As execuções secretas na última ditadura da Europa:1xbet korea
Ela só o via através1xbet koreauma janela1xbet koreavidro, sempre sob a vigilância dos guardas. "Não falávamos sobre o caso dele, era proibido. Só podíamos falar1xbet koreaassuntos1xbet koreafamília." Em uma das oito visitas que fez ao pai, Alexandra, então com 27 anos, reclamou para ele sobre a demora para receber um novo passaporte.
"Os guardas disseram sarcasticamente: 'Você ainda tem um pouco1xbet koreatempo'."
Frequentemente descrita como a "última ditadura da Europa", a Belarus é o único país na Europa e da antiga União Soviética a ainda praticar a pena1xbet koreamorte, um processo envolto1xbet koreasigilo. Os presos são executados com um tiro na cabeça, mas o número exato1xbet koreaexecuções já realizadas é desconhecido: estima-se que sejam mais1xbet korea300 desde 1991, quando o país tornou-se independente.
Houve duas execuções no ano passado, segundo a Anistia Internacional, e, atualmente, ao menos seis homens estariam no corredor da morte - pela lei do país, mulheres não podem receber essa pena.
Os condenados, normalmente por homicídio com circunstâncias agravantes, são mantidos1xbet koreacelas1xbet koreasegurança máxima no portão do Centro1xbet koreaDetenção Pré-Julgamento 1, uma prisão instalada1xbet koreaum castelo do século 19, hoje parcialmente1xbet korearuínas, no centro da capital Minsk. Ativistas e jornalistas raramente têm acesso ao local.
Ocorrem com frequência violações1xbet koreadireitos ali, inclusive "pressão psicológica", com agentes usando "tortura e outros procedimentos cruéis, desumanos e degradantes", apontou um relatório1xbet korea2016 da Viasna, ONG local1xbet koreadefesa dos direitos humanos.
Detentos não podem se deitar ou sentar nas camas fora dos horários1xbet koreadormir, disse um ex-preso à ONG, e passam a maior parte do dia andando dentro1xbet koreasuas celas. Mesmo seu direito1xbet koreamandar e receber cartas seria com frequência desrespeitado.
"As condições são chocantes", diz Aisha Jung, da Anistia Internacional na Belarus e que se dedica há uma década ao tema. "Eles são tratados como se já estivessem mortos."
Yakovitsky, que viveu1xbet koreaVileyka, cidade a cerca1xbet korea100km1xbet koreaMinsk, foi acusado1xbet koreamatar1xbet koreacompanheira1xbet korea35 anos1xbet koreaseu apartamento após passar dois dias bebendo com amigos1xbet koreajulho1xbet korea2015, segundo relatos1xbet koreagrupos1xbet koreadefesa1xbet koreadireitos humanos.
Após uma discussão,1xbet koreaque ele teria esmurrado a vítima diversas vezes, eles foram para quartos diferentes, onde Yakovitsky adormeceu. Ele dizia não ter qualquer lembrança do que aconteceu1xbet koreaseguida.
Quando acordou, a encontrou já morta, com a mandíbula quebrada e parcialmente nua. Ele colocou nela uma calça jeans, que tinha manchas1xbet koreasangue que não estavam ali antes, e chamou a polícia. Três dias depois, ele foi preso.
Ativistas dizem que Yakovitsky foi pressionado psicologicamente na primeira vez1xbet koreaque foi interrogado e que pessoas que estavam no apartamento na hora do crime deram depoimentos contraditórios. "Algumas testemunhas estavam bêbadas no julgamento", diz1xbet koreafilha. "(Depois) elas disseram que não conseguiam se recordar do que havia ocorrido. Nenhuma prova foi apresentada."
Yakovitsky já havia sido condenado à morte1xbet korea1989 por assassinato, mas1xbet koreapena foi transformada1xbet korea15 anos1xbet koreaprisão. Alexandra disse no julgamento1xbet koreaMinsk que isso foi usado "como principal prova" contra seu pai. Em janeiro1xbet korea2016, ele foi considerado culpado1xbet koreaum segundo assassinato, que ele negava ter cometido, e sentenciado à morte.
