'Fui raptada enquanto voltava do trabalho e transformadasite apostas copaescrava sexual':site apostas copa

Legenda da foto, Anna se mudou da Romênia para Londres para estudar, mas foi sequestrada e levada para a Irlanda.

Havia dois homens e uma mulher ali dentro. Eles batiam nela e gritavam ameaçassite apostas coparomeno. A mulher no banco do passageiro pegou a bolsasite apostas copaAnna e arrancou os óculossite apostas copaseu rosto. Se ela não fizesse o que mandavam, diziam os três, iriam matarsite apostas copafamília na Romênia.

"Não sabia o que estava acontecendo nem aonde estavam me levando", diz ela. "Imaginei que fariamsite apostas copatudo -site apostas copatraficarem meus órgãos a me matarem e sabe Deus mais o quê."

A mulher mexia na bolsasite apostas copaAnna, olhavasite apostas copacarteira, checava as ligações mais recentes no seu celular e quem eram seus amigos no Facebook, verificava seus documentos. Seu passaporte estava ali dentro, ela o levava a todos os lugares depois do anterior ter sido roubadosite apostas copaseu quarto.

Anna sabia que não tinha como escapar do carro, mas, ao chegar ao aeroporto, que não ficava muito longesite apostas copaLondres, ela ficou sozinha com um dos seus sequestradores e começou a pensar que aquela erasite apostas copachance.

"Mas é difícil gritar quando você se sente tão ameaçada", diz ela. "Eles tinham meus documentos, sabiam onde minha mãe estava, sabiam tudo sobre mim." Foi um risco que ela não quis correr.

Legenda da foto, Anna estava andando na rua quando alguém a agarrou por trás, cobriusite apostas copaboca e a colocou dentrosite apostas copaum carro vermelho escuro

No balcão do check-in, ela estava chorando, mas, quando o homem que a acompanhava mostrou os passaportes para a funcionária da empresa, ela apenas sorriu e deu a eles seus cartõessite apostas copaembarque.

O aeroporto estava tranquilo, e o homem passou rapidamente com Anna pela polícia até chegar ao portãosite apostas copaembarque, fingindo que eram um casal. Ele se sentaram na partesite apostas copatrás do avião. O homem disse para ela não fazer movimentos bruscos nem gritar ou chorar, senão ele a mataria.

Anna ouviu o capitão anunciar que estavam indo para uma cidade na Irlanda, mas ela não fazia ideiasite apostas copaonde era. Seu rosto estava encharcadosite apostas copalágrimas quando desceu do avião, mas a aeromoça apenas olhou para ela e sorriu.

Anna decidiu que, quando pisasse no aeroporto, ela correria, mas o lugar não era maior do que uma rodoviária, e dois homens romenos esperavam por eles.

Um deles pegou emsite apostas copamão, sorriu e disse para o homem que a acompanhou na viagem: "Ao menos essa é mais bonita". Foi nesse momento que ela enfim soube por que havia sido sequestrada. "Soube àquela altura que eu seria vendida", diz ela.

Forçada a se prostituir dia e noite, sem comida ou descanso

Ela foi levada para um apartamento sujo. As cortinas estavam fechadas e o ar tinha um odor fortesite apostas copabebida, cigarros e suor. Homens fumavam enquanto mexiamsite apostas copacomputadores. Em uma mesa, uma dúziasite apostas copacelulares tocava e vibrava constantemente, enquanto meninas seminuas entravam e saíam dos quartos.

As roupassite apostas copaAnna foram arrancadassite apostas copaseu corpo por uma mulher usando um robe vermelho e chinelos, com ajudasite apostas copaalguns homens. Dalisite apostas copadiante, ela foi tratada brutalmente.

Foi fotografada usando roupas íntimas,site apostas copafrente a um lençolsite apostas copacetim vermelho preso a uma parede, para que pudesse ser anunciada na internet.

Ela teve mais nomes do que consegue se lembrar - Natalia, Lara, Rachel, Ruby. Ela tinha 18, 19 e 20 anossite apostas copaidade, e era da Letônia, Polônia ou Hungria.

