'Bombardeamos tudo que se movia': os ataques que ajudam a explicar o rancor histórico da Coreia do Norte com os EUA:aviator fun mode betano

Aviões lançam bombas sobre a Coreia do Norte

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Legenda da foto, Os bombardeios americanos foram um pesadelo para a população civil norte-coreana

Mas como foi esse capítulo até agora não resolvido da história da península coreana?

Soldado americano com um prisioneiro coreano

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Legenda da foto, Só a intervenção chinesa foi capazaviator fun mode betanofrear o avanço das tropas dos Estados Unidos e da ONU

No anoaviator fun mode betano1950, tropas americanas, apoiadas por uma coalizão internacional, tentavam rechaçar uma invasão na Coreia do Sul. Kim Il-sung, avô do atual líder da Coreia do Norte, havia lançado seus homens contra o país vizinho após uma forte repressãoaviator fun mode betanosimpatizantes do comunismo pelo regime militar comandado por Syngman Rheeaviator fun mode betanoSeul, no sul capitalista do país.

Apoiado por Stalin,aviator fun mode betanoMoscou, o norte-coreano Il-sung deu início ao primeiro grande conflito da Guerra Fria. Na primeira faseaviator fun mode betanohostilidades, o enorme poder aéreo americano havia se limitado a atingir alvos estratégicos, como bases militares e centros industriais, mas um fator inesperado mudou tudo.

Pouco depois do início da guerra, a China comunista, temendo o avanço dos Estados Unidos rumo às suas fronteiras, decidiu sairaviator fun mode betanodefesa da Coreia do Norte,aviator fun mode betanoaliada. Os soldados americanos começaram a sofrer cada vez mais baixas por conta dos ataques das Forças Armadas chinesas, que não eram tão bem equipadas quanto as dos Estados Unidos, mas muito mais numerosas.

"Para o comando americano, era vital interromper os suprimentos enviados por chineses e soviéticos que permitiam a Coreia do Norte manter seus esforços bélicos", explica Person.

Foi então que o general Douglas MacArthur, herói da Segunda Guerra Mundial no Pacífico, decidiu dar início aaviator fun mode betanotáticaaviator fun mode betano"terra arrasada".

General Douglas MacArthur com outro militar

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Legenda da foto, O general MacArthur foi quem impulsinou a 'táticaaviator fun mode betanoterra arrasada' aplicada pelos EUA

Ofensiva aérea

Foi o marco do início da guerra total contra a Coreia do Norte. A partir desse momento, todas as cidades e vilarejos passaram a receber a visita diária dos bombardeiros americanos B-29 e B-52 eaviator fun mode betanocarga mortalaviator fun mode betanonapalm, nome dado a um conjuntoaviator fun mode betanolíquidos inflamáveis.

Ainda que MacArthur tenha caídoaviator fun mode betanodesgraça pouco depois,aviator fun mode betanoestratégia continuou a ser aplicada. Segundo Taewoo Kim, professoraviator fun mode betanoHumanidades da Universidade Nacionalaviator fun mode betanoSeul, todas as cidades e vilarejos da Coreia do Norte foram reduzidos a escombros.

O general Curtis LeMay, chefe do Comando Aéreo Estratégico durante o conflito, declarou muito anos depois: "Aniquilamos cercaaviator fun mode betano20% da população".

Cálculos assim levaram o jornalista e escritor Blaine Harden, autoraviator fun mode betanovárias obras sobre a Coreia do Norte, a qualificar como "crimeaviator fun mode betanoguerra" a ação militar americana. Person não enxerga assim: "Aquilo foi uma guerra totalaviator fun mode betanoque todas as partes envolvidas cometeram atrocidades".

As estimativasaviator fun mode betanopesquisadores dão conta que, nos três anosaviator fun mode betanoguerra, foram lançadas 635 mil toneladasaviator fun mode betanobombas contra a Coreia do Norte. De acordo com Pyongyang, 5 mil escolas, mil hospitais e 600 mil residências foram destruídos. Um documento soviético redigido pouco antes do cessar-fogoaviator fun mode betano1953 falaaviator fun mode betano282 mil civis mortos pelos bombardeios.

Refugiados na Guerra da Coreia

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Legenda da foto, As bombas fizeram milharesaviator fun mode betanocivis deixarem suas casas para se salvar

É impossível confirmar esses números, mas ninguém nega a magnitude da devastação. Uma comissão internacional que percorreu a capital norte-coreana após a guerra atestou que não havia restado um único edifício que não tenha sido afetado pelo bombardeios.

Como havia ocorrido com os habitantesaviator fun mode betanocidades alemãs como Dresden na ofensiva final dos Aliados contra o Terceiro Reich, os norte-coreanos viram suas ruas e casas devorados por chamas, ao pontoaviator fun mode betanoa maioria teraviator fun mode betanoir para os minúsculos abrigos subterrâneos improvisados para se salvar.

Medo nuclear

Enquanto o mundo inteiro estava atento à península coreana, temendo que os Estados Unidos e a União Soviética acabassem travando uma guerra nuclear, o então ministroaviator fun mode betanoRelações Exteriores norte-coreano, Pak Hen En, denunciava na ONU o "bestial extermínioaviator fun mode betanocivis pacíficos pelos imperialistas americanos".

Seu relato contava que, para garantir que Pyongyang ficasse sempre cercada por incêndios, os "bárbaros transatlânticos" a bombardeavam com artefatosaviator fun mode betanoação retardada que detonavamaviator fun mode betanoforma alternada, "impossibilitando que as pessoas saíssemaviator fun mode betanocasa".

Infraestruturas essenciais, como barragens, usinas elétricas e ferrovias, foram sistematicamente atacadas. Taewoo Kim destacou que, "em todo o país, ficou impossível levar uma vida normal na superfície".

