Por que a concentraçãoCO2 foi recorde2016, apesar da redução nas emissões:
Os dados dizem respeito ao que sobra na atmosfera depois que uma quantia significativa é absorvida pelos "tanques" terrestres, que incluem oceanos e a biosfera. Em 2016, a concentraçãoCO2 na atmosfera alcançou 403,3 partes por milhão (ppm). Em 2015, foram registradas 400 ppm.
"O maior aumento até então tinha sido o provocado pelo El Niño anterior,2.7 ppm1997 a 1998. Agora o aumento foi3.3 ppm, que é também 50% maior que a média dos últimos dez anos", disse Oksana Tarasova, chefe do programaobservação atmosférica da Organização MundialMeteorologia.
O El Niño impacta a quantidadecarbono na atmosfera ao provocar secas que limitam a absorçãoCO2 por plantas e árvores.
Lançamentosqueda
Emissõesgases do efeito estufa por fontes humanas diminuíram nos últimos dois anos, afirma a pesquisa. Mas,acordo com Tarasova, é a concentração cumulativa na atmosfera o que realmente importa, já que o CO2 se mantém ativo no ar por séculos.
O crescimento populacional, as práticas agrícolas, o aumento do uso da terra, a industrialização e o usoenergia a partircombustíveis fósseis contribuíram para o progressivo aumento na concentraçãogases do efeito estufa, embora2016 a quantidade da emissão tenha diminuído, na comparação com 2015.
O aumento progressivo dos níveisCO2 eoutros gases tem o potencial, conforme o estudo,"iniciar mudanças imprevisíveis no clima, podendo levar a severas rupturas ecológicas e econômicas".
O relatório aponta, por exemplo, que desde 1990 houve um aumento40% no total da força radiativa, que provoca um forte efeitoaquecimento do clima. "Em termos geológicos, é como uma injeçãouma grande quantidadecalor", diz Tarasova.
"As mudanças não vão levar 10 mil anos como costumavam levar antes, elas vão ocorrer rapidamente. Não temos todo o conhecimento do sistema a esta altura, mas é um pouco preocupante", afirma.
Outros especialistas da áreapesquisa atmosférica concordam que os achados da Organização MundialMeteorologia causam preocupação.
"O aumento3 ppm na concentraçãoCO22015 a 2016 é extremo - o dobro da taxacrescimento na década entre 1990 a 2000", disse à BBC News o professor Euan Nisbet, da Royal Holloway University of London.
"É urgente que a gente cumpra o AcordoParis e substitua o usocombustíveis fósseis - há sinaisque isso está começando a ocorrer, mas o efeito ainda não se refletiu na atmosfera."
Metano
Outra preocupação do relatório é o contínuo e misterioso aumento dos níveismetano na atmosfera, que também estão maiores que a média dos últimos dez anos.
Nisbet diz que existe um temorque surja um ciclo vicioso, no qual o metano eleva as temperaturas, que, porvez, provocam mais emissõesmetano por fontes naturais.
"O aumento rápido do metano no ar desde 2007, especialmente2014, 2014 e 2016, é diferente. Isso não era esperado pelo AcordoParis. O crescimentometano é maior nos trópicos que subtrópicos. E o crescimento não está sendo puxado por combustíveis fósseis. Nós não compreendemos porque o metano está aumentando. Talvez seja um efeito da mudança climática. Isso é muito preocupante", afirma.
As implicações dos novos resultadosmedição atmosférica são muito negativas para o cumprimento do AcordoParis para controle do aquecimento global.
"Os números não mentem. Ainda estamos emitindo muito mais do que precisa ser revertido", diz Eril Solheim, chefe do programameio ambiente das Nações Unidas.
"Temos muitas soluções para enfrentar este desafio. O que precisamos agora évontade política global e um novo sensourgência."
O relatório foi emitido uma semana antes da abertura da reunião sobre clima das Nações Unidas,Bonn, na Alemanha.
Apesar das declarações do presidente americano Donald Trumpque irá tirar os Estados Unidos do acordo climático, negociadores que se reuniram na Alemanha pretendem avançar e clarificar seus regulamentos.