Ela foi forçada a fazer sexo com milharessite apostas copahomens, sem parar. Não sabia mais quando o dia acabava e a noite começava. Só dormia por uma hora ou duas, quando não havia clientes para atender. Em alguns dias, não tinha o que comer,site apostas copaoutros, recebia talvez uma fatiasite apostas copapão ou os restos da comidasite apostas copaoutra pessoa.

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"Eles me vendiam para maissite apostas copa20 homens por dia", diz ela. "Não recebi nenhum dinheiro por isso, muito menos podia dormir ou comer, éramos privadassite apostas copatudo. Não imaginava que as pessoas podiam fazer isso com outras."

Os homens pagavamsite apostas copa80 a 100 euros (R$ 344 a R$ 430) por meia hora esite apostas copa160 a 200 euros (R$ 688 a R$ 860) por uma hora, mas um programa nunca durava tanto tempo.

Os clientes escolhiam a garota e os serviçossite apostas copaum cardápio no site. Alguns deixavam Anna sangrando ou incapazsite apostas copaficarsite apostas copapé, ou com tanta dor que ela pensava estar morrendo.

Alguns perguntavam se ela sabia onde estava, se conseguia ouvir a música que tocava nos pubs ou se tinha conhecido o litoral.

Anna diz que eles sabiam que ela e as outras garotas estavam ali contrasite apostas copavontade. "Eles sabiam que estávamos presas ali, eles sabiam, mas não se importavam."

Isso era óbvio pelo machucados que cobriam cada centímetrosite apostas copaseu corpo, com alguns novos surgindo todos os dias conforme os mais antigos começavam a desaparecer, mas os homens não pareciam ligar para isso. Anna odiava todos eles.

Presas e processadas pela polícia

Em julho, quatro meses depoissite apostas copachegar ao cativeiro, os telefones tocavam como nunca. Uma dia, a polícia entrou e prendeu todas as meninas. Misteriosamente, os homens e a mulher no comandosite apostas copatudo, seus computadores e a maior parte do dinheiro haviam desaparecido. Anna se perguntava como eles sabiam que a polícia estava vindo.

Os policiais fizeram fotos do apartamento e das camisinhas e roupas íntimas usadas e disseram às meninas que se vestissem. Anna respondeu que não tinham roupas e que estavam presas ali.

"Havia sinais clarossite apostas copaque não tínhamos qualquer poder sobre aquela situação - ou roupas e documentos. Tentei falar isso para eles, mas ninguém me deu ouvidos."

Ela ficou felizsite apostas copaser presa, no entanto. Tinha certezasite apostas copaque os policiais se dariam contasite apostas copaque elas eram vítimas, mas nenhum deles demonstrou interesse emsite apostas copasituação.

As quatro jovens passaram a noitesite apostas copauma cela e foram levadas a um tribunal na manhã seguinte. Lá, foi explicado que haveria uma audiência breve e que elas seriam acusadassite apostas copacuidarsite apostas copaum bordel.

Foram multadas e liberadas algumas horas depois. Não era nada grave, disseram. Era algo rotineiro prender prostitutas e cafetões e depois liberá-los.

Quando elas deixaram o tribunal, Anna quis sair correndo, mesmo não tendo para onde ir, mas não teve chancesite apostas copafazer isso - seus sequestradores esperavam por elas do ladosite apostas copafora, com as portas do carro abertas.

Legenda da foto, Em julho, quatro meses depoissite apostas copachegar ao cativeiro, a polícia entrou e prendeu todas as meninas.

Na Romênia,site apostas copamãe leu notícias sobre as jovens que tinham um bordel na Irlanda e o nomesite apostas copasua filha entre elas.

A esta altura, ela já havia visto as fotos que os sequestradores haviam postados no perfilsite apostas copaAnna no Facebooksite apostas copaque ela aparecia nua ou com lingerie, coberta por machucados, e lido os comentáriossite apostas copaquesite apostas copafilha supostamente falava bemsite apostas copasua nova vida esite apostas copatodo o dinheiro que ganhava fazendo programas na Irlanda. As mentiras eram publicadas pelos homens com seus laptops no cativeiro.

