Como espécies mudam asas, bicos e cantos para sobreviver à vida na cidade:gratis poker

Menno Schilthuizen observando uma planta

Crédito, Gentileza Menno Schilthuizen

Legenda da foto, Para o biólogo Menno Schilthuizen, as cidades são redesgratis pokerecossistemasgratis pokerminiatura

Mas, segundo Schilthuizen, "os biólogos não devem mais viajar para lugares remotos como Galápagos para descobrir a formaçãogratis pokernovas espécies".

"Esse processo está acontecendo nas mesmas cidades onde eles trabalham", diz o cientista, autor do livro Darwin Comes to Town (Darwin vem à cidade), ainda sem tradução no Brasil.

O biólogo exploragratis pokerseu livro exemplosgratis pokeradaptações, desafios e evoluçãogratis pokercentros urbanos, e compartilhou alguns dos casos mais surpreendentesgratis pokeruma entrevista para a BBC.

O metrôgratis pokerLondres e o mosquito chato

O mosquito do metrôgratis pokerLondres, ou Culex molestus, é uma espécie que evoluiu recentemente (desde o século 19) e se adaptou para vivergratis pokerespaços subterrâneos.

Mosquito do metrôgratis pokerLondres

Crédito, MARTIN DOHRN/SCIENCE PHOTO LIBRARY

Legenda da foto, Mosquitosgratis pokertúneisgratis pokerdiferentes linhas no metrôgratis pokerLondres são geneticamente diversos

"É provável que tenha se separadogratis poker(outras) espéciesgratis pokermosquitos na superfície. Esses últimos se alimentam principalmente do sangue das aves. O Culex molestus, por outro lado, se alimentagratis pokersangue humano", explica Schilthuizen.

O nome popular da espécie (mosquito chato) se refere a histórias sobre o insuportável inseto que incomodava os londrinos nos abrigos das estaçõesgratis pokermetrô durante os bombardeios da Segunda Guerra Mundial.

Já nos anos 1990, a geneticista Katharine Byrne, da Universidadegratis pokerLondres, descobriu que os mosquitos nos túneisgratis pokertrês linhas do metrô, Victoria, Bakerloo e Central, eram geneticamente diferentes um do outro.

Passageiros do metrôgratis pokerLondres

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Muitos londrinhos nem desconfiam que muito pertogratis pokeronde esperam seus trens novas espécies estão surgindo
Londrinosgratis pokertúnelgratis pokermetrô durante a Segunda Guerra

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Culex molestus, o mosquito "insuportável", incomodava londrinos que se refugiavam nas estaçõesgratis pokermetrô durante a Segunda Guerra Mundial

E nos últimos anos ficou claro que o mosquito subterrâneo não é exclusivogratis pokerLondres. Também é possível encontrá-logratis pokertúneis e porõesgratis pokeroutros centros urbanos.

"Culex molestus também vivegratis pokergrandes cidades da América Latina", diz Schilthuizen.

O canto do melro

Um dos animais urbanos mais bem estudados é um pássaro chamado Melro-preto, o Turdus merula.

Em cidades da Europa e do norte da África, os biólogos descobriram que os melros têm bicos mais curtos do que seus parentes florestais, o que supostamente se deve à abundânciagratis pokeralimentos que não requerem bicar.

Melro-preto

Crédito, Science Photo Library

Legenda da foto, O Melro-preto tem um bico mais curto e cantagratis pokerum tom mais alto do que seus parentes da floresta

Também o tomgratis pokerseu canto é mais alto, eles cantam à noite e não migram mais.

Para Schilthuizen, tanto o mosquito do metrôgratis pokerLondres quanto o melro-preto são "exemplosgratis pokerespécies que estãogratis pokerestágios iniciaisgratis pokerespeciação", o processogratis pokerformaçãogratis pokerespécies diferentes.

Corvo quebra-Nozes

Em outros casos citados por Menno Schilthuizen à BBC, não há registro do surgimentogratis pokernovas espécies, masgratis pokeradaptações surpreendentes.

Corvosgratis pokerSendai

Crédito, Osamu Mikami

Legenda da foto, Os corvosgratis pokerSendai, no Japão, aprenderam a colocar nozesgratis pokerfrente aos carros para que os pneus quebrem as cascas

"Os corvos da cidadegratis pokerSendai, no Japão, são um exemplo incrível, nãogratis pokerevolução urbana, masgratis pokercomo um novo truque pode ser estendido por meio da imitação", diz o biólogo holandês.

"Os corvos descobriram que podiam quebrar nozes colocando-as nas estradas, na frentegratis pokercarros que se aproximavam lentamente e rompiam as cascas com seus pneus", explica.

"O hábito se espalhou na cidade e recentemente a mesma espéciegratis pokercorvo aprendeu esse truque na Alemanha egratis pokerPortugal."

