A mulher que foi sequestrada com bebêbanco de apostas copa do mundocolo, virou escrava sexual e hoje ajuda vítimasbanco de apostas copa do mundoabuso:banco de apostas copa do mundo

Virginia Isaias e a filha, hoje com 20 anos
Legenda da foto, Vírginia Isaias (à esq.) e a filha (à dir.) foram sequestradas e passaram três mesesbanco de apostas copa do mundopoderbanco de apostas copa do mundouma quadrilhabanco de apostas copa do mundotraficantes | Foto: Arquivo pessoal

"Como eu era muito pequena, não entendi bem o que aconteceu. E não sabia como isso me afetaria", diz.

Ela se casou aos 15 anos com outro jovem,banco de apostas copa do mundo16 anos. Com ele, se mudou para os Estados Unidos e teve três filhos. Mas o marido era violento e a agredia com frequência.

"Foram 12 anosbanco de apostas copa do mundoviolência doméstica. Busquei ajudabanco de apostas copa do mundoigrejas, gruposbanco de apostas copa do mundoapoio. Acabei decidindo voltar para o México", conta.

Fotobanco de apostas copa do mundoVirgínia aos 15 anos
Legenda da foto, Virginia se casou com 15 anos e sofreu violência doméstica por 12 anos | Foto: Arquivo pessoal

Virginia deu a volta por cima, abriu uma lojabanco de apostas copa do mundoroupas e importava vestidos e blusas dos Estados Unidos. Os negócios iam bem. Mas numa tarde qualquer, três homens roubaram o estabelecimento dela e a violentaram. Ela engravidou e decidiu ter a filha. Mas o pior ainda estava por vir.

Seis meses após o bebê nascer, Virginia andava pelas ruasbanco de apostas copa do mundoGuadalajara com a filha no colo, quando foi abordada por um grupobanco de apostas copa do mundohomens e forçada a entrar num carro. Era o início do pior pesadelo que poderia imaginar.

"Me agrediram e levaram a mim e minha filha à Cidade do México. Nos trocaram por dinheiro e nos levaram a Guajaca e depois para Chiapas."

Assim que chegou a uma casa com aspectobanco de apostas copa do mundoabandonada, foi separada da filha.

Aos poucos, ela foi percebendo o que se passava. Estava sob o domíniobanco de apostas copa do mundouma quadrilhabanco de apostas copa do mundotráfico humano ebanco de apostas copa do mundodrogas. Outras 18 mulheres também estavam à mercê da gangue. Várias, assim como Virginia, tinham bebêsbanco de apostas copa do mundocolo.

"Não podíamos ter contato com nossos próprios filhos. Trocavam os bebês, então eu amamentava o filhobanco de apostas copa do mundooutras mulheres sequestradas", lembra.

banco de apostas copa do mundo Escrava sexual

A rotina a partir dali foibanco de apostas copa do mundoexploraçãobanco de apostas copa do mundotodas as formas possíveis. De quinta a domingo, era "escrava sexual", forçada a fazer sexo com pelo menos nove homens por dia. Em troca, recebia a promessabanco de apostas copa do mundoque a filha seria alimentada.

"Foram três mesesbanco de apostas copa do mundoque fui torturada e vendida à prostituiçãobanco de apostas copa do mundoquinta a domingo. Também nos colocavam para empacotar drogas, para empacotar partesbanco de apostas copa do mundocorposbanco de apostas copa do mundopessoas que eles sequestravam e matavam. Em caixinhas, eles colocavam dedo, orelha, e enviavam para as famílias para pedir resgate."

Desesperada, ela tentou fugir três vezes. Na terceira, chegou a conseguir sair do cativeiro e pediu ajuda aos primeiros policiais que encontrou, para tentar resgatar a filha. Em vezbanco de apostas copa do mundoapoio, foi entregue pelos soldados ao sócio da quadrilha.

