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'Escola sem Partido': como o ensino também virou polêmica na Alemanha:ecopayz bonus
"Existem certamente algumas semelhanças [entre o Escola Sem Partido e o Neutrale Schulen]. Mas no caso alemão, creio que o governo não aprovaria essa iniciativa. Não é uma abordagem sancionada pelo Estado", argumenta Martin Mills, diretor do Centro para Professores e Pesquisaecopayz bonusEnsino no Institutoecopayz bonusEducação da University College London, no Reino Unido.
No Brasil, Mills completa, "é uma questão diferente porque o medo [dos professores] seria do governo". "Quais serão as sanções do Estado se os professores falarem sobre o partido no poder? Este não é um partido marginal como o AfD na Alemanha, trata-se do governo."
Outra diferençaecopayz bonusrelação à Escola Sem Partido é que a Neutrale Schulen tem um foco mais específico, a suposta discriminação e tratamento injusto dado ao partido AfD e seus apoiadores nas escolas alemãs. "Lançamos o site porque recebemos diversas reclamaçõesecopayz bonuspais e estudantes sobre professores difamando o AfD como extremista ou mesmo nazista. Alguns até se recusam a abordar o partido ou dão aos alunos informações erradas sobre nosso programa político", afirma à BBC News Brasil Franz Kerker, membro do AfD no parlamento estadualecopayz bonusBerlim.
A medida recebeu uma enxurradaecopayz bonuscríticas na Alemanha. Em protesto, diversos professores se autodenunciaram ao partido.
Segundo a especialistaecopayz bonuseducação da Fundação Heinrich-Böll Sybille Volkholz, responsável pela gestão desse setor na cidadeecopayz bonusBerlim entre 1989 e 1990, o argumentoecopayz bonusque o AfD está sendo injustiçado nas escolas é incorreto. "Devido à nossa história, é compreensível que AfD e outros partidosecopayz bonusdireita estejam sob observação. O AfD colaboraecopayz bonusperto com alguns movimentos neonazistas. É correto que os professores sejam muito sensíveisecopayz bonusrelação à extrema-direita", diz à BBC News Brasil.
Para ela, as escolas alemãs têm a obrigação históricaecopayz bonuseducar democratas e torná-los resistentes à ideologia nazista. "Muitos professores disseram que continuarão a cumprir essa tarefa. Diversos alunos escreveram cartas ao AfD com piadas como 'nossos professores sempre escrevem com a mão esquerda'."
Críticos da 'Escola Neutra' dizem que medida é totalitária
"É uma péssima iniciativa. Parece-me que essa chamada para denúncias visa contaminar o debate político aberto nas escolas", argumenta Volkholz, ex-senadora pelo Partido Verde para Escola, Formação Profissional e Esporteecopayz bonusBerlim.
Winfried Kretschmann, premier do estadoecopayz bonusBaden-Württemberg foi além: comparou o sistema do AfD às bases "do totalitarismo".
"Há pessoas no AfD com conexões com a extrema-direita e neonazistas. É dever dos professores alemães apontar a incompatibilidade das visões desses políticos com a estrutura constitucional democrática livreecopayz bonusnosso país", afirma à BBC News Brasil Heinz-Peter Meidinger, presidente da Deutscher Lehrerverband, a maior associaçãoecopayz bonusprofessores da Alemanha.
"Os professores na Alemanha não tolerarão que seu direitoecopayz bonusse expressarecopayz bonusmaneira política seja retirado", completa.
O AfD chegou ao Bundestag (o parlamento federal alemão) pela primeira vezecopayz bonus2017, defendendo uma plataforma anti-imigração, antirrefugiados eecopayz bonusprol da identidade alemã. Com 92 cadeiras, tornou-se a principal forçaecopayz bonusoposição à coalização da chanceler Angela Merkel.
Alguns membros da legenda também se envolveramecopayz bonuspolêmicas. Em julho, Alexander Gauland, co-líder do partido, disse que a era nazista foi uma breve mancha, ou "fezesecopayz bonuspássaro", na longa e bem sucedida história da Alemanha. O comentário causou furor, uma vez que maisecopayz bonus50 milhõesecopayz bonuspessoas morreram na Segunda Guerra Mundial - incluindo seis milhõesecopayz bonusjudeus exterminadosecopayz bonuscamposecopayz bonusconcentração nazistas.
"Não creio que os professores serão impedidosecopayz bonusapresentar uma discussão livre. Tenho esperançasecopayz bonusque eles sejam autoconfiantes o bastante para continuar a oferecer uma educação civilecopayz bonusqualidade", diz Volkholz.
Como funciona a 'Escola Neutra' e o que diz o AfD
O Neutrale Schulen é administrado pelas seções regionais do AfD. A iniciativa está presente, entre outros estados,ecopayz bonusBrandenburg, Baden-Württemberg e Berlim.
No momento, esses sites preservam a identidade dos denunciados. E,ecopayz bonusalguns casos, o partido se oferece para mediar as reclamações com escolas e professores.
Os portais do Neutrale Schulen,ecopayz bonusgeral, argumentam que o projeto foi criado devido a reclamaçõesecopayz bonuspais e alunos que se sentem discriminados por apoiarem o partido.