Não sósite apostas copamãe tinha visto as fotografias mas também os vizinhos e amigossite apostas copaAnna. Nenhum deles tinha conhecimento, no entanto,site apostas copaque ela havia sido traficada e estava lá contrasite apostas copavontade. Sua mãe não sabia onde ela estava e começou a tentar ligar para a filha, que nunca atendia.

"Minha mãe foi à polícia na Romênia, mas eles disseram que eu já tinha passado da idadesite apostas copaconsentimento [em que uma pessoa é considerada legalmente competente para consentirsite apostas copaatos sexuais] e que estava fora do país, então, eu poderia fazer o que quisesse."

Depois da operação policial, as quatro garotas mudaram frequentementesite apostas copacativeiro, foram para vários hotéis e apartamentosite apostas copadiferentes cidades. Suas vidas continuavam tão ruins quanto antes, e elas seguiam sofrendo abusos a qualquer momento do dia e da noite.

A aposta arriscadasite apostas copaconfiarsite apostas copaum traficantesite apostas copadrogas

Anna não pensava quesite apostas copasituação poderia piorar até ouvir que seus sequestradores tinham planossite apostas copalevá-la para o Oriente Médio. Ela tinhasite apostas copafugir a qualquer custo.

"Ainda não sabia onde estava exatamente. Mas sabia que tinha mais chancessite apostas copaescaparsite apostas copaBelfast ousite apostas copaDublin ousite apostas copaqualquer outro lugar onde me mantinham presa do quesite apostas copaum lugar no Oriente Médio."

Ela pegou os chinelos dasite apostas copasequestradora e abriu a porta. Tinhasite apostas copasair rapidamente e sem fazer barulho. Ela não corria ou usava os músculos da perna direito havia meses, mas, agora, ela tinhasite apostas copaser rápida.

O que a salvou foi o fato dos clientes pediremsite apostas copavezsite apostas copaquando que uma garota fosse levada até eles,site apostas copavezsite apostas copairem até o apartamento. Anna tinha muito medo dessas saídas. "Você não sabia que louco esperava por você ou o que fariam", diz ela.

"Mas, sempre que saía, criava mapas mentaissite apostas copaonde estava. Enquanto nos levavamsite apostas copaum local para o outro, eu desenhava caminhos com a mente e tentava guardar os prédios, placas e coisas pelos quais passávamos."

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Andy era um traficantesite apostas copadrogassite apostas copaliberdade condicional, monitorado eletronicamente. Ele havia pago por dois programas com Anna. Mas nunca quis sexo, só conversar. Ele buscava informações, porque um amigo tentava entrar no negóciosite apostas copabordéis.

"Tive que correr um risco a essa altura. Não confiava nele, mas ele me ofereceu um local para me esconder", diz Anna.

Com basesite apostas copaseu mapa mental incompleto, ela conseguiu chegar até o apartamentosite apostas copaAndy, mas ninguém atendeu. Não havia o que fazer a não ser esperar e torcer para que os cafetões não a encontrassem. Andy tinhasite apostas copavoltar antes da meia noite. A aposta valeu a pena. Andy retornou e deixou Anna ficar.

A polícia enfim dá ouvidos às vítimas

Uma das primeiras coisas que ela queria fazer era ligar parasite apostas copamãe, mas o marido dela atendeu e, assim que percebeu quem era, disse-lhe para nunca mais entrarsite apostas copacontato ou visitar. Eles haviam recebido tantas ameaçassite apostas copatraficantes e cafetões quesite apostas copamãe estava aterrorizada, disse ele.

"Disse a ele: 'Ok, facilitarei as coisas para vocês. Se alguém ligar ou os ameaçar, apenas diga que estou morta para vocês'", diz Anna. O homem desligousite apostas copaseguida.

Legenda da foto, Anna foi se encontrar com um policialsite apostas copaum café. "Ele pegou um guardanapo e pediu que eu escrevesse os nomes das pessoas que haviam feito aquilo comigo."

Mesmo sem documentos e apesarsite apostas copasua experiência na operação policial,site apostas copaque acabou sendo processadasite apostas copavezsite apostas coparesgatada, Anna decidiu entrarsite apostas copacontato com a polícia. E, desta vez, felizmente, eles deram ouvidos a ela.