"O sócio para quem eu fui entregue me agrediu e dizia: 'Por que você quis fugir? Eu te amo. Por que fugiu?'. Como ele não paravabanco de apostas copa do mundome bater, respondi que também o amava. E fiz um pedido. Disse que faria o que ele quisesse, mas que precisava ter minha filhabanco de apostas copa do mundovolta", relata.

O homem respondeu que o bebê já havia sido vendido.

"As crianças eram vendidas para diferentes partes do mundo. Essa quadrilha tinha conexão com o mercado negrobanco de apostas copa do mundovendabanco de apostas copa do mundocrianças para adoção", relata.

Virginia insistiu. Implorou para que o sócio da quadrilha comprasse o bebêbanco de apostas copa do mundovolta.

Ele atendeu aos apelos dela, e Virginia pôde, enfim, rever a menina. A criança renovou as esperanças dela, que passou a pensarbanco de apostas copa do mundonovas formasbanco de apostas copa do mundoescapar da rotinabanco de apostas copa do mundoabusos e agressões.

Umabanco de apostas copa do mundosuas lembranças mais dolorosas é abanco de apostas copa do mundooutras mulheres sendo espancadas.

"Eu aprendi a controlar a dor, a não gritar, a ficar calada. Eu vi que outras mulheres, quando reclamavam e gritavam, eles espancavam e, às vezes, matavam", diz Virginia, interrompendo a entrevista para recobrar a voz.

No fim do terceiro mêsbanco de apostas copa do mundocativeiro, surgiu a oportunidadebanco de apostas copa do mundofugir. Uma operação policial foi deflagrada e as sedes da quadrilha começaram a ser desmanteladas. Os líderes do bando souberam da operação e fugiram da casa onde Virginia era mantida presa.

Virginia após três mesesbanco de apostas copa do mundosequestro
Legenda da foto, Primeira fotobanco de apostas copa do mundoVirginia tirada após os três mesesbanco de apostas copa do mundoque foi obrigada a se prostituir e empacotar drogas | Foto: Arquivo pessoal

Só alguns vigias ficaram para trás, para impedir a fuga das mulheres sequestradas.

"Me deixaram lá com alguns homensbanco de apostas copa do mundovigia. Um deles disse que a mãe estava doente e que precisavabanco de apostas copa do mundouma cirurgia. Eu disse a ele que podia dar o dinheiro, se me libertasse. Não foi fácil convencê-los."

Com papelão, ela fez um "sapato" improvisado e deixou o cativeiro, cruzando, com a filha no colo, a mata que rodeava o cativeiro. Após uma horabanco de apostas copa do mundocaminhada, encontrou a estrada e o carro que os vigias que a ajudaram haviam encomendado para a fuga.

A primeira providênciabanco de apostas copa do mundoVirginia foi ligar para a irmã e tentar levantar o dinheiro que havia prometido.

"Ela pensava que eu estava morta. Mas conseguiu o dinheiro e eu paguei o que devia a eles."

banco de apostas copa do mundo Superação

Os primeiros anos após o sequestro foram difíceis. Ela buscou os três filhos que teve com o primeiro marido e foi com as quatro crianças para os Estados Unidos. Lá, se virou como pôde para sustentar a família sozinha.

"Comecei a trabalhar limpando casas, fazendo massagem, acupuntura, trabalheibanco de apostas copa do mundosalõesbanco de apostas copa do mundobeleza, vendia produtosbanco de apostas copa do mundonutrição... Mas ainda tinha muito sofrimento. Tinha muito medo, chorava muito", relembra.

Virginia conta que começou a encontrar um "rumo" quando passou a trabalhar num projetobanco de apostas copa do mundoassistênciabanco de apostas copa do mundosaúde mental para a comunidade latina, na Califórnia. Ajudava compatriotas e pessoasbanco de apostas copa do mundooutros países latino-americanos a identificar problemas mentais e psicológicos e a encontrar ajuda.

"Eu tinha uma pasta com nomesbanco de apostas copa do mundoorganizações que ajudambanco de apostas copa do mundocada tipobanco de apostas copa do mundosituação. Se a necessidade era comida, médico, terapia, ajuda contra violência doméstica, abrigos... As pessoas vinham a mim e eu ajudava, encaminhando", conta.