No dia1xbet koreasua execução, um promotor disse aos prisioneiros que um pedido1xbet koreaperdão presidencial havia sido negado. Aleh Alkayeu, ex-diretor da prisão onde as execuções são realizadas, disse à Viasna: "Eles tremiam1xbet koreafrio ou1xbet koreamedo, e1xbet koreaseus olhos irradiava um terror tal que era impossível olhar para eles".
Os detentos costumam ser vendados e levados para uma sala especialmente preparada, com acesso restrito àqueles autorizados pelo promotor - uma pessoa comum nunca está entre eles, segundo ex-agentes. Os presos são obrigados a se ajoelhar e, então, são executados a tiro.
O procedimento inteiro dura supostamente dois minutos. Os parentes só são informados semanas ou meses depois. Em alguns casos, isso acontece quando uma caixa com os pertences do preso chega pelo correio.
Os corpos nunca são devolvidos às famílias, e os locais onde são enterrados são mantidos1xbet koreasegredo, algo que viola os direitos humanos1xbet koreadetentos e seus aprentes, disse o relator especial da ONU1xbet korea2017. Isso equivaleria a tortura, acrescentou ele.
Direitos humanos
Em um plebiscito1xbet korea1996, 80% dos cidadãos do país se manifestaram contra a abolição da pena1xbet koreamorte. O resultado não foi reconhecido internacionalmente, como qualquer outra votação na Belarus, sob várias denúncias1xbet koreairregularidades.
O governo do presidente Alexander Lukashenko, no poder desde 1994, ainda usa esse resultado para justificar a prática e diz que qualquer mudança deve ocorrer por meio do voto popular. Enquanto isso, um grupo discute no Parlamento o que pode ser feito a respeito, mas deve levar algum tempo antes1xbet koreaqualquer decisão ser tomada.
Até lá, a Belarus deve permanecer como o único país europeu a não fazer parte do Conselho da Europa, o principal organismo1xbet koreadireitos humanos do continente.
"Belarus terá1xbet koreaescolher1xbet koreaalgum momento se abolirá a pena1xbet koreamorte", diz Tatiana Termacic, do diretório1xbet koreaDireitos Humanos e Estado1xbet koreaDireito do conselho. "O país está a caminho disso, e esperamos que ocorra logo." Para ela, é uma "mancha negra"1xbet koreaum continente praticamente livre da pena capital.
Pesquisas recentes na Belarus apontam que o apoio popular à pena1xbet koreamorte vem caindo com campanhas1xbet koreaconscientização sobre o assunto. Houve uma espécie1xbet koreamobilização popular nesse sentido quando,1xbet korea2012, dois homens foram executados por terem realizado um ataque a bomba no metrô1xbet koreaMinsk um ano antes. Ainda assim, acredita-se que entre 50% e 75% da população ainda apoie a prática.
"Mais e mais pessoas têm se manifestado contra a pena1xbet koreamorte", diz Andrei Paluda, coordenador da campanha Defensores dos Direitos Humanos Contra a Pena1xbet koreaMorte na Belarus. "Mas o governo usa o fato1xbet koreaser o último país da Europa com pena1xbet koreamorte para forçar outros países europeus a negociar."
O governo não respondeu a uma série1xbet koreapedidos1xbet koreaentrevista da BBC.
O advogado1xbet koreaYakovitsky recorreu à Suprema Corte contra1xbet koreacondenação, argumentando que seu julgamento não havia sido justo e que1xbet koreaculpa não havia sido comprovada sem sombra1xbet koreadúvida. Ele ainda teria dito que provas vitais haviam sido omitidas, inclusive exames forenses que apontariam traços1xbet koreasangue desconhecido sob as unhas da vítima.
Mas a Corte manteve a sentença e,1xbet koreanovembro1xbet korea2016, Yakovitsky foi executado aos 49 anos.
Um mês depois,1xbet koreafamília recebeu uma carta confirmando que a execução havia sido realizada. "Não recebi seus pertences, não vimos o corpo", diz Alexandra, que hoje faz campanha contra a pena1xbet koreamorte na Belarus. "Tinha dado fotos a ele. Não recebi nada1xbet koreavolta."