O mistério das bombas nucleares que se perderam sem deixar rastro durante a Guerra Fria:bet77 50 reais

Bombabet77 50 reaishidrogêniobet77 50 reaisexposição na Rússia

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Legenda da foto, Diversas bombas atômicas foram extraviadas ao longo dos anos
Oficiais da Marinha americana observam um teste nuclear nos anos 1950

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Legenda da foto, A Guerra Fria levou à realizaçãobet77 50 reaisinúmeros testes nuclearesbet77 50 reaismar ebet77 50 reaisterra

Durante a Guerra Fria, a acumulaçãobet77 50 reaisarmas nucleares era intensa. Elas estavam por todos os lados. Os americanos tinham permanentemente aviões voando carregados com armas termonucleares. Mas,bet77 50 reaisvezbet77 50 reaisquando, as coisas não saíam como previsto.

"A razão pelas quais as bombas não foram recuperadas é a dificuldadebet77 50 reaischegar até elas. É difícil submergir a 6 mil metrosbet77 50 reaisprofundidade", explica Grove.

Os acidentes durante o manejobet77 50 reaisuma arma nuclear oubet77 50 reaisseus componentes, sem que haja uma detonação, são conhecidos no jargão militar americano como "flecha quebrada". Um dos casos mais intrigantes – ou perturbadores, dependendo do pontobet77 50 reaisvista – ocorreubet77 50 reaisSavannah, no Estado da Georgia, nos Estados Unidos,bet77 50 reais1958.

Um avião militar B-47 da Força Aérea americana, com uma bombabet77 50 reaishidrogênio a bordo, voltava após realizar exercícios conjuntos com outros aviões para lançamento e interceptaçãobet77 50 reaisataques nucleares. Era madrugada,bet77 50 reaislua cheia, quando ocorreu um erro com graves consequências.

"Houve uma colisãobet77 50 reaisgrande altitude. O pilotobet77 50 reaisoutro avião conseguiu saltarbet77 50 reaisparaquedas, mas o piloto do B-47 pediu àbet77 50 reaistripulação que não abandonasse a aeronave, pois planejava uma aterrissagembet77 50 reaisemergência imediata no aeroportobet77 50 reaisSavannah", relatou Derek Duke, tenente-coronel da reserva da Força Aérea dos Estados Unidos, à BBC.

B-47 sobrevoa montanha

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Legenda da foto, O B-47 da Força Aérea dos Estados Unidos foi feito para voosbet77 50 reaislonga duração

Mas a aterrissagembet77 50 reaisemergência não saiu como planejado. Naquela noite, por acaso, a pista do aeroporto estavabet77 50 reaisobras. "Houve muita tensão a bordo ebet77 50 reaisterra. O piloto decidiu que seria muito melhor se desfazer da arma nuclearbet77 50 reais6,5 mil quilos e ordenou ao navegador a jogar a carga fora", conta Duke.

Assim foi feito, na costa da Georgia, sem que se registrassem chamas ou explosão alguma. "Quando aterrissaram, depois, beijaram a terra, felizes por estarem vivos", disse Duke. Até que se lembraram que haviam jogado um dispositivo nuclear do avião.

Foi organizada então uma operaçãobet77 50 reaisbusca com barcosbet77 50 reaisguerra, aeronaves e mergulhadores, mas a bomba havia caiubet77 50 reaisuma área pantanosa e nunca foi encontrada.

O governo dos Estados Unidos assegura que a bombabet77 50 reaishidrogênio estava equipada sem seu detonadorbet77 50 reaisplutônio, mas Duke não está tão seguro sobre isso.

O militar da reserva se refere a uma carta datadabet77 50 reaisabrilbet77 50 reais1966 na qual o então assistente do secretário da Defesa W.J. Howard descreve a bomba como uma "arma completa". O governo diz desde então que Howard se equivocou, mas Duke mantém a dúvida.

"O homem que estava ali nessa noite, um especialistabet77 50 reaistecnologia nuclear, disse que nunca havia recebido nem despachado uma bomba que não tivesse plutônio nessa época", afirmou.

Em 2004, Duke estava encarregadobet77 50 reaisuma missão para encontrar a bomba perdida, mas ele também não a achou. O pesado e sofisticado instrumentobet77 50 reaisguerra simplesmente desapareceu.