Andorinhasgratis pokerasa curta

Nos Estados Unidos, uma espéciegratis pokerave, a Andorinha-de-dorso-acanelado, Petrochelidon pyrrhonota, começou a fazer seus ninhos sob as pontes das rodovias.

Andorinhas e seus ninhos debaixogratis pokeruma ponte

Crédito, Charles R. Brown

Legenda da foto, Andorinha-de-dorso-acanelado tem asas mais curtas e arendondadas, o que a permite manobrar melhor nas estradas

Inicialmente muitas andorinhas foram atropeladas, mas com o passar dos anos essas aves evoluíram e agora possuem asas mais curtas e arredondadas.

As asas mais longas são melhores para voargratis pokerlinha reta, mas as mais curtas permitem que os pássaros decolem rapidamente na estrada e manobrem quando um carro se aproxima.

"A morte das aves eliminou lentamente a população com genesgratis pokerasas longas e isso causougratis pokerevolução", explicou Schilthuizen.

Plantas nas estradas

Não só os animais se adaptam à vida nas cidades.

Uma planta chamada Cochlearia danica geralmente cresce apenasgratis pokerterras com alto teor salino, na costa.

Plantas crescendo entre as pistasgratis pokeruma estrada

Crédito, Lidy Poot

Legenda da foto, Cochlearia danica agora cresce nos canteiros entre as entradas europeias

Mas Schilthuizen aponta que a planta agora crescegratis pokercanteirosgratis pokerum metro entre as estradas europeias.

E isso se deve à grande quantidadegratis pokersal jogada nas estradas durante o inverno a fimgratis pokerderreter o gelo.

O ouriço McFlurry e o besouro apaixonado por uma garrafa

Alguns encontros urbanos podem ser letais, como um caso imortalizado no Museugratis pokerHistória Naturalgratis pokerRoterdã.

Ouriço com a cabeça presagratis pokerpotegratis pokersorvete

Crédito, Natural History Museum Rotterdam

Legenda da foto, Ouriço McFlurry enfiou a cabeça pela aberturagratis pokeruma tigelagratis pokersorvete do McDonald's, mas não conseguiu tirá-la e morreugratis pokerfome

O museu tem uma galeria que preserva animais mortos na cidade nas circunstânciasgratis pokerque perderam a vida.

Umgratis pokerseus espécimes mais famosos é o "ouriço McFlurry", que enfiou a cabeça pela aberturagratis pokerum potegratis pokersorvete McFlurry, da rede McDonald's, mas não conseguiu se soltar e acabou morrendogratis pokerfome.

"É um exemplo dos tiposgratis pokerdesafios que os ambientes urbanos severos às vezes representam", diz Schilthuizen.

Outro exemplogratis pokeranimais afetados por riscos urbanos é ogratis pokermilharesgratis pokeraves que colidem com postes ou ficam desorientadas com as luzes.

Besouro tentando copular com uma garrafagratis pokercerveja

Crédito, David Rentz

Legenda da foto, Besouro australiano correu o riscogratis pokerse extinguir por confundir uma garrafagratis pokercerveja com uma fêmea gigante

E agratis pokeruma espéciegratis pokerbesouro da Austrália, Julodimorpha bakewelli, que tentava copular com garrafasgratis pokercervejagratis pokeraparência similar às fêmeas da espécie.

A atração sexual pela garrafa era tão forte que a espécie correu o riscogratis pokerdesaparecer (até que a cervejaria mudou o design da embalagem).

"Observe a cidade"

O cientista holandês Menno Schilthuizen faz uma comparação um tanto desconcertantegratis pokersuas palestras.

Quais são as semelhanças entre uma pessoa que alimenta pombosgratis pokeruma praça e as chamadas espécies mirmecófilas, como, por exemplo, os besouros, que "enganam" as formigas e vivemgratis pokerseus ninhos para obter alimento?

Mulher e criança dandogratis pokercomer a pombosgratis pokeruma praça

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Pombos conseguiram que humanos compartilhassem seus alimentos

"É a mesma coisa, certo?", Schilthuizen pergunta.

"Em ambos os casos, uma espécie se apropria do sistemagratis pokercomunicaçãogratis pokeroutra e faz com que ela compartilhegratis pokercomida."

Aos olhosgratis pokerbiólogogratis pokerMenno Schilthuizen, as cidades são muito mais do que edifícios e seus moradores. São redesgratis pokerecossistemasgratis pokerminiatura, cada uma com suas oportunidades e desafios.

E à medida que o planeta se torna mais urbano, exemplosgratis pokeradaptação e evolução aumentarão.

O cientista holandês recomenda àqueles que moramgratis pokercidadesgratis pokerqualquer parte do mundo que cultivem o hábitogratis pokerobservar os mini-ecossistemas e os desafios das espécies ao seu redor.

E oferece um último conselho.

"Junte-se a uma plataformagratis pokerciência cidadã, como o iNaturalist, e compartilhe com a comunidade suas observações (de espécies)."

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