O AfD afirma queecopayz bonusalgumas escolasecopayz bonusBerlim "professores estão espalhando uma visão política parcial do mundo", da qual estudantes não podem discordar por medoecopayz bonus"exclusão social". Em Hamburgo, o partido falaecopayz bonus"ataques desajeitados".
Segundo o partido, o Neutrale Schulen não visa interromper o debate livre nas escolas, mas evitar que o AfD e seus apoiadores sejam atacados ou impedidosecopayz bonusexpressar suas opiniões políticas.
Steffen Königer, membro do AfD no parlamento estadualecopayz bonusBrandemburgo, define a medida como "nossa última formaecopayz bonusautodefesa". "Na Alemanha, é normal discutirecopayz bonusmuitas escolas opiniões tendenciosas não apenas sobre nosso partido, mas sobre a 'chamada mudança climática causada por humanos'. Os alunos que expressamecopayz bonusopinião têm problemas por causaecopayz bonuspessoas politicamente corretas que os chamamecopayz bonusracistas ou nazistas."
Segundo Kerker, os professores "têm que aceitar certos limites"ecopayz bonusliberdade quando estão ensinando. Meidinger, entretanto, afirma que o AfD quer ser visto como "caçado, discriminado pelo Estado e servidores públicos, e como mártires".
Princípiosecopayz bonusensino na Alemanha
Desde 1976, os professores alemães seguem o chamado Beutelsbacher Konsens (Consensoecopayz bonusBeutelsbach) como diretriz para produçãoecopayz bonusaulas. O documento estabelece os princípios fundamentais para o ensino político-histórico nas escolas, a fimecopayz bonuscoibir a doutrinação e abordarecopayz bonusmaneira honesta temas controversos.
Segundo o Centro Nacional para Educação Políticaecopayz bonusBaden-Württemberg, o consenso tem três elementos:
1) a proibiçãoecopayz bonus"sobrecarregar/oprimir" os alunos - não é permitido induzir os estudantes a emitir opiniões "desejáveis" e impedi-losecopayz bonus"formar um juízo independente";
2) tratar assuntos controversos como tal - pontosecopayz bonusvista diferentes devem ser apresentados e discutidos. Os professores acabam, por vezes, sendo responsáveis por introduzir visões estranhas a alguns alunos;
3) considerar os interesses pessoais dos alunos - os estudantes devem ser capacitados à análise política e "avaliar como os seus interesses pessoais são afetados".
O Beutelsbacher Konsens não proíbe os professoresecopayz bonusexporem suas opiniões aos alunos desde que a identifiquem como tal. "Os professores devem fornecer informações sobre a agenda política dos diferentes partidos. Na discussão sobre o conteúdo, eles podem opinar. Além disso, existe a ordem para serem moderados. Eles devem expressarecopayz bonusopiniãoecopayz bonusforma fundamentada e sem excessos", explica Meidinger.
"Fui professoraecopayz bonuseducação cívica. É claro que dizíamos a nossa opinião sobre um assunto aos alunos. Eles têm o direitoecopayz bonussaber, até para que possam julgar se o professor tenta dominá-los", completa Volkholz.
O Centro Nacional para Educação Política destaca que os professores são "acimaecopayz bonustudo" obrigados a defender "a ordem básica democrática livre". Ou seja, devem ser imparciais, mas não neutrosecopayz bonustermosecopayz bonusvalores. Por exemplo: se um político ataca minorias ou se partidos toleram antissemitasecopayz bonusseus quadros e possuem ligações claras com extremistasecopayz bonusdireita, "é claro que isso deve ser examinado criticamente".
Escola Sem Partido brasileiro vai além e pode vetar manifestaçãoecopayz bonusopinião política
No Brasil, por outro lado, o Escola Sem Partido pode vedar a manifestação da opinião políticaecopayz bonusprofessoresecopayz bonussalaecopayz bonusaula, com apoiadores quase sempre se referindo a uma suposta doutrinaçãoecopayz bonusesquerda e uso do marxismo.
O projeto ainda define como princípio para o ensino nas escolas o "respeito às crenças religiosas e às convicções morais, filosóficas e políticas dos alunos,ecopayz bonusseus pais ou responsáveis, tendo os valoresecopayz bonusordem familiar precedência sobre a educação escolar nos aspectos relacionados à educação moral, sexual e religiosa".
Como a BBC News Brasil mostra nesta reportagem, os professores brasileiros já sentem a pressãoecopayz bonusmovimentos que visam monitorar o conteúdo programático das aulas. "[O Neutrale Schulen e o Escola Sem Partido] soam como algo que se ouveecopayz bonusEstados totalitários", diz Mills.
Recentemente, Ana Caroline Campagnolo, deputada estadual eleita pelo PSLecopayz bonusSanta Catarina, incentivouecopayz bonussuas redes sociais que estudantes gravassem seus professores para denunciá-losecopayz bonuscasoecopayz bonus"manifestações político-partidárias ou ideológicas". Uma decisão judicial determinou que as mensagens fossem apagadas.
"Professores devem falar sobre política. É desejável que os jovens compreendam a política e se envolvamecopayz bonusdiscussões respeitosas. A política democrática é negociar soluções para problemas comunsecopayz bonusque há perspectivas diferentes. Os jovens precisam fazer isso desde cedo", afirma Mills.
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