte commudar a embaixada para Jerusalém ajudou Bolsonaro a obter apoio evangélico nas eleições?
globoesporte com globoesporte com Malafaia - Não. Isso não foi exigência da comunidade evangélica. O Bolsonaro disse espontaneamente que reconhecia Jerusalém como capital, e nós da comunidade evangélica aplaudimos, porque temos uma visão espiritual sobre Israel.
Nenhum líder evangélico condicionou isso ao apoio. Não conheço uma liderança evangélica que botou a faca no pescoço desse cara (o Bolsonaro) para dizer que, se ele não fizesse isso, não teria o nosso apoio. Veio dele espontaneamente, e teve o nosso apoio. Foi promessagloboesporte com globoesporte comcampanha dele para o mundo evangélico.
globoesporte com globoesporte com BBC News Brasil - Estamos chegando aos cem dias do governo Bolsonaro depoisgloboesporte com globoesporte comuma semana conturbada, marcada por discussões com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. O apoio evangélico sofreu algum abalo?
globoesporte com globoesporte com Malafaia - Ele continua tendo o apoio dos evangélicos. Mas ainda está cedo para falar sobre o governo Bolsonaro. O cara pegou um Estadogloboesporte com globoesporte comcrise, com 14 anosgloboesporte com globoesporte comgovernogloboesporte com globoesporte comdesastregloboesporte com globoesporte comcorrupção.
Leva um tempo até ele ver quem é quem, até aprendizgloboesporte com globoesporte compresidente tomar as rédeas da máquina. Eu acho uma covardia estúpida cobrar do cara com cem diasgloboesporte com globoesporte comgoverno. Ele está promovendo uma mudançagloboesporte com globoesporte comeixo,globoesporte com globoesporte comparadigma. Então vai gerar crise, vai gerar atrito, até acertar. Vai cair ministro. Isso para mim é normal.
globoesporte com globoesporte com BBC News Brasil - Mas a crise no MEC, a lei orçamentária aprovada às pressas pela Câmara essa semana, desdobramentos como esses não são graves para o governo?
globoesporte com globoesporte com Malafaia - Não acho, não. Todo mundo sabe que toda a política do Brasil eragloboesporte com globoesporte comtoma-lá-dá-cá, desde a época do Fernando Henrique Cardoso. Dava-se ministériogloboesporte com globoesporte comtrocagloboesporte com globoesporte comapoio político. O Bolsonaro não fez isso.
Então o que estamos vendo não é rusga, é guerragloboesporte com globoesporte compoder. Aquilo que todo mundo queria e reclamava, o cara está fazendo. Então estão reclamandogloboesporte com globoesporte comque?
globoesporte com globoesporte com BBC News Brasil - Os parlamentares estão reclamandogloboesporte com globoesporte comfaltagloboesporte com globoesporte comdiálogo,globoesporte com globoesporte comnegociação,globoesporte com globoesporte comarticulação política...
globoesporte com globoesporte com Malafaia - Eu acredito que ele tem que melhorar muito no diálogo político. Ele tem que aprender. Está errando, vai ter que acertar coisas. Não estou dizendo que ele acertou todas.
Mas como é que vai se cobrar energicamentegloboesporte com globoesporte comum cara? Qual é a acusação, camarada? Ele não está fazendo aquilo que a sociedade brasileira pedia? Ele não fez acordos com partidos dando ministérios. Isso não é vantagem?
Então vai ter crise. Porque ninguém dá podergloboesporte com globoesporte comgraça. Não estou dizendo que ele está acertando tudo. Vai ter que dialogar mais e ter um viés politico. Mas acredito que ele tem muito boa vontade e desejogloboesporte com globoesporte comacertar.
globoesporte com globoesporte com BBC News Brasil - O governo tem diferentes gruposgloboesporte com globoesporte cominfluência - a ala militar, a equipe econômica, os filhos do presidente, Olavogloboesporte com globoesporte comCarvalho... Essas influências têm sido equilibradas, a seu ver?
globoesporte com globoesporte com Malafaia - Eu acho que o Olavogloboesporte com globoesporte comCarvalho tem uma influência maior do que o tamanho dele. Mas eu aprendi uma coisa. Cada um ouve quem quer. Eu não vou brigar com o Bolsonaro porque está ouvindo mais o João ou o Manoel. Ele que tem que saber quem interessa para ele.
globoesporte com globoesporte com BBC News Brasil - E a participaçãogloboesporte com globoesporte comseus filhos no governo?
globoesporte com globoesporte com Malafaia - Eu não acho que eles têm um peso grande. Filho é filho, tem uma influência. Os garotos são até bem-intencionados. Querem ver o governo do pai se dar bem. De vezgloboesporte com globoesporte comquando exageram. Porque tudo que eles falam tem o pesogloboesporte com globoesporte comvir do filho do presidente.
Tudo na vida tem um preço a pagar. Você tem filhos políticos, então qualquer deslize o pau vai comer. Eu acho que os garotos do Bolsonaro cometem alguns erros, mas querem ver o Brasil melhor. E não estão nomeando todo mundo. Os caras mais fortes no governo são os militares.
globoesporte com globoesporte com BBC News Brasil - Os evangélicos têm sido ouvidos pelo governo?
globoesporte com globoesporte com Malafaia - De nós, evangélicos, podem falar o que quiser. Nós fomos o peso da eleiçãogloboesporte com globoesporte comBolsonaro. E quem é que nomeamos? Eu não conheço. A Damares (ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos) é evangélica, é uma mulher inteligente, temgloboesporte com globoesporte comcompetência. Masgloboesporte com globoesporte comescolha não teve nada a ver com a bancada evangélica. O cara político mais próximo dele era o (pastor evangélico e ex-senador) Magno Malta, e não ganhou cargo nenhum.
Eu acho o Bolsonaro certo na questão do toma-lá-dá-cá, mas acho também que quem vence vai compartilhar o poder com quem é aliado. Isso é democrático. Isso não é corrupção.
Então se militar nomeia, é a nova política. Se os filhos nomeiam, é nova política. Mas se um deputado indica alguém é ladrão? Eu não sou dessa opinião. Todo político é ladrão, e só militar que é honesto? Ou só é honesto se for da família? Eu não concordo. Acho que política se faz assim: destes cargos eu não abro mão, mas esses eu posso dar politicamente para compor a minha base. Não acho que isso seja corrupção.
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