As autoridades comandaram uma mobilização nacional para que fossem erguidos mercados, acampamentos militares e outras instalações sob a terra para que o país pudesse funcionar. A Coreia do Norte virou uma nação subterrânea eaviator fun mode betanopermanente estadoaviator fun mode betanoalerta.

Mulher carrega bebê após explosõesaviator fun mode betanoPyongyang

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Legenda da foto, Bombardeios reduziram cidades inteiras a escombros e deixaram milharesaviator fun mode betanovítimas

Person diz que "toda a cidadeaviator fun mode betanoPyongyang se mudou para debaixo da terra, e isso teve um tremendo impacto psicológico nos seus habitantes". O especialista explica que o medo persiste até hoje e a isso se deve o fatoaviator fun mode betanoque armazéns e instalações críticas continuem sendo mantidosaviator fun mode betanograndes profundidades.

Durante a noite, os norte-coreanos recrutados pelo Estado trabalhavam freneticamente para consertar as viasaviator fun mode betanocomunicação e as usinas destroçadas pelas explosões durante o dia. O fruto desse trabalho causava surpresa e frustração no comando americano, que viam alvosaviator fun mode betanoataques sendo restauradosaviator fun mode betanopouco tempo.

Uma vez que o conflitoaviator fun mode betanoterra se estabilizou, diante da incapacidadeaviator fun mode betanoambos os ladosaviator fun mode betanoimposiçãoaviator fun mode betanouma vitória definitiva, a campanha aérea tornou-se uma luta prolongada e desgastanteaviator fun mode betanoque os norte-coreanos levaram a pior.

Finalmente,aviator fun mode betano1953, após longas negociações, veio o cessar-fogo. O então presidente americano Harry S. Truman sempre quis evitar uma escalada do conflito que pudesse levar a um confronto direto com os soviéticos.

Seu sucessor, Dwight D. Eisenhower, também compreendeu imediatamente que o país não poderia manter indefinidamente seus esforços bélicos na península. A morte do líder soviético Stálinaviator fun mode betanomarço daquele ano mudou o clima políticoaviator fun mode betanoMoscou, o que facilitou o fim das hostilidades.

A historiadora Kathryn Weathersby, da Universidade da Coreiaaviator fun mode betanoSeul, explica que "sabemos pelos arquivos soviéticos que Stálin insistia que as duas Coreias e a China continuassem a lutar para que as forças americanas seguissem ali por ao menos dois ou três anos e, assim, os países do bloco comunista na Europa continuassem a atuar sem medoaviator fun mode betanouma intervenção".

Sem Stálin, o armistício foi mais fácil. O acordoaviator fun mode betanopaz definitivo, mesmo após a promessa história desta sexta-feira, e a reunificação das Coreias seguem pendentes, mas tudo isso cimentou o mito que continua alimentando a retórica oficial norte-coreana.

Às vezes, os meiosaviator fun mode betanocomunicação do regime recordam os cidadãos da enorme dor imposta pelos aviões estrangeiros. Tanto Kim Il-sung como seus sucessores Kim Jong-il e Kim Jong-un se apresentam como representantes da heróica resistência que livrou a naçãoaviator fun mode betanosucumbir à "agressão" estrangeira.

Un retratoaviator fun mode betanoKim Il-sung durante la guerra

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Legenda da foto, A propaganda oficial apresenta o avôaviator fun mode betanoKim Jong-un, Kim Il-sung, como o artífice da resistência norte-coreana

Trata-se, nas palavrasaviator fun mode betanoPerson, "de reforçar essa narrativaaviator fun mode betanoque a Coreia do Norte mantém os americanos longe comaviator fun mode betanogrande defesa eaviator fun mode betanocapacidadeaviator fun mode betanodissuasão".

De alguma maneira, o legado da guerra funciona como combustível ideológico para o regime dos Kim. Também é uma das razões que explicamaviator fun mode betanoinsistênciaaviator fun mode betanodesenvolver um arsenal nuclear, apesar das constantes críticas internacionais. "Eles decidiram usar a história para justificar a opressão do povo e a miséria", diz Person.

De acordo com especialistas,aviator fun mode betanoseu afã propagandístico, as autoridadesaviator fun mode betanoPyongyang não têm dúvidasaviator fun mode betanodeformar o passado já suficientemente brutal.

Cartaz diz que a ONU condena a invasão da Coreia do Sul

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Legenda da foto, Os americanos também recorreram à propaganda para justificar seu papel no conflito

Weathersby diz que "os museus norte-coreanos diminuem a importância dos bombardeios, talvez porque destacar a superioridade tecnológica americana geraria perguntas incômodas". Em vez disso, explica a pesquisadora, "mostram uma narrativaaviator fun mode betanomatanças gratuitas supostamente perpetradas pelas tropas americanas".

Para ela, uma divisão da península nunca resolvida definitivamente e o potente poderio militar que o Pentágono mantém na Coreia do Sul e no Japão explicam por que a Coreia do Norte segue ainda sob uma espécieaviator fun mode betanoestadoaviator fun mode betanoexceção permanente.

E explicam também, como destacou recentementeaviator fun mode betanoum artigo da BBC o analista Justin Bronk, o fatoaviator fun mode betanosuprimentos e munição do exército serem guardados próximos da fronteira sul,aviator fun mode betanosilos sob a terra, para fazer frente a uma hipotética invasão.

A guerra e o fogo que choviam do céu fizeram da Coreia do Norte um Estado-bunker. Maisaviator fun mode betano70 anos depois, isso não mudou. Resta saber o resultado prático do encontro entre líderes do norte e do sul.