Foi da vontadebanco de apostas copa do mundoajudar mais, principalmente mulheres vítimasbanco de apostas copa do mundoabuso, que nasceu a Fundaçãobanco de apostas copa do mundoSobreviventesbanco de apostas copa do mundoTráfico Humano, com sedebanco de apostas copa do mundoSanta Ana, na Califórnia.

Virginia Isaiasbanco de apostas copa do mundopalestra na fundação
Legenda da foto, Fundaçãobanco de apostas copa do mundoSobreviventesbanco de apostas copa do mundoTráfico Humano dá apoio psicológico a mulheres e virou pontobanco de apostas copa do mundoencontro para vítimasbanco de apostas copa do mundoabuso compartilharem suas histórias | Foto: Arquivo pessoal

"Percebi que poderia dar o que precisavambanco de apostas copa do mundograça, mas isso não era suficiente. Elas precisambanco de apostas copa do mundoferramentas, precisam aprender a pescar. Depoisbanco de apostas copa do mundotudo o que passei, ainda choro, ainda sofro, mas hoje sei que tenho uma visão, tenho um propósitobanco de apostas copa do mundovida, posso dar a mão às pessoas, mas também ferramentas para ajudá-las a reconstruir suas vidas", diz.

A fundação gerida por Virginia oferece assistência a vítimasbanco de apostas copa do mundotráfico, com apoio psicológico, oferecimentobanco de apostas copa do mundoabrigo e até cursosbanco de apostas copa do mundocapacitação. É também um espaço para que as mulheres se reúnam e compartilhem suas histórias.

"Temos uma oficina, para que as pessoas cheguem e recebam ajuda. Muita gente se cala. Se é homem, sente vergonha. Se é criança, tem medo. Se é mulher, acha que não vai ser aceita. Quando eu conto a minha história, as pessoas se identificam e se sentem mais à vontade para revelar os próprios problemas e abusos que sofreram. Reconhecer o problema é um passobanco de apostas copa do mundodireção à recuperação", defende.

Já se passaram 20 anos desde que Virginia foi sequestrada e submetida à violência sexual. A filha, que ficou no cativeiro dos seis aos nove meses, hoje está na universidade, na Califórnia. Estuda políticas ambientais e sonhabanco de apostas copa do mundoajudar na proteção dos animais.

Cartaz da fundaçãobanco de apostas copa do mundosobreviventesbanco de apostas copa do mundotráfico humano
Legenda da foto, Para Virginia, compartilharbanco de apostas copa do mundohistória foi uma formabanco de apostas copa do mundosuperar o trauma e ajudar outras vítimasbanco de apostas copa do mundoabuso | Foto: Divulgação

banco de apostas copa do mundo Negócio ilegal, lucrativo e cruel

Assim como Virginia, milhõesbanco de apostas copa do mundomulheresbanco de apostas copa do mundotodo o mundo são vítimas, todo ano,banco de apostas copa do mundotráfico com finalidade sexual.

Segundo relatóriobanco de apostas copa do mundosetembrobanco de apostas copa do mundo2017 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o tráfico humano gera lucrobanco de apostas copa do mundoUS$ 150 bilhões (R$ 485 bilhões) por ano aos traficantes, sendo que US$ 99 bilhões são provenientes especificamentebanco de apostas copa do mundoexploração sexual.

Na América do Sul, 57% do tráfico humano é voltado à exploração sexual, 29% a trabalhos forçados e 14% a outros propósitos (recrutamento para trabalhar com tráfico ou luta armada, por exemplo).

Na América do Norte, o percentualbanco de apostas copa do mundotráfico humano voltado à exploração sexual ébanco de apostas copa do mundo55%. Enquanto a maioria dos traficantes é homem (seisbanco de apostas copa do mundocada dez), a maior parte das vítimas é mulher ou criança - 71%.