Cientistasbet77 50 reaislanchabet77 50 reais2004

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Legenda da foto, Em 2004, Duke e outros cientistas exploraram a costa da Georgiabet77 50 reaisbuscabet77 50 reaisuma bombabet77 50 reaishidrogênio

E esse não foi o único a desaparecer. Em algum lugar perto do portobet77 50 reaisTampa, na Flórida, há outra bomba atômica. Os restosbet77 50 reaisoutra estão no fundobet77 50 reaisum pântano na Carolina do Norte. Depois,bet77 50 reais1965, um avião carregado com uma destas bombas caiu no mar ao tentar aterrissarbet77 50 reaisum porta-aviões próximo das Filipinas. Também se sabebet77 50 reaisuma que foi extraviada na Groenlândia.

E essas são só as dos Estados Unidos. A União Soviética também teve perdas, muitasbet77 50 reaissubmarinos afundadosbet77 50 reaisataques, ainda que, normalmente, não anunciavam isso com frequência. Mas as grandes potências nucleares não foram as únicas que estavam construindo e testando armas atômicas nos anos 1950 e 1960.

Danúbio Azul

O Reino Unido viu com preocupação a corrida nuclear e também decidiubet77 50 reaisarmar. Reg Milne, um piloto durante a 2ª Guerra Mundial que trabalhou com o Ministério da Defesa, foi encarregadobet77 50 reaistrabalhar na construção da primeira bomba nuclear britânica. Seu codinome: Danúbio Azul.

Cientistas monitoram testes nuclearesbet77 50 reais1952

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Legenda da foto, O Reino Unido realizou seus primeiros testes nuclearesbet77 50 reais1952

"Media um metro e meiobet77 50 reaisdiâmetro e sete e meiobet77 50 reaislargura. Tinha 32 detonadores acoplados e o equivalente a 20 mil toneladasbet77 50 reaisdinamite", descreveu Milne.

Em um voobet77 50 reaisrotina, a arma estava a bordobet77 50 reaisum avião que decolou do centro aeronáuticobet77 50 reaisFarnborough, próximobet77 50 reaisLondres. Após dez minutos no ar, a tripulação recebeu um alertabet77 50 reaisque a bomba havia se soltado e ficado presabet77 50 reaisum compartimento. O avião não poderia aterrissar assim.

"Decidiram voar sobre a foz do rio Tâmisa e abrir a comportas. Fizeram isso, e a bomba caiu", relatou Milne à BBC. A bomba nunca chegou a ser encontrada.

Foz do rio Tâmisa
Legenda da foto, Um protótipo da bomba britânica caiu na foz do rio Tâmisa e nunca foi encontrado

Não houve nada mais grave, disse Milne, porque a bomba não explodiu já que não estava carregada. Era um simulacro, sem componentes nucleares.

Não foi assim com a verdadeira Danúbio Azul, que o Reino Unido detonoubet77 50 reaisMaralinga, uma região remota no sul da Austrália,bet77 50 reais1956. Milne também esteve ali. "Estava a 12 kmbet77 50 reaisdistância. Tínhamos que ficarbet77 50 reaiscostas para a explosão, mas parecia que estávamosbet77 50 reaisum forno. Ainda que com os olhos fechados, víamos tudo branco", se recordou.

Essa bomba pode ter explodido, mas, com tantas outras submergidas no mar, quão possível é que alguém se apodere delas?

Para encontrar uma bomba atômica, é possível usar um detectorbet77 50 reaisradiação, ainda que não seja algo fácil. O problema é que a água é um bom isolantebet77 50 reaisradioatividade.

Detectorbet77 50 reaisradiação

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Legenda da foto, Mesmo com um detectorbet77 50 reaisradiação, seria difícil encontrar uma bomba no fundo do mar

Mesmo com um detector potente, a radiaçãobet77 50 reaisuma bomba no fundo do mar se dispersaria ou ficaria contida (e nada poderia ser captado). Mesmo se alguém encontrasse uma bomba com plutônio, detoná-la é um processo muito complicado, explica o especialistabet77 50 reaisdefesa, Eric Grove.

"Os detonadores precisam atuarbet77 50 reaisforma coordenada e, ainda que os explosivos sejam acionados, pode ser que não ocorra uma reação nuclear."

Também há a dificuldadebet77 50 reaisdirecionar uma arma nuclear para o alvo desejado. Essa tecnologia é complexa, como demonstram os lançamentosbet77 50 reaismísseis fracassados da Coreia do Norte. Isso reduz o graubet77 50 reaisameaça, ainda que não seja possível sentir-se totalmente a salvo.