No fim das contas, Anna estava na Irlanda do Norte e foi se encontrar com um policialsite apostas copaum café. "Ele pegou um guardanapo e pediu que eu escrevesse os nomes das pessoas que haviam feito aquilo comigo."

Quando entregou o papelsite apostas copavolta, ela notou que o policial estava chocado. Ele procurava por aquelas pessoa há anos. Após uma investigaçãosite apostas copadois anos, os sequestradoressite apostas copaAnna acabaram sendo presos, mas ela estava tão preocupada comsite apostas copasegurança e asite apostas copasua mãe que ela decidiu não testemunhar contra eles.

Outra garota que ela havia conhecido no apartamento fez isso, no entanto, e um homem e uma mulher foram condenados por tráficosite apostas copapessoas, prostituição e lavagemsite apostas copadinheiro e sentenciados a dois anossite apostas copaprisão.

Eles ficaram seis meses na cadeia e cumpriram o restante da penasite apostas coparegime aberto. Eles já tinham cumprido dois anossite apostas copauma prisão na Suécia sob as mesmas acusações envolvendo a mesma vítima.

"Fiquei felizsite apostas copavê-los presos, mas não com as sentenças - não era justo. Mas acho que nada na vida é justo", diz Anna.

Uma mudança na legislação na Irlanda do Norte

Depois, junto com outras mulheres, ela deu seu testemunho ao lorde Morrow, do Partido Democrático Unionista (DUP, na siglasite apostas copainglês), que propôs uma lei para combater o tráfico e a exploraçãosite apostas copapessoas.

O político estava tão preocupado com o crescente númerosite apostas copahistóriassite apostas copahomens, mulheres e crianças obrigados a trabalharsite apostas copabordéis, fazendas e fábricas do país que ele decidiu que uma nova legislação mais robusta era necessária.

Em 2015, a Irlanda do Norte tornou-se o primeiro local do Reino Unido a punir com uma multa e até um anosite apostas copaprisão o atosite apostas copapagar por sexo. Por outro lado, vender sexo foi descriminalizado.

A lei ainda é considerada controversa, mas Anna está muito satisfeita por ter ajudado a criá-la. "Isso ajuda as vítimas e criminaliza quem paga e o traficante", diz ela.

E, mesmo que só uma pequena parte dos homens que costumavam pagar por sexo deixemsite apostas copafazer isso, já é uma vitória, afirma Anna.

Pessoas que foram traficadas como ela podem viver sem o medosite apostas copaserem criminalizadas por seu envolvimento com prostituição e, agora, podem receber o apoio necessário. Em 2017, isso também se tornou ilegal na Irlanda.

Os nove mesessite apostas copaque ela foi uma escrava sexual deixaram marcas permanentes nela. Homens machucaram seu corpo onde a penetraram. Ela sente dores constantes nas costas e nos joelhos, e seu cabelo parousite apostas copacrescersite apostas copaum local na partesite apostas copatrássite apostas copasua cabeça porque ela foi puxada por ali muitas vezes.

Ela revive lembranças terríveis, não consegue dormir às vezes e, quando consegue, tem pesadelos. Ainda sentesite apostas copavezsite apostas copaquando o odorsite apostas copabebida, cigarros, suor e sêmen do seu tempo no cativeiro.

Mas ela pensa no futuro agora. Ela ajudou a prender quem vendia seu corpo, ajudou a mudar a lei e, depoissite apostas copamuitos anos sem falar comsite apostas copamãe, o relacionamento entre elas é bom hojesite apostas copadia.

"Eu e minha mãe percorremos um longo caminho para que ela entendesse o que havia acontecido comigo. Ela tevesite apostas copaaprender comigo, e eu tivesite apostas copaaprender com ela. Agora, nós estamos bem."

Anna começou a estudar Direito, mas tevesite apostas copaabandonar o curso porque não conseguia pagar e não tinha bolsa, então, ela achou um emprego.

"Adoraria voltar a estudarsite apostas copaalgum momento", diz ela. "Mas, agora, preciso trabalhar, trabalhar e trabalhar e me manter focada nisso."

Todos os nomes na reportagem foram alterados.

site apostas copa Ilustrações por Katie Horwich.