Maleta-bomba

O famoso escritor britânicobet77 50 reaisromancesbet77 50 reaisespionagem Frederick Forsyth detalhou no seu livro O Quarto Protocolo uma perturbadora possibilidade. A trama se passa nos anos 1980, quando dois espiões soviéticos criam o Projeto Aurora, um plano para levar para dentrobet77 50 reaisuma base militar americana no Reino Unido uma bomba nuclear compactabet77 50 reaisuma maleta.

Frederick Forsyth (esq.) com Michael Caine

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Legenda da foto, O romance 'O Quarto Protocolo',bet77 50 reaisFrederick Forsyth (esq.), foi adaptado para o cinema

Trata-sebet77 50 reaisuma históriabet77 50 reaisficção, mas Forsyth trabalhou por um breve período para os serviçosbet77 50 reaissegurança britânicos. De onde ele teria tirado a ideia para seu romance?

"Nos anos 1980, me perguntei por que estávamos gastando milhões para desenvolver mísseis intercontinentais capazesbet77 50 reaiscarregar uma bomba nuclear e se não seria mais econômico criar uma bomba pequena que pudesse ser levadabet77 50 reaisuma maleta até a Rússia", contou o autor à BBC.

"Encontrei um engenheiro nuclear que me confirmou que isso era possível e acrescentei o aspecto político." O livro chamou certa atenção. "Disseram para mim que a KGB havia lido e que o então líder soviético Yuri Andropov pediu 60 cópias e que foram fabricadas (bombas) na Rússia."

Os rumores dão conta que o país teria produzido 250 bombas portáteis e que 100 delas se extraviaram. Os russos garantem que todas foram destruídas, mas Forsyth cita fontes que dizem que foram escondidas na Moldávia e que agora estão à disposição do presidente Vladimir Putin.

Não há confirmaçãobet77 50 reaisque isso seja um fato, e,bet77 50 reaiscasos assim, é impossível estar 100% seguro. Mas, nos anos 1990, um comitê militar do Congresso americano decidiu investigar o tema. Entre as pessoas chamadas a testemunhar, estava Alexei Yablokov, um cientista que integrou o Conselho Nacionalbet77 50 reaisSegurança da Rússia e assessor do então presidente Boris Yeltsin.

Outro convocado foi o general Alexander Lebed, secretário do mesmo conselho. Ambos confirmaram a existênciabet77 50 reaisdispositivos nucleares portáteis e que as autoridades os ocultavam. Para aumentar ainda mais o mistério, Lebed morreubet77 50 reaisum acidentebet77 50 reaishelicópterobet77 50 reaiscircunstâncias suspeitas.

Alexander Lebed

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Legenda da foto, Lebed testemunhou com uma comissão do Congresso americano e depois morreubet77 50 reaisum acidente suspeito

Mas Nikolar Sokov, um ex-funcionário do Ministériobet77 50 reaisRelações Exteriores russo que hoje é professor do Centrobet77 50 reaisEstudosbet77 50 reaisNão Proliferação, na Califórnia, tem outra versão. "As maletas nucleares não são um mito, elas existiam, mas eram pesadas e ficavam dentrobet77 50 reaisgrandes mochilas", disse ele à BBC.

No entanto, afirma Sokov, havia muitas lendasbet77 50 reaistorno delas. Havia pouco maisbet77 50 reais100, e nenhuma estava perdida por aí. "Quando estive no governo, fiz uma verificação, e todas foram localizadas", declarou.

Sokov disse que a notíciabet77 50 reaisque as maletas haviam sido localizadas não foi publicada amplamente, fazendo com que o mito perdurasse. Ele não conseguiu confirmar se todos os artefatos haviam sido destruídos, mas garantiu que os dispositivos nucleares teriambet77 50 reaisser refeitos para serem utilizados e que não fazem partebet77 50 reaisum arsenal nuclear ativo.

Dado que Sokov é considerado um alarmista quando se tratabet77 50 reaistemas nucleares e o do governo russo, ele afirmarbet77 50 reaisuma conversa com a BBC que, ao ser ver, todas as maletas nucleares foram desmanteladas ou estão destinadas a isso tem seu peso.

Você consegue respirar mais aliviado agora?